1. Spirit Fanfics >
  2. An Extraordinary Love >
  3. O Fim (Parte 2)

História An Extraordinary Love - O Fim (Parte 2)


Escrita por: Jules_Lucena

Notas do Autor


Boa noite a todxs.

Sei que falhei com nosso dia regular, mas não havia conseguido finalizar o capítulo ontem e só o consegui ha pouco.
Mas antes tarde (mais de um dia) do que nunca. rs...
Bom, mais um capitulo do final de nossa empreitada e os desfechos estão acontecendo. Espero sinceramente que vocês gostem.
Agradeço o carinho e a paciência que vocês tem comigo e com meus delírios.

Um grande abraço.

Capítulo 82 - O Fim (Parte 2)


Delphine não precisou pedir para a menina repetir ou se quer pedir uma explicação para aquela afirmação lacônica e enigmática da menina. Ela sabia exatamente ao que a pequena estava se referindo e essa certeza a atingiu como um mau presságio que chega de supetão e arrepia cada pelo de seu corpo. Então, ela partilhou da mesma turbulência que chacoalhou Menu.

Para as outras a confusão inicial que partilharam com a fala da criança foi dissipada quando viram a reação de sua Mestra. Cada uma a seu modo interpretou e mediu o que aquilo poderia significar. E, de uma maneira em comum, todas partilharam de um misto de medo e uma certa pitada de empolgação.

Sabiam que o embate que estava prestes a acontecer era aquele pelo qual não só elas mais ansiavam, mas todas as outras que vieram antes delas. Era a luta para a qual estavam se preparando. O momento para o qual viveram anos de suas vidas sob uma dedicação entregue. Aquele que mais desejavam e chegaram a duvidar que o vivenciariam.

Silenciosamente se questionaram se estariam prontas para ele, se eram dignas de travar aquela luta e de representar as irmãs que deram suas vidas para que aquela guerra pudesse ter o seu fim. O seu clímax... O grande desfecho que parecia inatingível, intangível assim como a impressionante vida de sua Mestra e daquele que representava tudo contra o que lutavam.

- Ele não ousaria... – Siobhan foi quem encontrou sua voz primeiro que as demais.

- Ele perdeu o juízo? Vir até aqui vulnerável? – Helena ponderou com olhar focado.

- Ele veio por minha causa! – A fraca voz de Joana preencheu a sala como uma neblina gelada.

- Segurem Manu! – S agiu mais rápido do que se podia imaginar e mesmo antes da menina terminar de processar o que a mulher dissera, Delphine a ergueu do chão e a abraçou de forma intensa e segurou o rostinho dela bem próximo ao seu e silenciosamente mergulhou na mente dela no exato instante em que uma onda de ira estava prestes a vir a superfície.

- Que porra é essa Joana? – Helena perguntou e ouviu bem perto o clique de uma arma sendo destravada e com o canto de olho viu a pistola negra de Stella sendo apontada para a mulher que pode apenas baixar a cabeça e aceitar qualquer sentença que elas quisessem lhe dar.

- Ele... – Joana levou ambas as mãos a cabeça e seu rosto se contorceu numa careta de dor. – Está na minha cabeça! – Explicou da única maneira que conseguia conceber, pois sempre foi complicado para ela assimilar tudo de sobre-humano que envolvia a Ordem e o Martelo.

Delphine entregou Manu a Cosima sem se quer tirar os olhos de Joana que sentia como se seu mais intimo segredo estivesse sendo escavado e revirado por aquela poderosa e temível mulher. Ela caminhou lentamente varrendo a mente da outra, buscando qualquer tipo de explicação para aquele ato.

- Foi uma barganha! – Delphine concluiu ainda superficialmente.

- Do que você está falando? – Stella virou-se para sua irmã completamente indignada e com o ódio queimando em seus olhos.

- Ela fez uma troca com o Lamartine... – S suspirou e passou a mão na cabeça exasperada, concluindo o que estava se tornando evidente.

- Ele descobriu que ela o traia... – Delphine continuou. – Ele “permitia” as traições... – Arregalou os olhos.

- Sua cretina! – O som oco do soco que Stella desferiu contra ela fez com que todas estremecessem. – Uma vez traidora... – O segundo soco foi no estomago, a levando a cair de joelhos. – Sempre traidora.

- Fomos treinadas para isso não é mesmo Gibson? – Joana a olhou de baixo para cima cuspindo o sangue do corte gerado pelo murro que levou.

- Não ouse me comparar a você! – A loira baixou-se e segurou na gola da jaqueta que ela usava e a ergueu apenas o suficiente para que o golpe de seu joelho fosse ainda mais eficaz contra o queixo dela. Deixando-a tonta.

- E você sempre a defendendo... Acreditando que ela havia mudado... – Helena, que não conseguia mais segurar sua raiva partiu para cima de Siobhan que não poderia dizer mais nada, pois estava surpresa e sendo tomada por um crescente sentimento de decepção.

- Ela fez isso por você Helena! – Delphine disse após buscar mais explicações na mente da outra, causando uma surpresa em todas e fazendo com que olhassem para a mulher que esforçava-se para levantar, mas era impedida pelas dores dos golpes dados por Stella.

