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História Anjo da guarda - Cap 53


Escrita por: MenerusHurt

Capítulo 53 - Cap 53



O meu plano de ir embora mais cedo para provocar Armando falhou quando Érica e Catalina apareceram e nós nos entretemos em uma conversa no refeitório. Érica estava animada por Henrique ter lhe feito um convite para um jantar romântico, e queria nossa opinião sobre roupas.

E-Fui pega de surpresa.(disse enquanto conversávamos.) Desde que Yasmin nasceu nós não temos muito tempo para fazermos algo só para nós dois, mas dessa vez parece que ele planejou tudo, até com a mãe dele que vai ficar com a Mimi.(balançou a filha no colo.) Não é, meu amor?(Olhei para Marcela na tentativa de mostrar à ela que ela estava errada sobre pensar que Henrique e Érica estavam com problemas no casamento. Afinal, não era apenas porque eles tiveram um filho antes de se casarem que eles teriam problemas.) Para dizer a verdade, não estava esperando esse convite porque estávamos com alguns problemas.(suspirou desanimada.) Tivemos algumas discussões, e esse mês quebramos o recorde.(Dessa vez, foi Marcela quem me olhou.)

C-Mas isso é normal. Todos os casais tem discussões.

E-É... Mas acho que no nosso caso o fato de termos nos envolvido tão rápido começou a nos afetar de uns tempos para cá. Mas já estamos nos resolvendo.

C-É claro que o fato de vocês terem começado uma relação precoce ia interferir em algum momento na relação, mas nada que vocês não possam resolver.

M-Disse a psicóloga do casos de família.(revirou os olhos e nós rimos.)

C-Só estou dizendo que ela não precisa se sentir mal com isso. E você e Teddy são a prova viva de que uma relação com discussões não é ruim.

M-Para você saber, não estamos discutindo mais.

C-Há quantos minutos?(Érica e eu ríamos a implicância das duas, e Yasmin também parecia achar graça mesmo sem entender absolutamente nada.)

E-E você e Armando?(me olhou.) Quando vão planejar a família?

B-Nós... Ainda achamos muito cedo para isso.(Sorri sem jeito.) Estamos tentando aproveitar a vida de morarmos juntos primeiro.

E-Mas isso já tem muito tempo. Já está passando da hora de falarem sobre casamento, sobre filhos...

B-Nós falamos.

M-Mentira.(disse meio à um falso espirro.)

B-É verdade!(Me defendi.) Algumas vezes... Só precisamos planejar melhor as coisas.

E-Planejar.(ela riu.) Hoje em dia não é tão fácil assim planejar as coisas. E eu sou um ótimo exemplo para isso.(olhou para Yasmin.) Mas ainda assim não apaga o fato de que nós encontramos a pessoa certa fora de um planejamento. Por exemplo, eu não esperava que iria engravidar na primeira noite que Henrique e eu ficamos juntos. É claro que eu já flertava com ele há algum tempo, mas quando é que eu ia imaginar que estaríamos tão bêbados à ponto de não nos protegermos e que os antibióticos que eu estava tomando naquela semana interferiam no meu anticoncepcional?

M-Você não sabia sobre os antibióticos? (perguntou como se fosse a coisa mais normal do mundo.)

E-Por incrível que pareça, não.

C-Mas isso é algo que sua ginecologista deveria ter dito em sua primeira consulta.(Eu continuei em silencio. Não queria dizer à elas que eu também não fazia ideia de que antibióticos anulavam o efeito dos anticoncepcionais, até porque eu estava com tanta pressa na minha consulta com minha ginecologista, que mal tive tempo de fazer esse tipo de pergunta.)

E-Eu nunca vou me esquecer de que o momento mais tenso da minha vida foi quando me dei conta de que eu estava atrasada. Eu acho que fiz todas as orações possíveis enquanto fazia o teste, mas para minha surpresa ele deu positivo. Eu quase não acreditei.(As três riram, mas eu continuei pensativa. Tentei me lembrar de quando tinha sido a ultima vez em que o meu calendário foi correto, e só então me dei conta de uma coisa, que fez o meu coração disparar por um momento.) E também nunca vou me esquecer da Betty perguntando na frente de todos quem era o pai.(ela riu e as três me olharam.) Não é, Betty?(Eu não a respondi. Encarava a mesa pensativa, fazendo contas em minha cabeça que não batiam em nada, para o meu desespero.) Betty?

