História Angels - Roupão de coelho.

POV Louis

Parei o carro no lugar de sempre e me pus para fora, correndo por entre os carros até chegar na entrada do prédio. Acenei com a cabeça para o homem que estava na portaria e segurei a porta do elevador. Cumprimentei uma das moradoras e ajeitei as roupas do pequeno que estavam em meus braços.

Eu estava tão ansioso por dá-lo estas roupas, queria ver seu sorriso de covinhas quando visse o roupão de coelho. Por que será que Harry gosta tanto de coelhos? Eu nunca perguntei. Deve ser um bom motivo para tanto amor.

A porta se abriu e eu sai, colocando as chaves na porta e rodando a mesma duas vezes. A empurrei com o pé e suspirei, ao ver que todo o apartamento estava apagado. A única luz vinha da cozinha. Fechei a porta e suspirei mais uma vez, desapontado. Caminhei até próximo as janelas e as fechei, abraçando meu próprio corpo graças ao frio. Beijei a cabeça de cada uma das minhas irmãs e me dirigi para o quarto. Eu espero que mamãe o tenha feito dormir. Abri a porta com cuidado e adentrei, vendo o pequeno respirando baixinho.

Caminhei com as pontas dos pés até a ponta da cama e coloquei todas as compras lá. Tirei meu casaco, a blusa e fui para o banheiro. Tirei o restante das roupas e entrei no box, sentindo todo o meu corpo estremecer. Me sequei e vesti roupas folgadas. Deitei com cuidado na cama e acariciei os cachos de Harry, dando-lhe boa noite e me virando para o outro lado.

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Desliguei o alarme que soava no meu ouvido sem abrir os olhos e me sentei na cama, coçando minha têmpora. Pisquei algumas e virei o pescoço, procurando Harry na cama. Meu coração acelerou quando eu vi apenas um espaço vazio. Me levantei e corri até o banheiro, sentindo o desespero tomar conta de mim. Abri a porta e sai, correndo pelo corredor e olhando em cada cômodo do apartamento.

- Loueh!- Uma voz veio da sala e eu suspirei de alívio, colocando a mão no peito.

- Você me assustou, bobinho.- Sorri, indo até a cozinha.

Mamãe estava sentada à mesa com uma xícara fumegante. Ela me deu um sorriso acolhedor e se levantou, enchendo outra xícara de café e a empurrando-a até mim. Levantei o copo de bebi um pouco, sem tirar os olhos da mulher que estava na minha frente. Algo ali estava errado. Mamãe estava com uma face preocupada, e algo lhe incomodava.

- Louis, meu filho, não quero voltar àquele assunto, mas...- Ela mexeu no copo.- Você acha que isso dará certo? Você não tem documentos dele. As pessoas podem considerar isto um sequestro.

- Eu já pensei nisso mãe.- Bebi um pouco do café, tentando ganhar tempo.- Não sei o que fazer.- Suspirei.- Eu quero muito que ele estude, mas nenhuma escola irá aceitá-lo sem documentos. E... Ainda tem o meu trabalho. Quem ficará com ele?

- Queria muito te ajudar querido, mas eu não posso fazer nada.- Jay colocou sua mão sob a minha e me deu mais um sorriso.- Espera... O Liam, Louis! Ele se formou em Letras, não é?

- Sim mãe, claro. O Liam, como não pensei nisso antes?- Sorri.- Obrigado, mãe.

- Loueh! Loueh! Olha o que eu ganhei!- Harry gritava, eufórico.

Harry veio do quarto correndo vestido com o roupão que eu tinha comprado ontem. Um sorriso involuntário apareceu em meus lábios e eu abri os braços, querendo um abraço seu.

No instante em que eu me abaixei para abraçá-lo, um barulho seco atravessou meus ouvidos e quando pisquei, vi apenas sangue no chão um choro alto e doloroso. Meu coração acelerou e eu corri até o menino que estava caído no chão. O peguei no colo e o deitei no sofá. Pingos de sangue caíam de seu queixo, deixando-me ainda mais apavorado. Uma das minhas irmãs me trouxe um pano e eu o pressionei contra o queixo do menor.

- Mana, pegue o quite de primeiros socorros no banheiro, hm?

Ela concordou e correu. Pouco tempo depois, voltou com uma bolsa branca com uma cruz na frente. Pousou sob o sofá, ao meu lado e a abriu. Agradeci e peguei o soro, derramando um pouco no pano. Eu não sou um médico, mas muitas vezes já cuidei das gêmeas, quando uma delas caia e se machucava. Sangue já não me assustava tanto, pelo simples motivo de eu estar acostumado.

Levantei a cabeça de Harry e fiz um curativo, acariciando os seus cachos e indo até a cozinha, pegando um pedaço da barra de chocolate que comprei ontem. O entreguei, tentando afastar a dor que provavelmente o menino sentia. Eu preferi não contar da roupa, ele estava tão feliz. Não faria diferença alguma para mim, eu só queria vê-lo feliz.

Coloquei em um canal de desenhos, ganhando a atenção de Harry e das minhas irmãs. Voltei para a cozinha e ajudei mamãe com os pratos que estavam na pia.