- Era o único jeito de salvar sua vida... – Joana disse com voz entrecortada pelas lágrimas e as dores enquanto encarava uma incrédula Helena. 

- Então foi assim que você conseguiu a informação de onde eles haviam levado a Helena, quando ela foi capturada na noite... – S virou-se para Cosima. – Do lançamento do livro... – Joana apenas sorriu de canto de boca. Não se orgulhava de nada do que fizera e a cada segundo que passava tinha a certeza que vivia os seus últimos. Ou morreria nas mãos dela, ou nas dele.

- Não teve outro jeito... – Gemeu quando finalmente se levantou apoiando-se na cornija da lareira. – Não podia deixar você morrer. – Ergueu e baixou os ombros completamente derrotada.

Helena a olhava sendo e sentiu-se se arrebatada por uma confusão de sentimentos. Odiava aquela mulher que um dia amou. Por causa dela Delphine quase perdera sua vida e também por causa dela estava viva.

- Por que você simplesmente não vai embora? – Helena partiu para cima dela apertando o rosto dela entre suas mãos. Estava com os olhos marejados e aquela não era uma cena comum de ser vista. A sempre segura e firme Protetora da Ordem estava em seu limite.

- Porque eu te amo demais! – Joana ousou erguer sua mão e acariciar o rosto de Helena que, por uma fração de segundo permitiu aquele carinho, mas no instante seguinte afastou a mão dela com violência. Stella instintivamente adiantou-se e se colocou entre as duas, em seguida virou-se para Delphine com um significativo olhar de súplica. Não foi preciso que a Mestra lê-se a mente dela para saber o que lhe fora pedido.

- Ainda não Gibson. – Foi a resposta seca que recebeu a sua suplica para acabar com a vida daquela mulher. Era o que Stella mais desejava e Joana só respirava ainda porque Delphine permitia, pois se dependesse dela, aquela mulher teria sido morta assim que a encontrou, poucos meses após o atendado na noite do eclipse.

- Mas então... Se ela conseguiu a informação que a S desejava sobre a Ivete... – Cosima que assistia a toda cena calada ainda com Manu em seus braços – O que ela precisou dar em troca? – O temor crescente foi espalhado naquela sala e finalmente Delphine virou-se para Joana tendo acesso a esse pensamento que fora acionado pelo questionamento de Cosima.

- Me perdoem... – Foi tudo o que Joana conseguiu sussurrar e o bip discreto do celular de Cosima soou como uma dolorosa sirene. Com a mão tremula viu que tratava-se de uma vídeo-chamada de sua mãe. Instintivamente foi soltando Manu que olhava para todas bastante confusa. A morena, aceitou a chamada e quando a imagem de Sally amordaçada se materializou ela soltou um grito alto.

- Mamãe! – Cambaleou e só não caiu porque Delphine já estava ao seu lado apoiando-a.

- Sally? Você está bem? – Desesperou-se.

- O que está acontecendo com a Vovó Sally? – Manu perguntou, mas foi ignorada, pois as mulheres amontoaram-se ao redor de Delphine para ver a chamada.

- Ela nunca esteve melhor! – A cínica voz de Ferdinand foi ouvida e a imagem agora mostrava a sorridente de debochada cara dele.

- O que você pensa que estava fazendo seu bosta? – Delphine trincou os dentes visivelmente irada, embora o pavor tomasse conta de seu coração.

- Não a machuquem, por favor! – Cosima suplicava ao lado.

- Isso só dependerá de que tipo de anfitriã você será! – Antes de finalizar a chamada ele aproximou-se de Sally, acariciou o rosto dela e cheirou uma mecha de seu cabelo.

- ELES MACHUCARAM A VOVÓ SALLY?! – Manu berrou estourando alguns dos vidros da janela do quarto.

- Calma minha criança. Ela vai ficar bem! – Siobhan ajoelhou-se diante da menina, pois sabia que as demais estavam incapacitadas de fazê-lo.

- O que você fez com a minha mãe? – Lágrimas copiosas caiam do rosto de Cosima que havia partido para cima de Joana que tremeu dos pés a cabeça com o olhar furioso que recebera.

- Ele... Ele... Me queria aqui dentro para saber mais de você. – Confessou. – Saber como poderia lhe atingir... Sinto muito. – Não conseguiu mais encará-la.

- Aquele filho da puta sabia que não poderia mais se aproximar da Cosima tão facilmente. – Helena concluiu e, com aquela ultima traição de Joana, qualquer possível sentimento de gratidão que tivesse ensaiando e crescer em seu peito, foi estraçalhado.

- Sra. Cormier... – Uma jovem que trabalhava na segurança da Fundação irrompeu na sala sem maiores cerimônias devido a terrível notícia que trazia. – Três carros estão parados no portão, exigindo que os deixemos passar. – A jovem estava ofegante, pois aquela não era a única má notícia que precisava entregar. – E... Todas as nossas irmãs que foram designadas para a escolta da Sra. Niehaus... Estão mortas. – Ela baixou a cabeça visivelmente triste.

- Merde! – Delphine praguejou e aquele xingamento fez com que todas as estruturas do prédio principal sacudissem.

 - Del... Minha mãe? – Cosima segurou com ambas as mãos o braço de sua amada com olhar suplicante e desesperado.

