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História Anjos Caídos - Monstro Invisível Parte 1


Escrita por: MissQueenBee

Notas do Autor


Chegay!

O capítulo de hoje será postado em 2 partes já que a história começa a caminhar para os fatos narrados no prólogo. Mas ainda não é essa semana kkkk ...segurem os forninhos.

Então, vamos lá.

Boa Leitura, Amores!

Capítulo 6 - Monstro Invisível Parte 1


Fanfic / Fanfiction Anjos Caídos - Monstro Invisível Parte 1

Bang Bang

 

— Olha para a plateia. — Minhyuk dizia do palco, instruindo a dançarina ao seu lado  — Cruza a perna na barra de aço e gira.

O aparelho de som próximo a eles, prosseguia tocando Shot Me Down, sendo ela a trilha sonora escolhida para a coreografia que ele havia criado especialmente para o aniversário de Papa Jae e que Mila, uma das dançarinas da boate iria performar.

— Deslize pela barra e abra um lindo espacate, bem devagar.  — falava e demonstrava a forma correta de fazer. — Os clientes adoram isso e o Papa também. Remete a algo sexual, porque mostra a sua flexibilidade e é como se você estivesse pronta para sentar no pau deles, entende?

— Sim — ela dizia impressionada com a habilidade do coreógrafo. Minhyuk entendia tudo sobre dança e sobre como seduzir homens.

A batida mais pesada da música começava e a dança acompanhava o ritmo que embora forte era também sensual.  

A letra contava a história de duas pessoas em um longo relacionamento, mas com um final trágico, tendo em vista que um deles mata o outro com dois tiros.

 

Bang bang, ele atirou em mim

Bang bang, eu caí no chão

Bang bang, aquele som horrível

Bang bang, meu amor atirou em mim

 

A letra triste e fatalista passava despercebida para a grande maioria por conta da batida animada que David Guetta havia dado a sua versão, mas não para Minhyuk. Ele sempre sentia uma grande dor quando a escutava, sobretudo quando fazia isso sozinho em seu apartamento.

Bastava começar aquela introdução western que ele sentia um gelar na espinha e o arrepiar na derme. Apesar disso, gostava de ouví-la.

Coreografar a música foi  como uma primeira lição de casa após passar  pelo analista de Hyungwon. O homem o incentivou a encarar seus medos, a olhar para eles e buscar meios de resolvê-los. Performar aquela canção seria libertador, mas havia as restrições do amante francês sobre se exibir em  público, então ele apenas coreografou, colocando nela toda a força que gostaria de ter para fazer com o francês exatamente o que aquela pessoa fez na música.

 

Bang bang


Minhyuk poderia conjecturar sobre ser ele a apertar o gatilho que o libertaria de Étienne, mas a música não era cantada por quem atirou e sim por quem foi alvejado. Também não dizia se aquele que sofreu o atentado faleceu, mas de qualquer forma, sentir medo de alguém que dormia com ele, também lhe trazia a agoniante sensação de estar morrendo aos poucos.   

— Minhyuk! — um dos funcionários interrompia o ensaio.—  Woojin está te chamando na sala dele .

Agradeceu o recado e olhou de onde estava para a sala do gerente próximo aos camarotes no segundo andar. Todas as luzes estavam apagadas, o que não fazia muito sentido.

De qualquer forma, não questionou a informação, pediu que Mila continuasse a ensaiar ao mesmo tempo em que tirava dos pés os sapatos de salto alto que possuíam grande importância para o ar sensual que a coreografia pedia. Estava acostumado a usar saltos. Quando performava como Sky, um dos estilos de dança que ele fazia além do pole dance era o stilleto. Ainda assim, a fim de atender ao chamado do gerente, preferiu ir em pés descalços para chegar mais rápido.

Corredores vazios costumavam assustar o michê, mas ele não tinha outra opção senão encarar aquele trajeto até a sala onde fora solicitado. Passou pela primeira porta de um dos camarotes, depois pela segunda e quando cruzava a terceira, ouviu o ranger agudo da madeira, indicando que uma delas se abria de repente.

De dentro do camarote saiu um vulto que  o puxou para dentro, tampando a sua boca.

O coração do michê acelerou com o susto e impossibilitado de pedir por socorro, via seu corpo girar para dentro da sala,  parando de costas para a porta mas de frente para o seu sequestrador ocasional.

—  Jooheon?! — perguntava aliviado e irritado. — O que pensa que está fazendo? — dava tapas na cabeça dele.

O traficante segurou os braços de Minhyuk, prendendo os dois na porta e os juntando acima da cabeça.

— Você é inacreditável.— o michê disse em um meio sorriso. — Por que está fazendo isso?

— Porque senti a sua falta. — disse sem a menor cerimônia.

As palavras surpreenderam Minhyuk. A boca se abriu de leve numa reação inesperada. Jooheon se aproximou o beijando devagar com as mãos dele ainda presas no alto da cabeça. Se afastaram lentamente, ainda sentindo os lábios um do outro.

— Não é seguro nos encontrarmos aqui, Jooheon.

— Eu sei. Mas era a única forma  de te ver. Fazem cinco dias desde a última vez que te toquei. — falava passando as mãos pelo rosto do outro.