- Você parece cansado, Louis.- Jay apontou, suspirando e apoiando-se sob a pia.

- E eu estou.- Pousei o copo no secador.- Nada que precise se preocupar.- Um pouco do famoso silêncio que incomoda.- Bem, preciso me arrumar e ir trabalhar. Prometo que será apenas hoje, viu mãe?

- Ora, Louis. Harry já é da família, não se preocupe com isso.- Minha mãe beijou minha cabeça e secou as mãos, indo até a sala.

Coloquei minhas roupas e voltei para a sala, me despedindo de todos.

~

No dia seguinte, felizmente eu não precisei trabalhar. Era minha folga. Mamãe ainda não tinha ido embora. Durante toda a manhã nós tentamos dar um jeito a bagunça. Harry e as meninas riam e brincavam na sala enquanto assistiam um desenho qualquer.

- Oi Liam.- Sussurrei nervoso depois que ele atendeu no terceiro toque.

- Lou! Quanto tempo cara. Como você está?- Liam perguntou do outro lado da linha.

- Bem... Melhor do que eu poderia estar.- Ri anasalado.- Vamos logo ao ponto. Preciso de sua ajuda.

- Só falar.

- Você se formou em Letras, certo? Ou seja, você pode ensinar coisas básicas para uma criança de 5 anos, certo?

- Pare de falar ''certo''. Erros gramaticais me deixam com dor de cabeça.- Liam riu e eu também.- Sim, Lou, eu posso. Mas por que tal pergunta?

- Preciso que você dê aula para uma criança de 5 anos.

- Quem? Suas irmãs já são mais velhas que isso.

- Pode vir aqui? É difícil explicar por telefone.

Liam concordou e disse que logo estaria aqui. Liam é outra pessoa que me ajudara muito desde que eu me mudei para cá. Nós éramos e somos amigos antes de eu pensar em morar aqui. Desde a escola nós pensávamos em morar juntos e ir para a balada todo dia. Era bem loucura de crianças. E olhe onde estávamos. O garoto careca entrou para a faculdade e se formou em Letras. Eu preferi apenas trabalhar e não me formar em nada, até porque não sabia o que queria fazer.

Junto com Liam, morava Niall. Tudo começou com uma grande amizade. Eles conheceram-se na faculdade. Viraram amigos e foram morar juntos. O primeiro a se apaixonar foi o loiro, e logo, Payne também se apaixonou. O amor deles era algo que nunca vi na vida. Ambos não se desgrudavam, e isso era um pouco chato, pois eles quase transavam no meu sofá, certas vezes.

A campainha foi tocada e Phoebe abriu. Assim que viu o casal do lado de fora, todas as meninas gritaram juntas e pularam no colo de ambos. Harry por sua vez, tampou os ouvidos esse encolheu no sofá, roubando um sorriso meu. Fui até o seu lado e acariciei seus cachos, pedindo calma. O menino era como eu, não aguentava gritos histéricos femininos.

Horan e Payne sentaram-se no sofá e falaram com o pequeno que ainda estava um pouco receoso. Expliquei para eles o que havia acontecido. Contei que o ''achei'' na rua. Contei que estava tremendo de frio e chorava, assustado. A cada vez que eu piscava e pensava naquela noite, minha garganta se fechava e uma vontade de chorar tomava conta de mim. Falei sobre cuidar dele e por fim, sobre Liam ser seu professor. O mesmo aceitou sem pestanejar, o que me deixou bem feliz. Eu pedi para que as aulas fossem aqui em casa, pois poderiam cuidar do pequeno por mim.

- Muito obrigado, Liam. Isso vai me salvar de tanta coisa. Eu prometo te pagar sempre.

- Louis, pare.- Liam sorriu e levantou a mão.- Eu não vou aceitar seu dinheiro suado. Eu sei que agora você tem mais um morador que precisa de atenção durante suas idas para o trabalho, e eu farei isso porque sou seu amigo de verdade. E, além do mais, Niall ama crianças, não é amor?

- Um pouquinho só.- Niall sorriu.

Liam e Niall foram embora e eu me sentei um pouco com as meninas e Harry no sofá. Nós conversamos e eu expliquei ao pequeno que ele teria novas visitas todos os dias, pois eu precisava trabalhar. Diferente do que achei, ele aceitou e sorriu, me pedindo para não ficar preocupado. Certas vezes o menino parecia mais adulto que eu. Ele não chorava por motivos fúteis como eu, ele não ficava emburrado por não conseguir coisas, como eu. Eu sinceramente acho que sou o garoto de cinco anos, aqui.

Harry me arrastou para o quarto e me mostrou todos os seus outros ''presentes'', sem saber que fui eu quem deu. O jeito que ele falava de cada roupa era tão engraçado que me fazia rir cada vez mais. Curly havia ficado tão fofo dentro daquele roupão.

Tudo estava em seu devido lugar. Hazz já tinha um professor e com quem ficar. Eu poderia trabalhar mais tranquilo, agora. O melhor de tudo isso, é que o professor é o meu melhor amigo.