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História Anne with an e- continuação da série - Doce Malícia


Escrita por: roalves

Notas do Autor


Olá,queridos leitores.Estou postando mais um capítulo,e mais uma vez quero agradecer os comentários carinhosos que recebo a cada capítulo. Tem sido muito prazeroso escrever esta história do jeito que eu a imaginei, e fico muito feliz por estar agradando e espero agradar com mais este capítulo.Espero que comentem e me digam o que acharam. Eu acredito que o amor verdadeiro existe,assim como acredito que existe um Gilbert Blythe para cada uma de vocês que está esperando para ser descoberto,,assim como existe uma Anne dentro de todas nós.

Eu queria também dizer que comecei a escrever uma nova história,mais por insistência de uma amiga miinha que adora o cantor Shawn Mendes e me fez prometer que criaria uma história de amor com ele. O único inconveniente é que terei que pesquisar muito sobre o Canadá,já que a história toda acontece lá,e eu não sei nada sobre o país. Então,se vocês são fãs do cantor e acharem que vale a pena lê-la,vou ficar muito feliz por dividir mais esta criação minha com vocês. O nome da história é dois destinos.
Aproveitem mais este capítulo.

Capítulo 26 - Doce Malícia


Fanfic / Fanfiction Anne with an e- continuação da série - Doce Malícia

Capítulo 26

Doce Malícia

ANNE

 

“Dois dias para o Natal”, Anne pensou animada. Finalmente começaria a época mais encantadora de todas. O que a deixava mais feliz é que este ano comemorariam de verdade, pois Matthew estava bem de saúde, Green Gables prosperava como nunca, Gilbert tinha voltado, e só faltava Cole vir para casa para que tudo ficasse perfeito.

Sorriu para si mesma ao se lembrar dos presentes que tinha comprado com o dinheiro da mesada que Marilla agora lhe dava todos os meses. Ela dissera que uma mocinha precisava ter seu próprio dinheiro, e Anne economizara cada centavo que ganhara para que pudesse dar a cada pessoa que amava um presente a altura.

Para Marilla ela comprara um livro de receitas sobre o qual ela vivia falando todos os dias. Essas receitas tinham sido escritas pelos melhores chefs de todo o mundo e traziam vários tipos de comidas e sobremesas, cuja propaganda Marilla havia visto em uma revista quando visitara o médico no ultimo mês e desde então, ela falara sobre o livro sem parar. Anne então quisera lhe fazer uma surpresa, e pedira o livro pelo correio que chegara no dia anterior. Para Matthew, a menina comprara uma caixa de lenços de bolso, pois sabia que o bom senhor adorava esse assessório e sempre carregava um com ele para onde fosse, um hábito que cultivava desde a adolescência. Para Diana, Anne decidira comprar um par de brincos de prata, eram em formato de lua e a menina tinha certeza que a amiga adoraria a joia. Para Jerry, a ruivinha adquirira uma carteira de couro e um chaveiro, pois o amigo vivia perdendo suas chaves e tivera que mandar fazer cópias delas várias vezes, e ela esperava que aquele presente pudesse ajudá-lo a mantê-las em um lugar seguro. Para Cole, ela comprara um kit de pintura para incentivá-lo a continuar a produzir seus desenhos magníficos, e para Gilbert, ela comprara uma caixa de madeira que ela mesma pintara e decorara, pensando que ele pudesse utilizá-la para guardar seus livros de medicina, e também um vidro da colônia de odor amadeirado que ele tanto gostava.

Pensar em Gilbert, a fazia se sentir estranhamente agitada, com um nó no estômago que a deixava nervosa. Tinha notado que suas reações a presença dele tinham mudado nas últimas semanas, pois bastava que ele se aproximasse dela para que sua pele se arrepiasse, seu coração disparasse e desejasse ardentemente que ele a beijasse com todo o ardor de que era capaz.  Quase não conseguia tirá-lo da cabeça, se lembrava dele nos momentos mais inesperados, e isso por vezes lhe causava situações embaraçosas. Outro dia, enquanto ajudava Marilla na cozinha, deixara um bolo de cenoura queimar inteirinho por estar tão distraída que se esquecera do tempo certo que deveria deixá-lo no forno.

- Anne, que cheiro de queimado é esse?- Marilla perguntara ao chegar na cozinha e perceber   uma estranha fumaça que enchia a cozinha, a qual Anne não notara  por estar tão envolvida em seus pensamentos, onde somente Gilbert Blythe parecia fazer parte.

- Meu Deus! Meu bolo de cenoura!.- Anne lamentara, ao retirá-lo do forno e ver que teria que jogá-lo fora, pois estava completamente torrado.

- Anne, como você pôde esquecer o bolo no forno? No que estava pensando que não percebeu que ele passou do ponto? – Marilla olhava para ela interrogativamente.

- Desculpe Marilla. Eu me distraí pensando nas festas que se aproximam. Prometo que isso não vai mais acontecer. – Anne dissera a primeira coisa que lhe viera à cabeça. Por nada no mundo diria a Marilla que estava sonhando acordada com os beijos de Gilbert, e se lembrando de cada momento nos braços dele. Com certeza Marilla ficaria horrorizada e a acusaria de pervertida, depravada ou coisa pior. Estava cada vez mais difícil disfarçar suas reações, por isso, tinha que aprender a controlar sua imaginação ou acabaria em maus lençóis.

Quando pensava sobre esse assunto, Anne percebia que tinha muitas perguntas a respeito, para as quais gostaria de encontrar as respostas. Entretanto, sabia por instinto que não poderia obtê-las com Marilla, pois a boa senhora era da velha guarda e não permitiria que Anne sequer iniciasse tal conversa. Por esta razão, precisava encontrar alguém com quem falar sobre tudo o que estava sentindo, caso contrário ficaria cada vez mais confusa. Estava cada vez mais envolvida por Gilbert, totalmente apaixonada e entregue a este sentimento, por outro lado, não tinha experiência nenhuma no quesito namoro, pois antes de Gilbert sequer tinha beijado outro garoto, e por isso, as sensações que sentia em seu íntimo quando ele a beijava ou tocava a deixavam encantada e amedrontada ao mesmo tempo. Tinha certeza absoluta de que jamais se sentiria assim com outra pessoa, mas precisava urgentemente entender a si mesma antes de se entregar a paixão que queimava em sua alma.

Anne não era totalmente ignorante no assunto, pois vivera em casas onde havia mulheres adultas, que não tinham nenhum pudor em falar com suas amigas sobre seus relacionamentos íntimos com seus maridos. Mas, Anne nunca dera ouvidos ao que conversavam, pois estava mais preocupada em terminar suas tarefas domésticas, alimentar todas as crianças da casa e escapar do castigo que fatalmente receberia se tudo não estivesse pronto no horário estipulado pela dona da casa. Agora desejava que tivesse prestado mais atenção a esse assunto, pois assim conseguiria entender todas as suas reações físicas quando estava com Gilbert, e talvez compará-las com as narradas por aquelas mulheres. É lógico que sabia que o amor que sentia por Gilbert tornava tudo especial, ao passo que as conversas que em raros momentos ouvira, falavam de sentimentos físicos onde não havia nada que se relacionasse ao amor.

Pensou em falar com Diana a respeito, pois se lembrava bem que da ultima vez que conversaram, a amiga havia deixado uma porta aberta para  que ela pudesse desabafar sobre qualquer coisa que desejasse, e tinha plena certeza de que podia confiar nela, assim como confiava em si mesma, por esta razão, decidiu que iria na casa da menina naquela tarde, logo depois da escola.

