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História Anjo da Morte - O começo do problema.


Escrita por: minncandy

Notas do Autor


Oi gente, sou eu. (não que vocês saibam quem sou eu). Mas eu tô aqui, com uma fic nova e uma história um tanto peculiar e complicadinha. Só crio coisa difícil, aiaiai viu? ÉÉÉÉ.. Então, não me perguntem como cheguei a encontrar esse tema. Sou uma pessoa muito aleatória. (E ela parece com a minha comic preferida sz)

Eu espero muito que não flop, pq só Deus eu sei o trabalho q me deu pra escrever isso aqui viu? WHFDIOWEHFIO
A minha escrita não é tão boa, eu sei. Mas eu dou sempre o meu melhor pra escrever algo legal e interessante, mesmo que as vezes eu surte e queira apagar tudo e sumir do Spirit :(

Espero de coração que gostem. Aproveitem.

Capítulo 1 - O começo do problema.


  

O clima extremamente quente junto ao céu cinza de Seoul contrastavam com a expressão de todas as pessoas que se encontravam feridas ou mortas na rua naquele momento. No jornal local, as notícias sobre o acidente que ocorrera agora há pouco eram as únicas coisas citadas. Os Relatos das pessoas que se encontravam ali durante o incidente e tiveram a sorte de não saírem feridas eram compartilhados na internet a cada segundo que se passava.    

  

  

— E-eu não estava acreditando quando vi minha filha jogada no meio de todo aquele entulho. — disse a mulher em prantos enquanto olhava fixamente o chão, rodeada pelos repórteres. — Foi tudo muito... muito rápido. Tudo escureceu e de um segundo para outro as coisas começaram a ser arremessadas para o alto. Daí... — caiu em prantos mais uma vez. — Daí... o caminhão explodiu. Tinha tanta gente morta, tanta gente gritando. Minha filha... ela quis sair do carro para ver o que estava acontecendo, estava ao lado do caminhão. — respirou fundo, secando parte de suas lágrimas. — Foram uns 5 segundos, ela ainda estava olhando em volta. E ele explodiu, explodiu em frente à minha filha. Eu não acreditei quando vi. Ela estava jogada lá, no meio do entulho, no meio dos pedaços do caminhão. — terminou.   

  

  

— Este foi o relato de Park Sunghee, uma das poucas pessoas que sobreviveram ao acidente ainda inexplicado em Busan. Sung-Hee viu a filha de 15 anos morrer em sua frente. Ainda procuramos respostas e explicações sobre o que aconteceu. A justiça terá de ser feita. — a repórter exclamou com os olhos fixados na câmera diante a si, claramente revoltada com tudo o que aconteceu. — Sou Kim Saeron, do jornal local da cidade de Busan. Que todos tenham uma ótima noite, apesar de tudo. — completou, e ouviu-se um pequeno “corta” atrás da câmera.   

  

  

Saiu de onde estava e seguiu até a mulher que fora entrevistada há pouco, a mesma encontrava-se recostada em um carro tratando de um pequeno machucado em sua mão. Saeron encostou-se ao lado dela, enlaçando seu braço na cintura da mesma, em forma de conforto. Poucos minutos depois a mais velha já estava chorando novamente.   

  

  

— E agora, Saeron?! O-o que eu faço? E o Jimin? Deus! Ele vai morrer quando souber sobre Ahra... por que isso está acontecendo? Por que l-logo agora?! — gritava, aos prantos, puxando seus cabelos e se abaixando de joelhos no chão. — Estávamos indo para a formatura de Jimin… Ele está esperando a gente. O q-que eu faço?   

  

  

Saeron, assim como Sunghee, estava desesperada demais para pensar em algo. Sua família e a de Park são amigas há muito tempo. Ahra era a melhor dongsaeng do mundo. — Fica calma, Sunghee, a gente vai conseguir dar um jeito nisso. Jimin não deve saber de nada, pelo menos ainda não. — logo abraçou-a.   

  

  

Porém, Jimin neste exato momento, estava jogado no chão, havia visto sua mãe no noticiário, havia escutado toda a história, e sabia o que havia acontecido.   

