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História Anomalytale - uma estória baseada em Undertale e suas AUs - Incerteza.


Escrita por: LeticiadAquario

Capítulo 10 - Incerteza.


Naquela manhã, Erik estava bastante distraído, o que não era comum, especialmente durante seus treinos com Ronan. Claro, ele muitas vezes era obrigado a comparecer a ACPM e seguia de má vontade, mas ele nunca subestimou seus treinos, sempre os levou a sério, sendo guiado por motivações como raiva e, ou, disposição para saber mais sobre seu próprio poder; além disso, apesar de tudo, o rapaz gostava da companhia de Ronan.

Por mais que estivesse tentando focar no combate, Erik não conseguia parar de pensar em Kiara e no que deveria fazer, ele também se sentia mal por deixado a menina em casa, trancada em seu quarto como um bichinho escondido dos pais, e estava preocupado em como ela poderia estar se sentindo ali, sozinha mais uma vez.

Suas distrações fizeram com que, mais de uma vez, Ronan acertasse golpes em Erik, o mandando para longe, e que o rapaz mal conseguisse materializar sua magia em qualquer forma que fosse.

Após algumas horas dessa maneira, Ronan suspirou longamente, observando seu pupilo agachado no chão e ofegando muito, e desfez suas armas mágicas.

- Certo, qual o problema? – Disse Ronan, caminhando em direção a Erik. – Está muito distraído hoje, Erik, isso não é seu estilo, especialmente aqui.

- ...Foi mal... – Disse Erik, cansado, sentando-se no chão de uma vez, um pouco chateado.

Ronan podia perceber que alguma coisa não estava certa, o guerreiro conhecia Erik desde que era muito pequeno, por ser um amigo de longa data de Isaak; ele lembrava de todos se darem bem em um passado distante, mas quando a peculiaridade da alma de Erik foi descoberta, ele foi obrigado a se submeter a estudos e treinos especiais, isso fez com que o menino se afastasse de Ronan, o vendo mais como um treinador do que como um amigo próximo.

Por isso, Erik falava muito pouco de seus problemas pessoais para Ronan, mas o pouco que falava, o guerreiro conseguia trazer à tona com certa facilidade e ajudar de alguma forma, aqueles momentos de conversa eram os únicos que Erik abaixava sua guarda e se permitia se reaproximar de Ronan como antigamente.

O guerreiro pegou duas garrafas de água e toalhas, então voltou para perto do rapaz e se sentou ao seu lado, oferecendo os itens para Erik, que aceitou sem falar nada.

- Foi mais uma discussão com o Isaak? – Perguntou Ronan.

- Hã? Não, eu não vi ele desde ontem de manhã... – Disse Erik, bebendo mais um gole de água. – Falando nisso, fiquei sabendo que aconteceu uma coisa ontem de madrugada, um dano ao escudo mágico... Como foi isso?

- E como você sabe disso!? – Disse Ronan, espantado.

- Minha mãe me contou, porque o Isaak contou para ela por telefone, mas relaxa, ela não sabia muito da situação. – Disse Erik, sorrindo levemente ao ver a expressão de espanto do adulto.

- Ah... Faz sentido, há há há... – Disse Ronan, sem graça, logo voltando a ficar sério. – É um assunto confidencial, então não posso te falar nada sobre isso, foi mal, Erik.

- Confidencial? Por que? – Questionou Erik, confuso.

- Não vai conseguir tirar nada de mim, garoto, pode esquecer! – Disse Ronan, bagunçando o cabelo do rapaz. – Mas é, foi mal, são ordens de cima... Por isso, tenta não espalhar o que ouviu por aí, tá? Se não, vão achar que a informação veio de mim e então estarei ferrado...

- Hum, tá, se você diz. – Disse Erik, dando de ombros.

Apesar de não parecer, ouvir que os acontecimentos da madrugada eram “confidenciais” fez com que Erik ficasse ainda mais preocupado por dentro, afinal, por que seria segredo? Será que haviam visto Kiara e achavam que ela era a responsável pelos danos ao escudo? Ou viram ele lutar? Mas se fosse isso, Ronan saberia e deixaria transparecer, Erik sabia que ele era mal em mentir, a menos...que nem ele soubesse de tudo e seus superiores estivessem guardando mais segredos.

