1. Spirit Fanfics >
  2. Anne with an e- continuação da série >
  3. Na sintonia do destino

História Anne with an e- continuação da série - Na sintonia do destino


Escrita por: roalves

Notas do Autor


Olá queridos leitores.Como prometido estou postando um novo capítulo. .Espero que leiam eme digam o que acharam. muito obrigada pelos comentários.Beijos.

Capítulo 18 - Na sintonia do destino


Fanfic / Fanfiction Anne with an e- continuação da série - Na sintonia do destino

Capítulo 18

Na sintonia do destino

 

ANNE

 

- Anne, acorde! Pare de suspirar pelo Gilbert Blythe e me conte toda a história. - Anne olhou para a amiga com um ar sonhador, lembranças do passeio na fazenda e de sua reconciliação com Gilbert ainda invadiam seus pensamentos. Estavam no quarto de Diana com a intenção de estudar, mas logo que a ruivinha chegou a amiga sequer tinha aberto os livros, pois estava mais interessada no que Anne tinha para relatar sobre ela e Gilbert.

- Eu já te falei tudo. O que mais quer saber?

- Quer dizer que dormiram juntos na mesma cama? – Anne olhou para o rosto de Diana e viu que a amiga a observava com certa malícia.

- Não é o que está pensando, Diana. Ficamos só abraçados e só me deitei na mesma cama que Gilbert porque ele não estava se sentindo bem, e precisava de mim. – explicou Anne, não querendo que a amiga tivesse uma ideia equivocada da noite que passara com Gilbert.

- Ah, claro. Esqueci que você é ainda muito inocente para certas coisas. - Diana deu uma risadinha divertindo-se com a expressão no rosto de Anne.

- Não sou tão inocente assim. Sei muito bem o que pode acontecer quando uma mulher e um homem passam a noite juntos na mesma cama, mas no meu caso foi diferente.

- Pelo amor de Deus, Anne! Você quer me convencer que você não sentiu ou pensou em nada enquanto estava naquele quarto com ele? Eu sempre penso em alguma coisa quando estou com o Jerry.

- È claro que senti, afinal Gilbert é maravilhoso, mas acho que somos jovens demais para algo assim. Além do mais, Gilbert me respeita bastante, e nunca me forçaria a nada que eu não quisesse.

- E você não quer? – Diana perguntou de repente, deixando Anne constrangida. Não se sentia confortável em falar com a amiga sobre assuntos tão íntimos. Não tinha experiência nenhuma sobre aquilo, apesar de não ser leiga a respeito, pois os livros que lera sempre descreviam as intimidades que um homem e uma mulher poderiam ter quando estavam apaixonados, fato que só podia imaginar já que nunca tivera um namorado antes para poder comprovar se o que diziam era verdade.

- Diana, pare de ser tão indiscreta – repreendeu-a Anne.

- Somos mulheres Anne, e estamos apaixonadas. Qual é o problema nisso?

- É um assunto muito sério para estarmos discutindo agora. Deveríamos estar estudando, afinal vim aqui para isso.

- Não mude de assunto, mocinha. – Anne revirou os olhos, Diana não ia desistir.

- Você está falando de um tipo de intimidade que só deveríamos ter com nossos maridos.- respondeu Anne.

- Em que mundo você vive, Anne? As coisas estão mudando. Na França já não é mais assim.

- Não estamos na França, Diana. Estamos em Avonlea, a cidade mais tradicional e moralista do mundo, você se esqueceu?

- E quem se importa com o que essas pessoas daqui pensam?- perguntou Diana com certo ar de irritação.

- Marilla se importa, sua mãe se importa, eu me importo e até pouco tempo você também se importava. O que mudou?- Anne estava surpresa com a maneira de falar de Diana. A amiga sempre fora mais puritana do que ela, e agora falava como se nada do que lhe ensinaram importasse.

- Andei conversando bastante com tia Josephine, e ela me abriu os olhos para um monte de coisas sobre as quais eu nunca tinha pensado antes.

- Tia Josephine é uma mulher adulta e dona do próprio nariz. Pode viver como quiser e fazer o que quiser. Somos só duas garotas de quinze anos que não têm nenhuma experiência de vida e que ainda dependem de suas famílias. Quando formos adultas poderemos escolher como queremos viver, mas até lá teremos que seguir as regras, mesmo não concordando com elas. Espero que entenda isso e não faça nenhuma besteira. – Anne falava seriamente agora.

- Não se preocupe, não sou tão maluca a esse ponto. É que fico curiosa, você não?

- Acho que toda garota que se apaixona tem curiosidade sobre esse tipo de intimidade, Mas acho que teremos muito tempo para aprender sobre isso. Agora vamos ao que importa, temos que estudar este texto e depois fazer uma redação sobre o conteúdo.

- Está bem. - concordou Diana.

Mais tarde, quando estava em seu próprio quarto Anne se lembrou da conversa que tivera com Diana, e pensou em Gilbert. Estar com ele lhe causava todo o tipo de sensação, e muitas delas nem conseguia explicar, mas sentia-se quase flutuar quando ele a beijava, e a maneira como ele a olhava às vezes provocava arrepios por todo o seu corpo. Tinha consciência da paixão que existia entre os dois, mas nunca ultrapassavam os limites do bom senso. Tinham muito tempo pela frente para aprender e se aventurar pelo mundo dos sentidos, mas quando e se acontecesse queria que tivessem idade suficiente para compreender a responsabilidade que tal fato traria para vida deles. Mas, também esperava que fosse romântico, lindo e perfeito.

