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História Amostra Humana. - Pacto.


Escrita por: Korrah

Notas do Autor


Oi. De volta a ativa.

No capítulo anterior, Bulma finalmente faz sua proposta a Vegeta.

Capítulo 16 - Pacto.


  
       Se sentou, do lado inverso da cela, de frente com ele o encarando profundamente como jamais alguém havia feito. 
- Estou indo embora. E você vai vir comigo.


    As pupilas do ex-príncipe se contraíram, juntas de uma expressão vaga, como quem processava o que ela queria dizer. 
    A terráquea por outro lado, tinha as pupilas dilatadas, cheias de determinação. 


- Só temos cinco minutos, por isso serei breve. - cronometrava o tempo - Moro em um planeta chamado Terra, localizado em uma galáxia  espiral que nomeamos de Via Láctea. Recentemente ele foi dominado pelo império de Freeza. No meio da destruição, fui levada como amostra da espécie por uma equipe de pesquisa.
    

E quanto mais ela falava, mais bizarra ela parecia. O que ele tinha haver com aquilo? Seria uma tentativa suicida de liberdade?  Era comum ver escravos tentando tirar proveito de situações semelhantes a dele para fugir. 
  
- E de amostra virou escrava sexual?- a interrompeu usando seu melhor tom de desinteresse, a deixando profundamente irritada. - Por que ao invés de me contar sua história, não me conta como foi pegada a força? Talvez me excite... - foi o mais escroto que conseguiu. - A forma como os novos recrutas estão aceitando qualquer tipo de coisa é assustadora...       
    

Ela cerrou os olhos. Por que de tudo o que ela poderia dizer ele só levava fé naquilo? 


- Você só toca nesse ponto, sem se dispor em me ouvir. - se enfureceu. - Por acaso está ficando sem argumentos? Eu já disse que não sou nenhuma... 
- E existe argumento melhor para te calar? Na realidade não me interessa o que você é. Quais eram suas expectativas afinal? Me convencer a te ajudar cegamente?- negou com a cabeça.  
- Ajuda cega? Expectativa?! - repetiu, como se fosse hilário.
  

 Apesar dos pequenos segundos que um sorriso esteve em seu rosto, furiosa e sem um pingo de paciência, Bulma tirou o scooter dele do bolso. E finalmente pareceu atrair a atenção do homem. 


- Eu não vivo à sombra de expectativas! Isso parece real o suficiente pra você?! - se ela pudesse esfregar o aparelho na face do saiyajin o faria com gosto. - Tive moral de arrumar um aparelho além de minha tecnologia em cerca de poucas horas, invadir um sistema intergalático, compreender suas razões e acreditar que no fundo... - o olhava tão profundamente que parecia tocar em sua alma. - No fundo mesmo, você não seja tão louco e repugnante quanto parece! Acha mesmo que uma puta ou qualquer humano teria uma capacidade dessas?
  

 Ele olhava fixamente para a tela do scooter, vendo as imagens das últimas gravações, provando os fatos nas frases da agora mais desconhecida garota. Pela primeira vez ele a enxergou sem o resquício costumeiro de malícia. Ela não era forte... mas com que tipo de ser estava lidando? As palavras de repente tiveram um pouco mais de valor.


- ...O que te faz vir até mim? - não desviou os olhos da tela, procurando as palavras, querendo compreendê-la.
   

 E Bulma sentiu-se mais confiante, mesmo que estivesse recebendo o mínimo de consideração.
  
- Se eu não escapar até a chegada na capital, também posso me considerar morta. - guardou o aparelho, o obrigando a focar diretamente nela. - Diferente de você, eu não deveria estar aqui. Ninguém sabe o que sou capaz de fazer e prefiro que continue assim. Eu seria muito valiosa na mão de tiranos como Freeza. - disse, preferindo privar sua identidade. - E por enquanto, é tudo o que precisa saber sobre mim.
  

 Ela se ergueu de repente, ainda sob o olhar de Vegeta, indo até a pia. Apesar do clima, deviam pensar que ela estava ali realizando o procedimento padrão.  


