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História Animals - Você precisa se decidir


Escrita por: violeth

Notas do Autor


Preparem os coraçõezinhos e boa leitura!

Capítulo 33 - Você precisa se decidir


ALLIE’S POV

Estava sentada na banheira com o chuveiro ligado por no mínimo meia hora, apenas tentando entender que porra tinha acontecido com meu irmão no tempo em que ficamos longe. Wren me tratou como uma completa estranha e eu me senti a pior irmã do mundo quando ele perguntou “por que eu me importava”. Quer dizer… Que porra? O que diabos fizeram com meu irmão e por que ele estava com um olho roxo? Ele estava sofrendo algum tipo de bullying ou simplesmente brigando por aí? Eu só queria uma resposta para o comportamento dele e para toda aquela cena.

As lágrimas escorrem pelo meu rosto junto com a água. Depois de toda a mudança, mesmo estando exausta, eu estava tão feliz… Eu achei que tudo fosse ficar bem e então… A vida me mostrou mais uma vez que eu não nasci pra esse tipo de conto de fadas. Me sinto uma idiota agora. Por que por um pequeno momento, eu tinha sentido como se tudo fosse dar certo.

– Hey, eu te chamei três vezes, pensei que tinha saído. – Justin estava ali e eu nem tinha percebido. – Está tudo bem? – ele se ajoelha perto de mim e toca meu rosto gentilmente.

– Na verdade, não. O Wren…

– Ele não veio? – ele me interrompe.

– Ele veio, sim. Só… – suspiro demoradamente – Ele chegou e eu estava extremamente empolgada para mostrar o quarto e eu praticamente o arrastei até lá… E ele se irritou por eu não ter contado antes sobre a mudança, e então eu vi algo estranho no rosto dele… Eu passei a mão e tinha maquiagem cobrindo um roxo enorme no olho dele. Pedi uma explicação e ele se irritou ainda mais, disse que eu não me importava e que ele não estava a fim de bancar a família perfeita agora. E então foi embora.

Finalmente respiro, depois de soltar tudo de uma vez.

– Allie… Sinto muito!

Justin me abraça molhando suas roupas, sem se importar. Respiro fundo contra seu peito e me afasto minimamente, o encarando.

– O que eu faço, Justin? Quer dizer… Não era qualquer roxinho, era um olho roxo de quem apanhou feio. Alguém está fazendo bullying com ele ou ele está brigando por aí? E se sim, por que diabos ele não me conta? Eu pensei que fôssemos amigos e agora ele está agindo como se nós fôssemos dois estranhos...

– Calma. Allie, respira.

Faço o que ele disse, mas sinto meu peito apertar ainda mais.

– Eu pensei que finalmente fôssemos ser felizes, Justin. Sinceramente, agora eu não tenho tanta certeza.

– Quer que eu fale com ele?

– Não acho que vá ajudar em nada.

– Bem… Dê um tempo a ele. Segunda vocês se veem na escola e você tenta conversar com ele. E se você não conseguir, eu vou falar com ele, ok? Vai ficar tudo bem.

Assinto levemente, mesmo sem ter tanta convicção de que tudo realmente ficaria bem. Estava com medo de ter perdido o meu irmão no meio de toda a confusão que John causou.

– Obrigada por me apoiar mesmo estando cheio de preocupações no trabalho.

– Eu estou aqui, Allie. Sempre.

– Eu sei. – forço um sorriso.

Eu sabia que ele estava se esforçando também.

Me levanto da banheira, suspirando. Eu precisava tirar minha mente disso. Justin levanta e puxa minha cintura.

– Agora… Quer uma distração? – ele sorri fraco.

Justin me beija lentamente, e apesar de apreciar aquilo, quando ele tenta aprofundar o beijo eu o corto, com um selinho.

– Não. Eu… Eu tenho que fazer minhas atividades, tá bem?

Me enrolo rapidamente numa toalha e deixo o banheiro. Provavelmente, Justin ficou sem entender e, sinceramente, eu também. Não sei por que eu senti a necessidade de fugir dele ou do seu beijo. Eu só não estava com humor para sexo. Eu precisava mesmo de respostas ou eu ficaria louca.

