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História Anime Connection (Kim Taehyung - BTS) - What to do?


Escrita por: Kesey_ecc

Notas do Autor


Eu estive ocupada demais e foi bem difícil escrever esse capítulo
tirei um tempinho forçado agora pra atualizar
Gostaria muito de saber a opinião de vocês, é muitoooo importante, então se puderem comentar vai me ajudar com o decorrer da história <3

Capítulo 42 - What to do?


Fanfic / Fanfiction Anime Connection (Kim Taehyung - BTS) - What to do?

 

Taehyung

Desde o incidente fatídico, todas as noites depois de mandar uma mensagem para Catarina, Taehyung segurava o ursinho de pelúcia que ganhou no dia dos namorados. Apertava a barriga do bicho e o encarava enquanto ouvia "These arms of mine" repetidamente. A música não poderia ser mais perfeita e propícia para o momento, Otis Redding cantava exatamente o que Kim sentia. Conforme os dias foram passando a saudade só aumentava e a vontade de abraçar a teimosa da namorada doía. Começou a desconfiar que em breve a bateria do presente ficaria fraca.

Todas as manhãs, suspirava pesaroso ao volante durante o caminho até a escola dos irmãos, ouvindo-os perguntar sobre Cat e dizendo o quanto sentiam a falta dela. Cada um querendo contar suas novidades para a garota, Ji Hoon empolgado com as novas aulas de Kung Fu e Yoo Ri feliz por ter feito uma nova amiga. Ele não sabia mais como desconversar. Apesar de não ter escondido da família que teve um desentendimento com Styles, os mais novos ainda não entendiam muito bem o porquê da separação repentina.

Então a culpa era sua nova companheira.
Relembrava repetidamente o momento em que Catarina soltou sua mão e o olhou decepcionada.
Quis voltar no tempo para poder lhe pedir perdão ali mesmo.

Seus dias sozinho, - depois de GirlKuja barra Catarina- eram estranhos e incompletos. Viveu pesaroso, triste e agoniado. Sabia que o mínimo a fazer no momento era respeitar o tempo da namorada. Coisa que sempre costumou fazer, e toda vez que lembrava que ignorou isso e estragou tudo, tinha vontade de se bater com força.

Por quê? Por quê? Por quê?! Burro, estúpido, intrometido. O olhar de decepção dela nunca mais vai sair da minha cabeça. O jeito que ela se afastou. Como ficou me olhando com raiva. Nunca mais achei que fosse receber aquele olhar dela de novo. É bom pra aprender a ficar na minha e parar de querer que a Cat tenha uma família igual a que eu tenho. Ah, cara o jeito que ela fez aquela promessa! Como me beijou. Ela pensou que a surpresa era um lance intimo, será que?... Catarina queria dar um passo importante comigo? Que merda que eu fui fazer?!

Todos os dias dormiu esperando para receber uma resposta que durante uma semana não veio. Foi uma semana infernal. A culpa e a tristeza começaram a brigar com a raiva e a inquietação. Estava indignado por não conseguir ao menos se desculpar, o que também o deixava impaciente e irritado porque a saudade da garota e seus beijos só aumentava. Tinha se desacostumado completamente a ficar sem namorada, mal percebendo quão rápido Catarina ocupou um espaço importante na sua vida. Os treinos de basquete não ocupavam seu tempo o bastante. Trabalhos e preparo para faculdade eram só um detalhe. Sair com os amigos não melhorava seu humor. E mesmo com um embolado de sentimentos o atormentando, Taehyung não contou que mais um fosse acabar sendo adicionado à equação, e pela primeira vez provou o peso do ciúme verdadeiro.

Não acredito que a minha Miau vai mesmo ficar andando com esse tutor pra cima e pra baixo! O jeito que olha pra ela... Esse cara é tão óbvio! Ele parece muito confiante pro meu gosto. Também ela só ri o tempo todo do lado dele. Pra lá e pra cá rindo pelo corredor com esse magrelo. É comediante por acaso? Ou ela está fazendo de propósito? Me fazendo ciúmes porque sabe que eu não gosto dele. Ou talvez ela esteja dando bola de verdade? Catarina não quer mais ficar comigo? Nosso namoro terminou? Assim, sem nem uma conversa? Não pode ser. A gente precisa se entender.