Assim, chegou à sala de aula com passos apressados e aflitos. Acordara atrasada, e se não fosse por Jerry que lhe dera uma carona no carro do pai que ele agora dirigia, pois acabara de completar dezoito anos e esporadicamente o pai permitia que ele o pegasse emprestado, teria chegado meia hora depois do inicio da aula. Gilbert a esperava na porta da sala preocupado com seu atraso, e quando a viu chegar, seu rosto se iluminou em um sorriso, que francamente, fez o coração de Anne falhar uma batida.

Ela ralhou consigo mesma por não conseguir controlar suas emoções enquanto se aproximava do namorado. Sentia suas pernas bambearem, e cada fibra de seu corpo reagir à proximidade dele, e temeu que o menino percebesse o quanto ele a afetava emocionalmente. Olhou para ele, percebendo o quanto Gilbert havia mudado nos últimos meses. Ele estava crescendo rapidamente, e quase não existia nenhum vestígio do rapazinho que ela conhecera na floresta tempos atrás, e que agora se transformava em um lindo rapaz e se possível, cada vez mais atraente aos olhos dela. Ele exibia um ar serio e maduro que antes não existia ali, quando olhava para ela, Anne não via mais o garoto um tanto tímido e reservado que desviava seu olhar quando percebia que estava sendo observado, o que ela enxergava era alguém que sabia exatamente o que queria e faria o impossível para obter o que desejava. A ruivinha também podia observar que muitas mudanças físicas tinham ocorrido em Gilbert. Ele antes apresentava uma constituição magra e de media estatura, mas em pouco tempo seu corpo adquirira músculos que o deixavam incrivelmente másculo, e ele estava pelo menos, cinco centímetros mais alto que Anne.

Ao se aproximar mais um pouco, a menina percebeu aqueles olhos maravilhosamente castanhos examiná-la de cima a baixo, e que fez sua pele se arrepiar instantaneamente. Ele estendeu a mão, alcançando sua cintura e a puxou imediatamente para seus braços, Anne só teve tempo de pensar, ”Que Deus me ajude”, antes de Gilbert colar sua boca na dela e lhe dar um beijo tão avassalador que a deixou sem ar. O garoto pareceu não se importar com quem estivesse olhando ou onde estavam, e só parou de beijá-la quando ouviu alguém assoviar e percebeu que Anne ficara constrangida. Então disse em seu ouvido:

- Por que demorou tanto?  Senti a sua falta.

- Acordei atrasada hoje, e por sorte, Jerry me deu uma carona. -Ela evitou olhar para ele, pois ainda estava sob o efeito do beijo, e não conseguia compreender como ele poderia estar tão calmo quando por dentro ela tremia feito gelatina.

- Não sei se gosto disso. - ele disse.

- Gilbert, é só o Jerry, namorado da Diana. Você se esqueceu?- Anne perguntou inconformada. Não era possível que ele estivesse com ciúmes do Jerry.

- Estava brincando Anne. Sei que ele e como se fosse um irmão para você. - Gilbert disse sorrindo.

- Ainda bem, por um momento pensei que estivesse com ciúmes dele. - Anne disse aliviada.

- Talvez ele seja o único garoto de quem não tenho ciúme, pois sei que ele é completamente apaixonado por Diana.

- Por falar nela, você a viu hoje?

- Sim, ela se dirigiu ao salão de eventos para o último ensaio de Natal.

- Então eu acho que devemos nos juntar a ela.

- Ainda não acredito que você conseguiu me convencer a fazer parte disso. - Gilbert fez uma careta de desgosto fazendo Anne rir divertida.

- Ora, vamos, eu sei que você está se divertindo. Eu vi sua cara no último ensaio. Você riu o tempo todo. Além do mais, não custa nada colaborarmos com a Srta. Stacy. Ela está tão animada com o coral que apresentaremos amanhã aqui na escola.

- Quero deixar claro que estou participando porque fui coagido. Nem voz eu tenho para cantar em um coral.

- Não seja modesto. Você se esqueceu de que já ouvi você cantar? Sua voz é linda, Gilbert. Não devia desperdiçar esse talento.

- Meu talento é ser médico. E prefiro só usar minha voz quando quero conquistar garotas difíceis e voluntariosas. – disse isso, e beijou a ponta do nariz de Anne.

- Esta me chamando de difícil, Sr.Blythe?- Anne fingiu estar brava.

- Sim e persuasiva também. - Gilbert continuou a brincadeira.

- Então, vou fazer jus ao meu cabelo ruivo e te mostrar o quanto eu posso ser difícil e persuasiva. - pegou na mão dele e disse. - Vamos, estamos atrasados para o ensaio.

Quando entraram no salão todos os alunos já estavam em seus lugares, e Anne viu Ruby no meio deles. Ela havia voltado para a escola fazia duas semanas, e Anne tentara se aproximar, mas ela não lhe dera muita abertura. Anne então não insistira mais, esperando que a menina decidisse quando e se queria que voltassem a ser amigas. Ruby olhou para Anne e Gilbert e os cumprimentou com a cabeça, depois olhou para Muddy que estava do lado dela e segurou em sua mão. A ruivinha ficou contente em perceber que os dois pareciam estar se entendendo, pois sabia o quanto o menino gostava de Ruby.

Anne olhou mais atentamente para a fileira de alunos procurando por Diana, e viu a menina acenar para ela duas fileiras adiante, puxando Gilbert pela mão, caminhou ate onde a amiga estava.

- Anne, você demorou, hoje. - Diana disse baixinho.

- Acordei atrasada, e espero que não se importe, mas Jerry me deu uma carona.

- Claro que não. Vocês dois são praticamente irmãos, não seja boba. - Diana disse, abraçando a amiga.

- Estava pensando em ir à sua casa depois da escola. Tudo bem para você?

- Claro. Também quero te contar novidades..

Naquele instante a Srta. Stacy pediu silêncio, e todos se calaram para começarem a ensaiar. Passaram às quatro horas seguintes entre músicas do coral e intervalos para que pudessem descansar comer e beber algo.

Quando o ensaio terminou foram dispensados. Não haveria aula naquele dia, então, todos foram para casa ansiosos pela apresentação que aconteceria no dia seguinte.

Anne chegou à casa de Diana exatamente às três horas da tarde e a amiga já a esperava, animada para contar-lhe todas as boas novas.

- Anne, você não vai acreditar. O Cole chega amanhã com tia Josephine. - Diana pegou as duas mãos de Anne, e ambas rodaram feito duas garotinhas felizes demais por saberem que finalmente o amigo tão querido delas estaria em casa. Assim que recuperaram o fôlego, Anne disse:

- Que alegria, Diana. Mal posso esperar para vê-lo. Como você soube dessa notícia maravilhosa?

- Recebemos um telegrama ontem. Meu pai vai buscá-los na estação de trem amanhã. E parece que ele vai trazer um amigo. O nome dele é Pierre. Fico contente que o Cole finalmente tenha encontrado alguém em Paris para preencher o vazio de seu coração. Ele sempre foi alguém tão solitário quando vivia aqui. – Diana disse distraída, como se falasse consigo mesma.

Anne achou que tinha entendido errado as últimas palavras de Diana e foi sua duvida que a fez perguntar:

- O que disse?

- Eu disse que fico contente que Cole tenha encontrado alguém em Paris para preencher o vazio de seu coração. – Diana repetiu exatamente o que acabara de dizer.