 

[...]

 

Já mais tarde, Taylor me mandou um áudio completamente bêbada me chamando pra uma festa, aproveitando para enfatizar que Dylan estava lá. Parte de mim gritou para ir e a outra parte repreendeu o sentimento que isso me causou. Aquilo não estava certo, Deus! Isso não pode estar acontecendo.

Minha parte sã venceu. Recusei a festa, larguei minhas atividades e acendi um cigarro. Me apoio na grade da sacada e respiro fundo, soltando a fumaça. Meus sentimentos estavam uma completa confusão e eu não queria pensar em mais nada. Bem que eu queria ir para uma festa, me drogar com todo tipo de coisa e enlouquecer como eu costumava fazer. Mas aquela não era mais a minha realidade.

Nada parecia certo naquele momento. Nem mesmo eu, fumando naquela sacada de vista privilegiada, com meu noivo segurando meu papel de guarda no outro cômodo.

 

[...]

 

O fim de semana se arrastou. Não fiz mais nada produtivo e Justin trabalhou sábado e domingo, me deixando completamente sozinha com meus pensamentos nada seguros. Wren, Dylan, julgamento… Ugh. Nem podia acreditar que eu estava aliviada por ser segunda-feira mais uma vez.

Depois de três aulas de biologia, eu já estava quase me tornando uma planta de tanto que eu li sobre. Eu amo biologia, mas a parte das plantas me dá sono. Muito sono. Me arrasto até a cantina e peço batatas fritas. Era tudo que eu comia no colégio ultimamente. Minha saúde não devia estar tão boa assim, mas quem liga?

Meu celular vibra, era uma mensagem de Tracy dizendo que o meu depoimento seria adiado para amanhã. Será que tinha acontecido alguma coisa? Suspiro. Mais ansiedade. Porque tudo que eu estava sentindo ainda não era suficiente…

E do nada, uma rodinha se formou no pátio, parecia uma briga. Não quis me aproximar, pelo contrário, fui saindo da cantina, querendo fugir daquilo. Era tudo que eu não precisava no momento.

– Allie… – Tay agarra meu braço, me puxando para perto da briga.

– Tay, eu não quero… – paro de falar ao ver Wren atrás de Dylan, que estava em cima de algum cara do time de basquete. – O que está acontecendo?! WREN!

Wren me encara e revira os olhos, saindo dali.

– Você nunca mais vai encostar no Wren Hill, está ouvindo? – Dylan dá um soco no outro cara e eu me assusto.

Em que porra Wren estava se metendo? Meu Deus…

– Mas o que está acontecendo aqui? – o diretor se aproxima e a multidão se dispersa tão rápido quanto se formou. – Muito bom saber que o Sr Evans está brigando logo depois de chegar no colégio. Lewis, Hill e Jones, na minha sala. E você também, Sr Evans.

Dylan sai dali com ódio, sendo seguido pelo diretor e pelos outros caras. Wren os segue também, sem sequer me encarar. Bufo, sem entender absolutamente nada. Eu não aguentava mais aquela situação! Wren precisava me contar o que estava acontecendo. Deus… O sinal toca e Tay me arrasta até a sala, mas eu já nem tinha cabeça para isso. Desde quando nossa vida virou essa loucura?

 

[...]

 

Saio da sala basicamente correndo. Eu nem mesmo tinha prestado atenção, eu só queria entender o que tinha acontecido. Saí procurando Wren em todos os cantos do colégio e quando finalmente o encontrei, fiquei ainda mais surpresa. E eu nem sabia que aquilo era possível.

Wren e Peter Lewis estavam aos beijos na escada. Alguém agarra meu braço e me puxa dali, enquanto eu tentava digerir tudo aquilo. Logo depois percebi que era Dylan me puxando. Nós paramos em outra escada e Dylan me encara, sorrindo fraco. Ele tinha um machucado perto da sobrancelha e na boca.

– O que foi tudo aquilo? – pergunto, quando finalmente consigo formular uma frase.