- Meu amor... – Segurou-a pelos ombros, procurando em seu intimo toda a segurança que já duvidava possuir. – Lhe prometo... – Estava em plena confusão interna precisando toda importantíssimas decisões e tinha a plena certeza de que todas elas ali, que cada uma naquela Fundação dependiam dela e do que ela decidisse. E não tinha tempo algum para pensar com clareza. Precisava ser muito rápida e precisa em suas ações.

- Del, por favor salva a Vovó Sally. – Manu agarrou-se às pernas dela em pleno choro copioso. Nada daquilo era para uma criança tão jovem estar lidando.

- Vou buscar a sua vovó meu amor... Eu prometo isso a você! – Acariciou o rosto da menina. – Prometo às duas. – Encarou Cosima.

“Faça o que for preciso meu amor...” Cosima lhe suplicou silenciosamente em pensamento e como se uma poderosa luz fosse acesa cortando a escuridão, algo lhe ocorreu.  Acenou com um firme movimento de cabeça.

- Vamos! – Ordenou já saindo do quarto e sendo seguida pelas demais. – Você não meu amor. – Virou-se para impedir Manu que a olhou incrédula.

- Por que eu não? Faço parte da Ordem e quero lutar! – Disse com os punhos cerrados e olhar firme.

- Faz sim... Mas essa não é uma luta para uma... Criança. – Cosima usou de toda a sua força para conter o choro aflito e parecer convincente para a menina.

- Isso é por causa dele, não é? – Ela as inqueriu com seriedade. Todas se olharam e encararam a menina por ultimo. – Quem é ele Delphine? – Questionou.

- Uma pessoa muito má meu amor... Ele machucou muitas pessoas, mas não o fará mais. Lhe garanto isso! – Delphine não poderia dizer mais nada do que aquilo. A ultima coisa que precisaria lidar naquele momento era com a descoberta de Manu acerca de sua paternidade. Não sabia como conseguiria explicar aquilo a alguém tão pequena. Pensou enquanto encarava os grandes olhos de Manu que ela não merecia aquilo.

- Vou leva-la para os tuneis! – S se prontificou. – Lá ela estará segura junto às anciãs. – Delphine concordou com um aceno de cabeça e a menina seguia sem muito protestar, pelo menos aparentemente.

Uma pontada de alivio foi experimentada por Delphine. Seria uma preocupação a menos se Manu estivesse longe daquele embate. Pelo menos naquele momento turbulento e cujas muitas vidas estavam em risco.

- E eu faço o que com essa aqui? – Stella, que trazia Joana a puxando pelo braço questionou.

- Ela bem conosco. – Disse com olhar severo, mas que logo suavizou um pouco quando sentiu o aberto firme de Cosima em sua mão.

Desceram as escadarias e Cosima ainda deu um ultimo “tchau” para Manu que sumiu indo em direção aos aposentos das anciãs. Seguiram até o posto de segurança onde haviam dezenas de monitores que alternavam as imagens das centenas de câmeras que cobriam toda a extensão da Fundação Ártemis e todo um grande perímetro ao redor de toda a propriedade.

- Como eles chegaram tão perto sem nós não víssemos? – Helena questionou em tom de cobrança as duas mulheres que estavam encarregadas de vigiar as imagens.

- Senhora... Não sabemos. Simplesmente eles apareceram do nada. – Uma delas respondeu com sincera perturbação.

- Foi o Lamartine! – Delphine explicou. De alguma maneira ele aproximou-se interferindo nas câmeras.

- Então ele está aqui mesmo? – Stella, que ainda mantinha alguma descrença, questionou.

Mas um silvo alto devido a interferência nos microfones causou doloroso desconforto em todas. E logo uma voz masculina foi ouvida.

- Deixem-nos passar! – A câmera do lado direito do portão mostrou que a janela do motorista do primeiro carro estava parcialmente aberta e um braço para fora acionando o interfone.

- Identifiquem-se! – A jovem segurança responder após receber a autorização de Delphine para agir. Um demorado silêncio se seguiu e logo viram o braço novamente saindo do carro.

- Delphine Cormier e Cosima Niheuas... Elas estão ai. Deixem-nos entrar. – Breve silêncio. – Esse é nosso ultimo aviso. – Havia uma velada promessa de algo realmente ruim que estava por acontecer. Sabendo que não poderia mais evitar, Delphine debruçou-se e tomou o microfone para si.

- Deixem-me falar com o seu líder. Ou ele é covarde demais para isso? – Ela lançou a provocação e novamente um desagradável silêncio se seguiu. Nesse interim Siobhan já havia se juntando a elas.

Atentas às câmeras que mostravam diferentes ângulos do portão principal elas esperaram e com total surpresa viram a porta traseira direita ser aberta. O que parecia surreal e impossível estava acontecendo diante de seus olhos.

Com toda a lentidão que desejava usar para tortura-las, John Lamartine desceu do carro.

- Filho da mãe! Ele veio mesmo! – Siobhan sussurrou ao debruçar-se para olhar mais de perto o monitor e ter a certeza do que estavam vendo.

Com uma perturbadora tranquilidade Lamartine olhou para cada uma das câmeras que localizou e sorriu o mais mordaz dos sorrisos. Ele estava confiante ao extremo. Chegou até mesmo a acenar para uma delas e foi calmamente contornando o carro até para perto do interfone.