- Então você sabe? Como? Quem? Quando?

- Sim, seu sei. Tia Josephine me contou um pouco antes de ela e Cole viajarem para Paris.

- Por que não me disse?- Anne olhou para ela espantada.

- Bem, eu esperei que você me contasse, mas isso não aconteceu, então, resolvi deixar esse assunto para lá.

- Diana, me desculpe. Eu me senti muito mal por esconder isso de você, mas é que era algo sobre Cole e não sobre mim, e ele nunca me deu permissão para falar isso com ninguém, a não ser com Gilbert para quem ele mesmo contou seu segredo para acabar com o ciúme dele.

- Não tem importância, Anne. Não fiquei zangada. Eu entendi que você somente estava protegendo o segredo de um amigo.. - Diana abraçou Anne com carinho.

- E como você se sentiu ao descobrir toda a verdade?- Anne quis saber.

- Bem, se fosse a Diana Barry de antes, talvez eu tivesse ficado muito chocada, mas a Diana Barry que sou hoje, graças a você, compreendeu tudo e aceitou o fato com naturalidade, pois eu acredito do fundo do meu coração que toda a forma de amar vale a pena, se o sentimento é verdadeiro e te faz bem.

- Que maravilhoso te ouvir dizer isso, Diana. Isso mostra o quanto você amadureceu. - Anne disse com lagrimas nos olhos.

- Eu já te disse que tudo isso, eu devo a você, Anne. Obrigada por ser essa pessoa tão incrível. – Diana abraçou Anne novamente,

- Você também é maravilhosa. Tenho muito orgulho de nossa amizade. – Anne segurou a mão da amiga entre as suas por um momento, depois disse. - Isso me lembra de que vou te dar o seu presente de Natal hoje, já que não passaremos esta data juntas.

- Ah, Anne. Sinto muito. Mas você sabe que minha mãe tem planejado tantos eventos e tantas festas. Juro que preferia mil vezes passar o Natal com você. Pelo menos o Jerry estará comigo. - Diana disse tristonha.

- Tudo bem, Diana. Teremos outras oportunidades. Agora abra seu presente. – Anne entregou a amiga um pacotinho caprichosamente embrulhado. Diana o abriu e exclamou feliz:

- Anne, que coisa mais linda! Nunca tive um par de brincos como este. – colocou o presente e foi se olhar no espelho. – Vou usá-los na noite de Natal. Muito Obrigada. –beijou o rosto da menina que sorriu. - Espere que vou até meu quarto pegar o seu presente.- subiu as escadas correndo e voltou com um embrulho nas mãos., e o entregou a Anne.

- Nossa Diana. Que cheiro maravilhoso é esse?- Anne perguntou enquanto se deliciava com o perfume que acabara de ganhar da amiga.

- É de pêssego com rosas. Pedi a minha prima que me trouxesse de Paris quando ela veio para o meu aniversário. Não tinha certeza se você gostaria, então, resolvi arriscar.

- Ficou maluca? Eu amei! Jamais tive algo tão sofisticado assim. Obrigada!- Anne disse feliz.

- E para você impressionar o Gilbert na noite de Natal. - ao ouvir o nome do namorado, Anne ficou um pouco tensa e se lembrou do real motivo de estar ali. Diana notou a mudança no rosto de Anne e perguntou preocupada:

- Anne, está tudo bem? Eu tive a impressão de que você queria falar sobre algo importante comigo, hoje na escola. Estou enganada?

- Não, eu realmente quero falar com você. Só não sei por onde começar. - Anne pareceu um pouco desconfortável, o que fez Diana dizer:

- Anne, você sabe que pode confiar em mim. Seja o que for, vamos resolver juntas. – Anne olhou para Diana, ainda um pouco incerta sobre como iniciar aquele assunto, por fim tomou coragem e perguntou:

- Diana, você e o Jerry já... - não conseguiu terminar a frase, pois se sentia tão constrangida que seu rosto queimava.

- Você quer saber se eu e o Jerry já tivemos nossa noite de amor? – Anne olhou para amiga surpresa com sua franqueza e confirmou com apenas um movimento de cabeça.

- Não, mas por que quer saber? Não me diga que você e o Gilbert já...

- Não! – Anne quase gritou interrompendo a amiga. – Era só curiosidade mesmo.

- Eu não acredito Anne, que você me perguntou isso só por curiosidade. Já falamos sobre isso outras vezes, e você nunca demonstrou tanto interesse nisso como agora. – Anne baixou o olhar e desabou na cadeira mais próxima dizendo:

- Ah, Diana. Ando me sentindo completamente estranha ultimamente. Sei que já falamos sobre isso antes, e eu sempre te disse que você devia se controlar e tomar cuidado a respeito dos seus sentimentos pelo Jerry, mas acho que quando te dizia isso, estava falando para mim mesma. O Gilbert me desestabiliza completamente. Nunca me senti assim com nenhum outro garoto, e agora basta que ele me beije para que eu deseje ficar nos braços dele para sempre. -Diana sentou do lado dela, pegou em sua mão e perguntou:

- Anne, me responda com toda sinceridade. Você ama o Gilbert?

- Você sabe que sim.

- E tem certeza que ele te ama?

- Não tenho nenhuma dúvida sobre isso.

- Então, do que tem medo? – Anne pensou na pergunta de Diana e depois respondeu:

- Acho que de mim mesma. Nunca perdi o controle desse jeito, e isso me assusta.

- Me responda outra pergunta. Você sabe o que quer? –Diana agora olhava no fundo dos olhos de Anne, esperando pela resposta.

- Sei sim.

- E o que quer?

- Eu quero o Gilbert. Quero que ele fique em minha vida para sempre. Quero que tenhamos uma vida juntos e que envelheçamos juntos. - Anne disse com lágrimas nos olhos.

- Então, o que eu tenho a te dizer é que você não deve ficar presa a convenções. Se o que me disse é verdadeiro, se permita experimentar, conhecer os seus limites e os dele, vá devagar até que se sinta segura, aprenda com o Gilbert a amar e ser amada, e tenho certeza de que tudo acontecerá no momento certo e de maneira mais natural possível.

Anne pensou por alguns segundos nas palavras da amiga e percebeu que ela tinha razão. Sorriu para ela e disse:

- Obrigada por ser a melhor amiga do mundo. Quando foi que você se tornou tão sábia?

- Depois de conhecer uma certa menina ruiva que me ensinou a aceitar o melhor da vida sempre, não importa os obstáculos.- ambas se abraçaram e ficaram assim por alguns momentos, então Anne se soltou da amiga e perguntou:

- Está preparada para o coral amanhã?

- Totalmente. Nós ensaiamos bastante. Acho que vai ser um espetáculo bonito.

- Que horas o Cole chega?

- Creio que no período da tarde. Não conseguiram comprar as passagens mais cedo, devido à época de festas.

- Que pena, ele vai perder nossa apresentação. Anne disse tristonha.

- O que importa é que ele estará em casa. - Diana disse.

- Tem razão. - Anne concordou. – O que quer fazer agora?

- O que você acha? Tomar chá – Diana piscou para Anne divertida.

- Sempre pensando em comida. Você não tem mesmo jeito. - Anne disse inconformada com a gula da amiga.

E assim ambas se dirigiram até a cozinha onde a mãe de Diana acabara de tirar um bolo de fubá quentinho do forno.