– Bem… Aparentemente, seu irmão está namorando o Peter e os caras do basquete não gostaram muito disso.

Suspiro demoradamente. Então era isso? Wren gosta de meninos? Era por isso que ele estava apanhando? E por que diabos ele não podia simplesmente me contar?! Tantas coisas passavam pela minha cabeça que eu quase não conseguia acompanhar.

– Bom… Muito obrigada por defender o meu irmão. – sorrio fraco.

– Não precisa agradecer, Allie. É o que amigos fazem.

– Agora eu entendo por que meu irmão estava tão estranho. – suspiro fraco, balançando a cabeça. – Ele está passando por tanta coisa e não me contou nada…

– Bem… Se descobrir gay pode ser bem difícil, ainda mais nessa idade.

– Do jeito que você fala, parece que já passou por isso. Você é gay? – rio fraco, batendo no seu braço.

– Na verdade, eu sou bi. O que acaba sendo ainda pior. Ninguém entende.

– As pessoas acham que você está indeciso. – reviro os olhos, me lembrando.

– Você também é bi? – ele me encara surpreso.

Assinto com um meio sorriso.

– Entendi. – ele suspira – Bem, eu tenho que ir pra detenção.

– Detenção na sua segunda semana? – pergunto surpresa.

– Eu estava no meio da briga, então…

– Argh, pelo menos me diga que os babacas também estão na detenção. – digo irritada.

– Estão sim. Pelo menos eu saio uma hora mais cedo que eles.

– Muito obrigada, de verdade, pelo que você fez hoje, Dylan. Você é uma pessoa incrível. – o abraço, sem nem mesmo pensar.

– Não, Allie. Você é uma pessoa incrível e me inspira a ser assim. – ele me fita, sorrindo fraco.

Desvio o olhar e mordo os lábios, sem jeito.

– Então… Até mais tarde. – mudo de assunto.

– Eu saio às quatro. Você ainda vai estar aqui?

– Não sei. Mas me manda uma mensagem.

– Tudo bem. – ele sorri.

– Tudo bem. – digo sorrindo.

– Ok, eu vou logo.

Dylan sai e eu suspiro. Que porra foi aquela?

Taylor aparece por trás de mim, com um sorriso de orelha a orelha.

– O que foi? – pergunto.

– É impressão minha ou eu acabei de ver uma pequena chama entre vocês dois? – ela pergunta sorrindo.

– Nem começa, Taylor. – reviro os olhos irritada.

Aquela conversa de novo...

– Hey, eu só estou dizendo. Vocês estavam cheios de sorrisinhos bobos.

– Taylor, eu amo o Justin. Muito!

– Aham. Mas você não está exatamente num bom momento com ele.

– Do que você está falando, criatura?!

– Olha, não te vejo sorrir boba assim faz tempo. Dylan tem te feito muito bem.

– Você não está sendo minha amiga, Tay. Você não pode ficar falando essas coisas e me fazendo sentir assim. – suspiro.

– Você acabou de assumir. Sabe disso, né?

– Taylor, Justin tem minha guarda, por Deus! – me irrito.

– Você também acabou de assumir que só está com ele porque está presa a ele.

– Taylor, cale a boca nesse momento. Você só está distorcendo tudo que eu digo. – respiro fundo, antes que eu perdesse toda a minha paciência de vez.

– Aaah, tudo bem, Allie. Eu só queria mesmo ver você feliz.

– E eu estou, tá bem?

– Se você diz... – ela dá de ombros e beija minha bochecha. – Eu tenho que ir. Até amanhã.

– Até.

Fico aliviada por ela ir embora. Ter Taylor tagarelando esse tipo de coisa no meu ouvido era o que eu menos precisava no momento. Céus!

Eu não encontrei mais o Wren, mas ainda precisava falar com ele. Justin estava trabalhando e eu não tinha nada melhor para fazer em casa, então, fiquei no colégio. Fiquei na biblioteca estudando e fazendo algumas aplicações para a faculdade. Minhas notas não eram as melhores, eu sabia disso. Mas quem sabe eu podia entrar numa lista de espera? Eu precisava me agarrar a alguma esperança, ou ficaria completamente louca.

