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História Anne with an e- continuação da série - Momentos


Escrita por: roalves

Notas do Autor


Olá, pessoal. Mais um capítulo postado da Anne. Espero que gostem e me deixem seus comentários. Beijos, Rosana.

Capítulo 135 - Momentos


Fanfic / Fanfiction Anne with an e- continuação da série - Momentos

Anne

Uma manhã gloriosa fez companhia ao casal absorto em seus próprios sentimentos, após uma noite igualmente incrível. Anne já tinha acordado a alguns minutos, mas ainda se mantinha agarrada a Gilbert que ressonava pesadamente. Ela sabia que logo teriam que deixar aquele lugar encantador, palco de um amor tantas vezes repetido em palavras e gestos, mas queria prolongar o quanto pudesse aquela magia que sentia em cada célula sua, e na atmosfera ao seu redor.

Ela olhou para o marido, e suas borboletas tão antigas voavam dentro delas com toda a liberdade que adquiriram através dos anos, e Anne sentiu seu coração disparar como a primeira vez que vira aquele rapaz tão lindo com sua boina preta e uniforme escolar, que agora era completamente seu pela lei de Deus e dos homens.

Nunca se sentira diferente em relação a ele naquele tempo em que estavam juntos, nem quando ficaram separados por algum mal-entendido ou por outra circunstância da vida. Mágoas houveram, mas não foram capazes de diminuir um centímetro que fosse de seu amor, e como o oceano que fluía sem parada, seu amor por Gilbert sempre seria assim, correndo por suas veias e por cada átomo de seu corpo, maior e melhor a cada dia, e sabia que com ele era assim também.

Ela se espreguiçou longamente, sentindo seu corpo totalmente relaxado, músculo por músculo, articulação  por articulação, todos os membros, da cabeça aos pés. Anne se sentia feliz, pela primeira vez em anos ela podia dizer isso ao mundo inteiro, porque ela tinha direito a essa felicidade que fora adiada, roubada algumas vezes, negada tantas outras, mas, naquele instante estava toda em suas mãos, e ela ia agarrá-la com unhas e dentes, e nunca mais iria voltar ao tempo obscuro de sua mente, onde sentia-se completamente quebrada em sem forças. Gilbert a enchera de sonhos novamente, curou cada uma de suas feridas e ressuscitou sua princesa Cordélia que se abrigara nas sombras, avariada de tantas dores, e agora ela estava livre para correr solta com sua imaginação pelo mundo novamente, criar mil histórias,  viajar pela alegria, jogar fora toda a tristeza de seus armários de angústia do passado, e se transformar naquilo que sua trajetória de vida clamava para que fosse.

Ela rolou para o lado devagar, se desprendendo dessa forma  dos braços de Gilbert. Suas roupas estavam todas espalhadas pelo chão, mas, ela não se preocupou em vesti-las, porque estava sozinha com seu marido no seu velho clube de leitura cuja porta fora seguramente trancada por Gilbert quando entraram ali na noite anterior, e Anne se sentia confiante com seu corpo o suficiente para se manter como estava o tempo que quisesse e que permanecesse ali dentro, e tal ousadia lhe deu uma sensação de liberdade nova e explícita sem nenhuma inibição ou  autocrítica.

Em um impulso, ela se levantou, sentindo seu estômago reclamar de fome. Gilbert havia trazido uma cesta cheia de guloseimas para o café da manhã também, mas, ela não  queria comer sem o marido, por isso, ela tentou distrair sua mente, caminhando pelo local, e relembrando de cada cantinho.

Quantas coisas vivera ali com Diana e Ruby em sua tentativa de transformar suas amigas em leitoras assíduas e apaixonadas como ela, e olhando para todos os livros cuidadosamente arrumados nas prateleiras, ela não sabia dizer se tinha ou não conseguido o seu intento, mas, fortalecera a amizade entre elas,  e apesar de Ruby não ter permanecido em seu círculo de amigos como Diana, Anne lhe desejava o melhor em seu casamento e na vida que escolhera para si mesma.

- Que bela visão, Sra. Blythe.- a voz de Gilbert encheu todo o ambiente, com um toque de malícia que a fez sorrir. Ela não enrubescia mais com facilidade quando seu marido usava aquele tom, e sabia bem a que ele estava se referindo enquanto a olhava de costas, com apenas seus longos cabelos ruivos a cobrirem  sua nudez. Anne o olhou por sobre o ombro, e o viu sentado no colchão com o lençol o cobrindo da cintura para baixo, usando  a almofada atrás de si como suporte, e as mãos cruzadas atrás da cabeça, enquanto mordiscava de leve o lábio inferior. Era tentador demais, sim, Gilbert era um pecado de tão bonito, e quem olhasse para aquele rosto de anjo, não imaginaria o quanto toda aquela inocência se perdia na intimidade de ambos.

- A visão que tenho daqui também é excelente.- Anne respondeu, lançando-lhe um daqueles olhares que faziam Gilbert pegar fogo.

- Por que não volta para cá para resolvermos isso com um bom diálogo?- ele disse, mas, Anne sabia que diálogo era a última coisa na qual seu marido estava pensando.