GILBERT

 

Gilbert esperava por Anne na entrada da sala de aula e estava preocupado. Ela estava atrasada aquela manhã, e isso raramente ocorria. Será que ela tivera algum problema ao vir para a escola?  Ele começou a andar de um lado para o outro se censurando por não ter passado em Green Gables a caminho da aula, e a ansiedade começou a consumi-lo sem piedade. Então ele a viu chegar apressada, os cabelos em desalinho caindo por suas costas, suspirou aliviado, e sorriu para ela. Mesmo da distância em que estava dela, o menino pôde perceber que Anne reagira a sua presença com surpresa e um certo prazer mal disfarçado, e seu coração se iluminou com alegria.

Anne fazia seu dia valer a pena, observá-la todas as manhãs se tornara um ritual para ele, pois sempre encontrava alguma coisa nova nela para apreciar. Naquela manhã, por exemplo, enquanto ela caminhava em sua direção, ele percebera que seus cabelos tinham adquirido uma tonalidade vermelha das folhas de outono, que naquele exato momento eram banhados pelo sol de inverno, fazendo com que um halo de fogo se ascendesse em volta de sua cabeça, realçando seus traços de maneira incrível.

Algo dentro dele pareceu se agitar diante daquela visão tão doce e tão encantadora. Sim, esta era a palavra certa para descrevê-la, Anne era encantadora, e não somente isso, ela era tudo que ele podia desejar em uma garota. Ele tentava não querê-la tanto, duelando com seu bom senso e razão, mas sempre perdia a batalha para seu coração, e isso o deixava por muitas vezes desconcertado. Não lhe agradava em absoluto perder o controle, mas ultimamente isso vinha acontecendo com frequência. Gilbert tinha que constantemente se lembrar de que Anne era uma garota especial, que merecia toda sua paciência e consideração, e que o amor entre eles tinha que acontecer devagar, e que ela tinha que ser cortejada delicadamente, mas seus sentidos eram rebeldes e não o obedeciam, quase sempre o tiravam do sério, não importando onde estivessem. Repetia para si mesmo a mesmas coisas milhões de vezes todos os dias, e o resultado era que sempre fracassava. Talvez fosse pela maneira como o olhava como se fosse uma garotinha travessa que estivesse em frente ao seu brinquedo favorito, ou o sorriso no rosto dela que brincava com seu bom senso, ou ainda a maneira como ela se entregava a seus beijos sem pudor algum.

 

Ele já tivera garotas, não muitas era verdade, mas que não duraram mais que uma noite. Enquanto viajava pelo mundo, perdido em si mesmo elas foram um anestésico contra a dor da perda em seu coração, apenas uma distração da saudade que sentia de casa, porém, nunca se apaixonara por nenhuma delas. O amor, ele guardara para aquele anjo de cabelos ruivos, olhos azuis como um céu sem nuvens, que agora estava tão próxima dele que Gilbert podia sentir seu hálito de hortelã.

Não resistiu e a puxou para seus braços, mesmo antes de dizer qualquer coisa, e a beijou como se toda a  sua vida estivesse contida naquele beijo, e continuaria a beijá-la até que não tivessem mais fôlego, se  não ouvisse assovios o lembrando de onde estavam e de quem ele tinha em seus braços.

- Por que demorou tanto? Senti a sua falta. – ele dissera, observando o rosto dela transtornado pelo beijo, e seus olhos que não fitavam os seus diretamente, parecendo envergonhada por terem sido observados por alguns de seus colegas em uma situação tão íntima. Apesar de Gilbert perceber seu desconforto, ele não conseguia lamentar por isso, pois nada naquele momento o teria impedido de beijá-la, era mais forte que ele, e mesmo que tentasse resistir, ele sabia que no final faria exatamente o que seu coração ordenava, ignorando completamente sua razão. Quando tinha Anne nos braços, ele era como um barco sem rumo indo para onde quer que o vento forte o levasse, e embora ele dissesse a si mesmo que não deveria tocá-la mais do que o permitido, ele sempre era apanhado na teia do seu desejo por ela.

- Acordei atrasada hoje, e por sorte, Jerry me deu uma carona. - Anne respondera a pergunta que ele fizera sobre seu atraso.

- Não sei se gosto disso. - ele dissera apenas para ver sua reação, o que ele logo tratara de esclarecer ao perceber que ela ficara irritada com seu comentário, dizendo a Anne que sabia que ela e Jerry eram como irmãos.

 Anne odiava a sua possessividade, dizendo-lhe muitas vezes que era sua namorada e não sua propriedade, e Gilbert sabia que era possessivo demais.  Nunca fora assim com nada e ninguém antes, nem mesmo com seus livros de medicina que ele considerava seu tesouro particular, mas com Anne as coisas eram completamente diferentes, pois ele não conseguia controlar seus sentimentos e acabava agindo por impulso, e deixando Anne furiosa com ele. Este não era um lado seu do qual se orgulhasse, mas esperava mantê-lo sob-rédeas curtas e vigilância constante.

E então ela lhe perguntara sobre Diana e ele respondera que ela estava no salão de eventos para o ultimo ensaio de Natal. O que o lembrou imediatamente de que deixara  Anne  convencê-lo a participar do coral, pois não quisera aborrecê-la, mas na verdade não era algo no qual ele particularmente  apreciasse participar. Ele preferia ser parte dos expectadores e admirar o trabalho apresentado pelos artistas, pois não era um deles, não tinha talento para esse tipo de coisa, mas aceitara participar porque Anne pedira, e ele não conseguia negar-lhe nada. Porém, Anne dissera que ele se divertira e era verdade. O que ela não sabia é que ele se divertira porque ela estava lá, e qualquer coisa do lado dela era como o paraíso para ele.

Logo depois, foram em buscar de Diana, e quando entraram no salão deram de cara com Ruby que acompanhava Muddy, e ela os cumprimentou sem muito entusiasmo o que não fez nenhuma diferença para Gilbert, pois desde que ela aparecera em seu quarto, forçando uma situação sem sentido ele passara a não suportá-la. Não entendia com um garoto tão inteligente quanto Muddy podia se interessar por alguém tão dissimulado, mas Gilbert sabia por experiência própria, que não se mandava no coração. Só esperava que a convivência com Muddy a tornasse uma pessoa mais decente e deixasse tanto ele quanto Anne em paz.

Depois do ensaio, que na opinião de Gilbert durara uma eternidade, eles foram para casa. Ele não veria Anne naquela noite, pois prometera a Mary que a ajudaria a cuidar do jardim durante tarde, e como era um trabalho que demandava muito tempo, ele sabia que estaria exausto até a noite, e não queria deixar Anne entediada com sua falta de ânimo.

Sorriu para si mesmo ao lembrar-se dos presentes que preparara para dar a ela no Natal. Levara um tempo para encontrá-los, mas agora ele sabia que não poderia ter escolhido melhor. Gilbert não via a hora de a noite seguinte chegar, pois além dos presentes, ele preparara mais uma surpresa que tinha certeza de que Anne adoraria, e o que ele mais queria era vê-la feliz.

Enquanto trabalhava no jardim, Gilbert olhou para o horizonte e pensou consigo mesmo sobre o quanto sua vida mudara em tão pouco tempo. Embora, a ausência do pai tornasse a sua felicidade um pouco menor, ele interiormente sabia que jamais seria grato o bastante por tudo que agora tinha, principalmente por ter Anne, que o preenchia com tanta esperança e amor que ele sabia em seu intimo que nunca mais se sentiria vazio novamente.

