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História Anomalia - Capítulo 56 - Dustin detectou atividades paranormais


Escrita por: Duda_104

Capítulo 56 - Capítulo 56 - Dustin detectou atividades paranormais


 

— Por que logo corvos? — questionou Rae passando as mãos sem luvas nos cabelos. 

 

Joel fechou o livro em cima da mesa, vendo a confusão da garota e no azar que ela ganhou. 

 

— Só Deus sabe que animal as pessoas podem entender. E você — ele se controlou para não rir — São corvos... 

 

Ele sorriu. Rae revirou os olhos. 

 

— Harry Potter sabia falar com as cobras e fez isso parecer bem legal — reclamou ela. 

 

— Você podia gralhar como um corvo... 

 

Rae lançou-lhe um olhar reprovador. 

 

— Desculpe, mas é que... 

 

— O que falta mais? Premonição, falar com corvos... 

 

Afundou o rosto nas mãos. 

 

— Que droga! Já não basta a radiação? Já não basta eu ver outras pessoas morrerem e não fazer nada? — agarrou os cabelos em um ato de fúria — Será que pelo menos um desses eu conseguirei controlar? 

 

Joel via a loucura nos olhos dela. Em como ela via tudo à sua volta como se fosse uma pegadinha idiota. Como se há semanas estivesse presa em um coliseu e não tivesse como sair, se defendendo das anomalias com apenas um canivete. 

 

Joel tocou no seu ombro. 

 

— Está tudo bem, Rae! Eu estou aqui! 

 

— Rindo de mim — falou. 

 

Ele deu de ombros. 

 

— Um pouco... 

 

Rae suspirou. Joel mandou-a para o quarto, e Rae não recusou. Ele havia ouvido uivos ao longe. 

 

— O que eles querem com você? 

 

— Eu não sei. Mas fica aqui. 

 

— Hã, Joel. Acha mesmo uma boa ideia me deixar aqui sozinha? 

 

— Quer vir comigo ver a Alcateia? 

 

Rae não gostava de admitir, mas tinha pavor da Alcateia. Eles sempre ficavam envolta da vítima, como se estivessem prontos para atacarem-a por trás. Joel foi até seu quarto e pegou uma escopeta. 

 

— Toma. Está carregada. 

 

Rae sorriu abertamente para a arma. Foi um bom meio de tranquiliza-lá. 

 

Jogou-se na cama pensativa, mal vendo a hora da comida chinesa chegar. A não ser que esta esteja envenenada. 

 

Tudo aquilo a incomodava. Sua radiação era uma incógnita. Cada vez que descobria mais dons dela, mais sua curiosidade aparecia novamente. Por que tinha aquela maldição? Por que logo frio? Por que não consegue controlar? Será genética? Ou experimento quando recém-nascida? Se fosse genética, seus pais seriam a resposta. De repente, saber quem sejam não parecia tão ruim assim como achava ser. 

 

Enquanto ela tateava seus lençóis até achar seu Death Note, uma figura pequena e preta se movia em cima de sua mesa. Sentou-se na beira, observando a garota de preto. Quando achou a réplica do caderno mortal, se sentou na cama, pôs as luvas em um canto e pegou o violão debaixo da cama. Como ele estava velho. Levou minutos para Rae afina-lo. Precisava urgentemente de um novo. 

 

Começou a dedilhar as notas, soltando sua voz aos poucos. Teve que voltar duas vezes para recomeçar tudo de novo, cantar sem desafinar, e limpar a garganta. Cantou uma música que ela mesma compôs, lenta e calma. 

 

É difícil, eu sei. 

Se acostumar com as mudanças. 

Se encaixar sem perder um pouco de sua essência. 

Mas não perca a esperança. 

 

Obrigada por estar do meu lado. 

Obrigado por ter me apoiado. 

Obrigado por falar as verdades na minha cara e me elogiar nas costas. 

Obrigado por nós dois sermos aliados... 