- Saudações senhoras e senhoritas. – Sibilou aquelas palavras que pareciam ferir Delphine do outro lado daquela comunicação. – Eu gostaria de fazer uma breve visita. – Parou em postura ereta e com as mãos nas costas.

- Ou ele é um lunático suicida ou está tramando algo. – Helena continuou. – Ele não pretende nos atacar com apenas esses poucos capangas. Não há mais ninguém com eles. – Concluiu após terminar a checagem nos monitores que mostravam todas as entradas da Fundação e os arredores.

- Lunático ele é. Mas está longe de ser suicida. – Stella disse.

- Ele tem um trunfo. – Joana as lembrou do que era impossível de se esquecer.

- O que você veio fazer aqui... Lamartine? – Delphine o questionou contendo a ira que o sabor daquele nome causava nela.

- Olá Delphine... Eu já disse, apenas uma visita a uma velha amiga. Não vai me deixar entrar? Acredito que seja de bom tom que sejas uma “boa anfitriã.” – Lançou essa ultima parte como uma clara mensagem.

Delphine enrijeceu sua postura e depositou as mãos nos bolsos de seu blazer em uma aparente serenidade.

- Não podemos deixa-lo entrar! – Helena iniciou a discussão.

- Mas eles estão com a minha mãe! – Cosima tentou falar mais alto.

- Temos de pensar um pouco mais se... – Siobhan nem teve tempo de concluir sua fala, pois o soar do portão sendo aberto alertou-as.

- Delphine? O que você fez? – Stella a questionou atônita. A sua Mestra havia acionado o porta que destravou o portão.

- Apenas Lamartine entra. – Foi a ordem que ela deu pelo interfone.

- Como queira. – Ele acenou para os carros que estavam repletos de seus capangas indicando que eles nem deveriam sair de lá. Ele estava tão confiante demais do plano que havia montado que nem se quer hesitou em obedecer.

Nem esperou que o portão se abrisse por completo e adentrou pelo caminho de pedras perfeitamente alinhadas que levava até a escada de acesso a entrada principal da Fundação.

Lamartine olhou para os próprios pés e foi inevitável para ele lembrar da ultima vez que esteve naquele lugar. Mesmo isso tendo ocorrido a mais de trezentos anos, as memórias daquele dia era poderosas demais. Procurou afastar qualquer temor que aquelas lembranças pudessem trazer e seguiu pisando firmemente. Pouco antes da metade do caminho ele percebeu, um após o outro pequenos pontos vermelhos de luz o atingindo.

Chegou a começar a contar a quantidade, mas desistiu após perceber que seria em vão pois eram inúmeros. Dezenas de armas estavam sendo apontadas para ele. Contudo, ele sabia que nenhuma delas o atingiria. Ele sabia que Delphine não permitiria aquilo. Sua carta na manga era poderosíssima. Mas mesmo assim, os pontos o acompanharam até que ele chegasse ao pé da escada. Olhou para os lados e viu grupos de mulheres, com armas em punho o cercando de todos os lados. Fez questão de ignorá-las e iniciou sua subida.

Assim que atingiu o topo viu a imensa porta de madeira se abrir parcialmente e de lá Siobhan saiu com sua mais fiel espingarda em mãos.

- Lamartine! – Educadamente ela o cumprimentou.

- Srta. Sadler! – Ele retribuiu e obedeceu o gesto dela, abrindo os braços para passar por uma revista que ela mesma o fez. – Isso não lhe trás boas recordações? – A provocou, referindo-se um evento a muitos anos atrás quando Siobhan quase precisou fazer sexo com ele quando estava infiltrada em uma missão, quando ainda era um membro do Exercito de Ártemis.

- As piores possíveis! – Ela disse secamente afastando as mãos dele que sorriu debochadamente daquela atitude dela. – Siga-me! – S tomou a frente e mostrou o caminho pelo largo corredor que levava para o salão central da Fundação. – E as suas lembranças desse lugar? Também não boas? – S sussurrou entre dentes antes de se afastar. Pela primeira vez ele fechou brevemente seu semblante, o que provocou um regozijo discreto de Siobhan.

Fora ali mesmo naquele salão, há mais de trezentos anos que ele sofreu um dos piores golpes na história do embate dela com Delphine. Foi onde a recém-nascida Evelyne Chermont, dizimou praticamente todos os membros daquela geração do Martelo. E que o ferira quase mortalmente, o que já não era mais possível naquela ocasião, mas que no presente o apavorou.

Ele havia ido ali contra todos os conselhos dos seus homens, que o desencorajaram a fazer aquela loucura, pois já não possuía mais a sua imortalidade. Mas o que nenhum deles poderia nem era capaz de lidar era com o ego sádico de Armand Verger. Ela não poderia perder a chance de tripudiar de sua rival, ferindo quem ela mais amava.

O ranger baixo de uma porta atraiu a atenção dela, que fingia admirar uma tela em uma das paredes. Quando ele se virou, seus gélidos olhos azuis encontraram com os verdes turvos de Delphine e ele se permitiu apreciar cada sensação que aquele encontro sempre lhe causava.