 

GILBERT E ANNE

 

Era véspera de Natal finalmente! Anne sorriu radiante, ao abrir a janela de seu quarto e observar o dia lá fora. Havia nuvens escuras no céu, talvez anunciando tempestade, tão comum naqueles dias de inverno. Ela não se importava de forma nenhuma, pois amava a chuva, o odor que ela trazia de terra molhada, de ar puro e limpo de maresia que chegava de longe, e entrava por suas narinas e a envolvia de uma forma serena e doce. Era cheiro de renovação, anunciando boas novas, era quase como se pudesse recomeçar a vida outra vez.

Quando morava no orfanato, costumava subir no telhado e deixar que a chuva molhasse seus cabelos, suas roupas, seu corpo inteiro, pois assim sentia que a dor que a acompanhava ia embora, e sua alma era lavada de todas as mágoas e decepções da vida, e a esperança começava a brotar de novo como semente em solo fértil, e desta forma, sabia que além daquelas paredes havia um lugar ao sol para ela.

Agora, ali em Green Gables ela sentia que a felicidade que sempre flertara com ela, mas sempre fora difícil de alcançar estava em suas mãos, e ela era dona de seu destino, lutando suas batalhas não mais sozinha, como antes, pois agora existiam mãos fortes que a amparavam e amizades duradoras que levaria por toda vida, e por isso, se sentia capaz de alcançar voos cada vez mais altos, de mãos dadas com o futuro.

Ela fechou as janelas novamente, para impedir que o ar frio de inverno transformasse seu quarto em uma geladeira gigante. Marilla sempre ascendia a lareira para que a casa ficasse aquecida, mas infelizmente o calor nunca chegava até seu quarto, pois dormia no andar de cima onde  ele não conseguia alcançar Esse era o único ponto negativo daquela época que, na opinião de Anne, era a mais encantadora do ano.

- Anne, temos que sair agora ou chegaremos atrasados para o coral de Natal. - ela ouviu a voz de Matthew chamando-a.

- Espere mais um minuto, já estou quase pronta. - ela respondeu. Deu uma última olhada no espelho, e fez uma careta para si mesma ao observar o vestido rosa que fora obrigada a usar para aquela ocasião. A Srta. Stacy ouvira seus argumentos sobre a cor, mas lhe dissera que teria que usá-la mesmo assim, pois todos os vestidos das participantes do coral foram escolhidos pelo conselho da escola, portanto, eles é que tinham optado pelo rosa, colocando um ponto final em sua reclamação. Ela bufara, resmungara, e somente se conformara quando Gilbert lhe dissera que para ele ela ficaria linda de qualquer jeito, usando rosa ou cinza, sua beleza era única.

Anne ajeitou suas tranças, amarradas também com uma fita rosa para combinar e saiu do quarto, indo ao encontro de Matthew e Marilla que a esperavam do lado de fora da casa.

- Finalmente, Anne. Pensei que não sairia mais daquele quarto. - Marilla reclamou com ela.

- Desculpe Marilla. Estava tentando melhorar minha aparência, mas essa cor que escolheram para as meninas do coral não me favorece em nada, você sabe.- Anne retrucou.

- Não diga bobagens. Você está linda, e tenho certeza de que Gilbert vai gostar também. - Matthew disse afagando sua cabeça.

- Muito obrigada, Matthew. Sua opinião é muito importante para mim.

- Não sei por que tanto drama por causa de uma cor que é tão boa quanto as outras. -Marilla resmungou, assim que entraram no carro de Matthew.

Anne não disse mais nada, pois estava ocupada demais observando todas as casas pelas quais passavam enfeitadas para a noite de Natal. Que alegria ter a oportunidade de ser expectadora de um espetáculo tão lindo. Qualquer casa, por menor que fosse, ficava encantadora com as luzes de natal piscando em suas árvores. A menina tinha certeza de que nunca na vida tinha visto algo tão espetacular.

Chegaram à escola e Anne foi para os bastidores do evento, onde todos os alunos estavam reunidos, recebendo suas últimas instruções daquele dia. Gilbert a viu chegando e foi em direção dela perguntando:

- Está nervosa?

- Não, estou mais incomodada com a cor rosa do meu vestido.

- Eu já te disse que te acho linda de qualquer jeito. - e deu-lhe um beijo no rosto.

- Você é que está lindo nessa roupa azul que escolheriam para os meninos. - Anne disse, observando o quanto aquela cor combinava com o namorado.

- Obrigada. – Gilbert agradeceu, corando de prazer ao ouvir o elogio de Anne. Ia dizer mais uma coisa, mas a Srta Stacy o interrompeu, convocando todos os alunos para entrarem no palco e iniciar o espetáculo. Anne teve tempo apenas de cumprimentar Diana com um beijo no rosto antes de todo o evento começar.

A apresentação foi emocionante e a todo o momento Gilbert olhava para Anne e sorria, compartilhando secretamente com ela aquele momento. Quando a última música do coral cantada pelos alunos terminou, todos aplaudiram efusivamente, deixando a Srta Stacy orgulhosa de seus alunos. Ao se despedir deles, desejando-lhes um excelente Natal e Feliz Ano Novo, ela os presenteou com uma caixa de chocolates a cada um, recebendo em troca um enorme buquê de flores, com o qual todos os alunos fizeram questão de contribuir.

Ao sair da escola, Anne se despediu de Matthew e Marilla, dizendo que acompanharia Diana até sua casa, pois queria ver Cole que àquela hora já devia ter chegado. Depois, se despediu de Gilbert combinando de encontrá-lo  

em Green Gables para irem juntos até a casa de Rachel, onde haveria uma ceia de Natal para os amigos mais próximos. O menino fora então para casa com Sebastian, que viera prestigiar o evento sem a presença de Mary, que não pudera vir com ele por causa da gravidez.

Anne chegou à casa de Diana ansiosa para encontrar o amigo, e quando a amiga abriu a porta para que pudessem entrar na casa, ele foi a primeira pessoa que ela viu. Cole estava sentado no sofá e falava com alguém que ela nem viu quem era. Gritou o nome dele no momento em que percebeu que ele não notara que elas estavam ali.

- Cole!- Anne disse se atirando nos braços do amigo que ficou nitidamente feliz ao vê-la.

- Nossa como você está linda Anne. Que saudades eu senti de vocês. – ele disse olhando para Diana, que também o abraçou com carinho.

- Pensei que você nunca mais voltaria. – Anne disse com a voz chorosa.

- Não seja exagerada, Anne Shirley! Eu posso morar em qualquer lugar do mundo, mas Avonlea será sempre meu lar.

Anne olhou com curiosidade para o rapaz que observava calado toda a cena. Cole notando seu olhar disse:

- Deixe-me te apresentar. Este é Pierre. - Cole falou algo em francês para Pierre, e ele abriu um sorriso para as duas meninas, estendendo sua mão para cumprimentá-la. Anne notou que o rapaz era da altura de Cole, tinha os cabelos pretos e lisos cortados em um estilo elegante, os olhos eram verdes e ele era dono de um sorriso charmoso.

- Desculpem Pierre, mas ele não fala inglês- Cole desculpou-se.

- Não tem problema, Diana fala francês muito bem, então creio que ele não ficará deslocado aqui. – Anne disse.

Quando percebeu que Diana começou a falar com Pierre, Anne puxou Cole de lado e comentou:

- Ele é muito atraente. Você tem ótimo gosto Cole. Estão namorando?

