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História Angry Too - (Chensung - Chenji) - 11


Escrita por: yeol_yeol

Notas do Autor


Roi, gatilho.

Primeiramente, meu pai é estudante de medicina e vai se formar.

Segundo, todas as explicações sobre remédios, efeitos colaterais, sensações e outros estão bem explicados no capítulo.

Vai ter um aviso, antes de começar o real gatilho.

Convulsão é algumas vezes baseada em remédios. Explicando mais abaixo.

Boa leitura, vai ver os avisos antes de ler. Atenção nos avisos dentro do cap.

De 3k eu fiz 5k quem amou???? Boa leitura

Capítulo 11 - 11


Os sintomas que sugerem uma convulsão incluem perda da consciência, espasmos musculares que agitam o corpo, perda do controle do corpo, confusão súbita ou incapacidade de se concentrar. No entanto, as crises causam esses sintomas com muito menos frequência do que a maioria das pessoas pensam.

Convulsão é a contratura involuntária da musculatura, que provoca movimentos desordenados. Geralmente é acompanhada pela perda da consciência. As convulsões acontecem quando há a excitação da camada externa do cérebro.

A crise convulsiva ou convulsão ocorre devido a um aumento excessivo e desordenado da atividade elétrica das células cerebrais, nesse caso os neurônios. Esta atividade elétrica alterada, é em muito dos casos, o causador das alterações motoras de uma crise convulsiva, muitas vezes caracterizada por movimentos desordenados, repetitivos e rápidos de todo o corpo. Além disto, a convulsão também pode ocasionar perda temporária de consciência.

As crises convulsivas nem sempre estão associadas com a epilepsia, pois diversos fatores podem desencadeá-la tais como: febre alta; diminuição do açúcar no sangue; desidratação; febre alta; pancadas fortes na cabeça; perda excessiva de sangue; tumores; intoxicações por álcool, medicamentos ou drogas ilícitas, dentre outros fatores.

[...]    

Felizmente, Jisung estava bem.

Suas mãos haviam melhorado muito, algumas vezes ele ficava horas escrevendo para melhoras a caligrafia perdida, porém eu não sabia o que, já que sempre que tentava ver ele dava um jeito de cobrir.

Isso me dava nos nervos, e mesmo que eu revirasse seu quarto não achava os malditos papéis. Meu coração doía só de pensar o que ele escrevia, porém eu estava sendo positivo. Eu tinha que ser.

Park estava se controlando ao máximo, ele tinha dito uma coisa que me deixou bem surpreso, no jantar da noite anterior, ele suspirou e começou a falar sobre coisas que faziam sentindo em sua cabeça, sem se importar com as opiniões alheias. Ele estava confiante, enquanto comia e discutia sozinho sobre coisas pessoais dele. Ele se abriu e quando pediu minha opinião, eu refleti bastante suas palavras.

“ – Chenle, você já parou para pensar que não fez tudo o que queria, e mesmo que fizesse não seria o suficiente para se satisfazer? – começa, chamando minha atenção, enquanto eu processava suas palavras – tipo, se você estuda apenas teoria, não é o suficiente para que saiba fazer na prática – exempla, brincando com a comida – ou até mesmo na vida, por isso as pessoas cansam de viver, como uma pessoa rica...- diz como se fosse para si mesmo, eu aperto meus punhos, tentando entender o que ele dizia – essa pessoa não tem que lutar para conseguir nada, ela tem tudo – cerra os olhos, mordendo os lábios, enquanto eu tentava encontrar alguma ação prejudicial para si – então ela não tem um objetivo, ou seja, ela perde a vontade de viver, qual é o propósito dela? O que ela fará?

- Jisung, você leva isso muito a sério, pense e coisas prestativas hyung – digo lhe interrompendo e ele me olha sério, como se esperasse mais de mim.

- Sabia que a taxa de suicídio é maior entre pessoas ricas? Porque para viver as pessoas precisam de um objetivo, de uma meta – comenta aleatoriamente. Eu estremeço.

- E o que você tem a ver com a taxa de suicídio? – ele abre a boca diversas vezes, mas não diz nada – o que te leva a pesquisar isso? – indago como quem não quer nada, normalmente. Ele finge pensar.