- Onde eu me encaixo exatamente? - ele ficava cada vez mais pensativo. 
- Então finalmente começamos a negociar? - colocou uma mão na cintura virando-se, com um ar de superioridade irônico. 
- Responda.
    

Ela encheu o pulmão de ar, e soltou.
 
- Apesar de ser um gênio ...sou fraca. Mesmo que bolasse o plano perfeito continuaria em desvantagem. Estão em maior número e possuem força bruta... Não existem saídas de fácil acesso pra mim e sair sem orientação espaço a fora seria um tiro no escuro. Não vou conseguir escapar sem ajuda... Por isso preciso de você. - chegou ao ponto. - Vi do que é capaz. Um verdadeiro expert no assunto. E porque, de qualquer forma, fugir seria beneficente para nós dois. Não existe de fato uma opção melhor aqui. 
  

 A ideia ficava mais interessante, mas a desconfiança de Vegeta não diminuiu em nenhum instante. A probabilidade de ser só um blefe ainda era muito alta.      

                          
 - Já tem um plano?
- Claro. Ou não estaria dizendo isso.
  

 Ele fez um gesto com a cabeça, como se ela pudesse prosseguir. 
  
- O sistema de segurança desta nave é muito complexo. Imagino que com o desligamento de qualquer localizador ou alarme a nave viraria um fantasma... 
- Você supõe então? 
- Eu apenas não tive a oportunidade de provar. Mas é possível. Há menos que você saiba algo melhor, e me diga o que fazer – o silêncio dele a fez continuar. - Minha melhor alternativa seria desligar o oxigênio em um momento de vulnerabilidade, deixando todos atordoados. A melhor saída é a do armazém, e seria aí que você entraria...
- Explodindo, e matando geral? 
- Chame do que quiser.  
- … até então parece algo dentro do possível. - disse. Mais para si mesmo.  
- Mas não é só isso.
    

Ela aproximou o rosto, séria. E a expressão dele não era tão diferente. 
    
- Eu tenho um preço.
    

A expressão se fechou automaticamente. 
- Não vejo como saio ganhando ainda... Como posso ser cobrado?
- Acredite, você vai ver. - transmitia uma auto-confiança absurda. - Tem até amanhã para pensar no assunto, e aí, discutimos claramente. 
  

 Ao dar as costas Bulma parou por um instante. Ele parecia ter sido envolvido por sua proposta, mas era difícil entender aquele homem problemático. As regalias teriam seu papel aí...
 
- É melhor ter em mente que sua única alternativa de sair vivo desta nave é se aliando a mim. E não me subestime homem macaco, eu sei o que estou fazendo. 
    Vegeta a observou sair, sentindo-se desafiado e com uma grande interrogação na cabeça.

(…)

- Qual a razão disso mesmo? - Bulma questionava Kakaroto.
  

 O saiyajin a fizera deitar-se na maca de uma máquina cilíndrica, semelhante aquelas em que realizavam ressonâncias magnéticas. A ala médica era bem melhor comparada a antiga... Haviam coisas das quais ela jamais havia imaginado existir.


- Quero saber se o espaço tem causado alguma reação no seu corpo. 
  

 Depois de quase um mês naquela rotina espacial? Muito conveniente...
    Ele estava tão diferente do dia anterior. E se algo durante o exame desse errado “por acidente” e ela viesse a óbito? Não conseguiu deixar de engolir em seco. Fez uma careta ao sentir uma picada na dobra do braço. A agulha era anexada a um tubo coletor, provavelmente descartável. 


- O que isso vai fazer? - ela notava as mãos dele em seguida mais abaixo, fechando alguns cintos ao redor de sua cintura, braços e pernas. Como não parecer mais assustador?  
- Vai checar um pouco de tudo. Agora calada. Precisa permanecer imóvel durante todo o tempo. 