— Você...contou os dias? — perguntou com um semblante bobo no rosto.

— Você não?

O michê sorriu pequeno, puxando o homem à sua frente pela camisa em um beijo demorado e intenso.

As mãos de Jooheon seguravam o rosto de Minhyuk com força. Era como se não quisesse que nada e ninguém o levasse dali nem o tirasse dele.

A necessidade que sentiam de se tocarem ficava cada vez mais evidente, embora ainda não soubessem ou sequer refletissem de uma maneira consciente sobre o que estava rolando entre eles.

Os lábios se afastaram ainda que relutantes. Minhyuk encostou a cabeça na porta, olhando os lábios pequenos e cheios do outro reluzir com a umidade.

— Você desapareceu da boate  depois daquele dia.— Minhyuk disse em um tom magoado.

— Eu preciso fazer dinheiro e  meu lucro não está aqui dentro e sim lá fora com o bando de playboys que vivem nessa cidade.

— Eu sei, mas se continuar trabalhando tanto, vai acabar roubando o lugar do Woojin.  — zombou.

— Talvez seja esse o plano.   — falava olhando diretamente para o michê.

Em silêncio a dupla se encarava por alguns segundos.

Jooheon mostrava que falava aquilo a sério, para a surpresa de Minhyuk que  ainda não tinha conhecido aquele lado frio e ambicioso.

— Suas expectativas são altas nesse negócio. É quase como se já tivesse vindo para cá com isso em mente.

O rosto do que ouvia denunciava pouca coisa. Apenas em olhar a reação de Jooheon, não era possível dizer se Minhyuk estava certo.  

Por dentro, o traficante não podia deixar de admirar o poder de observação daquele homem perfeito diante de si. Ele fazia por merecer ter a sua resposta, mas quando tentou lhe falar, os dois ouviram movimentação e murmúrios no corredor.

— Falando no diabo...— Jooheon disse.

— Shh!

O michê pôs o dedo indicador nos lábios do traficante. A intenção era manter o máximo de silêncio até que Woojin, seu segurança e a secretária passassem pela sala, mas Jooheon parecia menos preocupado com o flagrante.

Tomou a mão de Minhyuk nas suas e engoliu o dedo que ele usava para silenciá-lo, chupando devagar com o rosto carregado de tesão.

Minhyuk sentiu um comichão no baixo ventre e a tensão da situação o deixava com uma ponta de excitação absurda. 

O trio desapareceu entrando na sala do gerente, para alívio de Minhyuk. Ao mesmo tempo, aquela aparição o confundia. Se Woojin acabava de chegar na boate com a sua comitiva, não poderia ter sido ele a pessoa que lhe chamou como o funcionário lhe disse há alguns minutos.

Olhou para Jooheon apertando os olhos e cruzando os braços.

— O que foi? — ele perguntou rindo. Sabia que tinha sido descoberto.

— Como você é sujo! Não se pode confiar em mais ninguém nesse mundo .— deu um novo tapa, agora no ombro. — Eu preciso ir. Tenho que terminar de ensaiar a Mila.— pôs a mão na porta, mas Jooheon o deteve.

— Ei! Eu tenho uns amigos com um bar em Mok dong. O que acha de irmos até lá hoje a noite?

Minhyuk se virou lento para a direção do orador.

— Nós dois? Juntos? — disse incrédulo.

— Sim!

— Você está dizendo que quer aparecer comigo em público? — prosseguiu buscando uma certeza no que ouvia.

Um fato sobre a vida daquele michê era que nunca antes, alguém o havia feito um convite para que saíssem em local público.

Quando se viu apaixonado pela primeira vez, era só um garoto de 14 anos em Incheon. Os dois eram da mesma sala e o menino correspondia a ele, mas se achavam jovens demais para assumir qualquer coisa. Mais velho, teve alguns encontros furtivos e em nenhum deles lhe sugeriam qualquer outra programação além de foder em algum lugar. 

A forma expansiva e afeminada de Minhyuk sempre foi usada como uma desculpa para justificar as recusas, já que os típicos padrões com quem saía, não gostavam de quem não sabia ser discreto.  

Após se tornar garoto de programa, circular com os clientes era algo quase impossível de acontecer. Apenas Hyungwon fazia esse tipo de coisa, participando com os mesmos de cafés, almoços e jantares em hotéis de luxo espalhados pela cidade.

No entendimento do amigo, isso evitava que o fizessem de psicólogo na hora da transa. Mas era injusto se comparar a ele. Hyungwon era um homem seguro, além de carregar aquela ingrata beleza. Qualquer pessoa adoraria aparecer ao lado dele em qualquer lugar.

— Minhyuk. Ainda está aqui? — o outro estalou os dedos em frente aos olhos perdidos.

— Eu me distrai.

— Então...qual é a resposta?

Ele sorriu. Mal podia acreditar que aquilo estava acontecendo. Nem mesmo Étienne circulava com ele para evitar ser descoberto e sequer vivia no mesmo país.

O sorriso que acompanharia a afirmação morria aos poucos nos lábios.

— Talvez não seja tão simples. Eu preciso de um plano pra sair de casa sem  ser seguido pela Mari-Ah.

— Quem ?