- É apenas um comentário...- se explica – deveria comentar com JungHoon...- diz o nome do pai com repulsa. Eu suspiro, deixando meu prato de lado – é como sexo, você só vai se sentir satisfeito se seu parceiro estiver.

- Faça sexo, então...?

- Não é isso, é como... Chenle você está me deixando completamente idiota – ele reclama – é tipo, no sexo todo mundo tem um objetivo – diz e eu reviro os olhos – fazer o parceiro sentir prazer, e se os dois pensam assim, ambos aproveitam.

- Não é verdade...- resmungo baixo e ele me olha curioso, esperando que eu terminasse de falar – digo, algumas pessoas não querem pensar no prazer de outras, e isso você pode levar como egoísmo, porém é apenas prazer próprio.

- Você já ficou com alguma garota que pensou apenas nela? – ele indaga e eu fico calado. Eu nem havia ficado com alguém ainda, como saberia? – okay...- ele desvia – a questão é que você tem que gozar para acabar com o seu objetivo, ele foi logrado. Tudo é questão de objetivo.

Virgem falando de sexo. Épico.

- E qual o seu objetivo? – indago.

- No sexo?

- Na vida... - ele dá de ombros, desviando o olhar.

- E qual o seu? – devolve com uma pergunta e eu ri baixinho.

- Jisung, sinceramente? – ele assente, eu balanço as pernas, em pensamento – te ajudar, esse é meu objetivo agora, e se eu não tivesse essa meta, eu não estaria aqui – respondo.

- E o que atrapalha sua meta?

- Eu mesmo.

- Porquê?

- Porquê eu não desisto.

Ele olha sério.

- Não vai desistir, não é? – eu nego. Ele suspira e começa tudo de novo – ‘tá, agora me dê um objetivo.

- Você estuda a si mesmo, não quer se formar? Saber como se controlar? – ele assente – então é um objetivo.

- E depois? Eu vou entender como uma mente humana funciona. E acabou. É tão simples, eu descubro e não preciso de mais nada – diz se irritando.

- Perfeito, mas até lá você tem um objetivo, agora termine de comer – digo me levantando da cadeira. Eu odiava quando ele usava a própria vida como uma coisa fútil.

Subo as escadas com raiva, eu preciso de um banho.

- Meus objetivos vão acabar em dois anos! – ele grita do andar de baixo e eu reviro os olhos. Jisung queria mudar. Queria viver.

- Você quer se entender...- digo para mim mesmo – se quer ajuda, por quê ainda... tenta me convencer a desistir? – pergunto para mim.”

- Fuçando de novo? – ouço a voz de Jisung atrás de mim e deixo seus trabalhos de lado. Ele me assusta, parece gostar de me ver daquele jeito – o que tanto procura, hum?

 Eu me levanto da cadeira e sorrio nervoso.

- Nada, apenas estava com curiosidade em saber o que você está estudando...- menti e ele ri.

- E o que encontrou? Sobre o que eu estou estudando? – ele indaga e eu desvio o olhar. Jisung ri.

- Olha! Eu acho que ouvi Minjae me chamando, eu já vou descer e ver o que ele quer-

Eu me afasto, andando às pressas até a porta.

- Está naquela pasta – Jisung diz chamando minha atenção, enquanto eu me virava novamente, encarando a si. Ele estava sério – naquela pasta – aponta para uma prateleira – pode ver, mas não acho que você deveria, eu sei que vai fazer o possível para me ajudar. Mesmo que eu não tenha tanta vontade de ser ajudado, eu estou tentando... – suspira – você é bem curioso, e nunca me dá razão... Se quiser, pode ler, quinze páginas de angustia e medo, indiretas e alfinetadas para Junghoon...- diz simples.

Eu suspiro. Não iria invadir sua privacidade.

- Se tiver sorte... Um dia vai ler – diz sério – saía, e não me chame para o almoço – manda, e eu obedeço.

Assim que fecho a porta ouço algo cair, e quando faço a menção de abrir a mesma, Jisung não deixa.

- Saía.

- Merda...- xingo baixinho e vou até o corredor.

[...]

- Jisung não vai descer? – Minjae pergunta, sorrindo.