    E ele fechou a abertura transparente da máquina, indo até o controle dela. Parecia até mesmo um pequeno púlpito... 
    “Inciando procedimento”, ouviu de uma voz eletrônica. Em questão de segundos ela sentiu a maca se elevando e vários feixes de luzes que circulavam o tubo cilíndrico da máquina percorrendo seu corpo, se concentrando em diferentes áreas vez ou outra. De repente a agulha presa em seu antebraço começou a sugar seu sangue de quantidade em quantidade a cada novo feixe. Jurou ter sentido o ar mais pesado também e o ouvido entupido...
    Isso durou cerca de três curtos minutos. 
    E ao fim, os feixes voltaram para seus locais de origem e a maca encontrou o apoio novamente. Fora cansativo, mas até então, continuava vivíssima. O rapaz encarava as imagens através do controle, analisando-as. E tudo o que Bulma queria era se ver livre daqueles cintos irritantes. Deu algumas batidinhas no vidro do cilindro, conseguindo graças ao cinto meio frouxo. Isso despertou o rapaz, antes concentrado no monitor. 
A encarou, e em seguida apertou algum comando que destravaram completamente os cintos e o tubo da máquina. A garota terminou de ergue-lo descendo da maca e permanecendo sentada.


- É normal sentir dor nos olhos? - disse os esfregando.
- É. Mas vai passar logo.  
      
    Ele começou a digitar algumas coisas, e Bulma se ergueu, ainda com dificuldades para focar a visão. Andou próxima do controle que o rapaz tanto fitava, com certo receio. Ela nunca sabia o que ele faria a seguir... 


- E então, vou sobreviver? - “Mais um pouco.”, concluiu a frase por pensamento. 
- Seu metabolismo está lento – disse analisando a tela. - Provavelmente porque seu organismo não está acostumado com sua nova dieta... Mas nada com o que se preocupar. Vai começar a se acostumar em breve... 
- Perfeito. Posso voltar pro refeitório?
    Kakaroto a fitou, analisando-a. 
- Claro. Mas antes... - enquanto dizia, virava o monitor do controle. - Acredito que preciso te informar sobre seu coágulo, que por acaso, diminuiu muito. - a frase a fez gelar. 
- Então isso devia ser bom, não? - tentou ser o mais natural possível.
- É. - cruzou os braços. - Quando se leva uma pancada forte como a que levou nem tudo continua no lugar. Mas você pareceu se virar bem nesse meio tempo. Até se lembrou do próprio nome! Imagino que tenha lembrado de mais coisas...
- Sim, mas na maior parte do tempo tenho tido sonhos sem sentido. Aleatórios quase sempre. - respondeu, justificando o que devia ser verdade... 
- Jura? Ás vezes você fala dormindo.
    

Aquilo a deixou completamente desprevenida. Traída pelo próprio corpo! 
    Sentiu a garganta secar, escolhendo as palavras sabiamente e atuando da melhor forma que podia.


- Falo? - o rapaz acenou. - O que?
- Um pouco de tudo. Mas recentemente tem dito nomes.
  

 Torceu para que aqueles nomes não envolvessem seu sobrenome. 
- Eu realmente não fazia ideia. Eu digo que tipo de coisas? 
- Quase sempre são coisas sem sentido... Mas gostaria de entender sua fixação por um tal de Yamcha.
      

Sentiu certa leveza. Ao menos aquilo seria mais fácil de justificar. 
- Ele era meu namorado. - a expressão duvidosa de Kakaroto não suavizou, então ela continuou. - Estudamos na mesma escola. - e com escola, ela queria dizer universidade. - E é tudo o que lembro... 
  

 Como ela  havia tido recordações sobre a escola quando ainda não havia recuperado a memória, não precisou se explicar, já que já havia dito ao rapaz sobre elas .                                                    
- Não te contei antes, porque imaginei que não se interessaria. 
- Não. - a interrompeu. - Você precisa me contar tudo, independente do que for. Entende? 
- Claro. - acenou. - Desculpe. - engoliu em seco. Detestava se desculpar por nada. 
    

Kakaroto negou com a cabeça, mas aceitando a explicação enfim. E depois de alguns minutos voltado com os olhos ao monitor, o desligou. 


- E então? - o questionou, o seguindo.
- Nada anormal. Dispensada. 
- Dispensada? - ela riu irônica. 
  