Odiava aquela mulher com cada fragmento do seu ser, mas prazeroso ao extremo sentir a energia poderosa que aquele encontro gerava. E viu que o ódio era partilhado por ela que deu o primeiro passo em direção a ele que fez o mesmo.

Siobhan sentiu cada pelo de seu corpo se arrepiar a medida que a descomunal energia que emanava deles a atingia. Eles pararam a poucos metros um do outro, bem abaixo da abobada alta e repleta de vitrais que traziam parte da história da Ordem.  

- Como isso é possível? – Foi ele quem falou primeiro.

- O que? – Ela realmente não fazia ideia a que ele se referia.

- Você está ainda mais... Bonita. – Falou como se aquilo fosse uma ofensa. – Mesmo sem a nossa preciosa imortalidade.

- Não posso dizer o mesmo de você. – Indicou uma ferida mal cicatrizada na testa dela e os pelos brancos que já eram muitos em seu cavanhaque.

- E não é? Como assim? – Ele gargalhou debilmente como sempre fazia na tentativa de desestabilizá-la. Foi então que percebeu a aproximação, quase em marcha, de Stella e Helena que se postaram cada uma de um lado de Delphine. E junto a elas, Joana era quase arrastada.

Lamartine olhou para aquela que fora sua “aliada” bastante valiosa e não demonstrou emoção alguma. Percebeu apenas que a tripla espionagem dela havia chegado ao fim. Sabia e se garantia que seu trunfo contra sua inimiga era muito mais valioso que aquela mulher que fatalmente morreria muito em breve.

- O que você quer aqui? – Delphine não fez questão de esconder seu desconforto com a presença desagradável dele.

- Se eu fosse você eu me trataria um pouco melhor. Onde estão seus modos... Evelyne. – Optou por trata-la pelo seu nome original e isso nunca significava coisa boa. – Sua mãe não a educou dessa maneira. – Fez questão de mencionar um dos pontos mais fracos de sua inimiga. Ele era realmente baixo a esse ponto e jogava sempre sujo. Mas Delphine estava tentando manter seu foco, pois havia uma vida diretamente em jogo ali.

- Sei que existe um preço. Diga! – Novamente ela exigiu que ele fosse direto ao ponto.

- Ah sim... Minha pequena garantia. Presumo então que minha mensagem chegou a sua destinatária. – Novamente a porta rangeu e Lamartine inclinou a cabeça para ver quem estava vindo. – Srta. Cosima Niehaus juntou-se a nós à festa. – Ele a festejou fingidamente. – Aquela mais interessada no que tenho a oferecer. – Ele a encarou fixamente e Delphine redobrou sua atenção ainda mais quando ele caminhou em direção á Cosima que não recuou um passo se quer.

- O que você fez com a minha mãe Lamartine? – Finalmente aquele assunto foi tocado. Então Delphine percebeu quando sua amada sacudiu sua mente levemente e torceu para que seu inimigo não o tenha feito também.

“Suas vagabundas... Jamais direi onde ela está.” Foi o primeiro pensamento que Delphine conseguiu vislumbrar. Precisava de mais.

- Vamos! Diga onde ela está seu verme? – Delphine o pressionou o olhando fixamente. E então teve a visão que precisava.

- Minhas caras... Se vocês realmente quiserem voltar a ver simpática Sra. Niehaus aguardem minha próxima mensagem... – Ele girou no próprio eixo e caminhou em direção à porta.

- O que você quer dizer com isso? – Cosima adiantou-se e foi parada por Delphine.

- Que cobrarei meu preço muito em breve e então... Quem sabe, a Sra. Niehaus possa ver a luz de um outro dia. – Disse já da porta. – Mas adianto... Será olho por olho. – E piscou um dos seus.

- Como assim Delphine? Você vai deixa-lo ir embora assim? – Uma indignada Cosima protestava e sua amada apenas a continha.

- Mas eu gostaria de fazer um pedido... – Ele exigiu.

- Diga! – Delphine respondeu.

- Que um de meus carros venha até aqui. Sabem como é... Acredito não ser muito... Bem-vindo aqui. Ainda mais quando me transformaram em uma árvore de natal quando cheguei. – Ergueu as mãos e sorriu largamente.

- Tudo bem! – A loira respondeu e gesticulou para que esse recado fosse passado para a sala de segurança.

Experimento um desagradabilíssimo silêncio, todos esperaram um dos três carros negros percorrer todo o caminho de pedras parando na base da escadaria. Ele acenou para elas e começou a descer os degraus com uma calma perturbadora.

- Leve esse lixo com você. – Stella empurrou Joana que caiu aos pés de Lamartine que a olhou como se ela não fosse nada. A mulher ainda virou-se para buscar, pela ultima vez, os olhos de Helena e os encontrou no topo da escada, quando eles já estavam na metade dos degraus.

Lá de cima, as cinco mulheres estavam lado a lado assistindo-os ir embora. Todas tinha a plena certeza de que aquela noite estava muito longe de terminar.

- Mas... – Lamartine parou bruscamente. – Eu não poderia vir aqui... – Ele disse já com a mão na maçaneta da porta do carro. Como se tudo estivesse acontecendo em câmera lenta, Joana viu o vidro do carona baixando e o brilho de uma pistola prateada sendo erguida. Percebendo o que aqui significava, retornou e subiu os degraus de volta para onde as mulheres estavam. – Sem levar uma de vocês comigo. – Ele mergulhou no carro.