Eu nego, zangado com a atitude de Park. Odiava tanto quando ele fazia isso. Parecia ser de propósito, porque raios ele iria deixa eu ler o que escondia? Não fazia sentido em minha cabeça. Parecia ser um teste, Park era muito inteligente, ele não seria bobo.

Ou seria?

- Não, ele está irritado...- resmungo.

Meus olhos se perdem no prato, eu queria tanto saber o que ele estava tramando. Era estressante saber que Jisung poderia se perder em seus próprios pensamentos. Porque?

“- Se tiver sorte... Um dia vai ler”

Não, eu não queria ter sorte. Jisung não seria doido de escrever cartas.

- Chenle, Já te contei como conheci Jisung? – Minjae me tira de meus pensamentos, o silêncio era desconfortante e talvez ele quisesse amenizar o clima tenso. Não era sua culpa e sinceramente, eu gostava de sua companhia.

- Não...- me interesso e ele sorri. Parecia ser uma história divertida se baseando na amizade deles, eu aposto mentalmente que seria em uma briga.

- Jisung me conheceu depois que caímos no soco no primeiro dia dele aqui – comenta rindo, eu sorri convencido para mim mesmo, no fundo ele amava o amigo e eu sabia – fui pegar no pescoço dele, mas tem uma explicação! – diz me alertando - A corrente dele tinha enganchado no trinco da porta – diz se lembrando – se o pai dele fechasse a porta ele se sufocaria, talvez até cortasse o pescoço – eu me arrepio -, ele no susto me deu um soco, e para piorar eu devolvi – riu – brigamos até cansarmos, quase quebrei meu pulso e voltamos para a cidade no mesmo dia, passamos a noite no hospital, ele já estava com a mão enfaixada, e abriu mais – fez uma cara de desgosto – no final rimos e saímos juntos do hospital, voltamos para casa e ficamos amigos – explica.

Eu ri com a pequena história, mas ainda não entendo o porquê dele ter tido aquela reação.

- O que você faz aqui, Minjae? – indago curioso.

- Cuido da segurança.

- Então...- começo – você é guarda-costas? – ele nega rindo. Eu deixo meu prato de lado e bebo meu suco.

- Não, segurança mesmo. Janelas, portas, grades, câmeras, trincas, chaves, escadas, barras de proteção e coisas afiadas – dita e eu me surpreendo.

- Você... Trabalha com isso? – ele assente – como funciona?

- Depois de uma discussão de Kim e Junghoon, ela o pediu para me contratar, ele não teve outra opção, já que Jisung estava no hospital e ela ameaçou parar de trabalhar para ele....- dá uma explicação sem detalhes, ativando meu lado curioso.

- Quando você começou a trabalhar com eles?

- A uns bons meses... Desde que Jisung chegou aqui, uns sete meses mais o menos...- ele explica – mas ele só veio definitivamente para cá a uns três meses.

- Então... Ele não ficava aqui toda semana?

- Não, depois de sua tentativa falha – suspira cansado – Jisung teve que vir para cá, depois de umas semanas ainda brigou na empresa do pai, e aquilo foi o ápice...

Isso me entristece, muito.

- Te contratou, mas foi por insistência minha e de Kim, ela chorou muito...

- O que o senhor Park iria fazer?

Minjae não fala nada.

- Ele... Deixaria Jisung.

- Você pode me dar uma explicação?

- Sobre?

- Pode me explicar o porquê das grades? – ele abre a boca porém somos interrompidos por um xingamento alto de Jisung.

- Porra! – ouvimos e Minjae me olha sério.

- Vamos lá...- deixa seus palitinhos de lado.

Eu o impeço.

- Deixe-me fazer meu trabalho, hyung...- digo sorrindo me levantando e indo até Jisung – depois conversamos.

Ele assente.

A cada passo dado, era um estresse novo. Meu maior medo era saber que Jisung desistiria facilmente de ser ajudado, por mais que ele sorrisse mais ultimamente não era o suficiente, nunca era.

Eu penso em muitas coisas, e uma delas é em como eu poderia ajudar ele.

Lele, faça sua fortaleza, a de uma pessoa”.

Meu pai sempre me dizia isso, mas eu não conseguia. Ele tinha um dom com ele, e eu apenas faço porque gosto, não porque tenho o jeito.