- Estou bastante confortável aqui. Por que você não vem para cá e tenta me fazer mudar de ideia?- ela sorriu,  e Gilbert também, e sua deusa interior a cumprimentou silenciosamente por sua falta de inibição, mostrando-lhe que a velha Anne conservadora tinha ido embora. Era uma mulher que sabia o que queria, e o que ela mais desejava era o homem à sua frente.

- Isso é um desafio, Sra. Blythe?- Gilbert perguntou com um arquear de sobrancelha.

- Talvez seja.- ela disse também arqueando a dela, e sentindo um frio na espinha ao vê-lo se levantar e caminhar em sua direção bem devagar, mas, com determinação.

Anne ainda estava de costas, e observou cada atitude de Gilbert, encarando-o sobre os ombros, e quando ele a alcançou, suas mãos na cintura dela a fez se virar, enquanto o olhar dele desenhava cada curva sua com uma avidez que ela aprendeu a conhecer na cama, e na intimidade de ambos.

-Sabe o que eu mais gosto quando a gente vem para Avonlea?- ele disse com o corpo dela colado no seu.

- Não.- Anne respondeu, prestando atenção em cada palavra dele.

- É a maneira como você se liberta de todas as convenções. Não que em Nova Iorque você não aja  com liberdade, mas, aqui, esses momentos entre nós,  você me deixa conhecer essa Anne especial que você guarda dentro de si, e me presenteia com essas surpresas incríveis.- ele a olhava com admiração além de desejo, e isso inflou seu ego de mulher da forma mais prazerosa possível.

- É que aqui eu me sinto realmente livre, pois me faz me lembrar de como éramos quando nosso amor desabrochou, quando ainda não sonhávamos com tudo o que nos aconteceu. Éramos jovens com responsabilidades, mas estávamos tão apaixonados que não pensávamos nos limites de nossos sentimentos. Depois, todas as coisas tristes que vivemos juntos acabaram não me deixando viver nosso amor como eu desejava. Sempre foi intenso, não posso negar, mas, também sempre havia uma dor, ou uma batalha que estávamos travando para salvarmos o que tínhamos entre nós, e o medo de perder tudo aquilo nos deixava vulneráveis demais.

- É agora? Não tem mais medo de perder o que nós temos?- Gilbert perguntou, trazendo-a para mais perto.

- Acho que um certo receio sempre vai existir,  e acredito que todas as pessoas que se amam se sentem assim em algum momento, mas, nós já passamos por tantas tempestades que nos tornaram mais fortes, e o nosso amor se tornou a base de tudo, então, não acredito mais que possa perder isso, porque vivemos dentro um do outro.- Anne disse  passando os dedos devagar sobre aquele maxilar incrível.

- Eu também acredito na força do nosso amor, como sei que o que temos é para sempre, e apesar de também ter saudades de tudo o que vivemos no passado antes de nossas tragédias pessoais, eu também adoro o que somos agora, essa maturidade que alcançamos sendo tão jovens. Poucas pessoas têm o que temos, poucas pessoas descobrem um amor como o nosso tão cedo, e agradeço aos céus todos os dias por ser você a mulher da minha vida, pois eu não poderia passar por tudo que passei com outra pessoa, como não poderia ser feliz de outra forma que não fosse com você em minha vida. Você me dá tudo o que preciso, e você é tudo o que preciso.- ele a beijou com aquela ternura tão característica dele, que a levava ao paraíso e a trazia para a terra em poucos segundos.- Será que consigo te convencer a voltar para o nosso ninho de amor agora?- ele sussurrou.

- Por que não tenta mais um pouco? Você é tão bom nisso. - Anne disse, voltando a beijá-lo, e em pouco tempo, ela se viu nos braços dele de novo, e Gilbert provou mais uma vez com seus beijos e toques como ele sabia mexer com sua cabeça como ninguém.

Um tempo depois, já vestidos com suas roupas do dia anterior, eles tomaram café com as coisas apetitosas que Gilbert havia trazido para aquele encontro romântico, e antes de voltarem para a fazenda, Gilbert a levou a outro lugar especial.

Anne sorriu ao  olhar para a extensão da praia de areia tão branquinha,  e sentiu o cheiro da maresia chegar até ela com o aroma do passado. Ela e Gilbert estiveram ali com Rilla a poucos dias, mas, agora era diferente, porque estavam apenas os dois, como nos velhos tempos em que vinham ali para estarem juntos, ou, nos piores momentos, buscarem alento para o seu coração.

-Esse  lugar tem uma energia incrível não acha?- Anne perguntou, observando a brisa brincar com os cachos de Gilbert de forma adorável.

- Sim. Eu me sinto atraído para ele toda vez que estamos em Avonlea.- Gilbert concordou, colocando os braços ao redor dela.

- Como dissemos tantas vezes, toda nossa história está aqui. - Anne disse olhando para o mar calmo cujas águas estavam iluminadas pelo sol naquele instante.

- Por isso, eu quis vir até aqui renovar minha promessa.- Gilbert disse, olhando para ela

- Que promessa?- Anne perguntou curiosa.

- De te amar e cuidar de você pelo resto da vida.

- Mas, você tem feito isso desde que nos conhecemos.- Anne o lembrou, encostando sua cabeça no ombro dele.