- Ei, Terra para Erik! Alô! – Disse Ronan, mexendo no ombro direito do jovem.

- Ah! O que!? Que foi? – Disse Erik, voltando a realidade, assustado.

- Caramba, relaxa, garoto! Parece até que viu um fantasma... – Disse Ronan, desconfiado. – Sério, qual o problema, Erik? Você está agindo de forma muito estranha.

- Nã-Não é nada...só estou pensando em algumas coisas. – Disse Erik, um pouco nervoso.

- Que coisas? – Insistiu Ronan.

- ...Aquilo que você me falou ontem... Sobre encontrar algo que eu quisesse proteger, algo pelo que lutar. – Disse Erik, após respirar fundo, olhando para o distante teto acima de si. – Você disse que isso fortalece nossas almas e nos ajuda a conhecer mais a nós mesmos...

- Sim, foi o que eu disse. – Concordou Ronan, interessado.

- Qual a sensação de encontrar algo assim? – Perguntou Erik. – Quero dizer, como vou saber que encontrei meu objetivo, o meu motivo pra lutar, entende? Saco, isso soou muito sem sentido falando em voz alta...

- Não, não, eu entendi! Agora vejamos... – Disse Ronan, surpreso e feliz com a pergunta, logo pensando um pouco. – Me tomando como um exemplo, o que eu quero proteger mais é a minha família...meu filho, mesmo que ele não seja mais uma criança, eu quero protege-lo...e quero proteger essa cidade onde ele vive e vai crescer, onde ele formará sua própria família, terá seus filhos e assim por diante... Todos os dias eu acordo, treino e luto para manter essa cidade segura, pela minha família especialmente, mas pelos meus amigos e pelo futuro. A sensação que eu tenho quando penso neles é...meio difícil descrever, mas é como se um fogo queimasse dentro do meu peito, como se eu sentisse o peso e a força da minha própria alma dentro de mim, sinto ela pulsar e me deixar mais e mais forte...

Enquanto falava, Ronan parecia realmente sério e inspirado, ele estava com sua mão direita sobre seu peito e Erik o observava com bastante atenção, pensando um pouco sobre as próprias coisas que sentiu na madrugada de ontem, quando conheceu Kiara...e no que ele sentia agora.

- Mas enfim, por que a pergunta? – Disse Ronan, voltando seu olhar para seu pupilo. – Não me diga que encontrou algo assim? Ou...alguém!?

- Nã-Não! É por isso que perguntei, oras, não faço nem ideia direito do que você quis dizer... – Disse Erik, desviando o olhar, bastante envergonhado.

- Há há há há! Não se preocupe, Erik, quando encontrar o que quer proteger, você vai saber, acredite, sua alma vai lhe dizer que é isso e o que você quer fazer, vai sentir em seu ser...por isso não tem erro! – Disse Ronan, rindo um pouco, levando mais uma vez sua mão até a cabeça do rapaz, dessa vez fazendo um leve carinho. – Sobre essas coisas não se pensa muito, só age, então fique mais tranquilo, beleza?

Erik nada disse, tímido, apenas se manteve em silêncio. Pelo restante da manhã, Ronan preferiu pegar mais leve com Erik, ensinando algumas formas de usar os sete traços mágicos para lutar, e então, após o almoço, o rapaz se despediu de seu instrutor e seguiu para a escola.

Enquanto estava em aula, as horas pareciam passar em câmera lenta, seu foco estava completamente fora da sala, mesmo que fizesse as tarefas que era pedido, pois mais uma vez ele pensava em Kiara e, agora, no que os adultos poderiam saber sobre ela e sobre os acontecimentos da madrugada passada.

Quando finalmente o horário de estudos chegou ao fim, já no final da tarde, Erik se levantou apressado para partir, colocando a mochila em suas costas, porém, enquanto seguia para a entrada do complexo escolar, o jovem avistou uma de suas professoras da infância: Alphys, um monstro que já foi uma cientista muito famosa, mas que se afastou do ramo para se dedicar a pedagogia.