Anne mudou o rumo de seus pensamentos e se lembrou do dia interessante que tivera na escola. Logo que chegara, Gilbert viera falar com ela no portão de entrada. Seu coração se acelerou ao vê-lo e um sorriso de felicidade se desenhou no rosto dela.

- Como passou a noite?- Gilbert perguntara. - Tinha o rosto relaxado e sereno. O hematoma da testa já estava com um aspecto melhor do que no dia anterior, e enquanto falava com ela o menino colocara a mão em seu ombro.

- Muito bem e você?

- Melhor impossível. Acho que vou adotar essa receita para mim. Todas as noites vou beijá-la antes de dormir, assim tenho certeza de que sonharei com os anjos.

- Está se revelando um romântico incurável, Sr. Blythe. – disse Anne

- Olhar para você me deixa romântico. Já disse o quanto está linda esta manhã? – Anne se deliciou com o timbre rouco da voz de Gilbert.

- Não acha que está exagerando? Já me viu com este uniforme centenas de vezes no último ano. – ela apontou para o vestido marrom que todas as garotas usavam na escola.

- Todas as vezes que te vejo é como se fosse a primeira vez para mim. - disse isso e se inclinou para beijá-la, mas Anne o impediu.

- Gilbert, estamos na escola. Tente se comportar, está bem?

- Vou fazer o possível, mas não sei quanto tempo vou resistir.

- Faça um esforço, Blythe. Tenho certeza que vai conseguir. - disse Anne rindo da cara de sofrimento que ele fez, depois lhe deu um beijo no rosto e entraram de mãos dadas na sala de aula.

Logo, Anne se juntou a Diana e Gilbert se sentou com Muddy em seu lugar de costume. O que não passou despercebido a Anne foi o fato de que Ruby tinha se sentado do outro lado da sala, e quando olhou para ela percebeu que a menina estava ainda muito zangada. Anne ficou triste, pois gostava muito de Ruby, mas não abriria mão de Gilbert novamente só para fazê-la feliz.

Tentou falar com Ruby na hora do recreio, mas toda vez que a menina via Anne mudava de direção evitando a ruivinha a todo custo. Houve um momento em que Anne a encontrou no corredor, mas a menina se trancou no banheiro e Anne desistiu de consertar a situação, dizendo a si mesma que Ruby estava se comportando como uma garotinha mimada, e pela primeira vez pensou que talvez Cole tivesse razão em tudo que dissera sobre a menina.

- Ruby nunca vai me perdoar. - disse ela a Gilbert minutos depois.

- Não fique assim, dê tempo a ela. – disse Gilbert abraçando-a e beijando-lhe o topo da cabeça.

- Ela age como se eu fosse a pior pessoa do mundo. - Anne comentou com Gilbert aninhando-se nos braços dele.

- Isso tudo vai passar, não se preocupe. Ruby ainda mantém em sua mente a fantasia de que vai namorar comigo um dia, por isso se comporta assim. Mas, juro que nunca dei a ela nenhuma esperança. Durante toda a viagem me mantive o mais longe possível dela, mal conversamos, então, não sei por que ela insiste nessa ilusão ridícula que tem ao meu respeito.

- isso me lembra uma coisa. Não vai me contar sobre Elisabeth? – ao ouvir o nome da prima de Ruby, Gilbert olhou para Anne e disse.

- Não tenho nada para contar. Ela é só uma parenta de Ruby que conheci nas férias.

- Ruby me contou que vocês não se desgrudaram. Ela até me garantiu que você se apaixonou pela garota.

- Isso é mais uma fantasia de Ruby. Ficamos amigos, isso foi tudo.

- Ela é bonita? – Anne estava morrendo de ciúmes, mas não queria que Gilbert percebesse.

- Sim, ela é bonita – mas logo disse. - Mas não como você. - os olhos dele eram pura ternura e Anne se derreteu inteira por ele.

- Ainda bem, se não seria mais uma com quem eu teria que ter uma conversa séria.

- Não precisa ter ciúmes. Você sabe que só tenho olhos para você.

- Quem disse que estou com ciúmes? Só quero defender o que é meu. - Anne fez uma cara tão brava que Gilbert riu.

- Você fica encantadora quando fica zangada. – Tocou o rosto dela com carinho.

- Não me provoque Blythe, ou vou te mostrar como posso ficar ainda mais zangada. - disse Anne, fingindo profunda irritação. O que fez Gilbert rir ainda mais.

- Adoro você de qualquer jeito. – Abraçou-a apertado.

- Também adoro você, Gilbert. - Olhou para ele encantada com aquela beleza masculina que aguçava todos os seus sentidos. Então, viu Diana acenando para ela e continuou – É melhor voltarmos para sala. O nosso intervalo acabou.

Passaram as horas seguintes discutindo sobre o projeto do processamento de lã que deveriam apresentar.  A Srta Stacy pediu que os grupos se reunissem para decidirem qual seria a abordagem que utilizariam para realizar a atividade. Nesse momento, Ruby pediu permissão para mudar para o grupo da Josie, o que deixou Anne bem chateada, pois tinha pensado que o projeto as aproximaria de certa forma. Ao perceber que o grupo de Anne ficaria com apenas três pessoas, Gilbert conversou com seu grupo e a Srta Stacy, e desta forma se juntou a ela, Diana e Muddy.