B-Oi.(as olhei.)

M-O que foi?

B-Eu... Acabei de me lembrar que preciso fazer uma coisa.(Falei me levantando.)

C-Aonde vai?

B-Para casa.

M-Mas o meu turno não acabou. E nem o do Teddy. Não íamos te dar uma carona?

B-Tudo bem, eu pego um táxi.

M-Mas Betty...

B-Nos vemos depois.(Não tive tempo de me despedir direito, e nem lhes dei tempo para que insistissem.)

Eu realmente precisava ir para casa, o mais rápido possível. Assim que entrei ao elevador, aproveitei para colocar as ideias no lugar, e ter certeza de que aquela história de antibióticos, anticoncepcional e menstruação atrasada não estavam me fazendo enlouquecer. Mas, se eu bem me lembrava, fazia um mês e algumas semanas desde que tomei os antibióticos para tratar minha "virose", e em nenhum momento eu pensei que eles pudessem alterar o efeito dos anticoncepcionais. Até então eu estava tranquila em relação à isso, até me lembrar de que eu também estava atrasada. Com toda a história de terminarmos a mudança, não me dei conta de que dia do mês estávamos, mesmo que eu anotasse datas todos os dias nos documentos que preparava para Armando, e aquilo me deixou totalmente desnorteada.

Aproveitei que Armando estava ocupado, e fui diretamente para casa. Não me importava se depois ele chamaria minha atenção por eu ter voltado para casa de táxi sem avisá-lo, enquanto ele estava pensando que eu pegaria carona com Marcela ou Catalina. Eu só queria chegar logo em casa e tirar toda aquela ideia da minha cabeça. Assim que cheguei em casa, praticamente arrombei a porta para entrar o mais rápido possível no apartamento, e finalmente suspirei aliviada. Eu estava sozinha, e ninguém se preocuparia em me perguntar o motivo por eu estar agindo tão estranha. O coitado do taxista inclusive tinha pensado que eu era uma louca por estar apertando uma mão à outra ansiosa para chegarmos logo.

Quando entrei em casa, segui para cozinha onde havia um calendário pendurado e confirmei minhas duvidas. Eu realmente precisava estar com o ciclo em dia naquele mês, mas eu estava com um mês de atraso. É claro que aquilo poderia significar milhares de coisas, inclusive uma doença inesperada, e eu não sabia o que me deixava mais amedrontada. Imediatamente fui até o banheiro e abri a porta do armário. Só havia mais um teste, e eu havia prometido à mim mesma de que não compraria outros, por estar sempre preocupada que qualquer coisa poderia significar que eu estava grávida. Antes, fazer os testes me tranquilizavam para eu não enlouquecer imaginando que poderia estar grávida, mas nos últimos tempos, eu os fazia com uma certa esperança de que pudesse dar positivo. Naquele momento, eu não sabia o que pensar. Não sabia se estava prestes a fazê-lo para eu não enlouquecer, ou se simplesmente eu queria fazê-lo com a esperança de que ele desse positivo depois de tantos testes.

O dono da farmácia com certeza pensava que eu era uma mulher louca que à cada relação precisava comprovar de que não estava grávida, mas aquele seria o meu ultimo teste até eu ter certeza de que realmente estaria grávida. Seria a última vez que eu teria aquele tipo de neura sobre gravidez, e isso era uma promessa. Enquanto esperei o resultado do teste, pensei em diversas possibilidades, e realmente percebi que a hipótese dos antibióticos terem cortado os efeitos dos anticoncepcionais não era tão certa. Afinal, quais as chances disso acontecer? Não significava que só porque aconteceu com Érica também aconteceria comigo.

Então, enquanto esperava o resultado, tirei aquilo de cabeça. Com certeza o teste daria negativo como todos os outros, e eu me sentiria boba por ter cogitado a ideia de que pudesse estar grávida. Olhei para meu reflexo no espelho e ri de mim mesma, pensando o quanto eu era boba. Armando teria rido disso, ou se zangado. A última discussão que tivemos foi exatamente por esse motivo. Armando dizia que qualquer coisa irrelevante que acontecia, eu pensava em uma suposta gravidez e praticamente enlouquecia. De fato ele estava certo.