  

  

— Ahra, eu me formei em arquitetura... e você se foi sabendo disso. M-me perdoe pela briga de ontem, eu não tive tempo de me desculpar... — sussurrou ao vento, orando internamente pra que ela ouvisse o que Jimin falava. — Eu te amo tanto, irmã...   

  

  

  

5 meses depois.   

  

  

  

Jungkook-ah, você lembra que eu me mudo para o apartamento ao lado hoje, né?! — perguntou no telefone entusiasmado e ansioso para a sua mudança, se deslocaria hoje para Seoul, no apartamento um andar à baixo ao de seu melhor amigo.   

  

  

E como eu não lembraria, Jimin?! Você me ligou todos os dias da semana apenas para me lembrar disso. — afirmou enquanto fazia desenhos imaginários em sua calça. — Você... vai chegar que horas?    

  

  

Hum... — observou o lado de fora da janela do ônibus à procura de alguma placa que indicasse onde estava naquele momento. — Eu não faço a mínima ideia de onde o ônibus está, Kookie. Mas acredito que não falte muito. — checou o horário atual em seu celular. — São três horas agora, então, antes das 16:30 eu estou aí.    

  

Ah, entendi. Jiminnie, eu vou precisar desligar. Qualquer coisa me mande uma mensagem. Amo você e chegue bem até aqui.   

  

Também amo você, Kookie. Vou chegar bem, te prometo. Tchau. — encerrou a chamada, encostando sua cabeça no tecido duro da poltrona, junto de um filme que se passava em sua mente, o lembrando de tudo que ele passou nos últimos 5 meses.   

  

  

Jimin arrumou um emprego em antecedência, próximo ao lugar em que iria morar. Desde a morte de sua irmã, durante aquele bizarro e ainda inexplicado acidente, ele tentara o seu melhor em tudo o que fazia. Devido à quantidade de memórias que sua casa lhe trazia, além da falta de empregos que eram de seu agrado em Busan, sua mãe o ajudou a alugar um apartamento em Seoul, e hoje ele se mudaria.   

 

 

 

{ . . . }

 

 

 

Busan nunca esteve tão melancólica, a cidade onde a noite era impossível de se esquecer pela quantidade de gente em busca de seus sonhos, fora destruída emocionalmente. A quantidade de mortes foi absurda, como um acidente sem qualquer explicação conseguiu fazer todo esse estrago? Havia algo errado, nenhum ser humano seria capaz de arremessar carros e pessoas ao vento, nenhum ser vivo existente conseguiria isso.    

  

  

“Tudo corria bem na avenida principal de Busan. Dia de sábado, muitos carros na rua, assim como o esperado. Aquele dia a formatura de umas das maiores faculdades da Coréia iria acontecer. Medicina, Direito, Veterinária, Arquitetura… Centenas de jovens iriam se formar. Hoje, dia vinte e cinco de novembro de dois mil e dezesseis.   

  

As milhares de luzes — apesar de estar de dia — enfeitavam a rua principal. O clima era abafado e o céu cinza, mas aquilo não havia passado no jornal do tempo. Hoje não faria Sol? O vento percorria o ouvido das pessoas como se sussurrasse: “Saia daí…” “Fuja…”    

  

Mas ninguém sequer notou.   

  

Esperavam um dia tranquilo.   

  

As luzes da cidade se apagaram, por um milésimo de segundo e se acenderam de novo. O vento parou e o clima esquentou. Todas as luzes se apagaram novamente. 1, 2, 3, 4, 5… se acenderam. Uma pessoa desmaiada. As luzes se apagaram. Mais uma vez. Da última, cinco minutos de apagão. Acenderam-se. Logo após, coisas começaram a ser arremessadas. Não havia furacão, terremoto ou qualquer coisa do tipo. Não havia explicação qualquer para aquilo.   