— A presidente das Celestias, o meu fandom.

— O que é um fandom?

— Meu Deus! Em que mundo você vive? Não tem nenhum ídolo?

Jooheon permaneceu com o olhar curioso para o outro. Ele realmente não sabia o que era aquilo.

— Eu sou um dançarino performático e as minhas apresentações me renderam alguns fãs que criaram esse grupo de pessoas que amam me ver dançar. Infelizmente eu não me apresento mais e apesar disso, eles ainda me acompanham na boate. Sou muito grato por esse apoio, mas a presidente desse grupo é um pouco... obcecada por mim. Ela me segue para todo o lugar, mexe no meu lixo, arruma emprego em companhias telefônicas para ter acesso às minhas informações pessoais e por aí vai.

— Isso é doentio.

— Sim, e é por isso que eu preciso ter um plano  para sair. Se ela me ver pode tirar fotos e acabar postan...— se conteve.

—  Se ela é  a líder  de um grupo de pessoas que te admiram, então,  não vai fazer nada que te  ponha em risco.

— Não tenha tanta certeza. — disse, se referindo mentalmente a postagem que Mari-Ah fez na noite  em que os dois terminaram juntos no banheiro.

— Aconteceu alguma coisa para você pensar assim? — perguntou atento a mudança no rosto de Minhyuk.

Aconteceu....mas ele não podia dizer.

Seria honesto de sua parte revelar naquela hora a Jooheon que uma foto  dele fumando em frente a boate, ilustrava parte do perfil de seu fandom no Instagram, mas explicar aquela atitude insana da excêntrica Mari-Ah, poderia fazer com que ele se afastasse.

Dentro de si, o michê se julgava um grande filho da puta egoísta, mas se furtou aquele sentimento porque não queria lhe dar motivos para ir embora, levando consigo toda a esperança e  a alegria que lhe deu nesses últimos dias.

Olhou de volta para o homem diante de dele, se pensasse mais sobre  esse assunto acabaria desistindo de tudo. Respirou fundo e sem pensar muito disse:

— Eu vou com você.

Jooheon sorriu, dando passos leves para frente. Minhyuk foi para trás se encostando mais a porta e esperando o beijo que veio a seguir.

Envolveu o traficante em um abraço forte, recebendo a língua dele dentro de sua boca. Estava feliz e era estranho se sentir assim, lhe dava medo, mas ele não estava disposto a abrir mão daquilo. Não, naquele momento.

 

 

*

 

Minhyuk:

SOS...Preciso que me dê cobertura hoje.

 

A mensagem chegou no novo celular de Hyungwon alguns segundos depois de enviada. O michê não percebeu o barulho discreto da notificação pois  estava naquele exato instante fodendo um de seus clientes.

O corpo magro investia com força dentro do homem embaixo dele. Era um dos regulares,ou seja, Hyungwon já estava  acostumado a manejar seu corpo.

Afundava o rosto na tez do homem enquanto metia nele. Gemeu. Os dois estavam muito perto de gozar.

O primeiro a se render foi o próprio cliente e após isso, Hyungwon retirou o pau de dentro dele, jogando a camisinha que usava fora e se tocava com uma mão enquanto a outra se apoiava na cama por cima do homem. Era dessa forma que o cliente gostava então era assim que ele fazia. Quando enfim, Hyungwon gozou sobre o corpo do homem embaixo de si, caiu para o lado em sinal de exaustão.

— Você vale cada centavo, Hyungwon. — disse o cliente segurando em seu queixo.

O michê correspondeu com um sorriso preguiçoso e forçado e assim que o homem se levantou da cama rumo a uma das suítes, ele revirou os olhos entediado.

Levantou-se vestindo o hobby  do hotel e caminhou para a sacada tirando um baseado da calça jogada no chão. Alí, com o corpo apoiado a grade, acendeu seu cigarro observando  a cidade em um pacífico dia de domingo.

Puxou o baseado com gosto, jogando a fumaça pra cabeça, na esperança de que a onda batesse tão logo quanto fosse possível. Soltava aquela neblina branca e de cheiro amadeirado pelo canto da boca, enquanto refletia sobre a conversa  que teve com o irmão há alguns dias, quando pediu que ele tocasse a música contida nas folhas de partitura que levou pra casa.

 

— Você também sentiu isso? — Hyungwon perguntou ao irmão assim que ele terminou o trecho de “Silhouette”.

A criança não respondeu com palavras. Olhou o irmão e assentiu, entendendo o que ele queria dizer.

— É uma música tão triste.— Hyungwon verbalizou.

— Como isso chegou nas suas mãos? — o menor perguntou devolvendo a partitura.

— Eu estava tomando café em um lugar e isso estava caído no chão. — era uma meia verdade.

Nam se pôs a cruzar os braços e parecia uma versão em miniatura do pai com aquela roupa engomada e os cabelos negros milimetricamente penteados para o lado e reluzindo com o gel.

— Wonho...— a criança refletiu ao falar. — Esse é realmente o nome do compositor?

— É o que está escrito aí. Você o conhece?

— Bom, eu conheço um Wonho pianista. Já ouvi falar muito sobre ele no Conservatório, mas é impossível que ele e esse compositor sejam a mesma pessoa.