- O que eu faço, pai...?

Pergunto em mandarim, tentando me conectar com minha mente. Queria tanto que ele estivesse aqui...

- Okay, vamos lá! – digo me encorajando. Vou até o quarto de Jisung e quando entro o vejo jogado na cama. Ele me olha e cruza os braços, ainda deitado. Eu suspiro. Fecho a porta atrás de mim e vou até si. Ele parecia começar seu discurso sobre desistir e eu já estava irritado com isso. Todo dia.

- Eu não quero mais ter um objetivo – ele diz irritado, eu me deito ao seu lado, cruzando os braços.

- Eu não quero mais ter que te dar um objetivo – reclamo e ele se surpreende – porque você não descansa?

- Porque me irrita caralho – diz entre os dentes e eu rio – para de rir - Eu me ajeito, enquanto lhe dou um toque.

- Relaxa, pensa em qualquer coisa que te agrade – mando e ele arregala os olhos – vamos, não tenho o dia todo...

- Qualquer porcaria?

- Sim, qualquer coisa – corrijo ele e ele fecha os olhos, pensando. Seu peito sobe alto e desce lentamente, em um suspiro mudo.

- O jardim.

- Perfeito, agora esse é o seu objetivo – digo e ele abre os olhos, confusos – você não vai sair para o jardim hoje, - digo e ele se exalta, se sentando na cama, enquanto me olhava incrédulo - e seu objetivo é me convencer a deixar você ir, me dê motivos para deixar você ir...- peço me sentando, e em seguida vendo sua postura desleixada – e se sair por aquela porta sem me dar motivos ou sem que eu deixe, eu diminuo sua quantidade de remédios, e você não se satisfaz apenas com uma certo? – digo sério. Jisung me olha como se eu estivesse brincando.

- Você não pode fazer isso.

- Eu posso, e vou. Você não quer viver? Eu já te dei o objetivo, agora eu sou o obstáculo – me levanto – talvez essa taxa mude em um por cento...- digo e sinto ele com o olhar mais triste. Mas eu não podia privá-lo da verdade.

- Vai jogar na minha cara até eu me sentir culpado, não é?

- Não, eu vou jogar na sua cara até você desistir de me fazer acreditar que se suicidar é o jeito mais fácil de acabar com todos os seus problemas – digo sério, apertando meu próprio pulso – boa sorte – digo e saio do quarto.

- Eu não vou fazer isso! Foda-se não quero sair mesmo! – grita e eu olho para meus pés.

Faça sua fortaleza, a de outra pessoa”

Qual era a minha fortaleza?

-

- Eu não tenho porra nenhuma de motivo, eu quero sair! - esbravejo e ele dá de ombros.

- Lamento...

- Eu sou claustrofóbico – digo na intenção de lhe convencer.

- Lamento...

- Chenle! – digo sério, batendo o pé no chão.

- Lamento, Jisung – diz olhando em meus olhos – eu quero mesmo que você saía, mas depois que você me convencer – diz sentando no sofá.

Eu suspiro, já estava me irritando com aquilo. Eu não conseguia ficar naquela casa, eu queria sair, ficar sozinho. O que eu inventei ‘pra minha cabeça?

- Eu posso ao menos ficar na porta?

- Vai.

Aquele ‘vai’ significava um ‘não’ bem grande. Eu vou até ele, me sentando ao seu lado.

- Desistiu?

- Sim.

- Lamento.

Eu soco o sofá e logo resmungo de dor. Chenle pega minha mão e a segura.

- Não soca...- pede simples. Ele estava tão calmo, e eu sabia que não me deixaria sair.

- Porque não me deixa sair? – indago olhando para ele. Seus olhos viajam até mim, abandonando a televisão. Seu sorriso aparece e eu estranho.

- Saía, eu não estou te obrigando a ficar, mas se ir, arcará com as consequências de seus atos.

- Eu não quero arcar.

- Então não saía.

- Mas eu quero sair.

- Me dê motivos.

- Eu não tenho motivos! – digo mais alto e ele ignora.

- Lamento.

Eu não gostava de desafios, eu odiava e ele sabia. Mas eu não conseguia brigar com ele. Mesmo que eu quisesse muito gritar e xingar e sair por aquela porta, não queria decepcionar o chinês. Eu não podia.