  

Carros, pessoas, letreiros, placas, pedaços de madeira, bicicletas, qualquer coisa que estivesse ao lado de fora naquele momento voaria longe. Quando acabou, um caminhão explodiu. Dentro do caminhão haviam duas pessoas, elas estavam transportando flores até uma floricultura. Flores essas que agora estão mortas, assim como quase todas as pessoas que estavam ali.   

  

O acontecido se estendeu por quatro ruas. O total de mortes foi de 3.204.    

Apenas 234 pessoas saíram feridas.    

  

Ainda não foi descoberto o porquê daquilo. ”   

  

  

  

{ . . . }   

  

  

  

Jungkook andava de um lado para o outro na sala de estar. Jimin o tinha dito que chegaria por volta das 16:30, mas já eram quase sete da noite e nenhum sinal sequer dele. Passou no apartamento do mesmo e ninguém estava lá dentro; “Será que aconteceu algo com ele? ”. Essa pergunta se passava na cabeça do moreno a cada segundo. Desde a morte da irmã de Jimin, Jungkook passou a tomar mais cuidado e ser mais atencioso com o outro, pois ele passou todos esses meses se afundado cada vez mais na depressão e mal saia de casa, o moreno passava noites em claro pensando como estaria Jimin, já que os dois não se viam há um longo tempo e apenas se falavam por vídeos-chamadas, ligações e mensagens.  

 

 

Os dois se conhecem desde pirralhos, todos em volta sabem que eles seriam inseparáveis desde o dia em que se conheceram, e a amizade de ambos realmente se tornou uma coisa incrível. Já não se viam há mais de dois anos, já que Jungkook — o mais novo entre eles —  se mudara para começar a universidade em Seoul, longe de Busan e longe de seus parentes. O moreno costumava morar com sua namorada Haenim, mas acabaram terminando e cada um ficou em seu próprio lado.   

  

  

Jungkook não tem um bom relacionamento com sua família, sendo considerado a “Ovelha Negra”. Ele acha todo mundo muito misterioso e isso lhe dá arrepios desde pequenino. Ele ama seu tio com todo o amor do mundo, já que o moço de trinta e poucos anos fora o único a compreender a pequena cabeça do sobrinho, pois, quando  menor, ele pensava do mesmo modo. Seus familiares escondem uma coisa que mais cedo ou mais tarde Jungkook teria de descobrir, não importa o quão ruim aquilo fosse. Sua mãe o teve cedo demais. Com dezessete anos descobriu sua gravidez junto à um homem de 25, do qual agora estão separados e sem contato algum.  

  

  

Da última vez que Jimin e Jungkook se viram, as lágrimas podiam afogar cada um naquela cidade, a respiração pesada dos dois podia ser considerada o som mais alto que já fora ouvido em anos. Os abraços duraram muito mais que apenas cinco minutos, a saudade já doía no coração de cada um, cresceram juntos e nunca imaginaram um dia se separar.

 

 

Jimin passou semanas culpando Jungkook por ir para longe, fazia birra e chorava todos os dias. Ligava dizendo: “Você me deixou sozinho aqui! Eu espero que você morra!”. E de fato estava. Jimin nunca esteve tão sozinho. Durante um ano inteiro não se falaram. Deixava na caixa de mensagens inúmeros áudios todos os dias. “Por que me deixou sozinho, Jeon? ”; “Por favor, volte pra Busan. Eu não tenho amigos .”; “Vi que está namorando, ela é realmente bonita, você tem sorte.Jungkook”.  ”; “Hoseok é o seu novo melhor amigo, não é? Sinto saudades de você, Jungkook."

 

Nenhuma resposta, para nenhuma mensagem.

 

Era como se Jimin falasse com ele mesmo, entende?

 

 

Como se Jungkook estivesse morto. E Jimin ligava para uma pessoa morta.

 

E assim se seguiu...

 

Até Jungkook não aguentar mais ignorar o outro, era difícil. Mas todas aquelas mensagens dizendo a ele que morra, que suma e que não apareça mais em sua vida, o fizeram mal. Jungkook começou a se sentir um ser humano horrível. Não deveria ter deixado Jimin sozinho em Busan, deveria?  