— Por quê?

— Porque o Wonho que eu conheço morreu há anos e essa música foi composta há poucos dias.

Hyungwon olhou a partitura com mais cuidado e a data de sua criação trazia um dado no mínimo curioso. “Silhouette” foi composta há uma semana e no mesmo dia em que ele viu o pianista pela primeira vez ao esbarrar nele no hotel.

 

De volta a sua realidade, despertou com o barulho do cliente andando  dentro do quarto. Não se moveu de onde estava. Terminaria seu cigarro, pois aquele era um hábito sagrado para ele.

 

— Shin Hoseok...— Hyungwon dizia baixo se lembrando do nome com que ele se apresentou. — Wonho.  — puxou o cigarro mais uma vez trazendo a memória o nome na partitura. — Qual dos dois é você de verdade? — soprou a fumaça  devagar com a boca aberta e a neblina espessa subia, cobrindo seu rosto e desaparecendo no ar.

 

*


A mansão da família Chae estava repleta de pessoas. Todos eram funcionários da casa ou das empresas contratadas para a organização da festa beneficente promovida pela Senhora Chae.

A própria estava de um lado para o outro já muito bem trajada em seu vestido de alta costura, dando as últimas instruções para que a recepção de seus amigos que chegariam em breve, fosse das melhores.

Nam vestia um de seus terninhos bem engomados e combinava com a roupa do pai. Apenas Hyungwon destoava da família com sua roupa casual. Estava bem vestido. Na verdade, parecia uma celebridade do mundo da música mas aquele não era o tipo de vestimenta que a ocasião pedia. Ainda assim, adorava ir contra as expectativas da mãe, embora a essa altura, ela não tivesse mais nenhuma a respeito dele.

Minhyuk surgiu na porta sem ser anunciado. Os seguranças da casa já estavam acostumados a presença do michê e era quase como se fosse da família.

Ao vê-lo, Hyungwon andou até o amigo, o tomando pela mão e subindo para seu quarto.  

— Tive medo de que não visse a minha mensagem a tempo.— Minhyuk disse se sentando na cama espaçosa do amigo. — Por que demorou a responder?

— Eu estava com um cliente. — pegou uma caixa de jóias. — Qual devo usar? — perguntou dando algumas opções de brincos para o amigo escolher.

— Gosto desse com rubi.  Você fica bem em vermelho.

— Minha mãe vai odiar. Ela detesta quando uso coisas extravagantes.—  olhou para a imagem no espelho testando a jóias em uma das orelhas. — Vou usar  esse mesmo.

Assim que pôs os brincos se virou para o amigo, apoiando o corpo na penteadeira e cruzando os braços, olhou para ele de cima a baixo.

Minhyuk usava uma calça jeans lavada e colada ao corpo, com rasgos em diversas partes da perna. A blusa era uma regata branca comprida com alguma frase no meio dela. Calçava uma espécie de coturno de salto baixo e o rosto estava levemente maquiado. Tinha poucos adereços. Em uma das orelhas, apenas uma jóia simples e uma choker preta de camurça lhe envolvia o pescoço.

—  Até que você fica bem com esse estilo suburbano chique.

— Será que está muito simples? Quero dizer, eu não quis parecer arrogante usando nada caro, mas também não quero que Jooheon pense que não me esforcei pra ficar bonito pra ele.

— Você está lindo, relaxa. E pra quem é, tá bom. — riu debochado.

— Você é uma pessoa horrível.

— Eu sei. — pegou um molho de chaves e jogou para Minhyuk.— Mas veja que curioso, mesmo eu sendo essa pessoa horrível, ainda te ajudo a se encontrar com o seu amor bandido.  

Minhyuk pegou o objeto no ar e após olhar para as mãos, percebeu que aquela não era a chave do carro de Hyungwon.

— É de um dos carros do meu pai. — se antecipou a pergunta.

— Ele deixou a chave com você?

— Claro que não. Eu roubei.

Minhyuk suspirou. Roubar era quase que uma especialidade do amigo. Sempre teve métodos escusos para conseguir as coisas que não lhe chegavam naturalmente às mãos.

— Então vou embora antes que ele dê falta.

— Não se preocupe com isso hoje. Meu pai ficará ocupado na tentativa insana de que tudo ocorra bem na festa para que minha mãe não encha o saco dele.

— Te devolvo amanhã na boate.

O que estava em pé concordou silencioso para depois dizer:

— O carro é novo e os vidros são escuros. Nenhum de seus fãs poderá suspeitar que é você dentro dele.

— Perfeito. Eu vou deixar meu celular com você. Tire fotos durante a festa e poste nas minhas redes. Faça parecer que eu estou aqui.

— Tudo bem. Não terei mais nada de interessante pra fazer mesmo. — saiu de onde estava e foi até o amigo. — Quanto a você, seja cuidadoso.

Minhyuk se levantou da cama colocando a chave no bolso para em seguida caminhar até perto de Hyungwon.

— Divirta-se, Min. Seja livre! Nem que por uma noite.

Com um sorriso sutil, o aventureiro abraçou o amigo, o apertando em seu corpo. A cabeça de Minhyuk encostava no peito de Hyungwon, que denunciava as batidas fortes do coração. Era como se ele também estivesse feliz e tenso pela aventura do amigo no outro distrito, ou talvez, ele só quisesse viver algo semelhante.