Anne ficou extremamente feliz, mas também se sentiu culpada por Gilbert abandonar seu antigo grupo para ajudar o seu.

- Gilbert, adorei sua iniciativa, mas seu grupo não vai ficar chateado por sua mudança de última hora? A ruivinha perguntara.

- Não, está tudo bem. Eles já têm um projeto quase pronto, pois discutimos isso antes, então minha saída não vai prejudicá-los. Além do mais, vou me divertir muito mais trabalhando com vocês. – Gilbert deu ênfase no “vocês”, mas quando ele pegou na mão de Anne ela entendeu a indireta, e sorriu timidamente para o menino.

 Foram para casa naquele dia muito animados com o projeto que seria apresentado na sexta feira pelos alunos. Anne estava cada vez mais impressionada pela capacidade de Gilbert de colocar no papel tantas ideias diferentes. Ela sabia que ele era inteligente, mas não que tinha tanta criatividade. “Mais um ponto positivo para Gilbert Blythe”, ela pensara. Ele era uma caixinha de surpresas, e todas agradáveis até aquele momento.

Agora pensando em todas as coisas que acontecera naquele dia, Anne não podia negar que nunca se sentira tão feliz. Era óbvio que o problema com Ruby ainda a deixava aborrecida, mas se a menina queria se comportar feito criança, isso era problema dela. Nada no mundo faria Anne se sentir menos afortunada do que se sentia naquele instante, e tudo o que desejava era que aquela felicidade durasse para sempre.

 

GILBERT

 

Gilbert terminara as tarefas da escola e agora tentava se concentrar em um livro de anatomia que jazia aberto à sua frente, mas, no entanto, seu pensamento voava de encontro a uma ruivinha que não lhe saía da cabeça.

Desde que a conhecera tinha sido assim, mesmo quando pensava que seu interesse por ela era só curiosidade por seu jeito diferente de ver as coisas, ela sempre estivera em seus pensamentos. Agora ele entendia que tinha sido mais do que isso, se apaixonara por ela à primeira vista, e por mais que tentasse negar para si mesmo naquela época, acabara se rendendo aos apelos de seu coração.

Saber que Anne também estava apaixonada por ele era tudo que ele podia desejar, e agora que estavam juntos, tudo se encaixava perfeitamente. O senso de humor de Anne o encantava assim como sua inteligência, se divertia demais quando conversavam, sem contar que aprendia muitas coisas interessantes com ela, além de descobrir coisas acerca de si mesmo que nunca imaginara que existiam.

Pensar na menina o deixava romântico e agia como só as pessoas apaixonadas eram capazes. No passado isso não passava de besteira para ele, pois sendo alguém tão prático que pensava na lógica de tudo, não entrava em sua cabeça como as pessoas ficavam tolas quando amavam alguém, a ponto de fazerem serenatas de madrugada ou deixarem bilhetes cheios de mensagens de amor aonde quer    que fossem. Mas agora, ele tinha vontade de fazer tudo isso e até mais, e não se envergonhava do que sentia.

Fechou o livro de anatomia e foi pegar na gaveta um desenho que tinha feito de Anne há muito tempo atrás. Foi no dia em que ele a chamara de cenoura e ela ficara furiosa com ele. Enquanto ela estava ocupada, copiando a matéria da lousa, ele a desenhara e carregara essa imagem com ele por todos os lugares por onde andara, e quando sentia muita saudade de casa olhava para aquele desenho e se lembrava de todas as coisas boas e doces que ainda existiam em Avonlea, e fora essa imagem que o trouxera para casa.

Nunca mostrara aquele desenho para ninguém, nem mesmo Bash sabia que ele existia, e agora Gilbert planejava transformá-lo em um quadro que colocaria em seu quarto para ter Anne com ele sempre que quisesse.

Aquele dia com ela na escola tinha sido incrível. Chegara antes de Anne na escola e esperara por ela no portão de entrada. Quando ela chegara, Gilbert sentira a sintonia instantânea entre os dois, não podia negar que ele sempre a quisera daquela maneira, muito mais que uma amiga ou colega de sala, ele sempre a quisera como namorada.

Quando ela lhe perguntou como ele passara a noite e ele lhe respondera:

- Melhor impossível. Acho que vou adotar essa receita para mim. Todas as noites vou beijá-la antes de dormir, assim tenho certeza de que sonharei com os anjos.

Ela então o acusara de ser um romântico incurável, e dissera isso com o sorriso mais lindo do mundo. Gilbert sempre se maravilhava com a maneira como ela sorria, era como se o sol nascesse de repente aquecendo-o por inteiro. Inspirado por aquela linda visão ele respondera:

- Olhar para você me deixa romântico. Já disse o quanto está linda esta manhã? – o que ela o contradissera dizendo:

- Não acha que está exagerando?  Já me viu com este uniforme centenas de vezes no último ano.

Ele olhara para ela como sempre fazia nos últimos tempos, e tudo o que conseguia enxergar era seus olhos azuis, bochechas coradas, milhares de sardas e lábios rosados, e mesmo com aquele uniforme que não dava espaço nenhum para a imaginação, ela era a garota mais linda do mundo para ele. Por isso Gilbert lhe respondera que toda vez que a via era como se fosse a primeira vez e tentara beijá-la, mas Anne o impedira com uma gostosa gargalhada, dizendo que estavam na escola e que ele deveria encontrar uma maneira de se controlar.