 

“Me desculpe por não ter respondido suas mensagens. Eu estava ocupado com a faculdade. ” Era mentira. Mas foi o que disse. E devido à essa mentira, voltaram a se falar.  

 

 

 

{ . . . }

 

 

 

Jungkook cochilava no chão da sala quando fora despertado por um barulho insuportável vindo da porta da frente, animou-se rapidamente, já que de acordo com seus sentidos, era Jimin. Ele havia chegado e iriam se ver depois de dois longos anos separados. Seguiu até o quarto, pegou uma blusa qualquer, devido ao frio que fazia naquela noite, e jogou os fios do cabelo para trás, em uma tentativa falha de arrumar aquele ninho de pássaros.

 

— Já estou indo! — Gritou, ainda procurando sua chave. “Minha nossa, ela estava na minha mão agora há pouco, como eu consigo sumir com as coisas tão fácil assim? ” — Jimin, é você? — perguntou quando parou em frente à porta, olhando através do olho mágico.

 

— Sou eu, Jeon. Abre logo essa porta, ‘tá frio aqui no corredor.

 

Girou a chave e aos poucos abriu a porta, estava com medo e ansioso, sabia que Jimin havia mudado muito, tanto de jeito, quanto de aparência. Afinal, isto também aconteceu com Jungkook, o moreno amadurecera muito e agora estava virando um homem. Quando abriu a porta se assustou com o que viu. Jimin estava lindo, havia mudado a cor do cabelo e ganhado mais corpo, agora tinha uma tatuagem em seu pulso e outra em seu pescoço. Quase não acreditou no que vira.

 

— Nossa... mudou em tudo, menos na altura, né, repolho? — riu, acabara de se lembrar daquele apelido que não falava há tanto tempo, sentindo um rio de felicidade encher seu coração e deixar tudo aquecido.  

 

— Cala a boca, Perna Longa! Não vai me dar um abraço? — abriu os braços, esperando Jungkook dar começo ao ato.

 

Se abraçaram como nunca haviam se abraçado antes. O calor dos dois corpos deixava tudo tão aconchegante... Algo como: “Vem, entra, você já é de casa... Mas não repara na bagunça não”. A respiração descompassada não estava indo de acordo com a velocidade do abraço, mas do que faria diferença? Estavam ali, os dois, como antigamente. Jungkook sentiu Jimin fungar em seu peito, ele estava chorando. “Droga, por que é tão chorão, Jimin? ”.

 

— E-eu senti tanto a sua falta, Jeon... você não tem noção... por que me deixou sozinho? — falou quase que em um sussurro, apertando a camisa de Jungkook com suas mãozinhas, enquanto chorava de modo demasiadamente desesperado. — Não me deixe mais, por favor, eu te imploro. — levantou os olhos avermelhados até Jungkook.

 

— Me desculpa, Jiminnie. Eu precisei, precisei vir até aqui, crescer, amadurecer, estuda. — secava as lágrimas do outro. — Sh... eu ‘tô aqui com você agora. ‘Tá vendo? — segurou a mão de Jimin e pôs sobre seu coração. — Sentiu? Somos melhores amigos inseparáveis, lembra?

 

— Tudo bem... — saiu do abraço. — Me deixa entrar agora, ‘tô cansado, acabei de chegar do shopping. Só deixei minhas malas no apartamento agora. — disse entrando na casa e observando cada cantinho existente. — Uau, que casa bonita. Você esqueceu de me contar que era rico aqui em Seoul, Kookie-ah. — logo se jogando no sofá.

 

— Eu não sou rico, meus pa-. — parou para refletir no que o garoto havia dito antes de falar sobre a casa. — Você estava no shopping, Jimin?! — exclamou — Você não têm jeito mesmo, né? A sua mãe não caga dinheiro não, garoto! O que você comprou no shopping, Park Jimin?

 

— Fica calmo. Não comprei nada demais. Só roupa de frio. — contou simplista.

 

— Tudo bem... Mas não fica gastando dinheiro atoa, eu estou de olho em você. — se sentou no sofá ao lado de Jimin, apoiando a cabeça em seu ombro e olhando para ele. — ‘Tá com fome?  