- Eu vou ter um ataque claustrofóbico aqui dentro – resmungo irritado e ele dá de ombros.

- Então saía.

Eu me estresso, mordendo meus lábios com força, até que começasse a me mutilar. É como uma mania. Automático. Com tanta força que em poucos segundos sinto a ardência dos cortes e o gosto metálico.

- Jisung – Chenle me chama, e eu o ignoro, não porque quero, mas é como se fosse um instinto – Jisung, para – ele se vira, e logo me balança – Jisung! – ele briga comigo e aperta minha mão, que por impulso da dor me faz parar.

Eu sinto meus lábios arderem e me levanto.

Chenle me segura.

- Chega de se machucar, Jisung – diz sério – porque não para?

- Eu não consigo.

- Se não se esforçar nunca vai conseguir... Vamos, eu vou ver se foi muito profundo...- se levanta e me puxa.

[...]

- Me desculpe...- Jisung pede enquanto eu passava o algodão com álcool em seus lábios, o fazendo gemer manhoso.

- Tudo bem...- digo enquanto limpava o sangue que saía de um pequeno corte em seu lábio inferior – apenas não se mutile... Isso me preocupa – ele assente – vamos, agora você tem que comer.

- Vai deixar eu sair?

- Não.

Ele parece se dar por vencido. Mas então começa a falar.

- Quando eu tinha sete anos, tive o meu primeiro ataque explosivo...- ele começa, enquanto eu deixava de limpar seus lábios o permitindo falar corretamente – minha mãe chorou muito, tanto que eu fiquei arrependido de ter feitos todas as coisas que eu fiz na hora da raiva... Eu quebrei, briguei e gritei coisas que eu me arrependo até hoje – diz e pela primeira vez eu consigo sentir sua pressão – ela passou noites sem dormir, chorando, e toda hora vinha me ver... Assim como eu sei que você faz – diz e eu coro levemente, mas era verdade – ela vinha quase três vezes em uma noite, ver se eu estava bem.... Isso me machuca tanto, saber que ela era a única pessoa que se importava comigo... Que me amava – dizia triste – depois daquele dia eu prometi que iria me controlar, ela me levou ao psicólogo e ao psiquiatra fizemos tantos exames e consultas, até que um dia eu surtei de novo, mas daquela vez foi muito forte, me sedaram e eu passei dois dias de cama... Era um procedimento horrível, colocavam agulhas e muitos monitores em meus braços e até mesmo na minha cara – diz sério, ele parecia focado em me contar, mas eu não entendia onde ele queria chegar, o deixei terminar – um dia um dos fios pegou no meu pescoço, no meio de um monitoramento nervoso...- engole seco – eu fiquei desesperado, foi tão horrível, a sensação de ser sufocado....- ele me conta como se eu pudesse entender sua angustia – os médicos tentaram me ajudar mas havia enroscado em outros fios, eu fiquei quase dois minutos sem respirar, foi a pior coisa que aconteceu comigo...- ele coloca a mão no pescoço – desde então, eu peguei um trauma, eu odeio procedimentos médicos e que toquem no meu pescoço... Eu realmente não gosto, é como se fosse óbvio que a pessoa vai me sufocar. Então eu virei claustrofóbico, qualquer coisa me dava falta de ar e eu tinha ataques respiratórios frequentes, mas eu não sabia como melhorar – seu olhar decaia para seu colo, e eu vejo o medo em sua postura – eu tive um sonho em que eu perdia minha mãe... Então eu acordei de madrugada, e fiquei muito tempo sem saber como respirar direito. Meu pai apareceu desesperado e ele tentou pegar em mim – gesticula a mão perto da garganta indicando onde o pai já ia tocado – eu surtei, achando que ele queria me enforcar. Parei no hospital novamente. Daquela vez eles evitaram tocar no meu pescoço, mas tinham que fazer isso, então chamaram minha mãe... Eu não tive medo dela, ela sorriu e disse que tudo ia ficar bem...- ele sorri minimamente – eu fiz os exames e puderam enfim diagnosticar meu transtorno. Eu ainda tinha ansiedade e ataques de pânico quando estava em lugares fechados, então minha mãe me levava para o jardim de casa, todos os dias, ela me levava lá e passávamos a tarde toda aproveitando e ela me contava o quão feliz estavam com a minha melhora, eu tomava meus remédios direitinho, ela passava horas contando histórias sobre tubarões e essas coisas – sorriu, parecia ser uma boa lembrança.