- E vou continuar fazendo isso até o fim da minha vida. Eu quero também agradecer por tudo o que temos agora, nossa vida incrível juntos, nossa filha maravilhosa, e nosso amor que cresce a cada dia mais.- ele a puxou de frente para ele, enquanto suas mãos se enterraram nos cabelos ruivos.:- Eu te amo, Sra. Blythe.

- Eu também te amo, Dr. Blythe, a cada dia mais.- Anne respondeu, sentindo suas borboletas de novo, esvoaçantes e felizes.

A boca dele cobriu a sua de forma vigorosa em um beijo arrebatador  que ela amava, pois, era dessa forma que Gilbert sempre demonstrava a profundidade do que sentia por ela, nos seus toques, nos seus abraços e nos seus beijos que nunca deixavam de ser apaixonados. Ela o puxou pela gola da camisa, e aprofundou o beijo porque precisava demais dele, sempre queria mais, e nunca aceitava menos daquele rapaz que lhe daria o mundo se pedisse, assim, como ela faria tudo que estivesse ao seu alcance para vê-lo sempre feliz  como agora.

Às mãos em sua cintura indicavam que Gilbert não pretendia deixá-la se afastar dele tão cedo, por isso, quando o oxigênio acabou entre eles, Anne o lembrou:

-Precisamos ir. Rilla nos espera.

- Eu sei. Só não queria que esse momento acabasse tão cedo.- Gilbert murmurou, ainda com os lábios presos nos dela.

- Teremos outros iguais ou melhores que este.- ela respondeu, desejando ir para casa, mas, também, querendo ficar ali com ele.

- Eu sei. Nossos momentos sempre são os melhores em qualquer lugar.- Gilbert respondeu, abraçando-a apertado.

  - Estou com saudade de nossa princesinha.- Anne disse pensando na filha. Era a primeira vez  desde a gravidez que ficava separada dela, e seu coração de mãe já estava reclamando.

- Eu também. Vamos para casa?- Gilbert convidou.

- Sim, vamos para casa. Quero fazer algumas visitas mais tarde.- Anne disse, pensando em Diana. Ela também queria aproveitar e ir até  Green Gables passar algumas horas com Matthew e Marilla, pois logo voltariam para Nova Iorque e Anne não sabia quando voltariam. Ela não via a hora de poderem ficar em Avonlea em definitivo. A vida em Nova Iorque era excelente, mas, Avonlea tinha seu coração para sempre, e era ali que queria  fincar suas raízes de vez.

 - Pronta para ir?- Gilbert perguntou.

- Sim.- ela respondeu, se despedindo do mar com um olhar, e logo ela e Gilbert estavam na estrada novamente  de volta para a fazenda dos Blythes.

 

GILBERT

Voltar para casa era uma necessidade, embora Gilbert quisesse que os momentos com Anne pudessem durar mais, ele sabia da responsabilidade que tinha com a garotinha que os esperava na fazenda.

A vinda para Avonlea fora sua melhor escolha em tempos, mas, não descartava uma viagem à França em suas próximas férias. Ele estava devendo a Anne uma lua de mel pariense, que não puderam ter por conta da gravidez de risco dela, mas, não queria adiá-la por mais tempo, principalmente agora que tinham Rilla com eles.

Gilbert acabou rindo de seus pensamentos, enquanto estacionava o carro em frente da casa que fora de seu pai. Ele tinha se tornado um romântico com toda certeza, e por influência de sua esposa. Depois de fazê-lo ler todos aqueles clássicos de literatura que ela costumava estudar na faculdade, Gilbert acabara desejando ser como o Mr. Darcy, cujo nome Anne ainda o chamava às vezes na intimidade.

Era engraçado querer ser o príncipe encantado de alguém  quando se tinha consciência dos próprios defeitos. Foram muitas as vezes em que Gilbert agira sem pensar, fizera escolhas erradas, e fizera Anne chorar. Ele ainda se sentia desgostoso consigo mesmo quando se lembrava de suas atitudes absurdas, e mesmo que Anne tivesse dito que o perdoara, Gilbert não conseguia não se sentir mal por isso.

Ele poderia colocar a culpa em sua imaturidade ou possessividade em relação a ela naquela época, pois vivia em um medo constante de perdê-la, mas, nem isso era uma desculpa boa o suficiente para ter falhado com Anne algumas vezes. Ela nunca lhe dera um motivo real para que ele tivesse ciúmes ou desconfiasse dela, e tudo de ruim que aconteceu depois foi consequência de sua falta de tato para lidar com determinadas situações. Felizmente, ele também era bom em assumir seus erros, e não tinha vergonha de voltar atrás ou pedir desculpas, e o fizera todas as vezes em que fora necessário para ter sua Anne de volta.

Era óbvio que ainda tinha um ciúme louco dela,  e embora sua veia possessiva se manifestasse às vezes, Gilbert aprendera a controlá-la da melhor forma que podia, pois não queria causar atrito em seu casamento que estava tão maravilhoso nos últimos tempos.