- Não exatamente. Ainda estamos nos conhecendo.

- Fico feliz que você esteja se envolvendo com alguém. Você merece ser feliz Cole. – Anne disse, pegando do na mão do amigo.

- Obrigado. Mas me diga. Como você e Gilbert estão?

- Estamos muito bem. Gilbert é maravilhoso, Cole. Eu nunca fui tão feliz. – Anne corou ao falar do namorado.

- Está explicado o porquê de você estar tão bonita. O amor faz bem à pele. – Cole disse sorrindo para Anne.

- Você também está incrível. – Anne elogiou Cole, observando como o amigo estava bonito em roupas parienses da última moda, e os cabelos mais louros do que se lembrava, mas apesar de toda a sofisticação, ainda era o velho Cole, seu amigo tão querido e amado.

Passaram algumas horas conversando e contando um ao outro todas as novidades. Anne aproveitou para entregar-lhe o presente que comprara para ele, e ganhou em troca uma coleção de livros dos irmãos Grimm. Cole passaria o Natal com a família e levaria Pierre com ele, assim, Anne se despediu às cinco da tarde, prometendo que se encontrariam outro dia para continuarem a conversa iniciada naquele dia.

Ao chegar à Green Gables, Anne encontrou Matthew, Jerry e Marilla tomando o chá da tarde,assim, decidiu que entregaria os presentes naquele momento, pois Jerry viajaria com Diana, e Mathew e Marilla passariam o dia seguinte na casa de Rachel, enquanto ela mesma tinha outros planos com Gilbert.

Marilla adorou o livro de receitas, prometendo testar uma delas no fim de semana seguinte, retribuindo o presente com um casaco de lã comprido e branco para Anne, que lhe disse que o usaria ainda naquela noite. Matthew e Jerry receberam seus presentes com muita alegria e abraçaram Anne com carinho. O bom senhor deu a Anne um colar de prata com a estrela de Davi. “Para dar sorte”, ele dissera, e Jerry deu a ela um diário lindamente decorado, pois ele sabia que Anne adorava escrever suas histórias e memórias.

Após a troca de presentes, Anne começou seu ritual para aquela noite. Tomou um banho demorado, hidratando a pele com óleo de lavanda que deixou sua pele macia e aveludada. Depois prendeu os cabelos no alto da cabeça em um coque bem feito, deixando algumas mechas soltas emoldurando o seu rosto. Como ela sabia que Marilla não gostava que ela usasse muita maquiagem, usou apenas um batom rosa, e nas sobrancelhas passou sombra azul que realçaram seus olhos, dando-lhes um ar misterioso. Olhou para si mesma no espelho e ficou satisfeita com o que viu. Seu rosto estava corado, dispensando qualquer outro artifício, e tanto seus lábios quanto seus olhos e nariz formavam um conjunto harmonioso, fazendo-a se sentir bonita.

Voltou seu olhar para a cama onde o vestido que usaria naquela noite estava estendido. Anne o comprara no dia em que escolhera os presentes de Natal, e se apaixonou por ele no momento em que o viu, pensando em qual seria a reação de Gilbert quando a visse vestida com ele. Queria surpreendê-lo e esperava que tivesse sucesso.

Vestiu o vestido que se moldou ao seu corpo com perfeição, calçou os sapatos de salto alto da mesma cor do vestido, e pensou qual joia usaria para completar seu visual. Abriu seu porta joia e seus olhos pousaram na pulseira que Gilbert lhe dera no dia de seu aniversário, o qual ela nunca usara  devido às lembranças não tão agradáveis daquele dia, colocou brincos de strass branco e  para terminar, borrifou um pouco da colônia que Diana lhe dera e vestiu o casaco que ganhara de Marilla por cima do vestido, pois sabia que lá fora o ar estava terrivelmente gelado, e o tecido fino do vestido não a protegeria da brisa desagradável de inverno.

Gilbert viu Anne descer as escadas e prendeu a respiração ao ver como ela estava linda, mesmo não conseguindo ver como ela estava vestida por baixo do casaco grosso de lã. Adorou a maneira como ela prendeu os cabelos, embora os preferisse soltos, voando ao sabor do vento. Pegou sua mão e a beijou delicadamente, e viu que ela estava usando a pulseira que lhe dera em seu aniversário e que pertencera à mãe dele. Era a primeira vez que a via usando aquela joia e se sentiu emocionado e grato por ela ter se lembrado de colocá-la naquele dia. Acariciou o pulso dela, onde a joia estava e olhou para a menina sorrindo.

Anne viu o brilho emocionado nos olhos de Gilbert, e imaginou que ele estava se lembrando da mãe ao ver a pulseira que ela usava. Ela não pôde deixar de admirar a beleza do namorado evidenciada por camisa e calças pretas, e um casaco pesado cinza.

- Você está maravilhosa como sempre.

- Você também. – ela retribuiu o elogio. – Será que depois da ceia podemos voltar para Green Gables? Quero te entregar meu presente.

- Claro. Também tenho um presente que quero te entregar mais tarde. - ele preferiu não falar para Anne a sobre a surpresa que a esperava.

- Podemos ir. Matthew e Marilla já nos esperam no carro. - Anne disse. Ele concordou e assim partiram para a ceia de Rachel.

A festa já estava animada quando chegaram. Como Rachel era bastante conhecida na comunidade de Avonlea, várias famílias vieram prestigiá-la naquela noite. Ao entrarem na sala, foram recepcionados pela dona da casa que estava elegantemente vestida em um vestido verde claro de linho.

- Que bom que vieram. Por favor, fiquem a vontade e se sirvam do que quiserem.- Rachel disse, cumprimentando-os com um beijo no rosto.

Gilbert tirou seu casaco, entregou ao dono da casa e se virou para falar com Anne que também despia o dela, pois a casa de Rachel estava tão aquecida pelo fogo da lareira, que tornava impossível usar qualquer roupa mais pesada sem sentir calor. Quando ele viu como ela estava vestida, todos os seus planos de manter suas mãos longe dela caíram por terra.

Anne usava um vestido azul royal tipo tubinho, que se agarrava à suas curvas como se fossem uma segunda pele, deixando muito espaço para sua imaginação, que naquele momento nada tinha de inocente. O vestido tinha um decote redondo que deixava o colo da ruivinha deliciosamente á mostra, e Gilbert a amaldiçoou mentalmente pela ousadia. Como ela se atrevia a vir vestida daquele jeito, deixando-o completamente hipnotizada pela beleza dela? Como poderia manter-se fiel á sua promessa de se controlar quando estivesse com ela, se Anne o provocava descaradamente? Aquele vestido era a coisa mais sensual que ele já a vira vestir, e Gilbert teve a nítida impressão de que aquela noite não seria nada fácil para ele.

Anne pediu licença para o menino, e foi cumprimentar algumas pessoas conhecidas de Marilla, ignorando completamente a perturbação dele. Quando foi até à mesa de petiscos, sentiu alguém cutucar seu braço, e se virou para ver quem era dando de cara com uma garota morena, completamente  desconhecida para ela, que disse:

- Aquele rapaz com quem você veio acompanhada é seu namorado?

- É sim, por quê? Anne respondeu, endurecendo a voz já imaginando que Gilbert acabara de ganhar mais uma fã.

- Se meu namorado me olhasse do jeito que ele olha para você, com certeza eu o arrastaria agora mesmo para a primeira igreja que encontrasse, e me casaria com ele.