Gilbert sabia que não seria fácil, pois dificilmente conseguia manter as mãos longe dela. Ele entendia que a escola não era um lugar apropriado para isso, mas tentar dizer isso para o seu coração apaixonado era o mesmo que tentar escalar o Everest, mas mesmo assim prometera a ela que tentaria se comportar.

Gilbert nem percebeu que ria feito bobo enquanto  se lembrava de todos os momentos daquele dia. Sentiu uma pontada no peito ao recordar do olhar magoado de Anne ao falar sobre a raiva de Ruby. A menina estava sinceramente sentida por Ruby não querer falar com ela, Gilbert tentara consolá-la, embora soubesse que não valia a pena Anne sofrer com aquilo, mas não dissera nada em respeito ao afeto dela pela amiga.

Gilbert conhecia Ruby desde criança e sabia que toda vez que ela queria alguma coisa, fazia chantagem emocional até conseguir o que desejava. E seu pensamento se comprovara quando a menina mudara de grupo no projeto. De propósito, Gilbert decidira se juntar ao grupo de Anne, só para provar a Ruby que sua mudança de grupo em nada afetaria o projeto de Anne, já que ele a ajudaria em todas as etapas do processo.  Ele vira o olhar que Ruby lhe lançara, percebera a mágoa e a decepção no rosto dela.

Gilbert sentia muita pena dela, mas nenhuma compaixão, pois achava um golpe baixo Ruby querer usar a amizade e o apreço que Anne sentia por ela para conseguir o que queria. Na verdade, o menino não acreditava nos sentimentos de Ruby por ele. A impressão que ele tinha era que Ruby queria namorá-lo apenas para exibi-lo para escola inteira como se ele fosse um prêmio muito disputado, e ele nunca lhe daria este prazer.

Era um pena que Anne não conseguisse perceber essa falha de caráter de Ruby, porque se isso acontecesse seria muito mais fácil para ela deixar esse assunto de lado, e focar apenas nas coisas que realmente importavam. Mas Gilbert tinha esperanças de que ela abriria seus olhos logo para esse fato, e entenderia que a amizade verdadeira não exigia que se provasse com atos a sua sinceridade, pois seus laços eram sentidos no coração.

Gilbert balançou a cabeça e outro pensamento lhe ocorreu. A lembrança de Anne com ciúmes de Elisabeth deixou-o ainda mais encantado por ela. Sua modéstia em relação á própria aparência sempre o surpreendia. Quando será que ela perceberia o quanto era maravilhosa, e que qualquer garota comparada a ela era apenas uma pálida rosa em um jardim onde a majestosidade de Anne era soberana?

Gilbert nem se lembrava mais de Elisabeth ou o que o tinha atraído nela em primeiro lugar. Talvez a sua necessidade de afastar-se de Anne tinha lhe dado a falsa ilusão de que um novo amor era a resposta para o seu sofrimento, mas no final só provara que nada conseguiria tirar Anne de seu coração. Estava feliz por ter percebido a tempo o seu engano, e fora recompensado de todas as maneiras por sua longa espera.

- Gilbert, você não vai descer para o jantar?- Gilbert saiu de seu pequeno transe e deu de cara com Mary que olhava para ele divertida.

- Nossa já escureceu? Eu não tinha percebido. - disse o menino

- Parece que o dia na escola foi excelente. Como está a Anne?- quis saber Mary.

- Ela está bem. – ele respondeu simplesmente.

- Quando é que vai convidá-la para jantar conosco?

- Ainda não pensei nisso. Quando você acha que é conveniente para você?

- Que tal no próximo fim de semana? Assim poderemos comemorar todos juntos.

- Comemorar? Será que me esqueci do aniversário de alguém? – perguntou Gilbert preocupado.

- Não, querido. Creio que você como membro desta família deve ser o primeiro a saber, ou melhor, o segundo, pois contei primeiro para o Sebastian.- disse Mary com os olhos brilhando.

- Será que é o que estou pensando?- disse Gilbert, assim que um pensamento lhe ocorreu.

- Sim, estou grávida. Não é maravilhoso? – Mary abraçou Gilbert, com lágrimas escorrendo pelo rosto.

- Nossa Mary. Então logo terei um irmãozinho para alegrar esta casa?

- Pode apostar que sim. - disse Mary abraçando Gilbert novamente.

- Pois vou logo avisando, como nunca tive um irmão, vou mimar muito o seu filho, ou filha, já que pode ser uma menina. - Gilbert se corrigiu.

- Você, meu querido, poder mimar o meu bebê o quanto quiser. Agora vamos descer para o jantar, pois o Sebastian como sempre está faminto.

E desceram as escadas juntos, fazendo planos para um futuro que parecia brilhar ainda mais com as boas novas. Naquele momento, Gilbert percebeu que não lhe faltava mais nada, podia finalmente  dizer que se sentia completo e feliz.

 

GILBERT E ANNE

 

Era sexta-feira, o dia da apresentação do projeto. Anne acordou nervosa, sabia que o projeto deles era bom, pois Gilbert tivera ideias fantásticas, assim como algumas sugestões dela, de Muddy e de Diana, mas ainda assim, não tinha certeza se a professora teria a mesma opinião, já que a última palavra seria dela ao escolher o melhor trabalho.