 

— Hum... acho que sim.

 

— Como assim acha? Ou você não ‘tá, ou você ‘tá. — colocou a mão em um fio de cabelo branco que havia em sua cabeça. Não entendia o por quê, porém cada vez mais fios semelhantes surgiam em meio ao seu cabelo castanho. — Eu vou fazer algo pra você comer... Sua barriga ‘tá roncando.  

{ . . . }

— Jimin, vem cá, senta aqui. — se pronunciou, batendo de leve com a mão no assento ao seu lado em frente ao balcão da cozinha. — Eu fiz lamén. Poderia ter feito algo melhor, mas só tenho porcaria na geladeira. — riu.

Jimin se sentou na cadeira ao lado de Jungkook apoiando um dos cotovelos na mesa, suspirando longamente. — Faz muito tempo... né?

— Hum... Depende, o que faz muito tempo? — serviu os dois pratos à sua frente, em seguida entregando um dos pares de jeoggrak* ao Jimin.

— Que a gente come junto. Sabe? A última vez foi há muito tempo. Mas parece que foi ontem. — sorriu de lado ao notar a gargalhada que Jungkook havia dado. — Muita coisa mudou. É estranho.

Jungkook pensava sobre como tudo estava totalmente diferente, como Jimin havia acabado de dizer. E realmente estava. Afinal, quase se casou com alguém de má índole, iludido de que ela seria o amor de sua vida.

— Pois é... Muita coisa mudou.

Estava tudo indo muito bem para Jungkook, a conversa fluía bem e o clima no lugar — para ele — estava agradável. Porém notou algo estranho. Jimin abaixou a cabeça, deixando os pauzinhos de lado e parou de falar. Durante cinco longos minutos Jungkook percebeu que o mais velho estava prestes a chorar, mas segurava as lágrimas com toda sua força.

Contudo, Jungkook havia percebido os olhos vermelhos. — Jimin... o que foi? Por que choras? — estava ficando agitado, o nervosismo o percorria, lágrimas começaram a cair desesperadamente do olho do loiro. — J-Jimin? Não chora, senão eu vou chorar também. O que aconteceu? Me fala! Você começou a chorar tão de repente... — se desesperou segurando o braço de Jimin levemente.

— Não é n-nada, Jeon... — disse secando as lágrimas que insistiam em cair de seus olhinhos. — Uh, eu vou pra casa, ok? Amanhã nos vemos, talvez. Obrigado pela refeição, Kookie. — foi correndo até a porta, abrindo-a de modo desajeitado e saindo.

{ . . . }

Entrou em seu apartamento jogando os sapatos de lado, bufou ao ver a bagunça que a casa estava com todos aqueles móveis aleatórios e caixas espalhadas. Olhou o relógio e viu que já eram mais de duas da manhã, riu de sua própria falta de atenção, não percebeu que o tempo havia passado tão rápido.  

Entrou em seu quarto sentindo a luz invadir seus olhos, fazendo-os arder como o inferno, afinal acabara de chorar como uma criança na casa de Jungkook. Apagou a luz e se jogou em sua cama, tentando raciocinar tudo o que havia acontecido agora há pouco. Ele fora fraco em ter deixado as lágrimas encherem seu rosto daquele jeito, muito fraco. Bem, isto é o que se passava na cabeça dele.

Todo o percurso da conversa durante o “jantar” fora contar sobre tudo o que havia acontecido nesses dois anos. Durante a conversa, Jimin percebeu o quanto Jungkook havia mudado, estava quase irreconhecível, assim como um estranho. O moreno iria se formar, havia arranjado uma namorada — apesar do término — e agora tinha seu novo melhor amigo. Tinha um apartamento legal, um gatinho e não estava sendo carinhoso com ele do jeito que costumava ser. Mas Jimin não tinha nada além de sua mãe e sua irmã. Mesmo que agora apenas sua mãe. Jungkook havia ido embora, levando consigo toda a felicidade do mais velho.