Balancei a cabeça ainda rindo e pensei em pegar o teste e jogá-lo diretamente na lixeira. Afinal, era a mesma coisa todas as vezes. Mas, quando o peguei sobre a pia, percebi que havia algo diferente. Diferente das outras vezes. Diferente de todos os outros testes que fiz. Daquela vez, haviam duas listras vermelhas.

...

Eu já estava sentada ao sofá há alguns minutos, encarando o chão. Eu não fazia ideia do que pensar, do que fazer, ou do que dizer à Armando. Afinal, as chances disso acontecer eram mínimas, mas pelo visto tive a mesma sorte que Érica. Mesmo depois de algumas horas em que vi o resultado positivo do teste, eu ainda não sabia o que pensar sobre isso. Não sabia se era uma coisa boa para comemorar, ou se era uma coisa assustadora para me preocupar. Afinal, Armando e eu já morávamos juntos, mas tínhamos decidido que iriamos aproveitar muito bem nossa vida a dois por um bom tempo. E isso não tinha tanto tempo. O que ele diria? O que ele iria pensar? Provavelmente me acharia uma idiota por ser a única pessoa do mundo que não sabia que antibióticos poderiam cortar efeito do anticoncepcional. Eu estava me sentindo assim. Mas não poderia negar que por trás de todas essas incertezas, medos e nervosismo, eu estava feliz. Feliz por saber que durante o tempo que eu estava com Armando, eu amadureci a ideia de me tornar mãe. Eu não tinha mais o mesmo pavor de não conseguir ser uma boa mãe, e quem me ajudou com isso foi ele. Depois de nossas conversas, mesmo que curtas, sobre formarmos uma família, já sabia que ele tinha o sonho de se tornar pai, e era isso que me tranquilizava.

Enquanto pensava em todas essas coisas, a porta se abriu e Armando entrou, olhando diretamente para mim.

A-Oi.(sorriu Parecia animado, mesmo depois de toda a pressão psicológica que fiz com ele. Isso era uma bom sinal.) O que está fazendo no sofá com a televisão desligada?

B-Nada.(Forcei um sorriso convincente) Estava te esperando.(Ele fechou a porta e tirou o seu terno.) Estava cansada para preparar o jantar, e pedi uma pizza. Deve chegar daqui a pouco.

A-Tudo bem.(colocou o paletó sobre a cadeira e seguiu em minha direção.) Pensei que fosse esperar a Marcela ou Catalina.

B-Ah... Eu fiquei com dor de cabeça e decidi vir mais cedo. Peguei um táxi.

A-E agora? Está tudo bem?

B-Sim. E com você?

A-Também.(se inclinou para beijar minha testa.)

B-Conseguiu resolver o problema?

A-Na verdade, sim.

B-Que bom! (Sorri) E sobre o que era?(ele sentou-se pesadamente sobre o sofá e virou-se para mim.)

A-Sobre a proposta do Kaleb.

B-Ah! Vocês conversaram de novo?

A-Sim. Fiquei todo esse tempo na sala dele falando sobre isso.

B-E então?(Ele sorriu.)

A-Eu decidi aceita-la.

B-Jura?(Perguntei animada.) Meu amor, isso é ótimo!

A-É... Eu percebi que estava certa, e que eu realmente tinha tomado a decisão de cabeça quente. Kaleb e eu conversamos, ele me disse algumas coisas que me fizeram pensar melhor, e também saber que você irá me apoiar me deixou um pouco mais tranquilo.

B-Na verdade, eu te apoiaria em qualquer decisão.(Sorri segurando sua mão.) Mas eu sabia que essa era a decisão que você queria tomar.

A-E eu retiro o que eu disse sobre você não me conhecer bem.

B-Que bom.(Ele riu e tocou em meu rosto.)

A-Obrigado.

B-Por quê?

A-Por ficar do meu lado e me fazer perceber quando estou errado.

B-Namoradas são para isso.