Na hora do café da manhã falara sem parar, até que Marilla tivera que interrompê-la para que respirasse um pouco e engolisse alguma coisa, antes de ir para a escola. Cinco minutos depois, Diana passara por Green Gables para irem para a escola juntas, e quando Anne foi se despedir de Marilla, percebeu que ela tinha o rosto pálido e perguntou preocupada:

- Marilla, você está se sentindo bem? Parece tão pálida esta manhã.

- Estou bem, Anne. Não se preocupe. Eu acordei com uma de minhas enxaquecas, mas já tomei um chá e irei me deitar daqui a pouco. Quando você retornar da escola, estarei novinha em folha. – Marilla tentou sorrir, mas não teve muito sucesso, pois a dor a incomodava tanto que tinha dificuldades até para enxergar.

- Não quer que eu fique e faça companhia para você? Hoje é a apresentação do nosso projeto, mas a Diana pode fazer  a minha parte. Tenho certeza de que a Srta Stacy vai entender.

- Não, querida. Você trabalhou muito para deixar esse projeto pronto para hoje. Não seria justo privá-la do prazer de participar de sua apresentação. Pode ir tranquila. Se eu precisar de alguma coisa o Matheus e o Jerry podem me ajudar.

- Está bem, então. Descanse e não se esforce com nada. Quando eu voltar posso realizar as tarefas da casa. - deu um beijo na velha senhora, e foi para a escola com Diana.

Era verdade que tinha trabalhado bastante naquele projeto. Não só ela, como Diana, Muddy e Gilbert. Os quatros passaram horas se debruçando sobre ideias, até colocar no papel as melhores. Fora divertido passar todos aqueles dias com Gilbert, pois se aproximaram muito um do outro e acabaram se conhecendo um pouco melhor.

Ruby ainda não falava com ela, mas Anne percebeu que a menina tinha se aproximado de Muddy. Os dois conversavam sempre nos intervalos, e como o menino era muito bom em matemática, matéria que Ruby detestava, ele acabara se tornando companhia constante de Ruby nas aulas de matemática, auxiliando-a em suas dificuldades. Anne ficara feliz pelo amigo, pois sabia o quanto Muddy gostava de Ruby, e esperava que a menina percebesse o quanto o menino era uma pessoa bacana.

Quando chegaram à escola naquele dia, Gilbert e Muddy esperavam pelas duas. Repassaram passo a passo o que cada um ia dizer, e se sentiram enfim preparados. Assim, quando a aula começou, a Srta Stacy foi chamando cada grupo por ordem de sorteio, e os alunos falaram sobre seus projetos. O grupo de Anne foi o último a se apresentar. Gilbert ficara encarregado de falar sobre as partes técnicas do trabalho, enquanto Muddy e Diana explicavam sobre as ilustrações que mostravam como o projeto seria desenvolvido, e Anne ficara responsável por falar sobre os benefícios e a redução de custos que a implantação daquelas técnicas traria para quem a utilizasse.

Enquanto Gilbert falava, Anne o observava atentamente e se sentiu orgulhosa da maneira como ele explicava sobre o projeto. Era eloquente, seguro e não se atrapalhou com as palavras nenhuma vez, era quase como se estivesse dando uma aula sobre o assunto. Até a Srta Stacy parecia hipnotizada pela presença de Gilbert, e quando ele terminou todos aplaudiram encantados.

- Bem, devo dizer que fiquei impressionada por todos os projetos apresentados, pois pude perceber que todos deram o melhor de si, dedicando seu tempo e seus esforços para desenvolver um trabalho bem estruturado. Terei que escolher um, mas isso não significa que os outros foram menos valorosos, então, sintam-se orgulhosos de seu comprometimento. Eu escolho o projeto do grupo de Anne. Parabéns pela criatividade.

Todos aplaudiram, apoiando a escolha da Srta Stacy. Somente Josie Pye reclamou, dizendo que tinha sido injusto, que o projeto do grupo dela era muito melhor. Billy Andrews tentou acalmar a namorada, enquanto Ruby ficava no seu canto chorosa. Em outros tempos, Anne teria ido consolar a menina, mas agora não tinha vontade nenhuma, ela escolhera trocar de grupo, então não adiantava lamentar-se.

Com a vitória de seu grupo, Anne, Gilbert, Muddy e Diana comemoraram juntos no intervalo, saboreando um delicioso pudim de abacaxi que Mary havia preparado. Alguns minutos depois, enquanto Muddy ensinava Diana a jogar damas, Gilbert e Anne namoravam embaixo de uma árvore no pátio.

- O que você acha de jantar lá em casa uma noite dessas? – perguntou Gilbert, brincando com uma mecha do cabelo de Anne.

- É alguma ocasião especial?

- Bem, a Mary me contou ontem que está grávida. - Gilbert respondeu, sorrindo de orelha a orelha.

- Que boa notícia, Gilbert! Mary e Sebastian devem estar radiantes.

- Sebastian está feito bobo. Estou feliz por eles, acho que esse bebê vai abençoar ainda mais nossa família.

- Como é para comemorar uma coisa tão especial eu aceito o convite. - disse Anne, deitando a cabeça no ombro de Gilbert.

- Vou avisar a Mary. Ela vai ficar muito feliz, pois adora você.

- Também gosto muito dela. - ficaram em silêncio por alguns minutos, curtindo a presença um do outro. Passados alguns segundos Anne perguntou:

- Você pensa em ter filhos um dia, Gilbert? - imagens dos dois juntos encheram os pensamentos dele, então o menino olhou para ela e respondeu:

- Só se forem parecidos com você.