 

Rae pensou direito. Será que aliados é uma boa rima para apoiados? Fazia sentido? Dedilhou as cordas do violão de novo. 

 

É difícil, eu sei. 

Se acostumar com as... 

 

Sua voz travou quando olhou para o lado e viu o corvo em cima de sua mesa, encarando-a. 

 

— Me diz que não estou vendo um corvo no meu quarto — murmurou alto. Geralmente, animais se afastavam dela por causa de sua radiação. Rae não os culpa. Nunca se perdoaria se machucasse um animal. E Kim também. 

 

O corvo soltou um som como se estivesse engasgado. 

 

— Só pode ser brincadeira... — resmungou. 

 

Se levantou e caminhou até ele. O corvo nem se mexeu. A essa altura, já devia ter voado para longe só de sentir o frio vindo dela. Mas ele parecia não se incomodar. Ela se aproximou o suficiente dele, prestes a pega-lo no colo de mãos livres, sem luvas. 

 

Você está vendo um corvo no seu quarto! 

 

Rae gritou fino. Recuou até bater contra a cama. Usou o próprio violão como escudo. 

 

O corvo a encarou como se fosse louca. 

 

— Você falou! — afirmou, apontando para ele. A voz não vinha de sua cabeça — Um gato falou! 

 

Eu te corrigi. Está vendo sim um corvo no seu quarto. A voz dele era grossa, mas não como a de uma fera. Grossa do tipo masculina e sem ser assustadora. Era diferente da do corvo que viu na sala. 

 

— Um corvo está falando... Eu estou louca! — Rae riu alto incrédula. 

 

Pare de gritar! Estou bem aqui!

 

— Se afasta de mim! Você é o corvo de estimação da Vindicta? Jeff? 

 

De ninguém. Sou livre. Pelo visto, já descobriu seu dom de falar com corvos. Billy deve ter te assustado um pouco. Prazer em te conhecer, Rae

 

— Meu Deus... — Rae ficou sobre a cama, observando o corvo como se fosse um alienígena — O que você quer então? E desde quando corvos tem nomes? 

 

 Sou seu guardião! 

 

Ela riu de novo. 

 

— Alguém me ajuda... 

 

Argh... Já sabia que seria difícil Melhor deixar você assimilar tudo! 

 

— Mas... Como? O que querem de mim? 

 

Já te falei. Você é que não me escutou. Você pode se comunicar com corvos, Rae. Mas eu e meu amigo não somos simples corvos. Antigamente, éramos os companheiros de um bruxo... 

 

— Ah, tá! Legal... — murmurou desacreditada e perplexa. 

 

Nós temos um cérebro mais avançado que os demais. Então gostaria que, por favor, não grite mais pois meus ouvidos são sensíveis. 

 

— Então vão ser livres. Pois não estou vendo seu dono aqui! 

 

Ele não está mais entre nós. E nós somos um tipo de guardiões. Você tem Zootemia, então eu e ele podemos ser seus guardiões. 

 

Uma tocada na porta fez Rae acordar do transe. O corvo a encarou com seus olhos negros. Sentia dor de cabeça em assimilar tudo aquilo. Desceu da cama com a ponta dos pés e correu para fora do quarto. Ouviu o bater das asas do corvo atrás dela. Disparou contra a porta e abriu-a sem nem sequer olhar pelo olho másculo. 

 

— Joel... 

 

Ela parou ao ver um senhor de idade com vestimentas pretas ao lado de um garoto mais novo, com roupas mais casuais para a sua idade e com um crucifixo no pescoço. 

 

— Padre Jorge... 

 

— Oi, Rae! Joel pediu para que eu ficasse com você enquanto fala com a Alcateia... 

 

Acima dos ombros, Rae sentiu duas garrinhas apoiadas nele. Balançou os braços e gritou. 

 

 Mal-educada! 

 

— Sai daqui! Sai daqui! 

 

— Rae, está tudo bem! É só um corvo! — Padre Jorge tentou acalma-la. 