A-E muito mais.(se aproximou, me beijando. Naquele momento eu senti toda a tranquilidade que deveria sentir desde que olhei para o resultado do teste. Afinal, eu não tinha duvidas de que Armando seria um pai incrível, assim como era o companheiro perfeito. Mas, ele não merecia saber de uma novidade como aquela de uma maneira tão fria, depois de um dia tão cheio. O sonho dele era ser pai, e ele merecia algo especial para saber de que em breve ele realizaria o seu sonho.) Está mesmo tudo bem?(perguntou com o rosto próximo ao meu.)

B-Agora está.(Respondi sorrindo.)De verdade.(ele riu e voltou a me beijar.)

...

A ansiedade me impediu de dormir bem à noite, e Armando obviamente havia notado isso, já que eu me mexia a cada cinco minutos à cama. Em certo momento ele sentou-se e acendeu a luz para perguntar se eu estava passando mal, mas consegui convencê-lo de que era apenas uma simples insônia e ele voltou a dormir. No dia seguinte, acordei mais cedo que o normal. Ou melhor, nem mesmo dormi. Passei a noite inteira pensando em como daria a notícia para ele, e como eu faria algo especial para isso. Mas, antes de mais nada eu precisava confirmar com um exame confiável que eu estava realmente grávida. Mas, diferente de qualquer outra vez que fiz exames, eu não estava esperando que esse desse negativo. E se isso acontecesse, era certeza de que eu me sentiria mal. Afinal, eu passei a noite inteira acordada pensando em como dar a notícia para Armando de que ele seria pai.

Assim que descobri o resultado positivo do teste, liguei para a minha médica para marcar um exame, e fui agendada para um horário bem cedo no dia seguinte. Falei para Armando que era um exame de rotina e ele se ofereceu para me levar até o consultório. Por sorte ele pareceu não desconfiar de nada, e prometi que iria direto para a empresa assim que terminasse tudo. Fiz todo o exame, e esperei algumas horas até que saísse o resultado. Da última vez que estive ali, eu estava naquela mesma situação, mas ao invés de estar ansiosa para receber um resultado positivo, eu estava rezando para que desse um resultado negativo. Naquele momento notei como nossas vidas mudam em tão pouco tempo, assim como nossa maneira de pensar. Há pouco mais de um ano eu estava naquela mesma situação, pensando no que faria caso o teste desse positivo. Eu estava nervosa, pensando que não tinha nascido para o papel de mãe, principalmente por eu ser o tipo de pessoa que sempre defendeu a escolha de alguém. Haviam mulheres que não tinham o sonho de ser mãe, e eu era uma delas. Nem todas as mulheres precisam se casar ou ser mãe para serem felizes, e esse era o meu pensamento há um ano. Mas, apesar de ainda defender essa ideia e apoiar esse tipo de pensamento, ele não fazia mais parte de mim. Durante o tempo que convivi com Armando, descobri que eu poderia ter um desejo de me tornar mãe algum dia, e esse desejo foi crescendo aos poucos à medida que minha relação com Armando ficava mais séria.

Quando decidimos morar juntos, essa ideia já começava a fazer parte do meu futuro, e começamos a discutir sobre a ideia de um dia termos filhos. Essa ideia não me assustava mais, pelo contrário. Pensar que eu provavelmente seria mãe estava me fazendo sentir bem, de uma maneira que não senti antes. O medo não era mais alto do que a ansiedade de pensar que em alguns anos, uma criança estaria me chamando de "mamãe".

Re-Beatriz Rincón.(Ouvi meu nome e me levantei rapidamente.) Os resultados do seu exame estão com a Doutora Sara. Ela vai atende-la agora.

B-Obrigada.(Sorri e acompanhei a recepcionista até a sala da Doutora Sara. Assim que entrei, ela me olhou por cima de seus óculos meia lua e sorriu, me deixando um pouco mais tranquila.)

S-Então... Estava tão ansiosa que não conseguiu deixar para pegar os resultados depois?(Ela riu.)

B-Sim.(Falei sincera, me sentando à cadeira.)

S-Mas não é a primeira vez que isso acontece, não é?

B-Não.

S-Eu me lembro bem de cada paciente meu, e me lembro quando você apareceu aqui desesperada porque pensava que estava grávida por causa de um acidente, não é?

B-É...(Falei um pouco envergonhada e ela riu.)

S-E me lembro também que você ficou extremamente aliviada quando eu disse que o resultado era negativo.