- Está me pedindo em casamento, Sr. Blythe?- Anne disse divertida.

- Bem, se você tiver paciência e me aguentar até eu me formar como médico, eu adoraria ser seu marido. - agora Gilbert olhava para Anne de uma forma tão intensa que quase a deixou sem palavras, Casar com Gilbert? Seria possível tamanha felicidade? Preferia não fazer planos a longo prazo para não se decepcionar, por enquanto se contentava em ser a namorada oficial dele.

- Acho que podemos esperar para ver o que acontece. - se aproximou dele e lhe deu um selinho. Gilbert riu e perguntou;

-- O que vai fazer hoje à tarde?

- Tenho que estudar para Geometria. Você sabe o quanto detesto essa matéria, e não importa o quanto eu estude, não consigo entendê-la. - disse Anne, fazendo cara de desgosto.

- Quer que eu te ajude a estudar? Poderíamos nos encontrar no seu clube de leitura. – se ofereceu Gilbert

- Mas você não tem que ajudar Bash na fazenda?

- Hoje não. Combinamos que eu o ajudaria quando não tivesse tarefa de escola para fazer, então, podemos estudar juntos, se você quiser. - ele disse, beijando os cabelos de Anne.

- É claro que aceito. Acha que eu perderia a oportunidade de tê-lo todinho para mim uma tarde inteira? – Anne olhava para Gilbert com os olhos brilhando. Parecia uma menininha feliz, pensou Gilbert. Adorava aqueles momentos com ela, quando podiam desfrutar da presença um do outro sem que nada os atrapalhasse.

-- Eu sabia que você não resistiria ao meu charme.

- Convencido! – falou ela, feliz pela intimidade que compartilhavam. Passaram mais alguns minutos nessa brincadeira de provocação, selinhos e troca de olhares. Um tempo depois, a aula recomeçou e como a Srta Stacy resolveu trabalhar com os alunos a matéria de Biologia, não tiveram mais oportunidade de se falarem a sós.

Foram para casa juntos em companhia de Diana e Muddy, e antes de entrar em casa, Anne combinou com Gilbert o horário que se encontrariam para estudar. Abriu a porta toda animada, assoviando uma canção que aprendera quando ainda era criança. Encontrou Matthew na cozinha e o cumprimentou feliz da vida:

- Bom tarde, Matthew. Onde está Marilla?

- Boa tarde, Anne. Preciso te falar uma coisa. - disse Matthew de uma maneira tão séria que o coração de Anne congelou.

- O que aconteceu? Onde está Marilla? –perguntou novamente cheia de preocupação.

- Marilla está no hospital, Anne. - respondeu Matthew devagar a fim de não assustar a menina.

- No hospital? Por quê? Ela ficou doente?- Anne estava quase chorando, pressentindo o pior.

- Ainda não sei o que aconteceu. Entrei em casa e fui ver a Marilla em seu quarto e a encontrei desacordada no chão. Chamei por ela várias vezes, mas não consegui fazê-la voltar a si. Levei-a ao hospital imediatamente onde Marilla ficou internada para fazer alguns exames. Assim, vim para casa pegar algumas roupas para ela e esperar que você voltasse da escola para te dar a notícia. Ah, Anne. Não fique assim. Ela vai ficar boa. – disse Matthew quando viu que Anne começara a chorar e a abraçou com carinho.

- Ah, Matheus. Sinto-me tão culpada. Quando sai hoje de manhã vi que ela estava pálida, mas Marilla me disse que era só sua velha enxaqueca, e que eu não devia me preocupar. Fui para a escola sem nem pensar no assunto, pois estava tão preocupada com o projeto que deveria apresentar que não percebi que era mais sério do que pensei. – Anne soluçava sem parar. – Se alguma coisa acontecer com ela, nunca vou me perdoar.

- Anne, a culpa não é sua. Marilla sempre teve estas dores de cabeça desde menina. Ela não tem se sentindo bem há dias, mas é teimosa e não quis consultar o médico como sugeri. - contou Matthew, abraçando Anne com carinho.

- Por que não me disse antes, Matthew? Como não percebi que Marilla estava tão doente?

- Marilla não me deixou te contar porque ela sabia que você ficaria preocupada.

- Mas, se eu soubesse poderia tê-la convencido a ir ao médico mais cedo. E agora, Matthew?  O que vai acontecer com ela? – Anne se sentou em uma cadeira na cozinha e colocou a cabeça entre as mãos, tentando desanuviar seus pensamentos.

- Temos que esperar os resultados dos exames. Até lá não há nada que possamos fazer. Tenho que voltar ao hospital para levar roupas limpas para Marilla.

- Vou com você. – disse Anne e quando viu que Matthew ia protestar o interrompeu. – Não conseguirei ficar em casa sem ter notícias. Por favor, Matthew, não me impeça de ir.

- Está bem. Vamos logo, antes que escureça. - colocou a mão no ombro da menina e ambos saíram em direção ao carro. De repente, Anne se lembrou sobre o que tinha combinado com Gilbert e disse para Matthew;

- Pode esperar um minuto?- Acabei de me lembrar  de que tenho um recado para o Jerry.- Matthew assentiu e a menina saiu correndo em direção ao celeiro onde Jerry estava trabalhando naquele momento.