– Hey.

Dylan aparece do nada e percebo que já passava das quatro da tarde. O tempo passou tão rápido enquanto eu mandava as aplicações...

– Hey, você ainda está aqui. – sorrio fraco.

– Você também! Meu celular descarregou, então eu estava te procurando.

O encaro, reparando em cada mínimo detalhe seu. Será que Taylor estava mesmo certa e tinha alguma coisa acontecendo entre nós dois inconscientemente? E se estivesse, o que eu faria? Por Deus, por que mesmo eu estou dando alguma atenção a qualquer coisa que Taylor diz?

– Está tudo bem? Você está estranha. – Dylan pergunta, tocando meu braço.

– Não é nada. Taylor enfiou uma ideia idiota na minha cabeça. – rio fraco, me convencendo de que não era nada.

– Ela tem dessas coisas.

– Tem sim. – assinto.

– Então… Quer uma carona? Eu estou indo embora daqui. – ele aponta para a porta com alívio.

– Claro.

E então o caminho todo foi divertido. Fomos cantando músicas conhecidas e conversando bobagens. Eu não me sentia tão leve fazia muito tempo. Parecia que eu realmente não tinha que me importar com nada. Dylan me fazia rir. Estava muito feliz por ter sido a primeira pessoa que ele encontrou no colégio. Se não, talvez eu nem tivesse o conhecido. E minha vida continuaria uma tragédia.

Dylan para em frente ao condomínio e sorri.

– Wow. Isso sim é um condomínio. Quem diria que você é rica?

– Hey, nem brinca. Você sabe que eu não sou.

– É, eu sei. – ele suspira, olhando ao redor. – Então…

– Então… – o encaro, com expectativa.

– Senti sua falta na festa de sexta. Taylor te chamou, mas você não apareceu.

– É, eu não pude ir.

Eu suspiro.

– Tem algo errado, Allie?

Eu o encaro, balançando a cabeça.

– Eu não sei.

Nos fitamos por longos segundos. E então seus lábios estavam nos meus. Sua língua percorria toda a minha boca e eu agarrava seus cabelos o puxando para mim. Dylan me dá um selinho e afasta o rosto minimamente do meu. Fito seus olhos, sem conseguir entender o que tinha acabado de acontecer.

– Dylan, eu… Eu preciso ir.

Pego minha mochila e saio rapidamente do carro, adentrando o condomínio, constrangida e irritada. Eu estava ofegante e meu coração parecia querer sair do meu peito. Puta merda. O que eu estou fazendo?

 

[...]

 

Justin chega e eu respiro fundo, secando minhas lágrimas rapidamente com o lençol. Minha mente estava uma verdadeira bagunça e eu preferia não contá-lo sobre o beijo, pelo menos não por agora. Não até eu saber o que aquilo significava.

– Oi.

– Hey. – sorrio fraco.

Ele se aproxima e me dá um selinho.

– Como foi o seu dia?

– Foi bom. – solto um longo suspiro e Justin me fita. – Wren entrou numa briga hoje. Um amigo meu o defendeu, e… Eu não sei. Eu só queria saber por que ele não conversa comigo sobre o que está acontecendo. Eu estou tão preocupada…

– Não conseguiu conversar com ele? – pergunta enquanto tira algumas peças de roupa.

– Não. Hum… Ele está namorando um garoto.

– Sério? E quanto à namorada? Ele não estava dormindo lá?

– Exato. Eu não sei. Eu não sei o que aconteceu. Nós literalmente não trocamos uma palavra. E ele está sofrendo bullying. Ele está com um garoto do time de basquete e, aparentemente, eles não gostaram muito disso. Então estão brigando com o meu irmão e eu, sinceramente, não sei o que fazer, eu não sei como falar com ele, o que falar… Entende?

– Entendo, sim.

– O que eu vou fazer?

– Eu acho que você devia… Falar com ele, dizer que você sabe o que aconteceu e apoiá-lo, sabe? E… Você devia saber, Allie. Não é culpa sua.

– Eu sei. Eu só… Não consigo parar de me culpar. Ele me afastou e eu o deixei ir.