B-Sim...

S-Bom...(olhou para o papel sobre sua mesa.) Pode me dizer qual é sua expectativa dessa vez?

B-Na verdade... Eu fiz o teste de farmácia. Então meio que... Já tenho uma ideia de qual foi o resultado.

S-E você ficou feliz com ele?(Eu fiquei em silencio por alguns segundos e ela me encarou.)

B-Para dizer a verdade, sim.(Sorri.)

S-Então... Meus parabéns.(sorriu me entregando o papel.) O teste estava certo. Está grávida de três semanas.

....

M-GRÁVIDA?

B-Shhh!(Falei olhando ao redor do banheiro.) Será que pode não gritar? O pai da criança ainda não sabe.

C-MAS... COMO?

B-Ah, por favor! Quer que eu fale em voz alta o que fizemos?

C-Não!(disse rapidamente.) É que... Meu Deus! Isso é... MARAVILHOSO!

M-É MARAVILHOSO!(As duas comemoraram e me puxaram para um abraço. Eu sabia que elas fariam uma festa quando eu contasse sobre a novidade, mas não imaginei que seria tanta.)

B-Tudo bem! Estão começando a me sufocar.(Falei divertida.)

C-Meu Deus! Armando vai ter um ataque quando souber!

M-Ah, nós podemos assistir você contando para ele? Por favor!

B-Eu gostaria que sim, mas não vou contar aqui na editora na frente de todos. Pretendo fazer algo especial hoje a noite.

C-Já sei! Pode encher a cama de balões e mandar ele estourar um por um, e em um deles você coloca "você vai ser papai".

M-Muito complicado. Você pode pegar o teste de gravidez e colocar dentro do armário do banheiro escrito "POSITIVO", para o caso dele não saber interpretar.

B-Isso seria uma boa, mas eu não tenho ele mais. Joguei fora ontem a noite..

C-O QUE? Você é louca? Deveria quarda-lo com chave de ouro!

B-Mas eu não pretendia contar para ele ontem a noite, e muito menos antes de ter o exame confirmatório. Então obviamente não poderia deixar um teste de gravidez positivo dando mole pelo apartamento.

C-É, tem razão. Então, o que vai fazer?

B-Estou com algumas ideias, mas preciso sair mais cedo para resolvê-las. Não sei que desculpa dar porque ontem eu já saí antes do meu turno terminar.

M-Pode dizer que vai me acompanhar no médico. Tenho uma consulta às quatro. Eu vou para a consulta e você vai preparar tudo.

B-Perfeito!(Falei animada.)

C-Ai, Betty...(me olhou emotiva.) Nem acredito que você está grávida. Parece que foi ontem que você disse que morria de medo de ser mãe.

B-Na verdade, ainda tenho um pouco de medo.(Elas riram.) Mas não apaga o fato de que estou realmente feliz.(Falei sorridente.) Na verdade, extremamente feliz.

M-E nós também estamos por você.(sorriu.) Mas me tira uma dúvida?

B-Qual?

M-Vocês não estavam mais se protegendo? Quero dizer... Estavam planejando isso e nem ao menos nos contou?

B-Não estávamos planejando. Foi... Por um descuido meu.

M-Oh meu Deus! Você furou o preservativo?

C-Não seja besta!(revirou os olhos.) Betty não precisa fazer isso.

B-Não, eu... Estive tomando antibióticos. E pelo que a Doutora Sara me explicou hoje, alguns são tão fortes que anulam o efeito dos anticoncepcionais. Então fiquei por muito tempo desprotegida.

M-Então você e Érica tem algo em comum.(ela riu.)

C-Que horror, Marce! São situações diferentes. Betty não estava bêbada quando fez isso, e ela e Armando já estão juntos há mais de um ano.

M-Foi só uma brincadeira, Madre Teresa. É óbvio que as situações não se comparam. Armando deve estar esperando por isso desde a segunda semana de namoro.(Nós três rimos.)

C-Ele vai ficar tão feliz.

M-Tem certeza que não pode filmar a reação dele? Vamos ficar curiosas.

B-Sinto muito. Mas conto com detalhes na segunda feira.

C-Segunda Feira? Não, não. Amanhã mesmo nós vamos sair para comemorar.