No momento em que entrou o menino estava cuidando dos cavalos, então Anne falou o mais rápido que pôde;

- Jerry,  Combinei com o Gilbert de me encontrar com ele mais tarde para estudarmos no clube de leitura, mas vou com o Matthew para o hospital visitar a Marilla. Você poderia ir até a casa dele e contar o que aconteceu? Não terei tempo de avisá-lo.

- Claro, Anne. Irei agora mesmo. Diga a Marilla que espero que ela melhore logo.

- Obrigada, Jerry. – deu um abraço no amigo e voltou correndo para o carro.

Viajaram em silêncio por uma hora, cada um perdido em seus próprios pensamentos. Anne rezava baixinho, pedindo a Deus que poupasse Marilla, pois além de Matthew ela era a única família que tinha. “Mas agora você também tem o Gilbert”, sua voz interior falou dentro de sua cabeça. Sorriu ao lembrar-se do namorado. Como queria que ele estivesse ali com ela, seria mais fácil suportar aquela pressão dentro de seu peito.

Chegaram ao hospital e procuraram pelo médico responsável pelo caso de Marilla, mas ele disse que só saberiam dos resultados dos exames no dia seguinte. Matheus disse que seriam melhor que voltassem para casa, pois de nada adiantaria ficarem ali naquele momento.

- Não, Matthew. Eu não vou sair daqui. - disse Anne, teimosamente, se recusando a sair de perto de Marilla.

- Anne, você ouviu o que o médico disse. Só saberemos de alguma coisa amanhã de manhã. É melhor irmos para casa descansar.

- Eu vou ficar. Você pode voltar se quiser. Prefiro permanecer aqui onde sei que estarei perto de Marilla.

- Está bem, Anne. Se for isso o que quer. - disse Matthew concordando ao ver o nervosismo da menina. - Mas, você precisa comer alguma coisa. Vou deixar algum dinheiro para que compre alguma coisa na cafeteria do hospital. - depois olhou para a menina  com seu jeito sério e continuou.- Não me sinto confortável em deixá-la aqui sozinha.

- Não se preocupe, Matthew. Ficarei bem. Você precisa voltar para Green Gables, afinal a fazenda não pode ficar sem ninguém para cuidar dela.

- Vou indo então. Até logo, Anne. Prometo que amanhã bem cedinho estarei aqui. - deu um beijo na testa da  menina e foi embora.

Anne se sentou em um banco no corredor do hospital e se lembrou de que não trouxera nada para ler. As horas passavam devagar e a menina estava ficando inquieta, olhando apara aquelas paredes brancas feitas especialmente para acalmar as pessoas, mas que naquele momento surtia o efeito contrário em Anne. De repente ouviu alguém a chamando, ela se virou e não pôde acreditar quando viu Gilbert parado no corredor sorrindo para ela.

Era como se uma luz tivesse iluminado a escuridão dentro dela. Gilbert estava ali e ele era tudo o que ela poderia desejar naquele momento. Correu para ele e o abraçou, lágrimas escorrendo pelo seu rosto. Quando conseguiu se acalmar, olhou para ele e disse:

- Não acredito que veio até aqui. Estava me sentindo tão solitária sem você.

- Você pensou mesmo que a deixaria passar por essa situação sozinha? Onde você estiver eu também estarei. - disse Gilbert, enxugando as lágrimas de Anne com seu polegar. - pegou a bolsa que trazia com ele e falou para Anne. - Bem, como imaginei que seria uma noite longa para nós dois, trouxe os livros de Geometria caso queira estudar para passar o tempo. Mas, se achar que é demais para você, também trouxe um tabuleiro de xadrez. Outro dia você me disse que gostaria de aprender a jogar e achei que aqui seria uma ótima oportunidade para começar. Ah, quase ia me esquecendo. A Mary te enviou uns sanduiches caso sinta fome, pois acho que não comeu nada até agora, não é? – Anne ficou olhando para Gilbert sem conseguir dizer uma palavra sequer. Como ele podia ser tão maravilhoso? Como ela tivera a sorte de encontrá-lo? Estava irremediavelmente apaixonada e pela primeira vez não sentiu medo daquele sentimento. Colocou os braços em volta do pescoço de Gilbert e disse com seus olhos presos no dele:

- Já te disse que eu te amo? – Gilbert ficou surpreso e por um momento não soube o que dizer, emocionado com as palavras dela, em seguida respondeu:

- Não, mas agora que disse quero que saiba que não vou te largar nunca mais. Eu também te amo, Anne. Sempre te amei e sempre vou amar. - Ambos sorriram presos por uma magia da qual nenhum dos dois queria se libertar.

- Se não estivéssemos em uma sala de espera de um hospital, juro que te beijaria agora mesmo. - Anne sentiu a emoção na voz dele tocá-la profundamente.

- Gilbert, já nos beijamos hoje. Várias vezes, se me lembro bem. Você está se revelando um namorado insaciável, Sr. Blythe.

- É para compensar todo o tempo em que fiquei longe de você só sonhando com seus beijos. - Gilbert a abraçou novamente, aspirando o perfume dos cabelos dela. Em seguida, pegou na mão da menina e disse:

- Vamos nos sentar na cafeteria. Você precisa comer alguma coisa.

- Não estou com fome, Gilbert. Estou muito preocupada com Marilla.

- Ficar sem se alimentar não vai fazer Marilla se recuperar mais rápido. Vai acabar adoecendo como ela. Coma pelo menos um dos sanduiches que Mary preparou para você.

