1. Spirit Fanfics >
  2. Anatomia Humana por Kim Seokjin >
  3. Neve no Natal

História Anatomia Humana por Kim Seokjin - Neve no Natal


Escrita por: black_mountain

Notas do Autor


Era para ter saído perto do Natal, porque tecnicamente era um especial de natal uahuahsua
Espero que gostem <3
Pronto, agora eu parei com esse fic de vez kkkkk

Capítulo 25 - Neve no Natal


Fanfic / Fanfiction Anatomia Humana por Kim Seokjin - Neve no Natal

Eu estava tirando a neve da frente da casa de meu pai. Eu sentia o suor querer escorrer pela testa, mas o frio ameaçador o impedia. Enfiei a pá fundo na neve, empurrei com o pé, depois puxei pra cima, liberando mais um pouco o caminho da entrada até a calçada. 

Suspirei cansado, vi o ar sair da minha boca. Levantei o olhar, encarei as flores roxas no jardim da frente da casa. Estavam murchas, como tinham de ficar durante o inverno. Mas eu sabia que na próxima estação elas floresceriam novamente. O tom roxo purpura era visto de longe, e banhava a frente da casa com um aroma ameno. 

Sempre que nevava, eu lembrava dele... sabe, as vezes era mais forte do que eu.   

Eu encarei o branco que cobria o telhado da casa, subi o olhar até o céu cinza. As nuvens formavam um tapete espesso sobre a cidade, dando a entender que esse inverno apenas começara. Amanhã é natal. Esse fato trouxera a mim uma memória esquecida há muito tempo: meu primeiro e único Natal com ele.  

 

Oito anos atrás. Natal.  

 

Jin estava quase dormindo sobre meu peito, sua cabeça acompanhava o movimento contínuo do meu tórax. A visão era encantadora, seu cabelo castanho pendia para a testa, seus lábios perfeitos entreabertos. Eu poderia ser um bom namorado e deixa-lo dormir ou....  

De repente, envolvi meus braços ao seu redor, agarrando-o. Ele despertou meio sonolento no mesmo momento, porém eu comecei a balança-lo para lá e para cá delicadamente, despertando-o totalmente. Eu comecei a rir da sua cara de aturdido, tive vontade de morde-lo todinho, como um doce.  

- Nam... - resmungou. - Por que fez isso? - bateu no meu peito.  

- Porque eu tenho vontade de implicar com você... - Apertei-o mais entre meus braços. 

- Uma vez valentão, sempre valentão. - Disse em tom de falsa desaprovação.  

- Aigoo! - Fiz bico. - Queria escutar sua voz.  

- Pois bem... apenas com uma frase consegue me desconsertar todo. Aish! - Ele levantou a cabeça, levou as mãos até meu peito e logo em seguida descansou a cabeça sobre as mesmas. Me lançou um sorriso encantador. Mal sabe ele que apenas um sorriso fazia minha cabeça girar. - Quer que eu leia para você?  

Olhei para a mesinha de centro da sala, ali descansava o seu presente, ainda sobre o embrulho natalino. A caixa de madeira, mesmo na pouca luz, parecia linda e sofisticada.  

- Eu iria adorar... - Jin fez menção de se levantar, mas eu não queria que ele se distanciasse de mim, ou que saísse do calor das cobertas sobre nós.  

Então, eu me estiquei ao máximo o meu tronco e braço direito a fim de alcançar o objeto. Quando eu consegui alcançar a caixa, essa quase caíra. Jin soltou um gritinho alarmado, com medo que eu danificasse seu presente..., mas eu pude trazer a caixa sem mais problemas assim que finquei a palma nela. Entreguei para Jin, esse levantou-se um pouco, descansou a caixa sobre meu peito e a abriu. Eu apenas observei a cena. Uma dúvida se fez em minha mente. 

- Por que você gosta tanto desse livro, hm? - Jin já estava com o exemplar em mãos e pondo a caixa de madeira com cuidado no chão quando eu lancei a pergunta.  

Jin não levantou o olhar para mim, apenas encarava o livro com um sorriso bobo no rosto, ele parecia pensar na resposta. Ele suspirou e disse: 

- Porque ele tem um final feliz. - Sua voz soou baixinha, como um segredo a ser guardado a sete chaves. Eu fiquei realmente surpreso com a revelação.  