- PRO CHÃO! – Ela berrou.

Três estampidos se originaram daquele carro que disparou em seguida. Helena jogou-se por cima de Delphine que já envolvia Cosima em seus braços e a Protetora ainda teve a destreza de empurrar Siobhan que caiu para trás. Quando atingiu o chão viu o exato instante em que Stella caia ao chão segurando com Joana sobre ela.

- Stella!! – Berrou e uma enxurrada de tiros foi desferido contra o carro que evidentemente era blindado.

- PAREM DE ATIRAR! – Delphine se pôs de pé e como se sua voz pudesse ser ouvida nos mais longínquos cantos da Fundação, os tiros cessaram. Ela então virou-se para Cosima. – Você está bem? – A morena acenou que estava bem. Ambas voltaram sua atenção para Stella que segurava em seus braços uma ofegante Joana que dava seus últimos suspiros. Dois dos tiros a atingiram em cheio, pois tinham como destino Stella.

- Ela salvou minha vida! – Stella sussurrou enquanto assistia Joana dar os últimos suspiros. Helena ajoelhou-se ao lado delas e sentiu a mão de titubeante de Joana procurando a sua. A segurou sem pensar e a viu esforçar-se para dizer algo.

- Espero que... – Tossiu e uma quantidade generosa de sangue foi expelida. – Algum dia... Você me perdoe. – Lentamente a vida foi deixando e os olhos vidrados em algum ponto do rosto de Helena significavam que ela havia morrido.

- Todas para dentro! – Siobhan ordenou e mesmo que os tiros houvessem sessado e os carros ido embora, ela não queria arriscar mais mortes. As cinco entraram e Stella ficou relutante em deixar o corpo de Joana ali. – Pedirei para vim busca-la, mas é melhor entramos agora.- Ao bater da porta, Cosima explodiu.

- O que você acabou de fazer Delphine? – Ele estava com os olhos esbugalhados e só conseguia pensar em sua mãe nas mãos daqueles homens. Mas inicialmente a Mestra da Ordem a ignorou.

- Helena, Siobhan... – Resoluta, começou a assumir o papel que se esperava dela. – Preparem o Exercito de Ártemis. Parte deve permanecer aqui na Fundação, mas quero um numeroso destacamento para ir conosco até o setor industrial. – Virou-se finalmente para uma possessa Cosima. – É lá onde a Sally está.

- Como... Como assim? – Ela pareceu atordoada com aquela informação.

- Foi por isso que você o deixou entrar... – Siobhan foi a primeira a desvendar o que havia acontecido. Delphine apenas a olhou satisfeita com a sua conclusão e fitou Cosima com mais tranquilidade.

- Eu precisava tê-lo aqui, próximo a mim e a você. – Segurou as mãos de Cosima que a olhava surpresa. – A ligação que indiretamente você possui com ele me permite, de alguma maneira, entrar na mente dele.

- Esse foi seu plano o tempo todo! – Helena vibro diante da crescente adrenalina que corria em suas veias. Adorava aquela sensação que antecedia a ação.

- Sim. Apenas Lamartine poderia me dizer onde a Sally estava. E ele não o faria voluntariamente. Preciso deixar que ele continue pensando que está a nossa frente, que possui uma vantagem contra a nós.

- Brilhante Cormier! – Stella a festejou enquanto desabotoava a sua blusa cinza que estava manchada com o sangue de Joana.

- Mas... Como? – Cosima ainda estava confusa.

- Meu amor... Lembra do Baile beneficente que oferecemos para o  Lamartine? – Imediatamente a mente da morena a levou até aquela noite tão especial e inesquecível. Foi nela que dançou com sua amada e que provou dos lábios dela pela primeira vez. Anuiu positivamente em resposta. – Quando vocês estavam próximos, me aconteceu algo inédito até então. Eu consegui ler os pensamentos dele. Você me permite romper as barreiras da mente dele e isso acontece sem quem ele saiba, e eu acredito que é porque ele não se deu conta do que significa possuíres uma conexão tão intima com a Melanie. – Cosima arregalou os olhos e sentiu sua cabeça dar um giro mediante aquela explicação. 

- Então... Você fez tudo isso para salvar minha mãe?

- Claro. Eu costumo cumprir com minhas promessas. – Sorriu levemente e colocou um cacho de cabelo dela para trás da orelha. – Mas agora temos muito o que fazer. – Olhou para ela e para suas irmãs de Ordem que a olhavam com evidente admiração.

 

______

 

Pouco mais de uma hora depois, já estavam nas garagens da Fundação em meio a uma frenética movimentação de várias agentes do Exercito de Ártemis preparando armas e os veículos que seriam utilizados na abordagem. Sabia que não poderiam perder muito tempo, Delphine e as demais sabiam que muito em breve Lamartine as procuraria com as suas “exigências” e essas seriam as mais terríveis possível. E com aquela ação, pretendiam se colocar um passo a frente de Lamartine e do Martelo.  O plano fora traçado e era simples e direto.