- Está bem. - Anne pegou um sanduíche e deu uma mordida, se surpreendeu com o sabor delicioso.  Acabou comendo dois, pois não tinha percebido até aquele momento o quanto estava faminta.

Assim, passaram as horas seguintes jogando xadrez e conversando. Já passava da meia noite quando Anne exausta, colocou a cabeça no colo de Gilbert e adormeceu, permanecendo nesta posição até de manhã quando Matthew os encontrou satisfeito por ver que Anne não passara a noite sozinha no hospital.

O bom senhor tocou de leve o ombro de Gilbert que também tinha adormecido com a cabeça encostada na parede. O menino abriu os olhos e quando viu Matthews, disse um pouco envergonhado:

- Bom dia, Sr. Cuthbert. Vim fazer companhia para Anne. Não quis deixá-la sozinha em uma sala fria de hospital.

- Tudo bem, Gilbert. Fico feliz que tenha vindo até aqui. Obrigado por se importar com Anne. - Matthew apertou a mão do Gilbert sorrindo.

- Sr. Cuthbert. Eu sei que aqui não é o lugar mais apropriado para isso, mas queria dizer que eu e Anne estamos namorando.

- Eu aprecio muito este namoro e tenho certeza que Marilla também ficará muito feliz. Você é um ótimo garoto.

- Obrigado, Sr. Cuthbert. – agradeceu Gilbert aliviado. Temera que Matthew não aprovasse seu envolvimento com Anne.

- Embora não possa dizer que esteja surpreso. Sempre percebi seu apreço por Anne. - Matthew deu uma risadinha divertida ao ver o rubor tomar conta do rosto de Gilbert.

- Posso saber o que vocês dois estão conversando? –perguntou Anne que acabara de acordar naquele momento.

- Gilbert acabou de me contar sobre o namoro de vocês dois, e disse a ele que fiquei muito feliz por vocês dois. – Anne ficou surpresa com a ousadia de Gilbert em contar tudo para Matthew sem consultá-la, mas isso somente mostrou à ela que o menino levava a sério o relacionamento dos dois.

- Obrigada, Matthew – Anne disse simplesmente.

Ainda estavam conversando sobre o assunto quando o médico apareceu dizendo que os exames acusaram somente enxaqueca mesmo, e que o desmaio dela foi devido a muito medicamento que ela ingerira contra dor baixando sua a pressão arterial drasticamente.

- Quando ela poderá ir para casa? –perguntou Anne, ansiosa.

- Agora mesmo. Só que ela dormirá ainda por muitas horas, pois tivemos que sedá-la para fazer os exames. - respondeu o médico.

- Tudo bem. Vamos levá-la para casa então. - disse Matthew

E assim voltaram para casa aliviados por Marilla estar com eles. No momento em que chegaram, Gilbert ajudou Matthew a colocar Marilla na cama e depois foi convidado a tomar café da manhã. O menino aceitou e após o desjejum disse que precisava ir para casa.

Anne o acompanhou até o portão e conversaram por alguns minutos. A menina pegou na mão dele e disse:

- Obrigada, Gilbert. Eu não sei o que teria feito sem você naquele hospital.

- Você sabe que pode contar comigo sempre. - Gilbert apertou a mão de Anne com carinho.

- Eu sei. – Anne concordou.

- Bem, vou para casa. O nosso jantar ainda está de pé? – Gilbert perguntou.

- Claro que sim.

- Tudo bem, vou avisar Mary.- Deu um beijo rápido em Anne e disse:

- Agora vá para cama, você está precisando descansar. Prometo que virei visitar Marilla amanhã.

- Está bem. – tocou no rosto de Gilbert suavemente.

Quando o menino se virou para ir embora, Anne agarrou a mão dele novamente, puxou-o de volta, mergulhou seus olhos azuis nos deles e disse:

- Eu te amo, Gilbert. – e Anne viu o rosto dele se transformar de calmaria para uma emoção nova que ela não conhecia. Gilbert segurou o rosto dela e  a beijou intensa e apaixonadamente. Depois ele a trouxe para seus braços, descendo as mãos suavemente pelas costas da  menina, explorando cada curva do corpo de Anne como se fosse uma escultura entalhada em material de pura seda.

Anne podia sentir a paixão de Gilbert em cada toque, e seus sentidos se inflamaram como se ela queimasse em chamas vivas de um desejo nunca antes experimentado. O beijo se intensificou até que ambos ficaram quase sem ar, e quando se separaram ficaram por um segundo em silêncio, incapazes de dizer qualquer palavra que expressasse o que se passava no íntimo de ambos. Gilbert abriu os olhos castanhos escurecidos pela força de seus sentimentos, sussurrando baixinho no ouvido de Anne:

- Eu te amo mais. – Anne abriu os olhos a tempo de ver Gilbert lhe dar um sorriso de tirar o fôlego. Ele então se despediu com um selinho rápido, enquanto a ruivinha apenas conseguiu acenar em resposta, ainda envolvida por emoções poderosas que a impediam de falar qualquer coisa.

Enquanto entrava em casa, Anne pensava que em toda a sua vida, e isso se aplicava também ao seu futuro, jamais amaria alguém como amava Gilbert Blythe.

 

 

 

 

 

-

 

 


Notas Finais


Espero que tenham gostado. Acho que nosso casal favorito está finalmente encontrando o seu ponto de equilíbrio. Atéo próximo capítulo. Beijos.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...