Descobriu o quanto esse sentimento podia ser feio, além de doer e machucar. A garganta secava e o peito ficava em brasa toda vez que os via juntos. Tinha certeza que seu olhar se tornava ameaçador, capaz de perfurar, e Cat sempre percebia. Algumas vezes sentiu os olhos lacrimejando, quando respirava fundo na tentativa de se acalmar e não explodir em raiva para cima dos dois. Magoava demais.

Nos últimos dois dias, depois que "conversou" com ela no corredor, sentiu que as coisas amenizaram, mas não progrediram tanto. A garota havia parado de odiá-lo de longe, com olhares mal educados, e passou a responder suas mensagens de boa noite, mas a conversa não rendia muito. No diálogo mais longo que tiveram Tae comentou sobre como se sentia ao ouvir a música do ursinho de pelúcia, deixando claro que seus próprios braços é que queriam muito apertar Cat. Então ela fez o coração dele bater mais forte dizendo que também estava ouvindo uma música que descrevia muito seus sentimentos, porém o asiático fechou a cara quando viu a letra de "Don't tell me" da Avril Lavigne.

Já com a mãe de Catarina acabou cortando as interações. No mesmo dia do ocorrido desastroso, a mais velha mandou mensagens perguntando como os dois estavam e se a filha estava bem. Taehyung respondeu com educação, mas disse pesaroso que agora ela estava brava consigo também. A Sra. Beckett pediu mil desculpas, afirmando que não queria de forma alguma estragar tudo entre o casal. Kim foi gentil, porém, depois disso não trocaram mais mensagens.

Por sorte, podia contar com os melhores amigos, principalmente Jimin e Elisa. O casal mantinha muito contato com Styles, e Elisa incentivava a amiga a se aproximar e continuar frequentando a rodinha dos garotos. A líder de torcida procurou trazer Cat para perto deles em cada intervalo entre as aulas e todos puxavam vários assuntos para deixa-la confortável e enturmada, principalmente Jungkook, que agora perguntava da aproximação dela e Halley com muita curiosidade.

Taehyung continuou cauteloso, sem forçar a barra, mas estava um tanto quanto impaciente então bem sutilmente se aproximava de Catarina no meio da roda de amigos. Circulava aqui e ali, passava discretamente por Peter ou Elisa, enquanto todos estavam distraídos com qualquer assunto, até que estivesse parado ao lado de Styles como quem não quer nada. Olhava-a de perto, mas agia como se estivesse o tempo todo ali, conversando com os amigos e rindo. Quando a garota o encarava com o cenho franzido, fingia que não percebia nada.

— Você é muito cara de pau Kim – ela revira os olhos, mas esboça um sorriso divertido.

— Eu sei – responde baixo, para que só Cat ouvisse, sentindo uma euforia crescente no peito.

— Tudo bem, eu gosto – dá de ombros, como se o que tivesse acabado de falar fosse a coisa mais trivial do mundo na atual circunstância, porém suas bochechas ficaram rosadas.

O cérebro do garoto para de funcionar por alguns segundos e depois volta na velocidade da luz, processando o sinal verde que ela havia acabado de lhe enviar. Ele quase tropeça nos próprios pés e se embola nas próprias palavras, sorrindo abertamente.

— Gosta da minha cara de pau? – se inclina para falar próximo ao ouvido dela, evitando chamar a atenção dos outros na rodinha - Por que não diz logo que gosta de mim?

— Por que toda vez que eu lembro o que você fez, eu ainda quero socar sua cara bonitinha.

— Vou encarar isso como um progresso – arqueia as sobrancelhas, arrancando uma risadinha boba de Catarina.

A interação que tiveram o deixou tão esperançoso que Taehyung mal podia acreditar que foi real. Ela enviou um gif de boa noite para ele no mesmo dia, como costumavam fazer antes. No dia seguinte acordou animado, respondeu as perguntas dos irmãos com um sorrisinho e esperou ansioso pelos intervalos das aulas. Contudo, infelizmente ficou um pouco desapontado por não ter visto Cat logo cedo. Elisa e ela haviam desaparecido na troca de classes, então murchou o entusiasmo ao sentar com os outros garotos na mesa do refeitório logo no inicio do intervalo. Abriu alguns snakes pra dividir com Jungkook e Liu sentados ao seu lado, enquanto ouvia Peter e outro garoto do time comentarem sobre os próximos adversários e as probabilidades dos Ducks irem para a final do campeonato.