- Continue.

- Eu passei muito tempo naquela rotina, mas um dia eu tive um surto na escola, foi horrível e quando ligaram para ela ir me buscar... Era um dia chuvoso, e ela estava tão desesperada... – ele diz enquanto seu sorriso desaparecia lentamente – eu apenas ouvi meu pai correndo até mim na secretaria, enquanto dizia que tudo ia ficar bem... Depois que descobri sobre o acidente, eu passei a deixar de frequentar o quintal, eu comecei a odiar o jardim de casa. Mas em todos os meus surtos eu acabava lá... – diz baixo – ... Eu me culpo por ter perdido ela... Se eu tivesse me controlado, ela não teria ido a escola... – se lamenta – o meu motivo é que eu sei que ela está comigo quando eu estou no jardim. Me acalma, me dá paz e tranquilidade.

Eu olho em seus olhos, Jisung havia sido sincero.

Ele não queria meus pêsames ou minha pena. Jisung queria saber que havia logrado seu objetivo.

- Conversamos mais tarde... Vá logo – mando e ele se levanta, correndo até a porta, desaparecendo junto ao som dos seus passos.

Vou até seu caderno e pego uma simples folha e uma caneta.

Querido Jisung,

Eu quero mesmo que você melhore, então vamos terminar nosso tratamento psicológico e ir para o nosso social, quero mesmo que você dê um bobo passo no futuro...”

Minhas palavras são escritas lentamente, enquanto eu já me preparava para sair do quarto.

- O que eu faço, papai? – indaguei me levantando e olhando para cima, com as mãos na cintura. Busco em minha memória alguma frase que ele dizia para me ajudar.

Nem sempre o que te machuca, machuca a outra pessoa”.

O que eu faria com isso?

Ah, Jisung hyung...

[...]

Três horas depois, Jisung estava de volta, ele parecia relaxado, já eram seis da tarde e o sol casa começava a se pôr. As cores do céu brincam em tons de vermelho, um pouco de violeta rasga o mesmo, mostrando o quão belo pode ser um simples toque de cores.

Park olha diretamente para o chinês que estava sentado na cama. Ele não sabia o que esperar agora. Ele evita morder os lábios, e apertar as mãos.

- Toma – Chenle diz pegando ao lado de seu corpo os frascos pequenos de remédios que Jisung usava. O coração de Jisung chega a bater mais rápido – esse é o seu objetivo agora. Eu não quero que você exagere...

- Que? Chenle eu não quero mais objeti-

- Tome qual quiser, mas não pode tomar mais de três pílulas – interrompe ao seu hyung, o vendo completamente diferente do antes. Park olha para os frascos em suas mãos e em seguida para Chenle. Eram cinco tipos de remédios apenas ali – faltam dois, mas eu não vou arriscar...

Falta de confiança. Jisung sentiu que o mais novo não confiava nele. Não nesse requisito.

- Você não vê? Como assim vai me deixar escolher?

- Quer tomar três calmantes? Tome, mas depois terá que escolher entre os remédios – ele começa – você toma muitos, terá que tirar um tipo por uma semana.

- Como?

- Tipo, tome um calmante, mas terá que tirar um dos remédios por uma semana, você tem liberdade para escolher o que quer tomar e o que quer tirar, antidepressivo, estabilizadores de humor e outras classes de medicamentos.

- Você vai me deixar escolher? Como pode confiar em mim para isso? E que objetivo é esse!?

- Seu objetivo e não se dopar.

- Desculpe...

- Não se dope, não fique tentando encontrar prazer em remédios, é só isso que eu te peço, hyung...

Jisung riu.

- Eu tenho certeza que você quer ver até onde eu vou...

- Não quer tomar antidepressivos? Tudo bem, durante uma semana vamos parar, sete dias sem seu antidepressivo – diz – eu estou aqui para te apoiar, apoio suas escolhas sãs – diz se levantando, ficando de frente para o mais alto.