Delphine observou os últimos preparativos e viu que Stella havia trocado suas roupas, deixando de lado o seu terninho elegante por um conjunto de calça jeans e jaqueta de couro em um azul petróleo extremamente escuro. A viu conferir pelo milionésima vez as suas três pistolas. Duas que iam sob a jaqueta em coldres e a terceira na cintura. Sentiu uma profunda segurança em saber que ela estaria naquela missão. Afinal de contas ela ainda era considerada o melhor membro do Exercito.

Voltou-se então para Helena que, como de costume, vestia-se sempre como se estivesse pronta para a ação e suas usuais calça jeans e jaqueta de couro marrom. Levava consigo pistolas e adagas em suportes feitos exatamente para ela, além de munir-se de duas metralhadoras semiautomáticas. Delphine sorriu intimamente, pois sabia que sua mais fiel amiga preferia pecar pelo excesso e também tê-la ao seu lado lhe passava a certeza de que poderia contar com o que havia de melhor na Ordem.

Assim como as irmãs, também optou por mudar de roupas e vestiu uma calça de tecido não muito grosso e uma camisa justa de seda preta. Consigo não carregava arma alguma, pois sabia que por si só já era a arma mais poderosa que a Ordem do Labrys possuía e todo esse descomunal poder era ainda mais potencializado pela simples presença de Cosima, que também vestia uma roupa mais confortável.

- Helena, Stella e Cosima vem comigo. – Delphine reafirmou o que já havia sido decido. A principio pensou em não levar sua amada para o que poderia ser a mais perigosa das missões, mas a sabedoria de Siobhan a fez ceder, pois se Cosima era mesmo capaz de interagir com Delphine em seu poderosíssimo transe, a presença dela seria mais do que útil. – Siobhan fica com o destacamento de Proteção aqui na Fundação e... – Virou-se diretamente para ela. – Cuide de Manu. Ela não precisa, por enquanto, saber que nós saímos. – Para a sorte de todas, a menina havia caído no sono.

- Vá tranquila Delphine... Eu cuidarei da pequena e todas nós. – Olhou para as suas irmãs que somavam algumas dezenas e estavam todas mais do que prontas a cumprirem seus deveres com a Ordem. – E acabei de saber que o avião de Genevieve já decolou e em poucas horas ela também estará aqui. E como você pediu, as demais irmãs da Cúpula estão em segurança nos esconderijos determinados. – A Mestra ficou satisfeitíssima com a agilidade de Siobhan em providenciar tudo o que havia pedido.

Delphine então respirou fundo enquanto encarava S e essa anuiu positivamente e deixou um confiante sorriso se formar em seu belo rosto. Virou-se então para as demais e fez questão de buscar olhar nos olhos de cada uma e não foi necessário que ela mergulhasse nas mentes delas para saber que cada uma ali estava pronta e disposta a darem suas vidas por ela e pela Ordem, e um profundo sentimento de gratidão e união pairou pelo ar.

- Minhas irmãs... – Iniciou seu discurso, embora talvez nem fosse necessário, mas ela fazia questão. – Muito provavelmente estamos partindo para a missão mais importante de nossas vidas. Aquela para a qual todas nós nos preparamos ao longo de toda a nossa vida. – Fez questão de se colocar junta a ela, pois mesmo sendo a sua Mestra era mais um membro daquela irmandade. – Sei que o medo visita seus corações nesse momento e isso é mais do que prudente, é necessário. É ele que nos deixa alertas e nos encoraja a lutar por mais um dia... Lutar pela companheira que está ao nosso lado no campo de batalha... Por cada irmã que tem seu importante papel em todo e qualquer nível da Ordem. – Usava de toda sua eloquência e poder de inspirar cada uma delas que a olhavam com profunda admiração e sincera devoção. – Então... Lutemos!

Todas vibravam com empolgação, sendo tomadas pela energia encorajadora que precisavam e voltaram a finalizar suas tarefas. Voltou-se para Siobhan e Helena que vibravam visivelmente quase a aplaudiram.

Todas se posicionaram nos lugares determinados e uma despedida silenciosa se deu entre Siobhan e as demais. Não havia nada que pudesse ser dito, apenas sentido. As promessas já foram feitas e cada uma delas sabia exatamente o que precisavam ser feito e há muito tempo haviam aceitado os riscos envolvidos em suas missões e destinos.

           

______

 

Cosima observava pela janela a mudança na paisagem e alternava olhares em Delphine, que estava sentada ao seu lado e fazia o mesmo. Tinha o olhar perdido em algum ponto fora do carro, e não foi preciso ler a mente dela para saber que ela travava uma batalha interna. A pequena ruga na testa dela denunciava a tensão que a consumia e vislumbrou algo raro na mulher que amava.

Seria medo? Temeu a resposta, mas imediatamente lembrou-se das palavras de Delphine antes de saírem e de como ela considerava o medo uma “ferramenta” útil para uma situação como a que estavam prestes a enfrentar. Porem, Cosima jamais havia experimentado aquelas sensações. Jamais imaginou em sua vida estar numa situação como aquela, indo para uma investida onde o risco de vida era a certeza que possuía.

Mas esse temor crescente e sufocante não teve mais espaço, pois Cosima sentiu um forte e caloroso aperto em sua mão e quando direcionou sua atenção até lá viu a mão de sua amada envolvendo a sua, então ergueu os olhos e encontrou os de Delphine que brilhavam intensamente, a despeito do pesado clima que cercava aquela empreitada.