 

Rae olhou para o corvo pousando em cima da mesa. Quem dera que fosse apenas um corvo normal... 

 

*** 

 

— Mas vocês estão bem mesmo? — perguntou David, aproximando sua cadeira de rodas em direção a Jonas e Michael, sentados no sofá da sala. 

 

— Sim, David. Eu espero... — Jonas aceitou o copo d'Água. 

 

Alice jogou no centro de mesa ferramentas de qualquer jeito. Voltou para o seu quarto, carregando um aparelho grande e pesado. 

 

— Então... É isso o que você, Rae e Kim enfrentam toda semana? — indagou Michael. 

 

— Eu gostaria de falar não — suspirou Jonas, passando os dedos levemente no vidro quebrado do relógio de bolso. 

 

Alice pôs o aparelho pesado em cima do centro de mesa. Suas roupas sujas de graxa e óleo e o cabelo bagunçado. 

 

— Aqui está! — disse, abrindo uma pequena região do aparelho — Eu só tenho que conectar alguns fios em Dustin e pronto! 

 

— Dustin? — questionou Jonas. 

 

— É o nome dessa coisa — respondeu David. 

 

— Você deu o nome a uma máquina que detecta atividades paranormais de... Dustin? — Michael perguntava lentamente. 

 

— Sim. Algum problema? — ela os observou com uma expressão séria. 

 

— Não, nada... 

 

— Nada contra — disse também Jonas. 

 

— Quietos! — mandou Alice depois de ligar Dustin e captar uma frequência. 

 

Jonas e Michael se olharam. Imaginou nele dentro daquela enorme nave que viram na floresta. Aquela situação devia ser algo do cotidiano dele. Mas havia um certo nervosismo no olhar. 

 

Eles se levantaram abruptamente quando o som de vidro sendo quebrado ecoou da cozinha. Dustin apitou furiosamente. Jonas abriu sua mochila e pegou um pé-de-cabra. Alice, um taco de beisebol. Atrás deles, a janela foi quebrado. Jonas viu a tempo uma máscara de coelho com uma marreta. Ele quebrou outra janela, liberando o ar fresco da noite para o cômodo. 

 

— Para meu quarto! 

 

Alice pegou Dustin com facilidade, como se estivesse acostumada a carregar sua máquina com nome, e os guiou para o quarto dela. A primeira coisa que viu foram pôsteres de projetos, circunferências, números... Isso chegou a deixar Jonas tonto e com ânsia. 

 

David guiou a cadeira de rodas até a cama de Alice e pegou de cima outro taco de beisebol, como se os colecionassem. 

 

Jonas havia trancado a porta mas, mesmo assim, esta foi aberta lentamente. Ninguém a abriu. E não tinha mais ninguém do outro lado. O relógio de Jonas esfriou, assim como sua nuca. Os batimentos aceleraram e os instintos apurados, ele sentiu a presença e o cheiro de naftalina muito forte atrás dele. Saía do armário, uma figura do dobro de sua altura. Agarrou a nuca de Michael e o abaixou, desviando-se do machado do Killer Bat. 

 

Alice desferiu uma tacada nele, mas este agarrou-a e jogou contra a parede, despedaçando o taco. Dustin foi a loucura. Alice pegou a cadeira de rodas de David, largando Dustin, e empurrou-o para fora do quarto. Jonas desviou graças ao seu relógio do machado do Killer Bat e tentou acerta-lo. Ele desviou e optou por Michael, quem agarrou o pescoço. Do seu macacão, havia um bolso no lado direito de onde pegou uma seringa. Jonas não teve tempo. Seu relógio brilhou brevemente e tudo ao seu redor já estava lento. 

 

O tempo lento e ao seu favor, andou lentamente até eles. Quando foi ver, Killer Bat já havia pressionado a seringa contra o pescoço de Michael e o líquido percorria pelo seu sangue. Tirou-o das mãos dele e tudo ficou de volta ao normal. 