 Era verdade que ele estava indiferente. Mas ele nunca usava o “padrão” com ela.    Bulma aguardou qualquer resposta, mas o nada predominou o lugar. Ela engoliu em seco outra vez.
- Então tá. 
    

Saiu mordendo o lábio, pensando em supostas razões para aquele tipo de tratamento. Precisava se certificar de que só Vegeta soubesse de suas  intenções... e antes ele iria ter de provar sua lealdade. Ela desanimou-se só de pensar no trabalho árduo que realizaria sozinha. Ajeitou seu macacão e foi em direção ao refeitório. Por enquanto o máximo que podia fazer era pesquisar o território. 

(…)
  

 Antes de Raditz passar a ter o controle do laboratório, o mesmo parecia mais aproveitado. Agora, tudo não passava do “dever de casa” de Kakaroto. Todas as amostras, relatórios e condições de planetas inferiores ficavam a mercê do saiyajin bruto, que obviamente não entendia bulhufas do que estava fazendo. Segundo Kakaroto, se fosse pra vestir um jaleco, ele precisaria de uma boa camuflagem. E até então parecia estar dando certo...
    Bulma passou com o carrinho da limpeza, fazendo um barulho insuportável para os ouvidos de Raditz. A roda esquerda estava emperrada, já havia percebido. Mas ao ver a sensibilidade e irritação do homem com o ruído nem se deu o trabalho de consertar. 
    Já fazia um tempo que andava analisando aquela condição. Imaginou que a audição dos saiyajins fosse maior que a de um simples humano. Mas acreditava que aquela diferença de Kilohertz , entre infra-sons e ultra-sons, não passasse de cinco e cinco mil. Ainda assim era só uma hipótese. Tinha curiosidade em conhecer melhor aquele organismo...
    Já havia revistado pelo menos boa parte dos livros de Kakaroto, mas não encontrou nenhum sobre a cultura e natureza de seu próprio povo. Talvez porque não fosse tão interessante ter uma coletânea sobre si mesmo, mas mesmo assim. Informação era tudo. Se compreendesse aquela espécie, poderia lidar melhor com ela... 
    Não era justamente o que Kakaroto fazia com ela? 
    Olhou para Raditz de relance, de costas para si. Viu sua pouca eficiência ao trocar dois líquidos de um coletor para outro... E por pensar nisso, percebeu que apenas Kakaroto parecia levar prática com a coisa. Geralmente os outros se preocupavam mais com força e honra... E Raditz era um grande exemplo daquilo. Era fiél a raça. Uma ideia iluminou sua mente. 
    Aparentemente, ela era uma amostra, que tinha como objetivo principal responder questões biológicas que fizessem os terráqueos das colônias durarem mais tempo. Por que não deveria fazer o mesmo, mas com um propósito contrário? Ela precisaria encontrar alguma forma de enfraquecer aqueles saiyajins para continuar viva... E pela primeira vez, foi como se Raditz tivesse uma razão para estar lá. Sorriu de canto, cheia de pensamentos. 

(…)

    Por aquele dia, estava acabado.  
    A moça de cabelos azuis subia a escadaria depressa, sem se importar em fazer barulho. Sempre fora um costume seu. A corporação possuía muitas escadas, e como sempre foi hiperativa e ansiosa, raramente a viam subindo os degraus silenciosamente. Mas ultimamente sua mente andava ocupada pra vagar pelo passado. Ela se concentrava  na fuga, em Kakaroto e Vegeta. Seus três carmas. Apesar de ter grande parte do que precisava para ir embora, ainda faltavam itens cruciais, como a nave por exemplo; Kakaroto também não andava facilitando sua vida, a cada dia ficava mais desconfiado; e Vegeta... Esse ela preferia nem complicar tanto. Ela realmente queria que o outro dia chegasse logo para saber sua resposta. Por mais que fosse negativo pensar, ele se tornava sua última e fria esperança. 
    Ao chegar nos dormitórios, topou com Toma de repente. Ele desviaria, se o último encontro deles não voltasse a sua mente. 