Eles entraram na casa, e Gilbert sentiu seu coração aquecido ao ver Rilla deitada em seu carrinho toda vestida de lilás. Era uma versão melhor que rosa na concepção de Anne, mas para Gilbert sua garotinha ficava linda de qualquer jeito. O rostinho dela se abriu em um sorriso ao ver seus pais chegando, porém foi em Gilbert que seus olhos castanhos se demoraram mais tempo, e antes que Anne reclamasse dessa preferência explícita, o rapaz a pegou no colo, e a garotinha segurou na gola se sua camisa, enquanto Gilbert a beijava na testa com carinho.

-Bom dia, meus amores.- Mary disse sorrindo.

- Bom dia. Ela deu trabalho a noite?- Anne perguntou, acariciando os cabelos da garotinha no colo de Gilbert.

- Não. Essa garota é um anjo. Dormiu a noite toda e só acordou agora a pouco.

- Que bom. Fiquei preocupada que ela sentisse nossa falta.- Anne disse visivelmente aliviada.

- Eu te disse que nossa bebê era boazinha e ia ficar super bem essa noite sem a gente aqui.- Gilbert disse, beijando Anne no rosto.

- Preocupações de mãe são normais, Gilbert.- Mary disse de sua forma tranquila.

- Então,  relembraram os velhos tempos?- Bash perguntou com seu sorriso debochado que Gilbert conhecia bem.

- Não seja curioso, Bash.- Gilbert respondeu com o mesmo sorriso.

- Isso mesmo, Sebastian. Você não perde essa mania de ser indiscreto. - Mary ralhou com ele.

- O Blythe sabe que estou brincando. Não vou pedir nenhum detalhe sobre isso. Relaxa mulher.- Bash disse, abraçando Mary pelo ombro, sem tirar o sorriso do rosto.

- Seria o cúmulo se você pedisse algum detalhe.- Mary disse ainda brava com o marido. Em seguida, ela se virou para Anne e Gilbert e perguntou:- Estão com fome? Tem café fresquinho que acabei de passar.

- Não.  Nós já comemos, Mary. Obrigada.- Anne disse, abraçando a cintura de Gilbert que continuava segurando Rilla nos braços. Ele olhou para ela, e lhe deu um beijo rápido nos lábios.

- É,  a noite foi boa mesmo. Quando o Blythe fica meloso assim é porque está feliz, e se ele está feliz, nós sabemos bem porquê.- Bash disse rindo, o que durou bem pouco, porque Mary lhe deu um beliscão que o fez dizer com uma careta:- Essa doeu, mulher.

- Você merecia bem mais por ser tão abusado. - Mary respondeu com uma carranca que fez Bash revirar os olhos, causando risos em Anne e Gilbert.  Aquele seu amigo não tinha mesmo jeito.

- Vamos para o nosso quarto agora, Mary.  Rilla precisa ser amamentada, e mais tarde quero ir até Green Gables e também visitar Diana.- a ruivinha deu uma olhada ao seu redor e perguntou:- Onde está nosso filhinho peludo ?

- Ele está no quarto com a Shirley.  Se quiser, eu peço para ela trazê-lo.- Mary respondeu.

- Não precisa. Deixe-a se divertir com ele. Daqui a alguns dias vamos voltar para casa, e o pobrezinho vai perder toda essa liberdade que tem aqui.- Anne disse, pegando Rilla do colo de Gilbert, que esfregava os  olhinhos e parecia faminta.

- Espero vocês para o almoço. - Mary disse, se encaminhando para a cozinha seguida de Bash.

-Obrigada. - Anne disse, e tanto ela quanto Gilbert subiram as escadas em direção ao quarto.

Ver Anne amamentar Rilla era sempre uma experiência linda. Sua garotinha sugava com tanta força o leite materno, que às vezes Gilbert tinha medo que ela machucasse Anne, porém,  sua esposa o tinha tranquilizado quanto  a isso, afirmando mais uma vez que a amamentação de Rilla era tanto sua prioridade quanto um prazer imenso.

Ele ficou observando-as por alguns minutos, encantado como sempre, apaixonado um pouco mais. Elas eram tão parecidas, e ao mesmo tempo também tinham características distintas, no entanto, Gilbert teria que esperar Rilla crescer um pouco mais para saber quais eram essas semelhanças e diferenças. Gilbert se perguntava se ela seria médica como  ele, ou se ia preferir ser professora como a mãe. Talvez ela escolhesse uma profissão diferente, mas, tudo o que ele sabia era que qual fosse o caminho que sua garotinha resolvesse trilhar, ele a apoiaria com todo o seu coração, assim como seu pai o fizera, assim como Anne o incentivara nos momentos mais difíceis de indecisão, assim como a vida lhe dera mil e uma possibilidades, Rilla seria feliz com aquilo que mais amasse.

Sua princesinha terminou de mamar, e segurando uma mecha de cabelo da mãe,  ela adormeceu, e assim que Anne percebeu que ela não despertaria, sua esposa a levou para o quarto próximo ao deles, que Mary ajeitara a fim de que tanto o jovem casal  tivesse sua privacidade quanto a garotinha pudesse ter seus períodos de sono sem interrupções.

Anne voltou para o quarto e foi direto para a janela, onde Gilbert sabia que era seu lugar favorito. Dali ela podia ver o jardim de Mary que parecia mais variado de flores a cada vez que visitavam a fazenda, e que consequentemente a fazia se lembrar do roseiral de Marilla.