Hyungwon era o ser mais solitário que Minhyuk conhecia depois dele próprio. Naquele abraço ele pôde desejar quase que em oração, que o amigo também pudesse encontrar alguém para lhe trazer essa mesma esperança que Jooheon lhe trouxe. Feito isto, levantou a cabeça do peito de Hyungwon, se afastou um pouco e deu selinho nos lábios grossos do amigo.

Minhyuk abandonou o abraço caminhando em direção a porta com um aperto no peito. Ao mesmo tempo que se sentia feliz, havia um pequeno resquício de receio por tudo que pretendia fazer naquela noite.

Encontrar Jooheon fora da boate significava dar um novo passo naquela loucura em que ele se metia cada vez mais. Além disso, havia uma pequena sensação de que o ato de vê-lo naquele dia, significa mais do que um encontro. Ele estava mudando o próprio destino ao ligar o carro do pai de Hyungwon e fugir de Gangnam com Jooheon. Inclusive, quando o viu parado no ponto onde combinaram de se encontrar, o coração bateu tão forte que poderia lhe sair do peito. Era como se estivesse de alguma forma selando o destino de ambos ali, e isso nem sempre poderia significar algo bom.

Jooheon abriu a porta do carro com seu belo sorriso. Viu Minhyuk ao volante e ele estava tão sexy que teve vontade de sufocá-lo em beijos assim que ele fez um ligeiro movimento de cabeça pedindo que entrasse no veículo.

Nunca antes, Jooheon esteve em um carro tão luxuoso na vida. Sentou-se no banco do carona, dando um beijo na testa de Minhyuk e o michê sorriu com aquele ato de carinho e respeito. Todo o medo que sentia e suas expectativas trágicas em se envolver com aquele homem caíram por terra. Queria apenas viver seu momento ao lado deste novo rapaz que surgiu na sua vida como se trazendo água para o meio de seu deserto.

Após receber as instruções do trajeto até Mok dong, Minhyuk registrou tudo no navegador e em pouco tempo os dois estariam longe de Gangnam Gu, mas muito perto da momentânea liberdade que tanto precisavam.

 

*

 

A festa beneficente corria conforme o esperado, para a alegria do Sr Chae.

A mãe de Hyungwon conversava com uma e outra amiga falsa pela mansão e elas sorriam e a respondiam de volta com a mesma afetação.

O michê ficou sozinho nos fundos da casa desde a saída de Minhyuk. Antes bateu algumas fotos da festa e postou na conta do  amigo no Instagram, forjando a sua presença nela. Com isso, esperava acobertar a fuga, fazendo com que os fãs e Étienne pensassem que ele estava lá.

Feita a sua parte da missão, saiu do meio daquelas pessoas e caminhou em direção ao jardim de labirinto que havia nos fundos da mansão.  Aquele lugar sempre fora o maior de seus esconderijos na infância. Por vezes, o pequeno Chae desaparecia na casa e os empregados sempre o encontrava no centro do labirinto verde, brincando ou chorando.

A ausência do herdeiro mais velho não foi  percebida por ninguém mais além do irmão mais novo, que ciente do esconderijo foi até o jardim na expectativa de encontrá-lo por lá.

Nam também conhecia todo o trajeto daquele labirinto, então foi fácil se deparar com a imagem do irmão no meio do jardim, deitado sobre um banco de madeira, com um braço embaixo da cabeça e o olhar parado no céu escuro.

— Tome isto. — esticou um prato com algumas comidas para o irmão que o olhou apenas de relance.

— Eu não estou com fome.

— Sabe o quanto está valendo cada prato desse hoje? 3 mil wons. Deveria comer. É pelas crianças.

— Nunca é pelas crianças, Nam. — se levantou de repente, sentando e olhando para o irmão. — A mamãe e todos esses amigos irritantes dela fazem isso apenas para si mesmos. O dinheiro que doam não faz a mínima falta. Eles não estão nem aí para as crianças carentes, pois se quisessem realmente ajudar, fariam isso em silêncio, mas pelo contrário, dão festas carregadas de ostentação para se mostrar. Você tá vendo alguma criança carente aqui?

Nam abaixou a cabeça e apoiou o prato no banco de madeira próximo aos dois.

— Me desculpe. — o mais velho disse reconhecendo que se excedeu com quem não merecia. — Eu vou comer e pagar pelo prato, mas não agora.

— Não fique aí a noite toda, vai acabar se resfriando.

— Você poderia ficar aqui e me fazer companhia. Eu sei que também odeia essas festas.

— Você tem razão, eu odeio, mas o pianista que eu indiquei para a mamãe vai começar a tocar  e eu quero vê-lo.

Hyungwon bufou entediado pedindo que o irmão fosse embora com as mãos.

Na mansão, Hoseok seguia um repertório vasto, apresentando composições famosas  além das suas.

De todas as músicas que compunha, a mais recente de suas criações, “Silhouette”, era a única que ele não apresentava para ninguém. Havia uma relação emocional forte com ela que nem ele saberia explicar.