- Mas Kakarotto não é ruim. Só... - procurou as palavras. - Confuso. Ele não se encaixa nesse “conosco”. Muita coisa aconteceu na vida dele. 

    Ela decidiu se distrair um pouco por conta própria. Talvez não fosse um bom momento para ser curiosa, mas ela nunca aguentava...
- Você disse que muita coisa aconteceu na vida dele. O que exatamente? 
  

 O velho ergueu as sobrancelhas, até se recordar enfim e entender a quem ela se referia. 


- Por que o interesse repentino? - perguntou por perguntar. 
- Provavelmente vai dizer que não é da minha conta. - olhou pra baixo, deixando as palavras saírem. - Mas queria entender o que se passa naquela mente. 
    

E era verdade. Sentiu falta do antigo Kakaroto, que não era tão crápula quanto o atual... 


- … Acho que tem haver com o pai dele. - sentiu empatia, num raro momento. - Um dos homens mais fortes que conheci e pude chamar de amigo. Em Vegeta-sei era quase um herói de guerra... - sorriu brevemente. - Ganhou méritos do próprio Rei.  
    A principio Bulma não pareceu ligar os pontos, e se questionou o por que um motivo daqueles causaria confusão.
- Ele se matou. 
    E todos os questionamentos foram interrompidos. 


- Depois de uma missão em Kanassa ele voltou diferente. Começou a ouvir vozes e a ter alucinações. - recordava. - A loucura afetou demais a família. Mas essa é outra história. Kakaroto nunca mais foi o mesmo. 
  

 De todas as coisas que Toma poderia dizer, aquela não havia passado por sua cabeça. E a pena se misturou com a raiva que sentia por ele. E ao mesmo tempo em que no fundo queria apresentar uma resposta sensata quanto a personalidade estranha daquele rapaz, seu orgulho continuou intacto. Cerrou as sobrancelhas. Planejar um assassinato era motivo suficiente para não fazê-la voltar atrás... Então por que não se sentia satisfeita? Havia muito mais... 


- É melhor guardar pra si. Ele não gosta que falem a respeito... - e o saiyajin a encarou por alguns segundos antes de se retirar. E ela teve certeza que pela boca dele, aquela pequena confissão não sairia.
    

Talvez fosse bom ter Toma por perto também. Porque ele conhecia Kakaroto, e porque tinha total acesso a sala de monitoramento. Respirou fundo e passou a mão no rosto. Ela precisava voltar a se concentrar na fuga. 

(…) 

    E as luzes se apagaram. Hora de descansar. 
    E quem olhasse para o rosto de Kakaroto podia perceber claramente que ele sim precisava de um bom descanso... Diferente de seu corpo, que preferia não dar atenção aquilo. Já haviam se passado duas horas desde o toque de recolher. Estava com olheiras fundas e ainda assim, o sono não vinha. Já havia se remexido várias vezes, em busca de uma posição que o favorecesse. Mas não obteve nenhum resultado... O jeito seria suportar mais uma noite em claro. 
    Aquela em especial. Porque era causada por um ser inferior, abaixo de si. Bulma. 
    Desde que aparecera, sua vida teve uma reviravolta insana. Ela superou todas as suas expectativas... talvez por isso tenha a deixado. A fascinação pelo novo. O que foi seu erro... 
    A ideia perturbadora dela estar fingindo toda aquela amnésia não saía de sua mente. De todos os humanos que teve os poucos minutos para estudar – através da tal “abdução”, que eles tanto gostavam de nomear – ela era a mais esperta e aprendia tudo rápido demais. 
    Mas não podia acusá-la de nada. Isso só traria mais problemas. 
    Rapidamente Nappa veio a sua mente. Ele o obedecia. Se o mandasse ficar de olho nela, teria uma resposta rapidamente. Suspirou... deixando a “enquete” no ar. Pensaria melhor depois... Ia aproveitar o sono que vinha de vez em vez. 