 

Ele acabou cambaleando. Michael o segurou e puxou-o para a saída, enquanto Killer Bat se encontrava atordoado. Jonas limpou o sangue que saía de seu nariz. Foram para a sala, onde Alice quase arrombava a porta e quanto gritava palavras de baixo calão. 

 

— ABRE DROGA! 

 

Praguejou um palavrão e sacou sua arma. Olhou para Michael e Jonas desesperada. Michael tocou no pescoço e se apoiou no sofá. Jonas ouviu a porta ser arrombada. Alice empurrou David para outro cômodo da casa, enquanto Jonas apoiava Michael nele, mas ele não o ajudou. As pernas perderam força. 

 

A última coisa que o garoto ouviu foi a voz rouca de Alice gritando ele foi envenenado! 

 

*** 

 

Kim sabia que algo estava acontecendo. 

 

Se mexia na cama, ligando para Jonas ou Rae, ainda sentindo a estranha sensação de que estavam em perigo. 

 

— Jonas, é a décima vez que te ligo. Só me responda de volta! — Kim deixava o recado. 

 

Por fim, jogou o travesseiro para longe com raiva, só para não usar o próprio celular. Seus olhos caíram em sua penteadeira, onde havia maquiagem que não estava ali antes. Ao lado, em um cabide, um vestido rosa salmão que usaria para se apresentar no concurso de beleza. Seu cabelo ainda tinha produtos químicos que os faziam ficar mais lisos. A tanto tempo que não tinha uma pequena trança do lado direito do rosto. 

 

Olhou para trás ao ouvir o som da janela se fechando. Pegou a faca que mantinha ao lado do travesseiro e voltou a olhar para frente. Péssima ideias. Killer Pig tapou sua boca. Kim deu-lhe uma joelhada e saiu mais forte do que o planejado. Correu para fora do quarto, o joelho pulsando de dor, e desceu as escadas quase tropeçando. Correu para fora de casa sem se lembrar de algum sapato nos pés e que estava de pijama de gatinhos comendo waffles.

 

Ouviu a porta de sua casa de abrindo. O cheiro de naftalina era sentido de longe. Kim se jogou para trás de um carro, na dúvida se corria ou se mantinha escondida. 

 

Os passos pesados e largos de Killer Pig atravessaram o gramado, amassando a grama verde e bem-cuidada. Kim olhou pelo lado esquerdo do carro e não o avistou. Olhou para o outro e decidiu ver por baixo. Achou seus pés. Estavam... Na direita. Killer Pig deu dois passos e seu campo de visão chegou a ela. 

 

Kim ficou imóvel, não sabendo o que fazer. Se corresse, bem provável que ele seria mais rápido por não ter muito treinamento físico e matar aulas de educação física. 

 

Mas ele não fez nada. É como se não a visse. Ficaram segundos assim, um encarando o outro. Kim não fazia um barulho sequer. Killer Pig andou para frente e olhou ao redor, procurando por Kim. Ela abandou para frente e nada. Se levantou e acabou fazendo barulho com a faca. Droga! 

 

Killer Pig guiou seus olhos até Kim e andou para frente. Kim pensou em correr, mas teve uma ideia. 

 

— Interessante — sussurrou. 

 

Ele acelerou os passos. Kim foi lentamente para o lado silenciosamente com rapidez. Ela era boa no cabra-cega. Killer Pig passou reto. Kim segurou sua risada. 

 

Andou lentamente até o gramado e pegou uma pedra. Jogou-a para longe e; ao fazer barulho, Killer Pig se virou e andou rápido. Foi aí onde ela chegou a sua conclusão. 

 

Killer Pig não enxerga. Ele é movido a sons. É a única explicação lógica que ela encontrava. 

 

Ela teve vontade de chamá-lo de otaria, mas acabaria se entregando. 

 

Pode até não saber como matá-lo, mas sabe como manipula-lo.



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