Os dias anteriores aquela apresentação na festa foram tão conturbados, que Hoseok ignorava o fato de que trechos de sua obra mais cara estavam guardadas em uma gaveta em um dos quartos no segundo andar daquela mansão.

Nam olhava para ele ao longe se sentindo inspirado. Talvez um dia pudesse chegar  nesse nível. Hoseok era um verdadeiro monstro ao piano e fazia isso com tanta concentração que era quase como se não percebesse os grupos que se formavam ao redor do piano de cauda.

Algumas mulheres se aproximavam apenas para admirar a beleza do rapaz que chamava a atenção não somente pelas habilidades ao piano, como também pelo corpo escultural.

Passou a noite toda ali, sentado diante de seu instrumento de trabalho, parando poucas vezes para comer e beber algo que Jo lhe oferecia.

— Eu preciso fumar.

— Você ainda tem cinco músicas do repertório para tocar.

— Eu sei, mas a festa já está acabando. Será rápido.

Jo refletiu sobre aquilo e concordou mesmo que fosse com uma careta desaprovadora.

Hoseok saiu andando para os fundos da mansão com o cigarro na boca. Tateou os bolsos da calça e percebendo que esquecera o isqueiro no interior da bolsa, fez menção de voltar mas desistiu. Se o fizesse, Jo-Eun o prenderia lá.

Descendo as escadas, guardou o cigarro no bolso e foi andando com as mãos dentro deles pelo gramado no fundo daquela bela propriedade. Talvez isso pudesse lhe causar problemas, mas precisava de um tempo após algumas horas ao piano.

Os seguranças espalhados pela residência às vezes o olhavam, mas ele não parecia representar uma ameaça. Era como todos os convidados naquela festa, talvez apenas um pouco mais curioso que os outros a ponto de querer conhecer a imensidão daquele terreno. Não iria muito longe, a casa da família não era algo que se pudesse explorar em pouco tempo.

Hoseok se aproximou do jardim sendo atraído pelas flores que ali estavam.

A mãe fora uma florista apaixonada e ele estava acostumado a conhecer todas as espécies que fossem possíveis apenas em olhar. Se aproximou de um dos tipos que mais lhe chamou a atenção quando ouviu de dentro do jardim uma voz que lhe dizia:

— Crisântemo.

O pianista olhou para dentro do jardim e apenas a silhueta de um homem alto e magro podia ser avistada.

— É como se chama essa flor que está tocando. — a voz continuava, caminhando em direção a ele.

— Eu conheço. —  disse devagar, aguardando a imagem da pessoa ser mostrar por completo quando este se aproximasse da luz.

Hyungwon surgiu majestoso como lhe era peculiar e ao ver Hoseok diante de si não conseguiu disfarçar a surpresa.

O pianista estava ali, diante dele. O compositor da triste “Silhouette” admirava as flores de seu jardim como se há poucos dias não tivessem se encontrado em um restaurante.

Hoseok reagiu surpreso, mas as motivações não eram as mesmas de Hyungwon. Ele se lembrava apenas de ter esbarrado naquele rapaz há alguns dias no restaurante, mas ignorava por completo, o segundo encontro onde eles inclusive trocaram algumas palavras.

De todo modo, era aquele rosto cuidadosamente esculpido que lhe surgia na mente quando tentava se lembrar da última coisa que fez antes de sofrer o apagão.

— Essa flor inspirou muitas lendas. —  Hyungwon disse, quebrando o silêncio. Estava óbvio que Hoseok não se lembrava quem era ele.

— Minha mãe uma vez  me disse que o Crisântemo simboliza a felicidade, simplicidade e perfeição.

— Ela devia ser uma pessoa muito otimista.

O pianista deu um meio sorriso.

— Sim, era radiante como o sol. — dizia pensativo.

— Essa flor também é normalmente associada ao Sol. Deve ser por isso que sua mãe gostava dela. — Hyungwon disse olhando para ele. — Quer saber outro significado que o Crisântemo tem? — perguntou caminhando de volta para dentro do jardim.

O ouvinte saiu de onde estava e caminhou incerto para dentro daquele labirinto.

Hoseok andava por aquelas paredes verdes, tocando com a palma de uma das mãos as folhas verdes e frias.  No meio do silêncio, Hyungwon começou a cantarolar o trecho de “Silhoutte” que se lembrava.

Ao ouvir sua música saindo da boca do atraente desconhecido, os olhos de Hoseok aumentaram de tamanho. Não questionou o fato de como Hyungwon sabia aquela música, seguiu o solfejo de sua voz, se embrenhando pelo labirinto verde às cegas, confiando apenas em um dos seus sentidos para alcançá-lo.

Hyungwon seguia adiante dele, passeando por aquele trajeto que ele conhecia de cor. Trazia no rosto um sorriso enquanto cantarolava e ouvia os passos desesperados do pianista que o seguia graças aquela brincadeira sexy e perversa.  

O meio do jardim estava diante de Hyungwon. Um pequeno círculo verde feito com algumas plantas e um banco de madeira no centro deles.

Quando Hoseok chegou no mesmo ponto, era naquele banco que Hyungwon estava sentado, com as pernas cruzadas e as mãos apoiadas sobre a madeira com o corpo um pouco inclinado para trás. A perna que estava por cima balançava devagar enquanto ele encarava o pianista de olhar inocente e curioso.