Os minutos passaram, fazendo Kim formar um bico contrariado nos lábios, se esparramando no lugar. Ficou conversando com Liu sobre algum jogo novo que poderiam jogar online mais tarde, vendo o tempo diminuir sua esperança a cada segundo, até que...

— Ei, que demora! – Jimin diz alto, sorrindo para a namorada que se aproximava – Achei que ia me deixar sozinho hoje.

Taehyung imediatamente se vira na direção de Elisa e seus olhos brilham ao ver que ela estava de braço dado com Styles.

— Claro que não. – desgarra de Cat, para logo se aproximar e sentar-se com o Park – Só estava passando umas respostas de álgebra. Acabamos no meio de algumas fofocas, nada demais.

— Como assim? – Jimin franze o cenho.

— Nada de importante. Depois te conto – ela faz um sinal com a cabeça, indicando Peter e dando a entender que era alguma coisa com o capitão do time.

Enquanto isso, Kim fazia o possível para evitar que seu sorriso abrisse demais e assustasse tanto Catarina quanto o resto dos amigos na mesa. Ela parecia um pouco sem graça e deslocada. O que era uma bobeira sem tamanho, então tão extrovertido quanto sempre, Tae empurrou Liu e se espremeu com Jungkook para abrir espaço no banco.

— Senta aqui Miau – bateu na madeira ao seu lado, chamando-a animado.

A garota não negou. Sentou-se junto com Taehyung, logo cumprimentando Jeon e trocando algumas palavras com o garoto. O amigo ofereceu refrigerante e algumas besteiras para ela, que começou a comer enquanto Kim procurava o melhor momento para chamar sua atenção. Aproximou-se devagar, colando seu ombro com o da namorada sutilmente, até que os braços dos dois estivessem grudados. Quando Jungkook se virou para responder Jimin, não perdeu tempo.

— Queria ter te visto hoje mais cedo.

— Estava correndo atrás do trabalho de artes. É em dupla e eu obviamente não encontrei ninguém, então tava procurando alternativas e tentando falar com a professora.

Não quis desviar a própria atenção, mas pôde imaginar as duas orelhas do Jeon se erguendo para escutar a conversa.

— Se quiser posso te ajudar – se oferece prontamente, mordendo o lábio inferior.

Catarina o encara séria. Os dois trocam um olhar significativo, cheio de sentimentos difíceis de decifrar. A eletricidade pairava no ar e qualquer um podia sentir que a força entre eles poderia ser destrutiva ou edificadora, mas de qualquer forma era poderosamente vital.

— A gente pode conversar hoje? – ela pergunta suavemente.

Kim respira fundo, soltando o ar sorrateiramente entre os lábios, quase que fisicamente aliviado.

— Claro. Posso ir na sua casa mais tarde? – Cat acena imediatamente com a cabeça, confirmando e fazendo-o sorrir levemente – Que bom... Ótimo... Então, hoje eu não tenho treino e a gente pode...

— Puta que pariu, eu não acredito nisso!

De repente, sem nenhum aviso e inesperadamente, Liu Kang se levanta revoltado da mesa.

— Não acredito que você vai cair na dessa garota de novo Taehyung. Que merda? – esbraveja, deixando metade dos amigos boquiabertos e a outra metade, como o próprio Kim, sem entender nada – Achei que vocês tinham terminado. Você é muito burro.

— Liu? Que isso cara?! – Jimin pergunta com estranheza.

— Que isso digo eu! – se apoia na mesa para forçar o corpo para trás e empurrar o banco onde estava sentado anteriormente, e onde os outros três ainda estavam parados olhando-o – Todo mundo aqui ouvia as coisas que essa garota racista falava. Ninguém muda assim do nada. Vocês são cegos? Você é um idiota Tae, tá jogando sua chance com a Lily fora por causa de uma otaku sem sal?