M-Tem razão. Precisamos comemorar. Faremos um jantar na minha casa. E como ocasião especial, eu irei cozinhar.

C-Betty não pode ficar comendo esse tipo de coisa.

M-Que tipo de coisa? Está dizendo que minha comida não é boa?

C-Você nem sabe cozinhar.(As duas começaram a discutir, mas eu estava tão feliz e nas nuvens que nem mesmo me importei. Balancei a cabeça e continuei rindo de suas alfinetadas. Assim como elas, eu estava curiosa para saber a reação de Armando com a notícia, e sabia exatamente o qual seria a maneira especial que eu contaria à ele.)

...

A desculpa de que eu iria acompanhar Marcela ao médico funcionou, e Armando não fez muitas perguntas quando disse que iria sair mais cedo do trabalho. Apenas perguntou se eu voltaria para casa para o jantar, e confirmei que sim. Ele estava realmente animado naquele dia, e com certeza isso tinha a ver com a proposta de Kaleb. Eles ainda não tinham anunciado isso para todos, mas já dava para notar que Armando estava se segurando para não contar ao Felipe todas as vezes que se encontravam no corredor.

Depois que consegui dar uma "escapada" da editora, comprei o necessário para fazer algo especial para contar à Armando sobre a novidade, e levei o tempo exato para conseguir chegar em casa na hora do jantar. Estava ansiosa e ao mesmo tempo nervosa, mas tentei disfarçar assim que abri a porta e percebi que Ele já tinha chegado. Havia musica vinda da cozinha, e isso só poderia significar que ele estava cozinhando. Não tive muitas duvidas quanto à isso porque assim que fechei a porta e adentrei o apartamento, senti um cheiro delicioso vindo do mesmo cômodo. Coloquei a sacola juntamente com minha bolsa sobre a mesa e caminhei em direção à cozinha. Quando parei à porta, Armando estava picando algumas coisas sobre o balcão, enquanto algo cozinhava no fogão.

A-Oi amor.(sorriu.)

B-Oi. (Retribuí o sorriso me aproximando.)

A-Como foi lá?(perguntou assim que me deu um rápido beijo.)

B-Foi... Bem.(Eu não sabia exatamente o que dizer, já que não fazia ideia do que Marcela fazia em suas consultas.)

A-Ela está bem? O tratamento está funcionando?

B-Parece que sim. Ela comentou que levava um tempo para saber se ele seria eficaz ou não, mas ao menos a doença está sendo tratada e está indo bem.

A-Que bom.(sorriu.)

B-Sim.(Me escorei ao balcão.) Qual é a ocasião para você estar cozinhando?

A-Bom... Pensei que poderíamos comemorar. Hoje é sexta feira, e na segunda Kaleb vai anunciar para todos sobre a proposta.

B-Isso é ótimo, meu amor.(Sorri animada.) Temos mesmo que comemorar.

A-É claro que sim. Inclusive, comprei o seu vinho preferido.(disse apontando para a garrafa sobre o balcão. Continuei a sorrir, sem querer demonstrar o quanto eu adoraria tomar aquele vinho com ele. Mas, ainda não tinha conversando com Doutora Sara sobre o que poderia e fazer durante a gravidez, e preferia não me arriscar.) E também... (soltou a faca sobre o balcão e se aproximou, sorrindo malicioso.) Nós podemos comemorar de diversas maneiras.(Disse segurando em minha cintura, beijando o meu rosto.)

B-Com certeza.(Respondi mordendo os lábios e fechando os olhos.)

A-Se quiser, podemos deixar o jantar para mais tarde. (sussurrou próximo ao meu ouvido. Era impossível não cair na tentação de suas provocações, mas eu precisava resistir daquela vez. Não conseguiria me focar em outra coisa enquanto não contasse a novidade para ele, e minha ansiedade estava me matando)

B-Mas antes...(Toquei em seus ombros e o fiz olhar para mim.) Preciso te dar um presente.

A-Um presente?

B-Sim.

A-Eu não estava esperando por isso.(sorriu.)

B-É uma surpresa. Espere aqui.

A-Preciso fechar os olhos?

B-Não. Eu já volto.(Saí da cozinha e peguei uma caixinha dentro da sacola sobre a mesa. Coloquei os braços para trás e voltei para o cômodo.)