Isto fez o coração de Jimin se apertar em um nível extremo, os olhos encheram-se de água. Céus, por que crescer é tão difícil? Ele já não se lembra mais de como era a sensação de passar toda a tarde jogando vídeo game e falando sobre garotas com Jungkook. Era tudo tão inacreditável, queria voltar no tempo. Os olhos do pequeno se transbordaram em meio às lágrimas das quais nunca deixaria cair, sequer uma gota. Mas foi em vão, porque logo estava chorando, o que Jungkook notou.

Caiu no sono se culpando por ter sido tão estupido e ter deixado Jungkook sozinho, sem explicações. Esta não seria a melhor noite da vida de nenhum dos dois.

{ . . . }

Jungkook viu Jimin sair de sua casa e manteve a maior feição de sem amigos do universo, fora bizarro ver ele começar a chorar de uma hora para outra. Naquele momento, Jungkook começou a se desesperar junto e ficou à centímetros do choro. Quem visse aquela cena de longe, certamente pensaria que saíram de um hospício. Despertou de seus pensamentos quando ouviu uma mensagem chegar em seu celular.

Haenim (02:11 am):

Espero que você não tenha esquecido do nosso encontro amanhã.

Jungkook (02:12 am):

Eu não esqueci. Por favor não me mande mais mensagens, se quiser falar comigo me ligue.

Haenim (02:12 am):

Não haja assim Jungkook. Só quero o seu bem.

Jungkook (02:13):

Manipuladora. Será que não consegue deixar de lado essa sua personalidade horrível?

Haenim (02:13):

            Desculpa, Kookie. Talvez em uma próxima vida. Boa noite, neném.

 

Jogou o celular em cima da mesinha de centro e seguiu até a varanda, numa tentativa falha de espairecer a cabeça. Tudo lá fora estava tão quieto, entretanto na mente dele não era a mesma coisa. Decidiu ir dormir, teria que acordar cedo amanhã de um jeito ou de outro.

Deitou em sua cama observando o teto. “Será que ele já dorme?” pensou. “Talvez eu devesse enviar uma mensagem pra ele”.

Jungkook (02:36):

Jiminnie... Já está dormindo? Durma bem, anjinho.

Pegou no sono esperando a resposta.

“ — Jeon Jungkook, ora ou outra você terá de se juntar à nós, querido... — Disse de jeito afeminado o homem com cabelo preto como carvão que estava em frente a si, alisando seu abdômen. — Sua hora está chegando, e eu garanto-te que vais preferir ela à sua vida normal e humana.

Pelo pouco que conseguia ver, eles se encontravam em uma estrada. Uma longa estrada comum, onde muitos carros passavam, mas ninguém sequer os via, os notava ou os sentia ali. Um pesadelo tão real que sentia a textura dos fios de cabelo do belo homem à sua frente, como se estivesse de fato acontecendo.

O homem de beleza estonteante o deixava totalmente desnorteado e sem o senso do comum, sua consciência fora embora quando sentiu ser tocado lentamente pelas unhas, não tão grandes, do sujeito.

— Por que continua aparecendo nesses pesadelos? Eu já disse que não quero te seguir e não quero seguir teu caminho estúpido. — um puxão em seu cabelo fora dado pelo homem à sua frente. — Para com isso, some do meu pensamento.

— Kookie... Está no seu sangue, meu bem. Nem que eu faça magia, consigo te deixar... Além do mais, você me encantou tanto... — levantou lentamente o queixo de Jungkook usando seu indicador. — Tão lindo... — Jungkook sentiu seu pescoço ser chupado com maestria, por aquele ser estranho e desconhecido, que insistia em atormentar sua vida. — Você vai querer vir... Eu vou te fazer querer vir... — e então sumiu diante a si.

Agora Jungkook estava sozinho em meio à uma estrada lotada de carros, com um prazer carnal possuindo seu corpo. Desejava que o homem misterioso voltasse.”