— Que chance? Ficou maluco?! – Taehyung fica de pé já enraivecido – O que eu tenho a ver com a Lily? Aliás, o que você tem a ver com isso? Nem se deu ao trabalho de conhecer a Cat.

— Nem quero – responde imediatamente.

— Você que fica correndo atrás da Lily Evans que nem um cachorrinho, agora quer que o Tae fique com ela? – Jungkook franze o cenho – Endoidou de vez?

— Se você gosta da Evans porque não fica você com ela? Para de se meter na minha vida – Kim dá um passo à frente, tentando se mover para mais perto de Liu, mas as pernas de Catarina impediam o caminho.

— Acha que eu não tentei? Ela só tem olhos pra você. Só quer saber de você antes mesmo de entrar no time e você é um idiota perdendo seu tempo com essa baixinha zuada que todo mundo tira sarro – aponta para Styles ainda sentada, olhando-o paralisada – Agora tá tendo a chance de fazer o trabalho de artes com ela e ao invés de terminar de vez esse namoro ridículo com a racista ai, você vai insistir no erro?!

Taehyung já estava estressado o bastante nos últimos dias para conseguir sustentar uma discussão daquelas sem querer levar para o lado físico da coisa. Fechou o semblante furioso e tentou forçar caminho até o chinês. Ninguém ali reparou quando a líder de torcida Lily Evans saiu correndo do refeitório com lágrimas nos olhos e mortificada de vergonha. A cena já tinha chamado a atenção de todo mundo.

— Você vai fazer o trabalho com ela? – a voz baixinha de Cat interrompe os planos de Kim.

— Não! – diz um pouco alto – Claro que não, eu nem respondi quando ela me chamou.

— Cacete você é muito otário Tae! – Liu exclama esfregando as mãos no rosto.

— Cala a boca – solta o ar pelas narinas, um tanto bufante – Já cansei de você se meter na minha vida e ficar falando merda das minhas decisões. Não quero nem saber de você tocando no nome da minha namorada.

— Como se eu fizesse isso. Quero é que ela desapareça – diz sério – Você achava que as coisas iam mudar depois que você entrasse no time, mas mudaram mesmo porque você começou a se aproximar dela. Olha a merda que nosso grupo virou. Nós andamos com qualquer tipo de gente.

— O que isso quer dizer? – Elisa se levanta ofendida, sendo seguida por Jimin imediatamente.

— Olha o tipo de merda que você tá falando – Tae estala a língua impaciente – Tá achando que é melhor que os outros? Que a gente tem que andar só com asiáticos porque é isso que somos? Que moral você tem pra chamar alguém de racista?

— No final das contas, você só tá amargurado porque nós três estamos te deixando pra trás com as nossas escolhas que você desaprova – Jimin diz tão agitado quanto Taehyung.

— É verdade. Detesto o que vocês fizeram com o nosso grupo por causa dessa estranha de óculos – Liu fala alto e alguns alunos ao redor exclamam algumas palavras de concordância, incentivando a briga.

O chinês dá um passo para perto de Catarina, querendo se impor e amedrontar, fazendo Tae prontamente querer ir para cima dele e soca-lo. Contudo, ninguém esperava que quem fosse perder a paciência e as estribeiras, fosse a própria Catarina Styles. Num movimento só ela se levanta e vai para cima do asiático baixinho, gritando em sua direção:

— VOCÊ É UM PATÉTICO INÚTIL! Fica tentando viver a vida do Taehyung. Quer ser tudo o que ele é. É um sangue suga que não tem capacidade de conquistar nada...

— Miau... – Kim murmura, colocando uma mão no fim das suas costas, para chamar sua atenção.

É ignorado.

— ... Quer viver das expectativas dele – ela continua, indo para cima do garoto que tenta falar por cima dos seus gritos. Com a exaltação da briga, todos os alunos que assistiam incentivavam com ovações – Você é um avatar estranho. Um boneco idiota. Vai viver sua vida e para de projetar seus sonhos em outras pessoas.

— Nerdzinha insossa! – Liu responde tão raivoso e exaltado quanto todos os outros.

Catarina explode. Aperta os dentes uns contra os outros e junta as mãos com força. Se projetando para frente, tenta acertar o rosto de Liu num só movimento, como se suas mãos fossem um martelo.