Anne ficou surpresa pelo comentário da garota, e imediatamente olhou na direção de Gilbert. Toda sua pele se arrepiou, e sentiu a temperatura dentro de seu vestido subir, fazendo-a sentir um calor insuportável. Gilbert a olhava fixamente, como se fosse incapaz de desviar os olhos dela, deslizando-os por todo seu corpo sem se importar em disfarçar sua clara admiração pelo que via. “Bem, Anne Shirley, você queria tanto surpreendê-lo que conseguiu, satisfeita?”, ela disse a si mesma.

De repente, sentiu sua garganta seca e procurou desesperada por algo que aliviasse a sede que sentia. Encheu um copo de suco de laranja e tomou-o em um só gole, quase engasgando com o líquido que desceu por sua garganta depressa demais.

- Olá, Shirley. É um prazer vê-la esta noite. - Anne olhou para o lado, e viu com desgosto que Josie Pye se aproximara e falava com ela. A menina a tinha visto quando chegara agarrada no braço de Billy Andrews que exibia um olhar entediado, como se não suportasse a presença de Josie, mas fosse obrigado a aturá-la.

- Olá, Josie. - Anne disse com educação.

- Quanto tempo você acha que Gilbert Blythe vai demorar para enjoar de você e te deixar jogada às traças? – Josie disse debochada.

- Você não devia perder seu tempo comigo Josie. - Anne disse, observando Billy Andrews conversando animadamente com uma loira muito bonita., e continuou- enquanto você corre o risco de perder o namorado a qualquer momento.

Josie estranhou o comentário de Anne, e olhou para a mesma direção em que Anne fixava seu olhar a tempo de ver Billy com o braço pousado no ombro da loira que parecia muito interessada no que ele dizia. Saiu apressada sem dizer nada, se aproximou do menino, colocou os braços em volta da cintura dele, o que lhe  rendeu um olhar muito zangado de Billy. “Pobre Josie”, Anne pensou, quando começaria a ter mais orgulho próprio e perceberia que tipo de garoto Billy era? Se ela não fosse tão invejosa e desagradável, Anne até poderia tê-la ajudado a perceber que havia tantos outros garotos mais interessantes e de bom caráter, mas, diante das circunstâncias, preferia manter-se longe dela.

Gilbert seguia todos os movimentos de Anne, fascinado por sua beleza. Quando ela se aproximou dele momentos depois, ele disse:

- Você está de tirar o fôlego. Onde você arrumou este vestido?

- Eu o comprei.

- E o que estava pensando quando o comprou?- Gilbert perguntou olhando-a fixamente.

- Estava penando em você. - Anne retribuiu o olhar.

- E por que pensou em mim?

- Achei que ia gostar dele. Mas será que me enganei? Você não gostou do vestido? – Anne viu os olhos de Gilbert faiscarem antes de ele responder, e pensou que o menino não estava agindo da maneira que ela esperava.

- Gostar não e exatamente a palavra que eu usaria para dizer o que penso sobre este vestido. – Gilbert tentou esconder sua perturbação. Se ela soubesse como estava provocante aquela noite, e o olhar que ela lhe lançava agora o deixava maluco.” Gilbert, se controle. O que esta pensando? Lembre-se de sua promessa”, ele repreendeu as si mesmo. Mas então ela se aproximou um pouco mais, e instintivamente Gilbert olhou para a boca rosada de Anne a poucos centímetros da sua, e moveu a cabeça em direção a dela.

Neste momento o relógio badalou meia noite, fazendo com que ambos se afastassem rapidamente. Todas as pessoas presentes começaram a se abraçar desejando umas as outras um Feliz Natal. Embora Gilbert estivesse um tanto quanto contrariado pela intromissão, de certa forma estava aliviado. Mais um pouco e teria beijado Anne na frente de todo mundo, e ela acabaria ficando zangada com ele, pois sempre se sentia constrangida quando ele a  beijava em publico.

A ceia foi servida em seguida. Havia uma grande variedade de sopas, massas, carnes, tortas, sobremesas e frutas, mas Gilbert comera muito pouco, pois estava ansioso para entregar a Anne seus presentes. A menina olhou para a comida quase intocada no prato de Gilbert e perguntou intrigada:

- Não gostou da comida Gilbert?  Você não comeu quase nada.

- A comida esta ótima, não se preocupe. Está tudo bem. - ele respondeu sorrindo.

Assim que a refeição terminou, Anne viu Gilbert se levantar e foi falar com Matthew que acompanhava Marilla ate a sala de visitas, onde um chá com bolos seria servido. Em seguida, o menino veio em sua direção e disse:

- Pegue seu casaco, vou te levar para um passeio. – Anne olhou para Gilbert intrigada, mas sabia que se o enchesse de perguntas, ele só faria mais mistério ainda sobre onde a estava levando, então, se limitou a fazer o que ele lhe dissera, se despediram dos convidados e saíram para a noite gelada que prometia um Natal com neve.

Anne sentiu a brisa noturna atingi-la e estremeceu. Olhou para Gilbert que segurava sua mão e disse:

- Espero que tenha um bom motivo para me trazer aqui fora.

- Venha comigo. - Gilbert respondeu simplesmente. Andaram alguns passos e Anne viu uma carruagem parada ao lado do estábulo e Rachel. Gilbert se virou para ela e perguntou:

- Que tal um passeio de carruagem até Green Gables?- os olhos de Anne brilharam de surpresa e prazer, enquanto ela abraçava Gilbert e dizia.

- Que surpresa linda, Gilbert. Onde conseguiu essa carruagem? Faz muito tempo que não vejo uma   dessas.

- Nos arredores de Avonlea existe um lugar onde eles alugam essas carruagens para passeios como este. – Gilbert dispensou o condutor, ajudou Anne a subir na carruagem e ela perguntou-lhe com curiosidade:

- Você vai conduzir a carruagem sozinho?

- Sim, Por quê? Não confia em mim?

- Claro que confio. Só acho que isso será algo interessante de se ver.

Começaram o passeio e Anne se sentia tão empolgada. Nunca passeara de carruagem, e era como se fosse uma princesa sendo conduzida ao seu castelo de marfim. Gilbert olhou para o rosto corado da menina, e ficou feliz por ver a satisfação estampada em seus olhos. Anne parecia uma menininha que acabara de ganhar seu presente tão desejado.

Passaram por vários lugares lindos, e a toda hora Anne apertava a mão de Gilbert que conduzia os cavalos da carruagem com habilidade e firmeza. Quando chegaram a Green Gables, Gilbert parou a carruagem em frente da casa e Anne colocou sua mão no braço dele e falou:

- Vamos entrar. Quero te dar seu presente. – Anne abriu a porta e ambos entraram na sala. A menina foi até a árvore de Natal que ela e Matthew haviam enfeitado dois dias atrás e pegou o presente de Gilbert.

- Espero que goste. – entregou a ele o presente, e ao abri-lo ele disse :

- Adorei Anne. Vou guardar todos os meus livros de medicina dentro desta caixa maravilhosa. Você tem um grande talento para decorar coisas, e este perfume é meu preferido. Obrigada, meu amor. - beijou-a de leve nos lábios. – Agora é a minha vez. - entregou a ela dois embrulhos. Em um havia um anel, com uma pedra de cristal azulada, quase da cor dos olhos de Anne. Ela olhou para o anel encantada, e Gilbert ajudou-a a coloca-lo em seu dedo delicadamente.