(…) 

    A porta de entrada se abriu. O guarda que cobria a área aquele dia acenou, dando permissão para que entrasse enfim. A moça ajeitou a bandeja da melhor forma que podia e deu o primeiro passo, assumindo sua forma de total determinação. E as portas fecharam. Para sua surpresa, ela não se deparou com a imagem do prisioneiro escorado na parede, como habitualmente. Estava de pé, a esperando. 
    Ela depositou os pertences na pia, e cruzou os braços, parando de frente com ele. 


- E então? Já tenho uma resposta? - deixou os rodeios para trás. Agora ela agia objetivamente. Não tinha tempo a perder. 
- Eu que preciso de respostas. - também foi direto, indo logo ao ponto. - Disse que uma parceria beneficiaria nós dois, que sem mim você não sai, e que tem seus preços. Mas e as minhas garantias?
- É o que vamos discutir. - colocou uma mecha atrás da orelha. - Eu não me precipitaria em te dizer tudo isso e me expor se não tivesse um plano onde as chances de sobrevivência fossem de pelo menos setenta porcento. Já tenho boa parte do que vamos precisar.
- Não trabalho com “boa parte”, espero ouvir um “tenho tudo”. Era assim que pretendia fazer negócios? - arqueou uma sobrancelha. 
- Considere ao menos o tempo e os riscos que estou enfrentando. E sozinha.   
- Independente do tempo e dos riscos, seu único final se resume na morte. Que prova tem de que o plano dará certo? - a pergunta a irritou.
- Por que se preocupa tanto com isso se não tem nada a perder? Seu final também se resume na morte. Esta é sua chance de ouro! 
  

 E por mais que o ex-príncipe não fosse de admitir, aquela era a única razão para ainda estar a ouvindo. Todos os dias a capital ficava mais próxima... 
- … Até o dia da fuga acontecer, você não vai ter ideia da  distância até o planeta mais próximo. - usou a lógica. - Não vai conseguir calcular os custos de oxigênio, de comida e de combustível. Sem contar na chegada ao planeta. Pode ser uma colônia cheia de soldados do império... 
- Eu pensei nisso. Por mais que eu não queira, já previ que algumas coisas se ajeitariam somente no exato momento da fuga. Por isso estou atrás de algum mapa com a rota da viagem. Estabeleceria uma data, economizaria o suficiente e pousaria no melhor planeta das redondezas. 
    

Vegeta odiava tentativas. Preferia ter certeza. As surpresas o irritavam. Mas quem era ele pra questionar tanto, preso como um animal? Até então, apenas a parte de deixar a nave parada e os soldados desorientados não era ruim.
 - Você é uma vagabunda mesquinha. Mal sabe como o universo funciona. Isso é complicado demais. 
- Basta dizer se topa ou não. - fechou a expressão, ficando com um ar mais sério. - E se disser não, se conforme com a morte, pois vou fazer tudo o que eu puder pra ir embora.
  

 Mas apesar de mesquinha, ela tinha coragem sim... Vegeta negou com a cabeça, a odiando, e prosseguiu.
- Diga seus preços. - isso a deixou mais segura.
- Se topar, precisa ter em mente que eu estou no comando e você me obedece.    
  

 Voltou a ergueu uma sobrancelha. Ser mandado por uma mulher  nunca esteve em seu roteiro. Ele quase riu de pena. Quem ela pensava que era? 
-Nada de ameaças, nada de gracinhas. Qualquer ação que inflija isso, saiba que está fora. Não vai mais me controlar através do medo. Precisamos estabelecer confiança, mesmo que seja a mínima.
  

 A medida que Bulma ia falando, a expressão dele também parecia fechar-se mais. Teve a impressão de que seus olhos ficavam mais escuros. Mas isso não a assustou.
- Vai me dar toda a informação útil que eu precisar. Vai colaborar com cada frase. E principalmente. - entonou a voz. - Se tudo der certo, seria mais do que justo se você tomasse seu rumo assim que pousássemos no primeiro planeta.
- No fim, cada um por si então? - finalmente disse algo. 
- … Sim. 
- Eu também tenho meus preços. - ela bufou, mas sabia que ele faria aquilo. - Primeiro: você me obedece. Não entende nada sobre este lugar. Até parece que sua ideia de sobrevivência não passa de um devaneio adolescente. É muito mais que isso... 
- Não precisa...
- Segundo. - a interrompeu. - Eu tenho amarras e estou ferido. 
  