Jisung encara os frascos prescritos.

- Qualquer um?

- Sim.

- Três?

- Hm.

Park vai até sua escrivaninha e coloca os mesmos em cima dela, ele pensa e pega dois frascos.

- Clozapina, não está aqui...

- E você precisa? Eu acho que você não vai tentar nada, correto? – Park olha para Chenle, vendo que ele estava sério. Estava levando aquilo a sério demais – Clozapina é indicado na redução do risco de comportamento suicida recorrente em pacientes com esquizofrenia ou transtorno esquizoafetivo, - começa, relembrando o maior – às vezes acompanhados de transtorno explosivo intermitente e transtorno bipolar – dita - quando considerados sob risco de repetir o comportamento suicida, baseado no histórico e estado clínico recente – Diz com certa dificuldade - As reações adversas mais graves com a Clozapina são agranulocitose, convulsões, efeitos cardiovasculares e febre. As reações adversas mais comuns são sonolência e sedação, tontura, taquicardia, constipação e hipersalivação.

- Eu sei.

- E ainda quer tomar?

- Sim...- diz baixo. Chenle o olha decepcionado e saí do quarto. Park continua olhando para os remédios.

Chenle volta em pouco tempo, com o frasco que Jisung tanto amava. O chinês queria tanto parar a si próprio, porém sua mente trabalhava em Jisung.

- Só... Não exagera Jisung, eu estou te dando liberdade, não use como libertinagem...- pede receoso, mesmo assim, deve passar confiança para Jisung – a questão é não se dopar...

Park toma de suas mãos, há quanto tempo não tomava seus remédios antigos? Céus, apenas de pensar já lhe dava água na boca.

Jisung pega um antidepressivo e Chenle o para, ficando em sua frente.

- Pera lá...- sorri nervoso – não acho que seja uma combinação muito boa – Chenle toca seu peito, e Jisung nega.

- Você disse que eu poderia escolher, não quero tomar nenhum estabilizador essa semana, o roxo – diz para simplificar qual não queria, já que ele tomava dois tipos diferentes, o roxo e o verde.

- Mas, Jisung eu acho que você não entendeu, é não se dopar.

- Duas Clozapina e um antidepressivo, o que vai acontecer?

- São ambos muito fortes, Ji – tenta convencer o mais velho – podem desencadear uma crise e eu realmente não quero que isso aconteça... Não quer trocar um? Eu acabei de citar o que poderia acontecer, você não está nem aí?

- Palavra é palavra, você prometeu, agora... – se inclinou até ficar na altura do chinês – arque com as consequências.

Jisung pegou dois comprimidos de Clozapina e um antidepressivo. Chenle estava se arrependendo, mas não demorou muito para que pensasse ao contrário.

Ele não vai se dopar... Eu tenho que confiar nele”

Chenle segura o pulso de Park, antes que ele tomasse os mesmos. Ele não conseguia.

- Jisung, por favor, isso é perigoso....- ele tenta – olha, tome apenas um de Clozapina e-

- Licença, mas eu vou tomar estes – diz soltando seu pulso e colocando os comprimidos na boca. Jisung pega uma garrafinha d’água que estava em sua mesinha e engole os mesmos.

 Chenle se arrepende por completo.

- Viu? Se eu não ter nenhum ataque cardíaco ou respiratório já está valendo – brinca – não quero aquele – aponta para o frasco roxo.

[AVISO GATILHO, CONVULSÃO]

SAÍA CASO NÃO SE SINTA CONFORTÁVEL

Os remédios faziam um efeito pancada em Jisung. Era terrivelmente bom.

Seus dedos se contraem, ele suspira, era prazeroso ao mesmo tempo viciante. Perigoso, o que deixava tudo mais excitante e animador. Park parecia estar tão imerso, que não sentiu a própria vibração. Chenle estava ao seu lado, dormindo de costas para si quando percebeu a movimentação alheia.

Zhong se levanta assustado, enquanto ia até a luz e quando a acendia via Jisung. Ele se desespera, na hora se culpa, enquanto o coreano começava a ter espasmos musculares.

