1. Spirit Fanfics >
  2. ÂNGELA: Virgem >
  3. Azul e Grená

História ÂNGELA: Virgem - Azul e Grená


Escrita por: JakobFKings

Capítulo 11 - Azul e Grená


Era final de tarde e Gui, Nat e Ângela conversavam na frente da casa quando Matias se aproximou, vestindo sua tradicional camisa do Barcelona, e perguntou:

_ Acho que a pilha do lampião queimou. Tem outras?

_ Vou olhar - respondeu Nat.

Após alguns minutos, ela voltou.

_ Não. Estamos sem nenhuma.

_ Nossa, vai ficar um breu durante a noite. E pra cozinhar? - se preocupou Ângela.

_ Não tem jeito. Fica muito ruim - comentou Gui. - Faz assim, eu vou lá no distrito e compro. Acho que não demoro mais de uma hora, uma hora e meia.

_ Não, deixa que eu vou - replicou Matias - você já vai ajudando com a janta e eu não sei fazer nada disso aí que vocês estão cozinhando.

_ Será que precisa mesmo? Já vamos embora amanhã - ponderou Ângela.

_ Não, o Gui tá certo. É muito ruim pra cozinhar e pra comer. Vou e volto rapidinho.

_ Vou com você. Só me espera trocar de roupa - disse Ângela.

_ Não, não precisa. Você acabou de tomar banho, pode ficar tranquila. Que tipo de pilha é, Nat?

_ Quatro pilhas AAA. Palito.

_ Beleza. Não demora eu volto com elas.

Matias, então, se dirigiu para seu Volkswagen e pegou a estrada rumo ao Distrito de Papagaio. Os três continuaram papeando por algum tempo até que Gui entrou para pegar uma taça de vinho e voltou exclamando:

_ Nat, a pilha do lampião é AA! Não AAA! 

_ Nossa! Mas aí Matias foi lá por nada! 

_ Vou tentar ligar pra ele - disse Ângela.

_ Qual operadora? - indagou Nat.

_ TelBrasil.

_ Não pega aqui. Ele vai ficar sem sinal até voltar.

_ Acho melhor então a gente ir encontrar com ele, senão ele vai chegar aqui e trazer a pilha errada e vai demorar mais ainda para resolver isso - comentou Ângela.

_ Tem razão. Vou pegar as chaves do carro - disse Nat.- A gente deve encontrar ele ainda lá. No pior cenário, só tem uma estrada e a gente encontra ele no meio do caminho.

A Land Rover desceu barulhenta a estrada. Os três foram conversando amenidades e comentando sobre a paisagem. Ao ver uma encosta sem vegetação, Nat comentou:

_ Se a prefeitura não consertar aquele barranco, uma chuva vai causar um deslizamento de terra e algumas propriedades vão ficar isoladas. Já aconteceu antes.

Mas essas conversas foram logo esquecidas quando chegaram ao vilarejo. O povoado não era mais do que cinco ou seis ruas com casas pobres e comércios simplórios. À noite o local parecia ainda mais decadente do que durante o dia. Nat estacionou e começaram a procurar por Matias.

Ele não estava no armazém e na mercearia. Estes seriam os dois lugares que julgaram mais prováveis de ele procurar pelas pilhas.

_ Ah, o carro dele está ali - apontou Gui - perto do barzinho.

Os três seguiram pela calçada e observaram o buteco. Duas mesas de sinuca rodeadas por mesas e cadeiras de plástico. Atrás do balcão toda variedade de cachaças e bebidas vagabundas. O único funcionário era um careca barrigudo com barba rala, que servia meia dúzia de homens e três mulheres excessivamente maquiadas, vestidas em roupas curtas vulgares. O lugar era uma síntese da decadência do povoado.

Parada em frente ao bar, Ângela afirmou:

_ Nunca que o Matias viria num lugar desses.

Mas ao se voltar para a amiga para confirmar a impressão, reparou que Nat estava lívida.

_ O que foi? - perguntou Ângela.

Nat só apontou para um beco escuro ao lado do boteco. Ângela se aproximou e, apesar do breu, pode vislumbrar um casal. Ela era claramente uma das prostitutas locais. Estava com os seios de fora e a saia totalmente levantada, apoiada no muro. Por trás dela estava um rapaz que a estocava. O que se via dele era justamente o que causara a reação de Nat: a camisa azul grená do Barcelona.

Ângela abriu a boca, mas o grito não saiu.

Como Matias podia fazer isso com ela? Como ele pode comer uma puta assim, na rua? Como ele pode rejeitá-la e ir se satisfazer com uma vadia qualquer num beco? Há quanto tempo ele fazia isso? Quantas ele já comeu assim? Por que ele fazia isso?

Ela fitou por mais alguns instantes a cena. O rapaz acelerava as estocadas segurando desajeitado na cintura da prostituta. Ele gemia enquanto ela se segurava no muro. 

A única certeza de Ângela naquele momento é que estava tudo terminado entre eles. Que ele comesse todas as putas que quisesse. Que enfiasse aquela hipocrisia no cu. Ela não queria mais saber dele.

Com olhos marejados, ela andou resoluta até o beco. Chegando ao lado do casal, ela gritou:

_ Matias!

Os dois se viraram para ela assustados.

O rapaz não conseguiu evitar e gozou na bunda da mulher e no chão, próximo a Ângela. Ela viu aquele pau jorrando e só então subiu a visão para o rosto dele.

_ Você está louca? - gritou o rapaz.

Não era Matias.

_ Desculpa - disse Ângela andando para trás - Desculpa, gente. Eu confundi com meu namorado. Desculpa mesmo.

_ Sai daqui, vadia. Você atrapalhou meu cliente - disse a mulher e virando-se para o rapaz, continuou - agora já acabou.

_ Mas… - disse o rapaz.

_ Acabou. Você já gozou.

Ângela saiu rápido e se juntou a Gui e Nat. Os três caminharam ligeiros para o carro. Ângela ainda estava com lágrimas nos olhos, mas isso durou pouco. Logo o grupo estava se divertindo com a situação.

_ Você precisava ver a sua expressão e depois a cara daquele pobre rapaz! Deve ter juntado as economias pra comer a puta e você estragou tudo! - zombou Nat.

_ Mas, gente, como eu ia saber? Estava escuro e o cara tinha a altura do Matias e a camisa do Barcelona…

_ O pau dele ficou murcho na hora! Coitado.

Subitamente, uma quarta figura se aproximou do carro, carregando dois pacotes de pilhas.

_ Oi, gente, o que estão fazendo aqui?

 



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...