Acordou no meio da manhã, ao que aparentavam ser sete horas, com a respiração afobada, descompassada e barulhenta. Havia tido aquele tipo de sonho de novo, não estava acreditando. Era como uma maldição, tudo parecia ser real demais, como se ele estivesse lá, andando em cima daquela rodovia, prestes a transar com um ser estranho. Tão humano, mas tão medonho. Tudo tão realista.  

Se levantou indo ao banheiro, procurou por algum analgésico para dor diferente do que já tomava, pois, a sensação de pontada que sentia em suas costas havia aumentado perceptivelmente. Remédios já não adiantavam mais e consultas no médio apenas serviam para jogar seu dinheiro fora. Enfiou o medicamento goela abaixo, bebendo dois copos cheios de água.

Voltou para o seu quarto e estava prestes a se deitar na cama quando viu uma pequena mancha de sangue em seu lençol.

— Mas que merda é essa? — passou a mão em cima da coisa vermelha no intuito de ver se estava seca, porém teve seu dedo manchado concluindo que não. — Eu não estou nem machucado...  

Uma pontada muito mais forte que o normal.

Duas.

Três.

—A-ai... o que?! — passou a mão em suas costas, próximo à nuca, conseguiu ver mais sangue escorrer. — Merda! Que porra ‘tá acontecendo comigo?! — gritou.  

Correra até o banheiro, puxando a primeira toalha que vira e cobrindo o suposto ferimento, que não conseguia enxergar, em suas costas. Sangue e mais sangue continuava caindo, deixando Jungkook mais confuso, sem entender aquilo. Sentou-se no chão de seu quarto sentindo uma forte dor na nuca, fazendo-o contorcer-se em resposta.   

Levantou do chão e percorreu um caminho difícil até a sala. A dor estava descendo, sentia-se sendo rasgado, como se estivesse tendo seus órgãos arrancados para fora. Sua respiração começou a descompassar e se embaralhar em meio aos gemidos de dor. Desceu os olhos até o chão coberto por uma poça média de sangue e viu uma pena. Uma pena preta.

— Mas que caralho... — observava a pena atentamente. — Essa dor... alguém faz ela parar... — fazia toda a força possível para manter-se sentado. Mas aquilo estava começando a lhe dar tonturas enquanto sua dor só aumentava.

Com muita paciência e força de vontade, levantou-se seguindo até a cozinha, cada vez mais devagar. Seu objetivo era pegar um copo de água, mas tudo o que conseguira fora derrubar uma garrafa de leite no chão. Caiu sobre o mesmo, sem forças nas pernas e com os braços moles, tentando segurar a caixa normalmente. Bebeu um gole grande daquele leite e um alivio veio. Durante cinco minutos sentiu-se bem, mas ainda impossibilitado de se levantar daquele chão.

Passados os minutos, a dor voltou. Mais forte, ardente e pulsante do que antes.

Ardia como o inferno.

Achava que ia morrer ali mesmo.  

Sem ninguém para o ajudar.

Jimin de certo estava dormindo.

E a dor não passava.

Estava sendo rasgado por dentro.

 

Céus, alguém tire aquele homem dali.

Por quinze longos minutos Jungkook agonizou no chão, sentindo algo sair de dentro dele, o queimando por completo.

Usou o resto de sua força para tentar pegar o celular que estava um pouco longe, enviando uma mensagem à Jimin.

Jungkook (07:43):

Jimin, venja aqui

Jungkook (07:45):

Ajuda, pro favor

Jungkook (07:47):

Tem uma chave, dntro do vsao de flor em frente a minha porta, por favor

Jungkook (07:47):

Rápido

— A-alguém… Merda! Me ajudem. — gritou, desesperado, mesmo sabendo que ninguém iria ouvir. — Dói tanto… d-dói muito. — por fim, caiu desacordado no chão do banheiro de seu apartamento.

Sozinho, com frio... e com pequenas asas negras que acabaram de nascer em suas costas.

 


Notas Finais


1: jeoggrak são os "pauzinhos" coreanos (sim, apesar de tudo, não é hashi que se diz. fui iludida ;-;

comentem, por favor, se devo continuar e o que acharam do capítulo. comentários sobre a minha escrita são super bem-vindos.

betado 21/09


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