Quando digeri a informação, comecei soltar pequenos risinhos. Jin estranhou e perguntara qual era a graça, e eu respondi: 

- É engraçado, pois eu sempre usei essa história como metáfora para o nosso relacionamento, para a minha vida... 

- Por quê? 

- Porque eu achava que esse livro tinha um final triste.  

- Nam... - ele começou, mas eu interrompi: 

- É sério... eu acho que só tenho mais algumas semanas nesse mundo... - Vi a expressão de Jin vacilar, como se fosse chorar. - Me desculpe, meu bem, mas por mais que eu te ame muito, estar ciente de que nosso tempo é pouco faz eu aproveitar verdadeiramente cada segundo ao seu lado.  

Levei a mão até a sua bochecha, acariciando o local, continuei: 

- Essa é a minha sina... e meio que a sua também. Agora eu queria, verdadeiramente, que a nossa história fosse como a do livro... um final feliz ao seu lado era mais do que eu poderia querer. Deus as vezes faz o certo por linhas tortas. E eu espero que o seu final seja feliz, mesmo sem eu...  

Jin levou sua mão até a minha no seu rosto, agarrou-a com delicadeza e levou-a a caminho dos seus lábios. Ele depositou um beijo na palma interna da minha mão, depois a manteve em encostada em seus lábios. Senti minha mão formigar pelo local onde ele beijara. O calor que facilmente emanava de mim tinha origem advinda somente dele.  

Jin levantou o olhar até o meu, encarando-me com os olhos pretos brilhosos. 

- Não sei porquê, mas eu sinto bem aqui – tocou no seu peito esquerdo com a sua mão livre -  que você vai ser muitoooo feliz, Namjoon. - O som da sua voz dizendo meu nome fez os pelos dos meus braços eriçarem. 

E por um segundo eu quase acreditei nas suas palavras. Sua beleza ao me olhar era inexplicável. Eu senti que uma vida se não ao seu lado não teria sentido e quis que fosse realmente verdade. Que as suas palavras fossem orações que alguém ou algo as escutassem. Quem recusaria os dizeres sincero desse homem?  

"Por favor", supliquei em meu interior, fechando os olhos por um momento ainda segurando a mão de Jin, "me permita viver para...." Meus pensamentos foram cortados quando o relógio da sala badalou suavemente, avisando que a meia-noite finalmente havia chegado. Ambos olhamos em direção ao relógio próximo a janela. A neve voltara a cair incansavelmente lá fora.  

Voltei a encarar Jin, esse ainda olhava a janela da sala, meus pensamentos eram simples: quero viver, apenas para viver com ele, para ele. Se possível, igual ao seu livro favorito, um final feliz... 

Do nada, Jin se levanta, sinto o calor ir com ele e a coberta antes confortável e quentinha, agora parecia gelada e ausente.  

O menor pôs os pés no chão, mesmo com meias devia estar frio.  

- Volte para cá, Jin. O que vai fazer? - Ele não me respondeu e seguiu em direção a janela da sala, parecia hipnotizado.

Jin elevou a mão até tocar o vidro embaçado. Logo após de hesitar por um instante, ele abriu as duas folhas da janela. Obviamente o vento frio entrou sem pedir permissão pelo cômodo, rugiu pela sala, fazendo um barulho audível. Um pouco da neve da tempestade caiu na sala, mas meus olhos estavam vidrados em Jin. O vento forte bagunçara seus cabelos, mas sua expressão era a mesma, ele continuava a olhar o tempo lá fora. Seus olhos estavam em direção ao céu escuro breu.

Quando finalmente me dei conta do frio que invadira a sala, chamei ele:

- Jin...? Está tudo...?

- Você sabe, Nam, que todos os flocos de neves são diferentes um do outro, não sabe? – Ele me interrompeu, estendeu a mão para fora, alcançando um floco que caia sem preocupação.

- Sim, minha mãe me disse isso. – Respondi.

- Sério? Que coincidência... ela também me disse isso.

Jin sorriu para si mesmo, parecendo lembrar de algo bom.

- No dia que me levaram para longe dela, sua mãe, nevava muito...

- No dia que ela morreu também... – completei. Ele confirmou lentamente com a cabeça.