— CAT! – Taehyung grita segurando-a pela cintura, vendo que ela perderia o equilíbrio, pois Kang se desviou rapidamente. A garota logo solta uma exclamação de dor e segura o pulso da mão esquerda, mostrando o polegar avermelhado – Amor, tá tudo bem? – tenta vira-la em seus braços.

Várias pessoas batiam palmas, outras soltavam alguns risinhos, e algumas perdiam o interesse ao ver que ninguém mais ia cair na pancada. Logo Peter começou a dispersar a maioria dos curiosos, enquanto os amigos se juntavam perto de Catarina, excluindo completamente Liu.

— Bati na mesa – murmura entre dentes, soltando mais um muxoxo de dor.

— Kang, Styles e Kim – a voz autoritária da inspetora chama – Para a diretoria.

— Ela precisa ir na enfermaria primeiro – Kim passa o braço sobre os ombros da namorada, e sem esperar nenhuma autorização, começa a guia-la as pressas.

Andam em passos rápidos, um tanto desajeitados, ignorando qualquer olhar que ainda pudessem atrair. Taehyung estava tão angustiado com Catarina segurando a mão machucada contra o peito, que nem percebeu Andrew chamando pelo nome dela. Apenas atravessaram em silêncio o refeitório, corredor dos armários, diretoria, até finalmente entrarem apressados na enfermaria.

O lugar estava vazio e não demorou para a enfermeira de meia idade atende-los com simpatia e calma, percebendo que o casal estava agitado. A Sra. Judith – como gostava de ser chamada - fez Catarina se sentar na pequena maca que tinha na sala simples e branca, e enquanto examinava a mão da garota, pediu que contassem o que tinha acontecido. O asiático falou tudo, explicando como a namorada se machucou, não deixando de demonstrar o quanto estava irritado com o amigo. Ele não tinha percebido ainda que Styles estava estranhamente calada.

— Pode ficar tranquila Cat – diz com um sorrisinho – provavelmente foi só uma torção mesmo. Pelo impacto na mesa seu polegar ficou um pouco inchado, mas está tudo bem. Você só vai precisar usar uma munhequeira com polegar por alguns dias.

A mais velha se afasta para procurar o acessório em uma das gavetas do armário. Taehyung aproveita para puxar uma cadeira perto da maca e se sentar próximo à Catarina.

— Ainda bem que não foi nada... – diz baixinho, mas não recebe resposta, ela fica com o olhar perdido e as mãos juntas sobre o colo – Eu... Me desculpa amor. Entendi agora, mais do que nunca, como é ter alguém pegando no seu pé e querendo que você faça as coisas de qualquer jeito. Fui um idiota – se debruça sobre a maca para deslizar uma das mãos pelo braço de Cat – Mas é que... Ela é sua mãe, sabe? E você pode tentar esconder o quanto quiser, mas eu sei o quanto isso tudo te magoa. Não importa o quanto a relação de vocês fosse complicada antes – a garota respira fundo, apoiando as costas na parede e encarando o teto -, ela ainda é sua mãe e eu achei que vocês tinham que resolver isso. Nem que seja pra você continuar discordando dela, mas pelo menos você iria deixar essa história pra trás e seguir em frente... Cat...?

Ele arqueia as sobrancelhas, sentando-se ereto quando vê a respiração de Styles ficar gradativamente rápida em questão de segundos. O peito dela subia e descia freneticamente e ela puxava o ar com força, balançando a cabeça em negativa. As mãos pequenas e gordinhas começaram a tremer e o Kim não tinha ideia do que estava acontecendo.

— Eu não entendo... – ela começou a murmurar – O que foi que eu fiz de errado? O que tem de errado comigo?

— Miau? O que foi? – fica de pé, olhando-a aflito. Os olhos de Catarina encheram d'água.

— O que você está sentindo? – Judith rapidamente se aproxima para perguntar.

— Por que todo mundo me odeia? Porque ficam falando essas coisas de mim? Eu sou tão horrível assim? Achei que eu fosse tão normal – os lábios finos tremiam enquanto questionava em voz alta, com o olhar perdido e lágrimas escorrendo pelo rosto, a respiração cada vez mais pesada – O Dylan, todo mundo na festa, Eli, até mesmo o Tae...