Jisung começa a ficar sem entender, apenas ouve tantas coisas ao mesmo tempo, talvez Minjae? Chenle? E ele olha para os lados, sem entender o alvoroço feito. Park tem espasmos dolorosos, involuntários e completamente frenéticos, ele sentia como se estivessem lhe sufocando, enquanto o sangue corria em suas veias. Borbulhando em êxtase, como uma overdose.

Seus olhos se fecham, era tão difícil os manterem abertos. Ele finalmente entende o que acontece, ou parece entender já que estavam todos em cima dele, não o tocando. Porque não lhe ajudavam? Ele estava tendo contrações musculares? Jisung sente algo tocar seu braço porém quando se esforça para olhar ao lado, via apenas Chenle sendo segurado por Minjae, enquanto este estava desesperado.

O que estava acontecendo? Todo o efeito do remédio estava passando.

Jisung estava convulsionando.

Ele entra em desespero, mas se debate menos, parecia tanto querer parar, enquanto tentava, Chenle de culpava.

- Não toca! – Minjae grita, segurando Chenle. O coreano já havia passado por uma situação daquelas com Jisung, e sabia bem como agir, afinal, era uma convulsão baseada em remédios.

Chenle repetia que era sua culpa, ele se culpava, era como se Jisung estivesse morrendo aos seus olhos, era desesperador. Minjae tentava lhe acalmar dizendo que não era culpa dele, tentava miseravelmente fazer o menor parar de chorar.

- E-eu inventei isso! – ele grita consigo mesmo, enquanto Minjae lhe segurava pelos braços.

- Chenle pelo amor de Deus, Jisung sabia que isso ia acontecer, não foi sua culpa – diz Minjae, enquanto o menor entrava em si.

Eles voltaram sua atenção para Jisung, ele parava aos poucos, mas era visível seu desentendimento diante da situação em que estavam. Ele ainda tinha espasmos, arranhava a si mesmo e não entendia nada do que acontecia, porém ele tentava, estava ali para tentar.

Não era isso o que ele queria, não, ele não poderia querer umas coisas dessas.

Jisung não lembra de muita coisa, na verdade, depois que percebeu estar convulsionando, ele não lembra de mais nada.

A duração de seu estado durou seis minutos, os mais longos do mundo, e quando quase parava, Chenle o abraçou, com tanta saudade, como se ele estivesse ido embora e voltado após longos anos de espera. Park tremia, porém não deixou de retribuir ao garoto choroso.

- Me desculpe, me desculpe... Por favor, hyung – pede apenas para Jisung escutar. Park entende e assente, sabendo que a culpa na verdade era sua e não do chinês.

Jisung não consegue responder, porém faz um movimento simples, tremedeiro porém carinho em suas costas.

Jisung finalmente para com os espasmos, resultando em sua tremedeira excessiva e seus olhos menos perdidos.

Chenle apenas o abraçou, enquanto Minjae preparava a banheira para si, ele apenas ficou lá, deitado e abraçado com o coreano.

Depois de alguns minutos, Chenle levanta Jisung, que perde um pouco o equilíbrio, porém logo o retoma, sendo monitorado pelos dois rapazes. Jisung caminha lentamente até o banheiro, enquanto Chenle ia até si, tocando delicadamente suas costas.

- Vem, Sung...- ele pede com calma.

Jisung se despiu, entrou na banheira e Chenle ficou lá, esperando ele tomar o próprio banho. Em um momento, Zhong o deixou sozinho, e pode ouvir uma pequena conversa do outro lado da porta.

- Não chora, ele está bem... Eu vou ligar pro médico dele, ele vem aqui amanhã cedo, hum? – Minjae acalma o garoto em seus braços.

Chenle assente.

- Por favor, me desculpe, eu não deveria ter deixado nas mãos dele...- se desculpa novamente. Aquilo era um erro drástico.

- Tudo bem, você tentou impedir...

Chenle voltou e lhe ajudou, ele se deitou nos lençóis limpos e pela primeira vez, não eram os seus.

- Meu quarto é mais aberto...- Chenle diz cobrindo o mais velho, enquanto de deitava ao seu lado – me desculpe.

Jisung não havia dito uma palavra desde que voltará ao normal.

E talvez não diria tão cedo.



Notas Finais


....... obg por ler.


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