História ÂNGELA: Virgem - Convite

_ Ângela, o que você vai fazer na Semana Santa?, perguntou Natália.

_ Nada. Quer dizer, preciso estudar, rever Micro.

_ Pra se divertir, eu digo.

_ Ah, devo pegar um cinema com o Matias. Ele quer ver o novo Velozes e Furiosos ou Transformers ou algo assim. Não lembro direito. Tem também uns eventos da igreja que a gente sempre vai. Você sabe como é.

_ Sei. Mas não quer fazer nada diferente esse ano?

_ Tipo o que?

_ Uma viagenzinha.

_ Tô sem grana, Nat. Nem pra ir na esquina tô podendo.

_ Não. Tô pensando em ir pro sítio dos meus pais, na serra. Pensei em passar a Semana Santa lá. De boa. A gente aproveita e faz o trabalho de Espermatófitas. Lá tem uma área de mata nativa grande e vai ser bem legal. Além disso, tem cachoeiras e tal. Aí pensei que poderíamos ir eu e o Gui e você o Matias. Não tem que pagar nada. Só ir.

_ Não sei. Você sabe que a gente não é muito de festa.

_ Mas não é festa! É só a gente! Pegar uma cachoeira, fazer um churrasco, tomar um vinhozinho e, se der tempo, a gente faz o trabalho - e riu. Coisa de boa. Não tem nada. Além do mais, é uma casa antiga, mas grande e fica no meio de uma reserva ambiental. É muito bonito. Olha com o Matias. Vai ser tranquilo. Ele gosta de churrasco. E vai poder ficar falando de Chelsea e Barcelona com o Gui até cansar.

_ Tá, vou ver com ele.

A perspectiva de fazer algo diferente animou Ângela. Fazia tempo desde que ela tinha feito algo fora da rotina. A última vez tinha sido uma ida à praia com a família de Matias ainda antes de entrar na faculdade. Decidiu que falaria com ele o quanto antes. Era melhor pessoalmente. Ficaria mais difícil ele negar isso a ela cara a cara. 

Então, ela esperou Matias passar na casa dela à noite, como costumava fazer e explicou a proposta ao namorado.

_ Coisa tranquila. Mato, cachoeira, um churrasco, talvez um chocolate quente e uma tacinha de vinho… Vamos…?

_ Ah, não sei… A Nat é legal. Mas é outro mundo. Não é como a gente… Sabe?

_ Matias, mas nós somos como somos porque queremos. A gente não pode exigir que eles também sejam como nós. Precisamos ser tolerantes, não é? Além do mais, o que eles fazem não é da nossa conta, é? Não é isso que nós dizemos pros outros?

_ É. Mas será que é legal a gente ficar perto deles esse tempo todo?

_ Lá parece que é amplo. Tem lugar pra nós quatro tranquilamente. Se a gente se incomodar, inventa uma desculpa e sai de perto. Vamos! Vai ser bom. Faz tempo que a gente não faz nada diferente!

_ Tá…

Mas não seria tão tranquilo quanto Ângela e Matias imaginavam naquele momento…