— Catarina! – segura forte a mão direita dela, balançando para fazê-la olha-lo – O que está acontecendo? Está tudo bem?

— Eu não aguento mais essas coisas... Não aguento mais tudo isso – ela tremia.

— O que está sentindo Catarina? – Judith enfatiza, mais séria, levando as mãos ao rosto da garota.

— Meu braço esquerdo está formigando – responde chorando copiosamente – Estou com falta de ar. Meu peito tá pesado. Minha vista embaçada... Eu... E-eu acho que vou morrer...

Taehyung arregala os olhos e olha perdido enquanto a enfermeira em questão de segundos pega um aparelho de pressão e ajusta no braço de Cat. Parecia que Styles iria desmaiar a qualquer minuto, por isso ficou surpreso com o que ouviu, e ainda mais preocupado.

— Catarina sua pressão está normal – disse calmamente – Você está tendo um ataque de pânico, tente ficar tranquila querida.

Mas obviamente o pedido não surtiu efeito. Catarina ficou agitada, querendo descer da maca, mesmo parecendo que iria cair a qualquer momento. Ela chorou alto e pediu por ajuda, mais amedrontada conforme o tempo passava.

— Faz alguma coisa, por favor – ele pede para Judith, desesperado.

— Não posso medicá-la aqui na escola. Ela tem que se acalmar – responde muito paciente, tentando passar conforto para a garota.

O asiático se afasta com uma mão na testa, olhando a cena e sentindo-se impotente. Seus olhos lacrimejam e ele tem certeza que passa junto com Catarina os piores momentos que poderiam compartilhar.

(...)

— Então estive pensando – Jimin se esparrama ainda mais, sentado na arquibancada da quadra de basquete – Essas religiões que falam sobre a vida eterna. Vida depois da terra, paraíso e tal. Parece tudo muito celestial, daí cheguei à conclusão que talvez a gente esteja aqui, existindo e vivendo pra transar. Por que, a gente não vai poder fazer isso no céu, né?... E é tipo, a vida eterna... É muito tempo.

Jungkook ri alto, batendo algumas palmas, acreditando muito que era uma piada engraçada do Park. Peter e Taehyung franzem o cenho com o rumo que aquelas reflexões tomaram. Os amigos estavam dando um tempo por ali, depois que o Kim tinha cumprido sua punição de correr ao redor da quadra. Eles conversavam enquanto Eli ainda corria.

— Caramba, você deve estar realmente no paraíso com a namorada, pra essa ser sua preocupação – Peter ri, recebendo um dar de ombros como resposta.

— Não tenho do que reclamar – Park sorri, encolhendo os olhos – E não vou perder meu tempo me preocupando com o Liu, então...

— Queria ter esse privilégio – o capitão do time apoia os braços nos joelhos – Emma agora está forçando a barra pra chamar minha atenção. Quando a gente terminou eu falei que era porque ela tinha mudado e não era mais aquela garota simples apaixonada por vôlei. Daí ela resolveu não só voltar a se vestir como antes, mas também largou as líderes de torcida.

— E você fica balançado? – Jimin pergunta.

— Não sei. Ela sempre soube que me aproximei porque vi o quanto ela era dedicada e apaixonada pelo esporte. O quanto fazia as coisas sem pensar se outras pessoas iam gostar dela ou não. Dava pra ver de longe que ela é o tipo de garota que seria popular em dois estalos de dedos, mas pra mim parecia que ela fazia as coisas por si mesma e não por status. Inclusive ser amiga da Cat, defendendo ela... Mas a gente começou a namorar e a Emma virou exatamente isso tudo. Acho que não vou me balançar tão cedo.

— Não dá pra entender como garotas mudam assim – Jungkook fecha o cenho e ninguém precisa pensar muito para adivinhar de quem ele estava falando.

— Pelo jeito anda na mesma sinuca de bico com a professora e a filha – o mais baixinho ri com ironia.

— Achei que estava progredindo. Ela tinha começado a me dar oi e tchau pelo menos, mas toda vez que tem aula de artes ela volta a me ignorar – diz irritado.

Os amigos riem, fazendo Jeon fechar ainda mais a cara.