— O Crisântemo também é visto como um mediador entre o céu e a terra. — disse, diante do silêncio de Hoseok. — E pode ser associado à vida...—  fez uma pequena pausa quando percebeu que o pianista se aproximava. — ...e também a morte. — finalizou com ele próximo demais.

Hyungwon olhava o pianista de baixo para cima e mantendo o mesmo silêncio em que chegou até ali, Hoseok elevou uma das mãos cuidadosamente até a altura do rosto de Hyungwon. Ele por sua vez sentia um nervosismo fora do comum. Lidava com homens a todo o momento e apesar de ter brincado com a mente de Hoseok ao cantarolar a sua música, agora, com as mãos dele tocando o seu rosto, sentia-se tão frágil.

— Quem…é...você? —  Hoseok perguntou pausado e em uma voz sussurrada.  

— Nem eu saberia te responder essa pergunta.

— Era a minha música que você cantarolava agora, não era?

Hyungwon assentiu devagar.

— Como…

— Você deixou algumas folhas da partitura caírem próximo a minha mesa, na última vez em que nos vimos no restaurante. Não se lembra?

Abaixando-se até a altura onde Hyungwon estava, Hoseok, acocorado diante dele, o olhava com uma aparência quase que de angústia. Era como se quisesse se lembrar da última vez em que estiveram juntos, mantinha as mãos no rosto dele, focando em seus olhos e Hyungwon  não contestava aquela atitude. Se deixava ser tocado pelo pianista, pois se o destino se encarregou de colocá-los frente a frente uma vez mais, isso significava que assim era para ser.

Hyungwon não acreditava em coincidências, para ele em tudo havia um propósito e embora não soubesse qual seria o deles, estava curioso por descobrir.

Hoseok abaixou a cabeça, tirando as mãos do rosto do michê e se sentou ao lado dele no banco.

— Me desculpe. —  disse baixo. — Isso aqui...— apontou para a cabeça. — não funciona como deveria. — sorriu fraco.

— Tudo bem. Neste momento, não é isso...— apontou para a cabeça de Hoseok. — que me interessa saber se funciona. —  disse segurando o riso e sem tirar os olhos do ouvinte.

Em um primeiro momento o pianista corou. Ele realmente disse aquilo? Mas em seguida, quando o sangue começou a circular de forma mais democrática pelo corpo, observou os lábios volumosos do rapaz e eles tinham um brilho tão característico que não desgostava da ideia de beijá-lo no meio daquele jardim. Os sentimentos eram confusos sobre quem era Hyungwon, mas sabia que o desejava naquela hora e o coração batendo em desespero diante do provocador era um termômetro disso.

Quando Hoseok fez o primeiro movimento em direção a ele, uma voz infantil surgiu bem próximo dos dois.

— Hyung?

Eles pararam na metade do caminho e abaixaram a cabeça assim que o quase flagrante aconteceu.

— Nam...— o irmão mais velho voltou os olhos para a criança. — O que está fazendo aqui, pelo amor de Deus? —  perguntou rindo de nervoso.

— Apenas queria saber se estava bem. — respondeu um pouco sem jeito.

— Eu estava. — se levantou, mexendo nos cabelos ainda nervoso. —  Esse é o meu irmão mais novo, Nam. — apresentou a Hoseok.

— Muito prazer, Nam.— disse um pouco tímido.

— Eu já o conheço. —  a criança respondeu.

— Ah claro, você estava na festa, viu quando ele chegou.

— Na verdade...fui eu quem indicou o nome do Pianista Shin para a mamãe. Eu te disse isso agora a pouco.

Os dois olharam para o projeto de adulto com curiosidade.

— Ele é o professor de piano das turmas avançadas no Conservatório de Samseong e sempre admirei o trabalho dele. Sempre que possível, assisto a seus concertos. O professor Shin é uma das minha grandes inspirações.

— Uau...—  Hyungwon disse surpreso.

— Fico muito feliz em ouvir isso, Nam. — sorriu gracioso e andou até o menino. — De verdade, ainda mais vindo de um fã tão jovem. —  deu um beijo na bochecha da criança.

Então, ele ganha um beijo e eu não? Entendi. —  pensou o michê, cruzando os braços.

— Tragam mais seda, as que tinham aqui acabaram de ser rasgadas. —  zombava o magoado Hyungwon.

Hoseok voltou a atenção para o mais velho dos Chae e ele estava tão lindo com o rosto transparecendo uma leve irritação.

— Acho que tem algo que me pertence. —  Hoseok disse a ele.

— Do que estão falando? —  Nam perguntou.

— Ah...não sabia? seu ídolo é o compositor de “Silhouette”

Nam olhou para o pianista com olhos confusos.

— Você... compôs “Silhouette”?

— Sim.

—  Então porque não assinou com o seu verdadeiro nome?

Hoseok engoliu seco e o desconforto com a pergunta pareceu evidente para os dois Chaes ali presentes.

— Por que quis se passar por  um pianista morto há anos?

— Do que está falando?

— Você assinou na partitura como Wonho. O único pianista que usava esse nome morreu há muito tempo.