 Ela já havia percebido sim, mas olhou para os pulsos dele automaticamente.
- Normalmente com um tanque ficaria curado em menos de dois dias, o que não aconteceu. Estou fora de ação, e as malditas amarras sugam meu poder... Precisaria de dias livre pra recuperar minhas forças ao máximo. 
    

“Mas isso te deixaria mais forte que o necessário.”, pensou. Ela o preferia mais fraco. Talvez fosse mais fácil de controlar... ele continuou.
- E terceiro: eu sigo meu caminho com pelo menos metade dos mantimentos e a nave. 
- De jeito nenhum! - se enfureceu. 
- É tão fácil falar e impor regras, não é mesmo?  
    Ela engoliu em seco, furiosa. Okay... 
- Só tiro uma amarra, dou metade dos mantimentos e você me obedece. 
- Duas amarras, metade dos mantimentos e a nave, e você que me obedece. 
- Isso é ridículo! 
- Bem vinda ao mundo dos negócios. 
    Ela negou com a cabeça e suspirou. 
- Certo. Duas amarras. 
- Quero as duas do pulso. 
- Não, uma do pulso e uma do tornozelo. - a proposta pareceu aceitável. Ela deu continuidade. - Metade dos mantimentos e... então tiro o resto das amarras. - engoliu em seco. Se arrependeria depois? Sim ou claro? 
- … Justo. E você me obedece. 
- Não, você me obedece. Eu tenho feito a maior parte, preciso que siga minhas ordens. 
- Proponho um trabalho mútuo. - não se rendeu. - Em equipe. Você faz o que eu mando, e eu... - custou a dizer. - Considero o que propõe... 
- Não quero considerações, quero lealdade e obediência.  
- Que seja. 
  

 Ela pensou por poucos segundos. 
- Ok. Sem ameaças. - deixou claro. 
- Vou fazer o que puder.  
- Temos um acordo?
    Ele a olhou, e logo abriu a gaveta de seu lado. Ela o viu estendendo a mão , por dentro, esperando-a tocá-lo. O minimo de confiança... Ele devia se referir aquilo. Em sua mente não pareceu tão difícil... Sentiu-se suando.  
    Se lembrou do soldado que ele matou dias atrás. Daquela mesma forma. Ele praticamente havia cozinhado... Por qual razão ele hesitaria em matá-la? 
    Não. Não podia terminar daquele jeito. Ela respirou fundo e andou até a gaveta, novamente de frente com ele, e o olhando daquele jeito que só ela parecia olhar. De que no fundo, talvez houvesse algo mais dentro de tanta insanidade. E ela decidiu confiar, mesmo que fosse burrice. 
    De leve, estendeu a mão até a dele, com cuidado e devagar. Quando sentiu os dedos grandes e calejados envolvendo seu pulso , seu coração de descompassou por alguns segundos. Ela realmente achou que ele faria alguma atrocidade... Aquelas mãos deviam servir só para ferir. Mas não aconteceu. 
    E quando se deu conta, o envolveu com vigor.
    Agora eram sócios.    
          
  

 


Notas Finais


Enfim, juntos.
Gostei de escrever este capítulo em especial, Bulma e Vegeta vão interagir de verdade a partir dos próximos.
Quanto a fuga, pretendo não prolongar tanto o processo do planejamento... No máximo mais uns três ou quatro capítulos, para esclarecer alguns pontos. E depois disso , uma nova fase irá se iniciar.

As postagens vão melhorar, juro. Tive uns problemas, mas acho q os capítulos estão compensadores, visto como escrevi bastante e sou detalhista demais kkkķkk
Organizei uma agenda com os próximos seguimentos, pra evitar bloqueios criativos, e olha... tem sido eficiente. Super recomendo kkkķkk

Alguma opinião?
Fico feliz quando recebo boas críticas kkkkk

Bjos e até a próxima!
Adoro vcs ❤


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