– De verdade, Allie, não é culpa sua. Você também está passando por muita coisa.

– É, eu sei.

Justin se abaixa e beija minha bochecha, fazendo um rápido carinho ali.

– Eu vou tomar um banho. Quer vir?

– Não, eu preciso terminar isso. – aponto para o notebook em minhas pernas, ainda com aplicações inacabadas.

– Tudo bem. Já volto.

Assinto levemente e ele se afasta.

– Hey, Jus? – o chamo.

Ele me encara.

– Obrigada.

– Estou sempre aqui, Allie. Sempre aqui.

 

[...]

 

Pouco mais tarde, estávamos vendo um filme e Justin fazia um cafuné nos meus cabelos me deixando sonolenta. Eu já não conseguia prestar atenção na TV. Na verdade, eu não tinha prestado atenção em momento algum. Não conseguia parar de pensar em Dylan. Eu precisava falar com ele. Explicar que éramos só amigos e que eu não podia fazer aquilo com o Justin. Eu amo o Justin! E não importa quão atraída eu estivesse por Dylan, eu não podia estragar tudo. Não podia deixar uma coisa temporária estragar o relacionamento que eu tinha construído com Justin.

– Allie?

– Hum?

– Amanhã eu vou com você para o julgamento, tá bem? Eu saio do trabalho mais cedo e venho te buscar.

– Se você preferir eu posso pegar um táxi e te encontrar no tribunal.

– Eu prefiro o que for melhor pra você. – ele sorri fraco, me dando um selinho.

– Tudo bem. Pode me buscar. – me viro para o outro lado. – Boa noite, Justin.

Ele suspira.

– Allie, tudo vai se resolver.

– Eu sei. Mas não sei como…

 

[...]

 

Não dormi tão bem naquela noite. A ansiedade de falar com Dylan sobre o acontecido me consumiu, me dando de presente uma insônia terrível. Eu estava cansada e com dor de cabeça. E o dia seria tão longo… Eu não queria pensar. Tive um teste de química, e estranhamente fui bem. Talvez minha dedicação estivesse servindo para alguma coisa, afinal.

Quando o sinal finalmente tocou e eu pude sair para falar com Dylan, eu travei. E então, em vez de ir para a cantina, como eu sempre fazia, eu fui me esconder na parte de trás do colégio. Só Taylor sabia que eu costumava ir ali. E eu esperava que ninguém me encontrasse. O julgamento seria durante a noite. Eu não podia me preocupar com nada mais no momento.

– Eu te disse. – ouço uma voz e vejo Tay e Dylan se aproximarem. Meu coração quase salta pra fora. – Vejo vocês mais tarde.

Tay sai, nos deixando a sós. E eu temia por isso. Respiro fundo, enquanto ele caminha calmamente até mim.

– Eu… – nós dois falamos ao mesmo tempo.

Solto uma risada sem jeito e ele sorri fraco.

– Pode falar. – digo nervosa.

– Você primeiro. – ele diz, se sentando ao meu lado.

– O que aconteceu ontem… Foi um erro.

– Eu sei.

– Não, escuta. – digo alto, o encarando séria. – Eu não sou essa pessoa, Dylan. Eu amo o Justin.

– Eu sei. Eu entendo. O que aconteceu ontem foi o calor do momento. – ele suspira. – A verdade é que, na detenção eu entrei em outra briga, e eu estava puto, e assim que eu te vi tudo aquilo se dissipou. Mas não vai acontecer de novo.

– Uhum.

Eu não conseguia manter meu olhar no dele. Então desviei.  

– Eu só… Sabe, Allie… Você foi a primeira pessoa que me recebeu aqui e eu senti uma conexão inexplicável com você.

– Eu senti isso também. Mas, como amigo, Dylan.

– Você deixou isso bem claro. – ele ri fraco.

O sinal toca e nós vamos andando em direção às salas.

– Então… Amigos? – pergunto, entrelaçando meu braço no dele.

– Sim, amigos. Prometo, Allie. – ele sorri fraco, me encarando.

Sinceramente, eu estava aliviada. Tudo correu bem.