Ela parecia... Feliz? Cosima viu que, apesar do medo, havia ternura e amor no olhar que ela lhe lançava e aquela certeza revigorou suas forças. Sua mãe precisava dela e faria de tudo para salvá-la.

- Senhora? Chegamos! – A motorista do carro que iam anunciou que havia atingido o bairro industrial. Também informou que as demais equipes já haviam reportado suas posições.

- Sabemos de quantos homens estamos falando? – Delphine questionou.

- É difícil saber com precisão a essa distância, mas podemos apostar em algumas dezenas. – Stella respondeu e continuou. – Soube de uma mobilização sem precedentes do Martelo. Inclusive me reportaram que também recorreram a mercenários.

- Já era de se esperar... Eles desconhecem o significado de lealdade. – Helena disse. – O que você está fazendo Delphine? – Repreendeu sua Mestra que caminhou até o final da ponte que as separava do distrito onde estava os armazéns que serviam de cativeiro para Sally.

- Não tenho certeza... – Ela disse. – São muitos.

- Del? – Cosima assustou-se e não pensou duas vezes para ir até ela, mesmo tentando ser impedida por Stella. Assim que a alcançou, tocou em seu braço e todas naquela ponte, que estava vazia naquela hora da madrugada, sentiram uma poderosa descarga de energia.

- Sei exatamente quantos são e onde estão! – Delphine disse em tom de surpresa e virou-se para encarar Cosima.

- Do que você está falando Cormier? – Stella as alcançou e viu as duas trocando olhares cúmplices.

- Venham comigo... – Disse mergulhando na ruela logo a frente levando Cosima pela mão e sendo seguida pelas demais.

- Você é realmente louca Cormier! – Stella parou ao seu lado e de lá viram um grande armazém que possuía três andares e muitas janelas, mas estava mergulhado na escuridão.

- Eles estão lá! A Sally também. – Delphine anunciou.

- Maravilha... Estão usando óculos de visão noturna. – Stella informou após checar com um binóculo. –

- Isso não será um problema! – Delphine disse com uma naturalidade perturbadora.

- Como não? – Helena, que sempre confiava cegamente em Delphine, duvidou de sua tranquilidade. – Como poderemos enxergar no escuro? – E achou estranha a expressão que sua amiga lhe olhava. Delphine sorria largamente para ela.

- Confie em mim Helena. – A Mestra anunciou e então foi a vez de Stella abrir um largo sorriso, pois percebeu o que estava prestes a acontecer, então sacou duas de suas pistolas.

- Do que vocês estão rindo? – Mas Helena não precisou que lhe respondessem, pois teve sua mente invadida com imagens claríssimas de onde estavam os homens do Martelo. Olhou incrédula para Delphine, pois pela primeira vez ela havia sido atingida por seus poderes, e então percebeu o que acontecia ali. – Ainda bem que você está aqui. – Tocou firmemente no ombro de Cosima e se pôs ao lado esquerdo de Delphine que tinha Stella do outro lado.

- Senhoras? – Delphine olhou para ambas e com passos firmes, elas caminharam firmemente e uma série de tiros teve início. Todos eles disparados por Stella e Helena que não erravam um disparo se quer. Adentraram o armazém e pelo caminho, corpos iam sendo deixados para trás. Sons de tiros mais distantes foram ouvidos e Delphine apenas estampava um sorriso confiante em seu rosto.

Pela primeira vez em toda a sua existência, conectou-se com cada uma das suas irmãs e conseguia mandar para cada uma delas, a exata posição dos inimigos que não tiveram chance alguma contra elas. Era a mais perfeita demonstração do poder da união que as conectava. Como uma teia, sua mente seguia ligando-se uma a outra de suas irmãs e pouco mais de quinze minutos após a chegada delas, estavam diante da porta que separava o cativeiro de Sally.

Delphine apenas gesticulou com a mão e Stella e Helena, que estavam apoiadas contra a porta e com armas em punho irromperam na sala acertando os cinco pobres coitados que nem se quer viram o que os atingiu.

- Não se aproximem mais se não ela morre! – O sempre debochado Ferdinand estava apavorado, escondendo-se atrás de Sally que permanecia amarrada a uma cadeira de metal e tinha uma arma apontada contra sua cabeça. Sua voz sumiu quando viu a entrada triunfante de Delphine que trouxe Cosima consigo. Ambas de mãos dadas.

Silenciosamente as duas trocaram olhares e a loira gesticulou com um movimento de cabeça para a sua amada.

- Afasta-se de minha... – Cosima disse entre dentes e Ferdinand sentiu como se cordas invisíveis o puxassem para trás, jogando-o longe contra uma parede, deixando-o caído desacordado.

- Muito bem Niehaus! – Stella a cumprimentou e a ajudou a soltar as cordas que prendiam a mãe dela.

- Mamãe, você está bem? – Cosima abraçou-se com ela antes mesmo de arrancar a fita que calava sua boca. Gentilmente retirou a mordaça de plástico e gelou com a resposta desesperada que sua mãe lhe deu.

- É uma armadilha! – Sally quase berrou.        

 

           



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...