A-Não vá me dizer que preciso adivinhar o que é?(Ele riu notando que eu escondia o presente.)

B-Não, não vai ser preciso. Na verdade, o presente em si já vai exigir um pouco de você. Mas tenho certeza que não vai me decepcionar.

A-Está me deixando curioso.

B-Primeiro, preciso desmentir algo que falei.

A-O que?(O sorriso dele diminuiu.)

B-Eu não estava com a Marcela.

A-Não?

B-Não. Estava em outro lugar. Fui até a loja que você comprou minha pulseira, e comprei outro pingente.(ele olhou para minha pulseira, provavelmente pensando que eu também estava inventando aquilo já que tinha o mesmo numero de pingente que ele me deu.) E esse é o seu presente. Quero que abra e coloque para mim.(Falei tirando as mãos detrás das costas e mostrando a caixinha para ele.)

A-Então você conseguiu encontrar um pingente que simboliza uma promoção?(Ele riu pegando a caixinha. Sorri divertida e me escorei ao balcão.)

B-Abra para você ver.(Observei ele abrir a caixinha, e meu coração disparou esperando sua reação. Ele a encarou por alguns segundos, mas pareceu não entender. Eu esperava que isso fosse acontecer assim que ele notasse o pingente em forma de uma delicada mamadeira. Depois de alguns segundos, ele ergueu a cabeça para me olhar confuso.)

A-O que é isso?

B-Não conseguiu distinguir?(Perguntei rindo.)

A-Sim, mas... Uma mamadeira?

B-Francamente, eu pensei que você perceberia mais rápido.(Falei divertida.) Não vem nada à sua cabeça quando olha para esse pingente? Acho que está se esquecendo de que quando me deu a pulseira, você disse que os pingentes significavam momentos inesquecíveis que passamos juntos. Não vejo um momento mais inesquecível do que esse representado por essa mamadeira.(Demorou, mas Armando enfim caiu da na real, e naquele momento eu desejei que tivesse uma câmera para filmar sua reação. Marcela e Catalina com certeza iriam adorar ver a cara de espanto e surpresa que ele fez ao me olhar. Mas, mesmo que houvessem maneiras de gravar aquele momento, eu não conseguiria, porque no mesmo instante meus olhos encheram-se de lágrimas.)

A-Você... Isso... É... Betty?

B-Sim?(Perguntei sorridente, enquanto esperava ele se estabilizar. Como uma adorável coincidência, no mesmo momento começou a tocar uma das minhas musicas favoritas na rádio. "Can't help falling in love" era minha musica favorita do Elvis, e foi o momento perfeito para que ela começasse a tocar. Armando deu um passo à frente ainda me olhando surpreso e incrédulo, e não pude deixar de rir ao ver sua reação.)

A-Você... Está...?(perguntou com a voz embargada e os olhos marejados.)

B-Sim.(Respondi tocando em seu rosto, com os olhos embaçados pelas lágrimas de felicidade.) Eu estou!(ele suspirou tão alto, como se fosse um alívio ouvir aquilo. Como se ele esperasse por esse momento há tanto tempo. E de fato ele esperava. Eu só não sabia que sua reação seria tão engraçada e ao mesmo tempo emocionante.)

A-Nós... Vamos...?(perguntou em frase picada.)

B-Sim, meu amor. Nós vamos! (Falei rindo. Imediatamente Armando abriu um largo sorriso e me puxou para um abraço. O abraço mais apertado, sincero e repleto de sentimentos que ele já havia me dado em todo o tempo que estávamos juntos. Retribuí o abraço na mesma intensidade, mas não demorou muito tempo para ele me olhar emocionado e me surpreender com um beijo demorado e intenso.)

A-Eu te amo. Muito.(disse com os lábios próximos aos meus.)

B-Eu também te amo muito.(Sorri emocionada.) Agora sim podemos comemorar com dignidade.

A-Mas nada de vinho para você.(Eu gargalhei.)

B-Justo.(ele riu e novamente me puxou para um abraço, mas dessa vez ele me tirou do chão. Sua reação foi ainda melhor do que eu esperava, e naquele momento eu percebi que estávamos totalmente prontos para formarmos nossa família, apenas pelo amor que sentíamos um pelo outro.)



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