- Este anel é apenas um símbolo do compromisso que tenho com você agora e sempre. - beijou a mão dela suavemente e Anne disse:

- E lindo.

- Abra o outro, por favor. - ele pediu. Anne abriu o embrulho e dentro dele havia uma caixinha. Ao olhar para o interior dela, Anne viu o coração de prata que Gilbert quisera dar a ela tempos atrás. Seus olhos se encheram de lágrimas e ela fitou o rosto de Gilbert sem conseguir falar.

- Anne, na última vez que quis te dar este presente, eu te disse que você teria o meu coração para sempre se quisesse, mas você não aceitou. Será que agora você poderia me dar a honra de aceitá-lo?-ele disse emocionado.

-  Claro que sim.- ele então pegou o colar e colocou-o no pescoço de Anne, depois se abraçaram por alguns momentos. Quando se afastaram, Anne disse:

- Que tal um xícara de chocolate quente?

- Eu adoraria. – Gilbert respondeu.

Enquanto Anne ia até a cozinha preparar a bebida quente, Gilbert foi até a janela e ficou olhando para fora, percebendo que começara a nevar de mansinho. Quando Anne voltou para a sala com duas xícaras fumegantes de chocolate quente, o encontrou na mesma posição. Ela então se lembrou das palavras de Diana sobre testar suas reações a respeito de Gilbert, e foi até onde ele estava, abraçou-o pela cintura e colou seu corpo ao dele.

Ao sentir o corpo de Anne junto ao seu, Gilbert enrijeceu.” Por favor ,não faça isso comigo” ,ele pensou. Tentou não reagir, fingindo estar interessado na paisagem lá fora. Mas o calor do corpo de Anne junto ao seu começou a afetar os seus sentidos, então, para escapar daquela proximidade ele se virou de frente para ela, mas esse foi seu erro, pois quando a encarou, Anne mordeu o lábio inferior, mergulhando seus olhos azuis nos dele, fazendo Gilbert esquecer completamente sua resolução em não tocá-la.. Puxou-a para seus braços beijando-a loucamente e sentindo o gosto doce dela em sua boca. Depois, sem deixar de beijá-la, ele tirou a presilha que prendia os cabelos de Anne, fazendo com que caíssem como cascata pelos seus ombros e costas. Então, ele a guiou até o sofá da sala onde a deitou, cobrindo o corpo dela com o seu. Beijou-lhe a testa, a ponta do nariz, a face, e ao chegar aos lábios ele esperou alguns segundos, admirando- lhe a beleza, antes de se derreter naquela boca tentadora.

Impaciente, Anne o puxou para ela, tomando os lábios dele com fúria. Estava perdendo o próprio controle, queria que ele a beijasse para sempre., queria se fundir com ele naquelas sensações poderosas que faziam seu corpo  se perder no dele, como se fossem um só. Enquanto isso, Gilbert deslizou suas mãos pelo corpo dela, tocando cada curva como se as esculpisse com a ponta de seus dedos, chegou até as coxas dela, e as acariciou, sentindo a maciez de seda que o vestido escondia. Em seguida, ele beijou todo o colo exposto pelo decote do vestido, fazendo toda a pele de Anne se arrepiar e deixando-a totalmente entregue à sua paixão.

Anne podia sentir todo o desejo de Gilbert se igualar ao dela. .Estavam um nos braços do outro, seus corpos queimavam como chamas alimentadas pelas sensações que cresciam dentro dela toda vez que sentia o toque de Gilbert, e seus beijos quentes que eram como combustíveis para aquela ânsia louca de tê-lo cada vez mais próximo.

Gilbert levantou a cabeça, olhou para Anne e seu coração se enterneceu. Como não amar aquela garota mais do que já a amava? Ele precisava tanto dela que tinha medo de não conseguir mais viver sem ela. Ele a queria e por que não tê-la? Por que não mandar seu bom senso às favas e fazê-la completamente sua naquele exato momento? Mas ele sabia que ali não era o lugar mais apropriado para viverem seu amor da forma mais bela e pura. Anne merecia mais do que ser seduzida no sofá de Green Gables.

Então, ele se levantou, passando as mãos pelos cabelos em desalinho.

- O que foi Gilbert? Fiz algo errado?- Anne perguntou, tocando o rosto dele. Gilbert olhou para o rosto dela novamente, notando seus lábios inchados pelos beijos dele, e as marcas de sua paixão na pele alva dela.

- Anne, desculpe-me. Eu prometi a mim mesmo que manteria minhas mãos longe de você esta noite, e veja como isso acabou.. - ele balançou a cabeça desgostoso consigo mesmo.

- Gilbert, pare de se culpar toda vez que me toca e me beija. Tudo o que acontece entre a gente é porque eu também quero. Você não é o único responsável.

- Mas sou eu quem deveria ter mais cuidado. O problema é que quando estamos tão perto um do outro é tão difícil para mim me controlar. - Tocou a pele dela tão macia entre seus dedos e quase a beijou novamente.

- Então não se controle.

- Ficou maluca, Anne? Tem noção do que está me pedindo? – ele olhou para ela incrédulo ao ouvir as palavras dela.

- Eu não sei de nada, Gilbert. O que eu sei é que te amo, e que adoro a maneira com que você me beija e me toca, então, por que me negar esse prazer?

Seria tão fácil fazer o que ela lhe pedia, tão fácil dar vazão ao que sentia por ela, mas ele sabia até onde isso os levaria, e não achava que ela estivesse pronta, mesmo ela lhe dizendo que estava. Olhar para ela lhe tirava do sério, tocá-la lhe tirava a razão. Como era difícil resistir a aqueles olhos que lhe imploravam por momentos de amor. Ele queria amá-la, mas não queria correr o risco de magoá-la e perdê-la para sempre. Como fazê-la entender que ele a queria mais que tudo sem que ela pensasse que a estava rejeitando?

- Anne, por favor, não me olhe assim. Você sabe que te amo, nunca duvide disso. Eu só acho que devemos ir mais devagar. Quero que entenda que só quero te proteger, e não poderia me perdoar se você fosse magoada por causa da minha incapacidade de controlar meus impulsos.

- Eu fico muito lisonjeada por você querer me proteger e te agradeço por isso, mas tenho cuidado de mim mesma desde que me conheço por gente, e acho que tenho feito um bom trabalho até aqui. Você não tem que se preocupar com isso o tempo todo.

- Eu não quero te magoar, Anne. isso  me apavora.

- Você só vai me magoar se parar de me amar. - ao ouvir as palavras de Anne, Gilbert se virou para ela, olhou bem no fundo de seus lindos olhos azuis que naquele momento brilhavam mais do que o próprio sol e disse:

- Isso é impossível. Posso sentir em meus ossos e em meu coração que o que sinto por você é para sempre.

- Então vamos deixar as coisas acontecerem entre nós naturalmente. Sem arrependimentos? – ele sorriu da maneira como Anne mais amava e isso a afetou de um jeito que ela quase ficou sem fôlego.

- Sem arrependimentos. - ele disse.

Eles se levantaram do sofá e se abraçaram apertado como se nunca mais fossem se separar. Foram juntos até a janela deixando seus olhos se perderem na escuridão. La fora a neve continuava a cair como se fosse uma celebração daquele momento que tanto Anne quanto Gilbert eternizariam dentro de seus corações pelo resto de suas vidas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


Boa leitura, e por favor não deixem de comentar,pois a opinião de vocês é muito preciosa para mim.
Beijos,Rosana.


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