– Oi, Dylan. – Becky aparece do nada, sorrindo para ele. – Não vai pra quadra? Os meninos estão te esperando.

– Claro, vou sim, Becky. – Dylan sorri de volta, extremamente simpático.

– Então, vamos. – ela o chama com um sinal.

– Até depois, Allie. – Dylan beija minha bochecha, e sai seguindo a maior vadia do colégio.

 

[...]

 

Esperei a cantina esvaziar e fui almoçar. Na verdade, eu não estava com tanta fome, então peguei um refrigerante e batatas fritas, como quase sempre ultimamente. Não tinha encontrado com Taylor, mas queria conversar com ela sobre o julgamento. Precisava de algum apoio naquele momento. Precisava de alguém para me manter calma, porque eu estava surtando.

Dylan aparece, ainda com o uniforme do time e se senta ao meu lado. Disso, eu não precisava. Bufo irritada e tomo mais um gole do meu refrigerante.

– Hey, Allie. Como você está?

Na falta de qualquer reação, Dylan continua.

– Não está falando comigo? Ok, o que foi que eu fiz?

Respiro fundo e como uma batata. É preciso ter mesmo muita paciência.

– Eu não vou te deixar em paz até você me contar.

Bufo irritada e o encaro.

– Eu só… – suspiro mais uma vez, tentando manter a calma. – Mas que porra, Dylan? Num momento você diz que sentiu uma conexão comigo e no momento seguinte você está agarrado com a pior vadia da escola…

Dylan me olha com uma careta.

– Você está… Com ciúme de mim?

– Que?! Não, não, Dylan. Eu estou puta com você, por que por um momento eu pensei que você fosse diferente de todos os babacas daqui. Mas pelo visto você é só mais um. – digo irritada.

– Allie… Você está com ciúmes! – ele diz rindo.

– Você é ridículo. Está pelo menos escutando o que eu estou dizendo?

Ele continua rindo, me encarando.

– Por Deus! Eu vou embora.

Me levanto, saindo dali. Que ódio! Por que eu caio nessas ciladas da vida?

– Espera, Allie. – Dylan agarra meu braço, quando eu já passava do corredor. – Sinceramente, o que você quer?! Num momento você diz, “só amigos, eu amo meu namorado”, logo depois você vem com esse ciúme. – ele prende meu corpo contra uma parede e minha respiração falha. – Se você me quer, me diga, Allie, por que eu quero você. Mas isso… Você me deixa confuso pra porra.

– Eu…

– Eu não estou tentando te provocar, Allie. Eu realmente gosto de você. Mas você precisa se decidir.

Me afasto dele com minhas poucas forças e me sento na escada. Ele faz o mesmo.

– Eu sinto muito que eu esteja te confundindo. Sinceramente, eu estou muito confusa também. Eu acabei de me mudar, meu pai está em julgamento, meu irmão está passando por um momento difícil, meu noivo está lotado de trabalho… E com tudo isso acontecendo você chegou do nada, me dando atenção, me fazendo sentir especial e eu estou tão carente… Eu só… Óbvio que eu me sinto atraída por você. Isso é inegável. Mas eu não sou desse tipo que trai, Dylan. Eu sou totalmente o contrário. Eu sinto muito.

– Tudo bem. Eu entendo.

Ele passa o braço por meus ombros, fazendo um carinho ali. Eu respiro fundo. Estava tão cansada.

– Me desculpe por estragar tudo.

– Você não estragou nada, Allie. Só queria que você visse o quanto é incrível.

Ele fitava o fundo dos meus olhos. E eles eram tão bonitos...

– Eu…

Era impossível pensar com seus lábios tão próximos dos meus.

Nossos lábios se tocam e um beijo lento se inicia. Eu não conseguia pensar em mais nada. Agarro seus cabelos, trazendo seu rosto mais para mim. Dylan agarra minha cintura com força, o beijo tomando um ritmo desesperado. Sugo seu lábio inferior lentamente e Dylan agarra meus cabelos com força, me beijando intensamente. Suas mãos se perdem em meus cabelos. Solto um gemido contra seus lábios, sentindo cada gota de adrenalina percorrer meu corpo.