- Eu simplesmente amo estar aqui.- Anne disse, se virando para que Gilbert que admirou a luz nos olhos dela. Como ele sentira falta disso. Por tanto tempo, ela caminhara entre dois mundos, cambaleando entre a dor e a alegria, a luz e a escuridão, e vê-la aceitar as coisas simples da vida com tanto entusiasmo era realmente uma benção muito bem-vinda.

- Eu também amo estar aqui,  principalmente com você. - Gilbert disse, abraçando-a pela cintura.

- Eu queria tanto que não precisássemos voltar para Nova Iorque.- ela disse com pesar.

- Sente falta daqui,  não é?- Gilbert disse, beijando-a na testa.

- Demais, mas, eu sinto mais falta de nós dois. Do tempo que temos para ficarmos juntos, sem correria, sem o estresse do dia a dia. Não vou negar que a vida em Nova Iorque é boa, mas, a vida em Avonlea é muito mais saudável. Eu gosto dessa calmaria toda de acordar com passarinhos na nossa janela. - Anne disse, encostando a cabeça  no peito de Gilbert.

- Vamos ter tudo isso de volta, eu prometo, mas, por hora eu te peço que tenha mais um pouco de paciência.

-Não estou reclamando de nada, amor. Eu entendo que você precisa terminar sua faculdade,  e eu também. Eu vou sempre  ser feliz onde você estiver, porque você é o meu lar.- Anne disse tocando o rosto dele com amor, e então, seus lábios se encontraram em um beijo calmo que falava muito mais que todas as palavras que já tinham usado um dia para se declararem, e quando o beijo cessou, eles apenas se olharam, sentindo ao redor aquela energia doce e apaixonada que sempre os envolvia quando estavam juntos. Gilbert foi o primeiro a falar após aquele momento de puro encantamento.

- Eu estava pensando na nossa próxima lua de mel.

- Como assim? Vai me pedir em casamento de novo?- Anne disse com um sorriso.

- Eu me casaria com você quantas vezes fosse preciso, Sra. Blythe.- Gilbert respondeu, beijando-lhe a ponta do nariz.: - Mas, o que tenho em mente é outra coisa.

- E o que essa cabeça de gênio tem pensado?- Anne disse deixando seus  lindos olhos azuis na altura dos dele.

- Você se lembra que eu tinha te prometido te levar a Paris em nossa lua de mel?

- Sim, mas, adiamos por conta da gravidez de Rilla.- Anne disse, olhando-o com curiosidade.

- Então,  o que acha de visitarmos a tia Josephine nas próximas férias?- ele viu os olhos de Anne brilharem de um jeito incrivelmente intenso, e soube que ela gostara da ideia antes mesmo de dizê-lo.

- Maravilhosa,  mas, e a Rilla?- Anne perguntou, parecendo preocupada com essa questão, mas, Gilbert se apressou em tranquiliza-lá:

- Ela irá conosco com certeza. Até lá,  Rilla estará maior e poderá viajar conosco sem problema algum.- ele viu um sorriso triste surgir no rosto de Anne e perguntou:

- Por que ficou triste?

- É que me lembrei que foi lá que Walter foi concebido.- ela agora usava aquele nome para se referir ao bebê perdido, mesmo sem saber se aquele pequeno ser que vivera dentro dela por tão pouco tempo fora mesmo um menino.

- Não fique assim, meu amor. Eu quero fazer dessa viagem um complemento da nossa felicidade, e não que te desperte lembranças tristes.- ele a abraçou com todo o carinho, pois ele sabia que aquela dor nunca seria totalmente extinta do coração de sua esposa.

- Desculpe. Sei que é tolo da minha parte pensar nisso nesse exato momento.- ela se lamentou, porém, Gilbert apertou a mão dela e respondeu:

- Não é tolo amor. Foi uma perda dura para nós dois, talvez mais ainda dolorido para você que viveu todo o trauma sozinha. Eu não  posso pedir que esqueça isso, porque sei que essa ferida ficará sempre aberta. Tudo o que peço é que se foque no agora, e que viva essa felicidade que conquistamos em nossa vida com tanta luta.

- Eu estou feliz, querido. De verdade. Ter perdido nosso primeiro filho realmente marcou nossas vidas, mas, ao mesmo tempo nos uniu mais ainda, e nos mostrou que temos que valorizar o que temos e agarrar com ambas as mãos esses momentos de felicidade, pois não sabemos se ainda será assim no futuro. Como você disse. Viver um dia de cada vez, e tirar proveito de cada instante. É assim que quero viver a partir de agora.- Anne lhe sorriu, e Gilbert viu naquele rosto a sinceridade de suas palavras, e a vivência de alguém que tinha tropeçando, caído e se machucado ao longo do caminho, mas, nunca deixou de se levantar e se tornar cada vez mais forte. Ele com certeza tinha muito que aprender com aquela mulher incomparável que era sua esposa.

- Viajaremos a Paris, e vamos nos divertir muito como da outra vez.- Gilbert disse, puxando-a da janela para o quarto.

- Creio que a tia Josephine vai adorar conhecer Rilla.- Anne disse, seguindo-o sem perceber até a cama.