— Óbvio que ela vai achar ruim de te ver babando pela mãe toda aula – Park debocha.

— Eu não faço mais isso! – se defende, desviando o olhar e passando a língua pela parte interna da bochecha.

Taehyung suspira alto e tira a bandana da cabeça de forma visivelmente cabisbaixa. Eli Pendergast é enfim liberado das voltas, passa pelos quatro completamente suado e ofegante, encarando o Kim com a cara fechada.

— Esse cara sempre fica te olhando estranho – Jimin diz sério.

— Dane-se – estala os lábios, juntando as mãos no meio dos joelhos separados – Bom é que pelo menos um de nós está no paraíso com o namoro. Eu já nem sei se é "melhor" terminar ou ficar nessa de não saber se tem mais uma namorada.

— Como assim? – Jeon questiona – Vocês não conversaram?

— Não – lamenta – Fiquei com ela durante a tarde depois do que aconteceu. Ela não podia ficar sozinha, a gente tava com medo. Então esperei o pai dela chegar pra conversar e ela ficar mais segura. Ele é médico, ajudou bastante, Cat ficou mais tranquila. Só que sem condições, não tinha clima nenhum pra gente conversar e se entender. Prioridades, né. Eu ainda tô bem preocupado. Ver ela daquele jeito foi horrível.

— Também, o tanto de merda que ela teve que aguentar nos últimos tempos... – Peter diz – Fiquei surpreso por não ter acontecido antes. Catarina é bem resistente.

— É, mas não sei até que ponto essa resistência fez bem ou mal pra ela – respira fundo, passando a mão pelo cabelo loiro – A enfermeira recomendou psicólogo e o pai da Cat também disse que é o certo. Não sei... Só espero que ela fique bem e tudo melhore – ouviu os amigos concordarem, mas logo se levantou do lugar e segurou sua mochila. – Bom, vou tomar um banho antes de ir.

— Ah, beleza – Peter também ficou de pé – Vou indo nessa, prefiro tomar um banho em casa.

— A gente te espera lá na frente do colégio então Tae – Jungkook puxa Jimin pelo braço e os quatro se dispersam.

Taehyung brinca com a bandana entre os dedos, ainda pensando em Catarina e no que tinha acabado de dizer. Sempre preocupado e tentando achar uma forma de ser útil na atual situação. Ela provavelmente precisava dele, mesmo que fosse pelo ombro amigo e o apoio moral. O asiático vira na entrada do vestiário, decidido a ser exatamente isso para Styles, seu apoio, mas para de andar assim que atravessa a porta.

— Até quando? – uma voz de garoto perguntava impaciente – Cansei de ser tratado assim.

Curioso, Kim inclina um pouco a cabeça até que possa ver duas pessoas atrás dos armários. Dois garotos. Juntos. E mesmo de costas era possível reconhecer Eli.

— O que você quer que eu faça? – Pendergast tenta se afastar, mas é impedido pelas mãos firmes em sua cintura – Já te falei que ninguém pode...

— Saber – o outro completa imediatamente – Não estou falando de assumir pro colégio inteiro. Você tem razão, os caras do time podem ficar estranhos, mas fora daqui? Você não tem nem coragem de dizer o que a gente é.

— Como assim?

— Um caso? Um ficante? Uma transa? Você obviamente não me quer como namorado.

Eli nada responde. Qualquer pessoa a quilômetros de distância veria como estava desconfortável. Àquela altura, Taehyung apenas ouvia com os olhos arregalados, alheio ao próprio celular que vibrava em sua mochila.

— Você não quer nada sério porque ainda gosta dele, não é?

— Para de falar merda – Eli diz com escárnio e se desvencilha.

— Puta merda! Você sabe que ele te odeia e te despreza. Sabe que não tem nada a ver essa sua fantasia. E você só infernizou a vida dele. Não faz nem sentido. Você é um crianção de segunda série que...

— Cala a boca – interrompe irritado, chegando mais perto do outro garoto de forma agressiva.

Temeroso de que Eli acabasse agredindo o outro, Tae dá alguns passos e acaba esbarrando nos armários, fazendo um barulho enorme e chamando a atenção. Os dois acabam o encarando com os olhos esbugalhados e o Kim reconhece John Leach, um dos jogadores dos Fury Ducks. Com o rosto pálido feito papel John sai correndo para fora do vestiário, deixando tudo para trás. O asiático só tem tempo de intercalar os olhos entre o casal, até ver Eli vir como um touro em sua direção, furioso.