O Justin… Puta merda! Isso está indo longe demais. Cadê a minha consciência?! Por que meu corpo me trai desse jeito? Isso tudo está indo longe demais e eu me odeio tanto por isso.

– Dylan, para! Eu não posso! Meu Deus, que porra eu estou fazendo? – levanto rapidamente, me afastando dele.

– Merda, Allie… – ele se levanta e passa a mão pelos cabelos. – Eu… Preciso ir.

Dylan sai irritado, dando um soco num dos armários.

– Dylan… Porra!

 

[...]

 

Mais uma noite, eu estava totalmente inquieta. Mas era muito mais do que só a situação com o Dylan. Justin me aconselhava sobre algumas coisas, sobre como me comportar e coisas desse tipo. Minha mente estava longe. Eu só queria contá-lo sobre o que aconteceu com Dylan, porque eu estava me sentindo totalmente suja. Tracy deveria nos encontrar antes do julgamento pra me ajudar com algumas coisas, mas devido a algum imprevisto, ela disse que nos encontraria no tribunal e que Justin me passaria as informações. Mas eu não conseguia prestar atenção. Minha mente estava a mil. Em breve eu estaria na frente de um tribunal, relembrando todo o acontecido com minha mãe. E aquilo também estava me matando.

– Allie, está me ouvindo?

– Tô sim, Justin. – digo impaciente.

– Vou pedir um táxi, tá bem? Seu vestido e minha moto não vão dar muito certo.

– Tudo bem.

– Allie, sabe o que eu estava pensando? Você só é obrigada a ir no julgamento nos dias do seu depoimento. Então, você devia ir só nesses dias e deixar a justiça tomar conta do resto.

– O que? Justin, essa conversa de novo? Eu preciso ir. Eu preciso assistir John cair. Você tem noção do tanto de coisas que ele me fez passar?

– Tenho, até demais, Allie. Mas a questão é que esse é um processo desgastante e você precisa estar focada nos seus estudos nesse momento. A própria Tracy recomendou isso.

– Desde quando você liga pro que a Tracy fala? Você nunca gostou dela.

– Allie, nós dois queremos o seu bem. Depois que eu entendi isso, eu passei a ouvir o que ela diz, mesmo que, de fato, eu não goste dela.

– Eu não acredito que estamos tendo essa conversa de novo, Justin. E, principalmente, nesse momento.

– Porra, você tem razão. Eu sinto muito. Você só precisa de apoio nesse momento.

Ele se aproxima, tentando me abraçar. Apenas o afasto.

– Não. Quer saber, Justin? Você me sufoca! Você fez isso desde o começo, desde que você soube que John nos batia. Você me fez denunciar e agora eu estou aqui, debaixo da sua asa! Você coloca uma coisa na cabeça e eu sou obrigada a concordar com isso. É sempre assim! Eu estou cansada dessa merda. Você sempre precisa controlar tudo, a sua opinião é a única que conta e você nunca me ouve! Passei o dia tentando entender por que eu beijei o Dylan, mas agora está tudo bem claro pra mim! Por que diabos eu me apaixonei por você, se tudo que você faz é me controlar?!

Solto a respiração pesada, com as lágrimas caindo sem minha permissão. Minha cabeça estava explodindo.

– Você fez o que? – Justin pergunta sério. – Você beijou quem?!

Justin solta uma risada incrédula e me encara com desgosto. Aquela era a pior sensação. Que merda eu fiz? Aquele era, simplesmente, o pior momento pra contar sobre o beijo, e eu queria menos ainda ter contado daquela forma. Meus sentimentos estavam completamente à flor da pele e eu falei muitas coisas que eu não queria dizer. Justin não merecia isso. Ele merecia alguém muito melhor que eu, e eu tinha acabado de foder com qualquer chance de fazer aquilo dar certo.

– Eu preciso tomar um ar.


Notas Finais


HEY, falta pouco para o final!
O que vocês esperam pro final de Animals? Me deem sugestões!

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Comentem! Até o próximo!
xoxo


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