- E quem não ama nossa bonequinha? Ela é uma Blythe.

- Gilbert disse de um jeito pomposo, que fez Anne responder:

- Ela também é uma Cuthbert,  meu amor. Não se esqueça disso.

- Como poderia esquecer? Ela é a sua cara.- Gilbert disse, deitando-a na cama, e posicionando seu corpo em cima do dela.

- O que está fazendo?- Anne perguntou com um sorriso de canto nos lábios.

- Estou aproveitando para namorar minha esposa mais um pouco. Alguma objeção?- ele disse, beijando os cabelos dela, e depois mudou para o pescoço onde ele concentrou toda sua atenção.

- Nenhuma. - ela disse, suspirando baixinho de olhos fechados.

 E assim, mais momentos de amor foram partilhados entre dois corações que sempre encontrariam um no outro a verdadeira essência de ser feliz.

 

GILBERT E ANNE

O almoço de Mary estava delicioso como sempre, e Anne pensou que quando voltasse para Nova Iorque era mais uma coisa da qual iria sentir falta.

Estava ficando saudosa demais dessas coisas, e não podia ser assim, pois sua vida até Gilbert se formar seria em Nova Iorque, e ela precisava continuar preparando seu coração para isso. No entanto, quanto mais pensava no dia de sua partida, mais ela sentia seu peito se apertar, e já previa a tristeza que seria seu último dia ali.

Após o almoço, ela subiu para o quarto para se arrumar, pois visitaria Diana e depois, Gilbert a levaria para  Green Gables onde passariam o resto da tarde com os Cuthberts. Esses dois fatos acabaram animando Anne, que logo sentiu sua súbita tristeza de antes desaparecer, e enquanto arrumava os cabelos começou a cantar uma canção que aprendera na infância.

-Minha esposa parece animada esta tarde.- Gilbert comentou,  contente por vê-la em tão excelente humor.

- Sim, como eu te disse hoje de manhã,  eu amo estar aqui, porque posso visitar meus velhos amigos, principalmente Diana que sempre foi um apoio para mim, além de Cole.

- E eu amo te ver assim. Você não sabe o quanto eu senti falta desse seu humor incrível. Você consegue iluminar tudo por onde passa.- o rapaz disse ao se aproximar.

- Eu tenho muitos motivos para estar de excelente humor.- Anne disse com os olhos faiscando.

- É mesmo?- Gilbert disse,  se sentando na cama e a encarando pelo espelho.

- Sim, ser amada por você é um deles. Eu nunca teria pensado em me casar se não fosse por você ter aparecido. Acho que eu seria uma ótima viajante do mundo como você foi um dia.- Anne disse se virando de frente para ele.

- Estava escrito que iríamos nos encontrar. - Gilbert disse, sentindo o perfume dela chegar até ele como se fosse a melhor essência do mundo.

- Sim, e que viveríamos um grande romance.- Anne se levantou e caminhou até ele,  parando a poucos centímetros de onde ele estava sentado.

- Felizmente não um romance trágico.- ele disse, estendendo a mão e segurando a dela entrelaçada na sua.

- Nossa história é linda. - Anne disse, fazendo-o se levantar e ir para perto dela.

- Acha que daria um livro?- Gilbert perguntou, enlaçando-a pela cintura.

- Sim, meu Mr. Darcy. Nossa história daria um livro e tanto. Quem sabe eu não a escrevo um dia?- Anne disse tocando o queixo dele onde havia vestígios de barba nascendo.

- Eu serei o primeiro na fila de autógrafos.- Gilbert disse já todo encantado pela feminilidade dela.- Está muito bonita,  Sra. Blythe.

- Você também, Dr. Blythe.- Anne disse, passando os olhos pela camisa preta que Gilbert usava, calça jeans e sapato social. Ela adorava a maneira como ele estava arrumado para qualquer ocasião, e sequer tinha noção de como os anos estavam fazendo bem a ele. Aos vinte um, Gilbert estava no auge de sua beleza e masculinidade, e que sorte a dela poder se aproveitar de tudo aquilo.

- Rilla está pronta. Eu escolhi um vestido rosa para ela. Você se importa?- Anne riu. De tanto seu marido impor aquela cor no guarda roupa de sua filha, Anne acabará por aceitar que o rosa sempre faria parte da vida de Rilla,  a não ser que a garotinha criasse uma aversão pessoal a respeito da cor assim como sua mãe.

- Não,  não me importo. Como você sempre diz, nossa menina fica linda de qualquer jeito, mesmo que em mim eu não suporte tal cor.

- Você sabe minha opinião sobre isso. Então, não vou nem discutir. Pronta para ir?- Gilbert disse, beijando-a no rosto.

- Sim.- Anne respondeu, indo até o quarto para pegar Rilla, e depois acompanhando o marido até o carro.

Da Fazenda dos Blythes até  a casa de Diana não era muito longe,  e como Anne avisara a amiga que a visitaria naquele dia, tanto ela quanto Jerry os esperavam com sua simpatia inerente na personalidade dos dois.

-Olá, querida. Deixe-me ver essa bonequinha.- Diana disse, pegando Rilla com todo cuidado, e beijando Anne no rosto.

- Sejam bem-vindos.- Jerry disse sorrindo para ambos.