— O que você ouviu?! – agarra o colarinho de Taehyung, fazendo-o andar para trás – O que você viu? Hein? – o sacode pela camisa, fora de si, enquanto Kim permanece sério e quieto – Você vai ficar pianinho, tá entendendo? Eu acabo com você se falar um piu. – continua arrastando o asiático, até que os dois estejam fora do vestiário. Tae segura os pulsos de Eli com força, para impedi-lo de continuar – O que é? Tá achando que é melhor do que eu? Tá achando que isso faz de você alguma coisa? Eu quebro sua cara...

Pendergast empurra Taehyung, batendo com as costas dele na parede. Ele aproxima o rosto dos dois, com os olhos vermelhos de raiva e eles se encaram em silêncio por alguns segundos. Kim inabalável e alheio a qualquer ameaça porque nada daquilo lhe importava. Não poderia ligar menos para o que tinha acabado de descobrir - apesar o choque inicial -, e tudo o que podia sentir era compaixão. Mesmo depois de todas as desavenças com o garoto.

— Você não acha que tem coisas demais pra lidar, pra ficar criando problema comigo esse tempo todo? – diz simplesmente.

Eli crispa o semblante, pego completamente de surpresa. Perplexo não só pelas palavras de Taehyung, mas também pelo seu olhar sobre si. Neutro e limpo. Sem nenhum pingo de preconceito. Então, por impulso, comete uma besteira:

Avança sobre Kim Taehyung e lhe dá um beijo.

Kim só tem tempo de arregalar os olhos e empurrá-lo.
Sua mente gritando: Catarina, Catarina, Catarina...
E de tanto pensar nela, quando Eli cambaleou para longe de si, a garota se materializou no seu campo de visão, bem atrás de Pendergast.

Encarando-o com o semblante assombrado, Cat dá alguns passos para trás até sair correndo.

— CATARINA, ESPERA! – Taehyung grita alucinado.

O asiático sai correndo atrás da namorada, sendo mais um a deixar tudo o que tinha para trás, sem conseguir pensar em mais nada além de: o que eu faço agora? O que eu faço agora? O que eu faço agora?
 


Notas Finais


Olá, como estão? Preparando alguma festa na pandemia? Vamo se cuidar hein. ♥
Eu realmente não queria encerrar o ano com uma atualização tão deprê, mas o próximo capítulo não vai ser flores e amores também, então kkkkkk PERDÕES. Se quiserem algum especial de natal pede ai que eu tento atender :P

alguns esclarecimentos:

1- sim o plot do Liu não é tão mirabolante quanto a maioria imaginava, mas é real que muitos asiáticos imigrantes são criados pra se relacionarem somente entre si mesmo que vivam em outros países por muito tempo. Seja em questão de amizade ou namoro. Tenham em mente que a Lily é Loira e que assim como na Coreia e Ásia em geral tem muita coisa boa e legal, tem também essa ideia de superioridade branca em alguns, infelizmente. Tem alguns vídeos de pocs contando as experiências pessoais em intercâmbio por lá, podem dar uma olhada. Da mesma forma que quis mostrar a xenofobia com o Tae e os amigos, também quis trazer um pouquinho desse outro lado. Nem todo mundo vai ser mente aberta.

2- O John Leach é mencionado no capítulo One on One Game. Sei que ninguém vai notar, mas a ideia sempre foi o Eli e não o Liu. Insira aqui a cara de diabinho.

3- O objetivo do romance clichê aqui ainda é ser o mais próximo da realidade possível, portanto, essa fic não é Teen Wolf e crises de pânico não são românticas. Nessas situações a última coisa que a gente pensa é em ser romântico, abraçar, beijar, etc.

No mais, sempre fico muito feliz que cada pessoa tem sua própria interpretação da história, quero saber a de vocês ^^

Muito obrigada quem ainda não abandonou essa fic ♥ e dedico esse capítulo a @EduardaGonalves ♥ obrigada por não esquecer de AC e me mandar comentários ^^


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