- Sabe, quando eu me for desse mundo, quero que seja em um dia de neve, porque vai parecer que ela estará lá por mim, você não acha?

Quando ele disse isso, sem olhar para mim, eu não soube o que responder, apenas pensei em como eu me sentia triste e vazio. Toda aquela cena de Jin em frente a uma janela aberta, enfrentando uma leve nevasca, falando de morte, pálido como um fantasma e com uma expressão distante... para mim, era tudo muito doloroso.

Em silêncio, eu me levantei com a coberta pesada em mãos. Fui até o meu amado, coloquei gentilmente o cobertor em suas costas, passando pelos seus ombros. Cheguei mais perto e beijei-o na testa em sinal de proteção. Ele não deveria estar pensando em morte. Ele vai viver, feliz e pleno, eu sei que vai.

- Namjoon? – Ele sussurrou, seu rosto estava entre minhas mãos. Gelado.

- Hm? – Disse.

- Eu sempre quis dizer a sua mãe que para mim, flocos de neves são como pessoas... – sua voz foi sumindo, parecia com sono. Ele parecia tão vulnerável.

- Então diga para mim. – Incentivei a continuar, tive ânsia de estar ao seu lado, de ouvir sua voz ao máximo possível.

- Eles são todos diferentes, como nós. Eles vêm de um lugar e tem um destino certo, como nós também. No decorrer da sua viagem do céu até a superfície, várias coisas podem acontecer... um vento forte pode vir e mudar o destino de chegada de vários flocos. É como a gente também... qualquer vento forte na nossa vida pode mudar o rumo de tudo...

Jin pareceu encerrar sua fala, o relógio badalou 00:15 e o vento rugiu alto mais uma vez pela sala. Bagunçou os cabelos de Jin e quase levava a coberta de seus ombros. Abracei-o forte em meus braços. Não quero deixa-lo ir... nunca mais, pensei.

- Nam, eu te amo.

- Eu também te amo, Jin, com todas as forças que eu tenho, eu te amo. – Logo depois Jin pareceu dormir em meus braços, seus olhinhos fechados, um rosto tão sereno. Dessa vez, apenas deixei que ele dormisse e antes que eu me movesse, percebi que o vento trouxera um floco até o topo da cabeleira castanha de Jin. Ele reluziu na pouca luz e depois encontrou seu fim, cedendo ao calor e derretendo.

Levei Jin nos braços até o sofá, me aconcheguei com ele no pequeno móvel, pois eu não seria capaz de subir as escadas com ele em meus braços, não na atual situação que eu me encontrava. Cobri nós dois com o pesado cobertor, beijei sua testa e esperei o sono vir me pegar também.

 

 

 

O atual eu, ainda olhava o céu cinza, encostado na pá. Aquela lembrança era de longe de um dos nossos momentos mais importantes durante nosso breve relacionamento.

Agora que paro para pensar... será que ele sabia? Tudo aquilo... parecia um adeus. Parecia que ele sabia e que estava conformado.

E a única coisa que me consola de tudo aquilo é o fato de a tempestade mais fria que já enfrentei foi no dia da sua morte... como ele queria, nevou por infinitos dias na sua morte. Foi o inverno mais longo já registrado na Coréia.

Será que minha mãe veio ao seu pedido?

Eu sorri comigo mesmo, sentindo o frio bater no meu rosto, sim, tenho certeza que ela foi...

Abaixei o olhar e vi Kookie ao lado de meu pai na mesa da cozinha pela janela, ambos tinham em mãos uma caneca fumegante do, provavelmente, famoso e delicioso chocolate quente do meu marido.

Jungkook foi até a janela da cozinha que dava para a frente da casa, a abriu e me chamou:

- Vamos, meu amor, eu fiz uma para você também. – Mesmo com leves ruguinhas perto dos olhos, ele ainda tinha o sorriso mais lindo do mundo.

- Sim, estou indo. – Retribui o sorriso que eu tanto amo.

Deixei a pá perto do jardim e bati as botas no tapete da frente, ao entrar, deixei que a tempestade continuasse lá fora.

Na mesma noite, a neve voltou a cair e eu senti que ele estava feliz por nós. 


Notas Finais


Gostaram? Será que alguém vai ler? uahsuahusahshaus


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...