- Como está, Jerry?- Gilbert perguntou, apertando a mão do rapaz.

- Estou bem. Quer tomar uma cerveja comigo? Assim podemos deixar nossas esposas à vontade.

- Claro. - Gilbert respondeu. Ele não era muito fã de cerveja, mas, bebia socialmente ou em ocasiões especiais.

Assim, Anne se sentou com Diana na sala, enquanto Jerry levou Gilbert até a cozinha, e conforme ela conversava com sua velha amiga, ela observava Rilla totalmente à vontade no  colo dela. A garotinha parecia sentir quando alguém tinha carinho por ela, e isso também acontecia quando estavam com Cole.

-É tão bom te ver bem, Anne. A última vez que conversamos, você ainda se recuperava do coma.- Diana disse, olhando para a amiga com seu  coração feliz. Assim como Gilbert, ela também temera perder Anne, e se isso tivesse acontecido, uma parte sua teria  sido levada junto com ela. Anne era sua irmã, e mesmo que não tivessem o mesmo sangue, eram unidas da mesma maneira.

- Desculpe-me por não ter falado com você no batizado de Rilla. - Anne disse apertando a mão da amiga.

- Não tem problema, eu vi o quanto estava ocupada. O mais importante para mim é que você esteja bem. Como se sente, Anne?

- Maravilhosa. Estou tão feliz, Diana. Depois de tudo o que aconteceu, eu não pensei que me sentiria assim um dia.

- Como está o Gilbert? Ele estava bem abalado nos primeiros dias de sua recuperação. Eu fiquei muito preocupada com ele.- Diana disse, beijando a testa de Rilla que estava entretida com uma longa mecha de cabelo escuro de sua madrinha.

- Eu também fiquei. Gilbert passou por momentos bem tensos. Tinha pesadelos terríveis, não dormia direito à noite, e se alimentava mal também. Com o tempo, ele foi melhorando e voltou à sua vida normal, mas, os pesadelos ainda acontecem de tempos em tempos, e minha sugestão para viemos para cá foi justamente para que ele encontrasse seu equilíbrio de novo. - Anne disse, mordendo o lábio inferior.

- E deu certo.?- Diana perguntou, ajeitando Rilla melhor em seu colo.

- Tudo indica que sim. Pelo menos, ele parece relaxado e mais feliz. Queria que não precisássemos voltar para Nova Iorque.- Anne confessou com um suspiro.

- Eu também não queria que você voltasse, minha amiga. Sinto falta de nossas conversas, dos nossos chás da tarde, do seu apoio e de nossa amizade sincera. Avonlea nunca mais foi a mesma sem você. - Diana se queixou.

- Eu também sinto falta da minha vida aqui com vocês, mas, enquanto Gilbert não se formar, não posso ficar permanentemente.

- Eu entendo. Você deve ficar onde seu marido está. É o certo a se fazer.- Diana disse com um sorriso triste, e depois com uma voz mais alegre, ela perguntou:- Como está sua experiência como mãe?

- Maravilhosa. Eu nasci para ser mãe da Rilla. Cada dia me apaixono mais por esse pedacinho de gente.- Anne respondeu,  olhando para sua garotinha com  carinho que agora tinha seus olhinhos castanhos fixos nela.

- Eu te disse que você um dia teria seu sonho realizado.

- Eu me lembro, Diana. E sou grata por essa dádiva. Pena que não poderá se repetir. Meu médico disse que eu arriscaria minha vida novamente se o fizesse, e confesso que por mais que isso me deixe chateada, eu não quero ver meu marido novamente no estado em que ele ficou por medo de me perder.- Anne explicou com toda a calma do mundo. Ela já tinha aceitado aquilo como certo, e depois que o fez, Anne deixou de sofrer, pois estava cansada de adiar sua felicidade por conta de suas frustrações pessoais.

- Sinto muito.- Diana disse com pesar e Anne respondeu:

- Está tudo bem, Diana. Eu e Gilbert estamos pensando em adotar uma criança daqui a algum tempo.

- Fico feliz, que tenha aceitado essa situação tão bem, e quero te parabenizar por um ato tão bonito.

- Obrigada. Eu sempre pensei  nisso, mas queria que acontecesse depois de dar um filho biológico a Gilbert,  e agora que isso aconteceu, posso doar um pouco do meu amor para alguém que foi abandonado assim como eu.- Anne disse sorrindo.

- Você é uma grande mulher, Anne. Eu te admiro demais por isso.- Diana disse, entregando Rilla para Anne, pois a garotinha começou a dar os bracinhos para a mãe.

- Você também é, Diana. Olha a vida que você construiu com o Jerry.- Anne disse, embalando Rilla em seus braços.

- Acho que podemos dizer que conseguimos tudo com o que sonhamos. - Diana disse com um sorriso cúmplice.

- Sim. Somos mulheres realizadas.- Anne disse, compartilhando do sentimento da amiga.

Deste modo, elas passaram algumas horas juntas de maneira agradável, relembrando velhos tempos, compartilhando o presente, e confidenciar seus sonhos futuros. Quando se despediram, um sentimento de terem novamente aproximado seus corações tomou conta das duas, e prometeram que estariam juntas mais uma vez muito em breve.