— Eu...eu não tentei me passar por ele. Wonho sequer assinava suas composições com esse apelido. Ele usava apenas as iniciais “ W.H.” .

Agora foi a vez de Hyungwon olhar confuso para o pianista. Aquelas eram as iniciais do cliente que havia o deixado esperando no dia em que Hoseok o abordou na mesa.

— O que eu fiz foi apenas uma homenagem. Eu não tive intenção de me passar por ele.

A criança ainda parecia confusa e não totalmente convencida, mas aquele era um de seus maiores ídolos e não tinha razões para acreditar que ele mentisse. Ainda lhe restava a dúvida sobre as ligações que poderiam haver entre o falecido e ele, já que nunca ouviu dizer que o pianista Shin era fã do pianista Wonho, mas também não era algo que faria muita diferença saber.

Hyungwon também tinha algumas dúvidas agora, mas o momento não era propício. Hoseok não sabia que ele era um garoto de programa e ele não pretendia lhe dizer. Além disso, Nam estava bem ali, e dos dois, a criança era a que menos deveria tomar ciência da profissão do irmão mais velho. Guardou a informação sobre W.H. em sua memória e investigaria sobre isso depois.

 

*

 

Hoseok estava à porta da mansão, com Jo-Eun na direção do carro, aguardando ele entrar. Diante dos portões, Hyungwon lhe entregava as folhas que faltavam com uma certa dor no coração. Era como se a única desculpa que ele tinha para ver o pianista novamente estivesse indo embora.

— Me desculpe por não ter te entregue isso antes. A semana foi bastante agitada, mas eu iria fazer isso de qualquer forma.

— Está tudo bem. Eu não tive uma semana muito boa também, então, sequer dei falta do material. — dizia evitando os seus olhos.— Acredito que a partitura ter chegado em suas mãos e agora eu estar aqui na sua casa recebendo ela de volta é quase como uma providência divina. —  ajeitou os óculos e sorriu acanhado.

— Imagino os demônios que precisa enfrentar quando tem que tocar piano diante de um grande público.

— Por que está dizendo isso?

— Porque é notório o quanto é tímido. Meu pai faz exatamente como você quando precisa dar alguma entrevista ou falar em público. Ele levanta o aro do óculos com os dois dedos e suspende como se aquilo pudesse canalizar o nervosismo que está sentindo.

O pianista ficou surpreendido com aquela fala. Era como se Hyungwon tivesse o analisado cuidadosamente.

— Você é tão observador assim?

— Essa não é a pergunta.—  Hyungwon se aproximou um pouco mais. — A pergunta é: Por que eu te deixo nervoso?

Eis ali uma nova chance para Hoseok beijar o rapaz que se oferecia para ele sem reservas.  Sentiu a ereção se pronunciando dentro da calça. Aquele homem abusado mexia com a sua cabeça e seu corpo.

Hoseok ponderava que não parecia muito ético beijar o filho dos donos da festa mas ele o provocava tanto...

— Eu...eu preciso ir. — deu um beijo rápido na bochecha de Hyungwon e andou apressado até o carro.

Hyungwon permaneceu estático olhando aquela figura musculosa sentar no banco do carona e sumir das vistas em companhia da mulher que até dias atrás, ele pensou que fosse sua namorada.

— Mas que merda! —  disse irritado. — Ok, então, Senhor Difícil. Vamos ver se eu não vou conseguir um beijo dessa boca ainda essa semana. — jurava,voltando para dentro da propriedade.

No carro, Hoseok não ousava olhar para o rosto de Jo-Eun, mas não podia evitar de ouvir a sua voz.

— Você é um idiota.

— É ...eu sei.

— Nunca mais vai ter a chance de ficar com um cara como aquele.

—  Não está ajudando.

—  Se você não se ajuda, por que eu deveria?

O celular de Hoseok tocava em meio a discussão. Um pouco atrapalhado, ele buscava no bolso o aparelho que cintilava durante aquele alerta.

Na tela se lia em letras garrafais: Doutor Han.

Hoseok diminuiu o volume do toque, permitindo assim que o celular continuasse tocando, mas no modo silencioso. Devolveu o aparelho ao bolso e olhou para a frente como se nada tivesse acontecido.

— Cliente?— Jo perguntou. 

— Não...—  pigarreou . —  telemarketing.

—  Ah, eu esqueci de te dizer, mas o Doutor Han me ligou durante aquele período em que saiu pra fumar.

O pianista sentiu as mãos suarem.Tentou secar na calça, mas sem sucesso.

— Eu pedi que ele te ligasse diretamente porque já não tenho mais desculpas para dar sobre a interrupção do seu tratamento. Ele te ligou?

Hoseok passou a mão no rosto, secando o suor da testa.

Jo-Eun teria percebido seu nervosismo se não estivesse tão focada na direção.

— Não. —  mentiu.— Ele não ligou.

 


Notas Finais


Daqui a pouquinho tô postando a Parte 2.

Quem quiser saber qual foi a música que Minhyuk coreografou no início do capítulo...ta aqui embaixo...<3

Shot Me Down - David Guetta ft. Skylar Grey: https://www.youtube.com/watch?v=3x2ABSAMVno


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