A alegria tomou conta de Anne mais uma vez quando ela viu os portões de Green Gables surgirem em seu campo de visão, e lembranças adoráveis de sua adolescência encheram sua cabeça, e sentindo-se leve, ela olhou para o marido que lhe disse:

-Você realmente ama esse lugar.

- Sinto que minha alma fincou suas raízes aqui para sempre, e quero que Rilla se sinta assim também.- ela lançou um olhar para a filha que permanecia de olhos abertos, observando tudo ao seu redor com sua curiosidade infantil.

- Eu tenho certeza de que ela já sente. - Gilbert disse, apertando a mão dela com carinho.

Eles entraram na propriedade, e ao sair do carro, Anne aspirou profundamente o ar cheio de aromas conhecidos, e de mãos dadas com Gilbert, eles caminharam em direção à casa.

Marilla foi a primeira a sair na porta, limpando a mão no seu avental, e logo seu rosto tão sério se desfez em um sorriso amoroso ao ver Rilla nos braços de Anne.

-Oi, meus queridos. Que bom que chegaram. E olha essa princesinha. Está cada vez mais linda. Vem com a vovó, amorzinho.- Marilla disse em um de seus momentos raros de descontração. Era difícil Marilla se desarmar de sua carranca, mas, com Rilla isso acontecia com tanta frequência que Anne chegou à conclusão que a boa mulher precisava de uma criança em sua vida para se abrir para o mundo.

- Onde está Matthew?

- Está no celeiro.  Faz tempo que ele foi para lá, então, creio que já está voltando. Vamos entrar e tomar um café e comer um pedaço de bolo de milho.

- Que delícia.- Gilbert disse com seus olhos brilhando de gula, fazendo Anne rir.  Seu marido às vezes era uma criança grande.

Eles a seguiram até a cozinha, onde ela colocou o bolo, o café e outras guloseimas sobre a mesa, e enquanto comiam, eles conversavam sobre assuntos do cotidiano. As horas foram passando e nada de Matthew voltar, assim, Anne pegou Rilla no colo e resolveu ir até o celeiro verificar o que estava prendendo tanto o seu velho amigo. Assim, enquanto  Gilbert ficava fazendo companhia a Marilla, a ruivinha caminhou até lá e disse a sua filhinha:

-Vamos ver o vovô, Matthew.

Ela entrou no local,  e estranhou o silêncio, e até pensou que o amigo não estivesse ali,  mas, então  ela o viu caído perto da baia de um de seus cavalos, e com o susto ela gritou:

-Matthew!- e Rilla começou a chorar,  conforme Anne se aproximava nervosa do bom senhor, que se mantinha de olhos fechados. Aliviada, ela notou que ele respirava, porém, não voltava a consciência. Assim, ela foi até a porta do celeiro e gritou por Gilbert,  rezando para que o marido a ouvisse, pois a casa não ficava longe dali. Quando ela o viu surgir na frente da casa com Marilla, Anne sentiu seu coração se apertar, enquanto tentava acalmar Rilla que não parava de chorar.

- O que aconteceu, Anne?- Gilbert perguntou assim que a alcançou a porta do celeiro.

- Matthew.- ela disse, apontando para o homem que jazia desacordado no chão, tentando parecer calma, mas, por dentro ela sentia que desmoronava.

- Meu irmão.- Marilla murmurou, colocando a mão na boca, mostrando consternada com a situação, mas, sem se desesperar, mostrando mais uma vez a fortaleza que existia naquela mulher invejável de caráter e conduta.

- Temos que levá-lo ao hospital.- Gilbert olhou para Anne com preocupação

- Vamos imediatamente.- Anne disse, tentando não chorar para não assustar Rilla que tinha se acalmado, mas se agarrava a mãe como se entendesse a situação tensa que estavam vivendo.

- Eu vou com vocês.- Marilla disse, e com a ajuda dela, Gilbert colocou Matthew no carro, e logo estavam a caminho do hospital.

Durante todo o tempo, Anne dizia a si mesma que tudo ficaria bem, que Matthew ficaria bem, mas o desespero já começava a rondar seu auto controle. Ela olhou para Gilbert que mantinha seus olhos presos na estrada, e era impossível saber o que ele estava pensando, depois seu olhar caiu sobre Marilla, que segurava a mão inerte do irmão sem deixar que ninguém soubesse como realmente estava se sentindo.

Eles chegaram no hospital e foram imediatamente atendidos, e enquanto via Matthew sendo levado para a sala de emergência, Anne olhou para Gilbert com seus olhos marejados e disse:

- Eu não posso perder , Matthew, Gilbert. Ele é importante demais para mim.- o rapaz a abraçou e respondeu:

- Você não vai perdê-lo. Logo saberemos o que aconteceu, e você verá que tudo vai ficar bem. - Apesar dessas palavras consoladoras, Anne tinha a impressão de que Gilbert sabia o quão séria era a situação de Matthew e não queria alarmá-la. Ainda assim, ela se agarrou aquelas palavras, e com Rilla adormecida em seus braços, ela se sentou em uma poltrona na sala de espera e se preparou para as longas horas a sua frente.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Notas Finais


O que acharam? Beijos.


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