Revendo Alphys depois de muito tempo, Erik teve uma ideia. Ele desviou seu curso e caminhou em direção a sua ex-professora, ela estava carregando algumas pastas em seus braços e parecia seguir em direção a sala dos professores.

- Com licença, senhora Alphys? – Disse Erik, educadamente.

- AH! – Gritou Alphys, assustada, largando todas as suas pastas no chão por acidente. – Oh não, que desastre...

- Me desculpe, não queria assustar, deixa eu ajudar... – Disse Erik, imediatamente se agachando e começando a recolher as pastas.

- I-Imagine, eu quem me assusto fácil, peço desculpas... – Disse Alphys, sem graça, logo reconhecendo o jovem que a ajudava. – Espere, eu lembro de você...é o...Erik, não é?

- Sim, fico feliz que lembre ainda, faz um tempo. – Disse Erik, se levantando e entregando as pastas para a professora. – Aqui.

- O-Obrigada! É claro que lembro de você, eu estava na equipe do Doutor Gaster quando o caso da sua alma... – Disse Alphys, recebendo as pastas de volta, logo percebendo um leve aborrecimento vindo do olhar de Erik. – Ah... Hã, eu, não... Enfim, queria alguma coisa?

- Sim, queria fazer uma pergunta, se não for te atrapalhar. – Disse Erik, suspirando. – Vou ser rápido, prometo.

- Cla-Claro! Sem problemas, pode fazer! – Disse Alphys.

- É possível um Monstro e um Humano terem filhos entre si? – Perguntou Erik.

A questão quase fez com que Alphys derrubasse as pastas mais uma vez, mas ela as segurou mais firme rapidamente, assim quase deixando seus óculos escorregarem pelo seu rosto, tamanho sua surpresa.

- Po-Po-Po-Por que a pergunta...? – Gaguejou Alphys, confusa.

- Curiosidade. – Disse Erik, simplesmente. – Imagino que devem ter tido estudos sobre isso, não é?

- Si-Sim! É claro que tiveram, e muitos, mas... – Disse Alphys, logo arrumando seus óculos no lugar, respirando fundo para se tranquilizar. – Pelo que sabemos depois de alguns anos de estudo e pesquisa, é impossível. Os organismos de Monstros e Humanos são muito distintos entre si, eles não são compatíveis, então, quando uma tentativa de...ter um filho acontece, os genes do monstro eliminam os do humano ao entrarem em contato, impedindo assim a formação sequer de um embrião.

- Mas...desde que os monstros voltaram para a superfície, seus corpos não têm sofrido algumas alterações? Biologicamente falando, lembro de ler sobre isso uma vez. – Disse Erik, curioso.

- Sim, mudanças como fome, outras sensações e até o surgimento de novos órgãos em certos tipos de monstros têm ocorrido, mas pelo que se sabe, humanos e monstros ainda são incompatíveis demais entre si para se formar uma nova vida. – Respondeu Alphys. – Vez por vez uma nova pesquisa é feita sobre o assunto, a última foi há dois anos atrás e os resultados não mudaram.

- Entendo... – Disse Erik, coçando a cabeça, ainda mais confuso sobre Kiara.

- Ma-Mas...por que essa curiosidade afinal? – Perguntou Alphys, confusa. – Se eu puder perguntar...

- Apenas curiosidade, de verdade. – Disse Erik. – Obrigado por ter me respondido, senhora Alphys, vou para casa agora.

- Tu-Tudo bem! Até a próxima... – Disse Alphys, sem graça, vendo Erik se afastar de si depressa.

Erik correu o caminho todo até em casa, estalando a língua ao ver o céu escurecendo tão depressa, mal percebendo que pelo caminho já haviam diversos pequenos grupos de magos e guerreiros de ACPM espalhados pela cidade.

Ao chegar em casa, Erik ficou aliviado por não encontrar nenhum de seus pais por enquanto, ele seguiu escadas acima e parou diante de seu quarto, respirando fundo para se acalmar, então bateu na porta duas vezes antes de abrir.

- Cheguei... – Disse Erik, fechando a porta atrás de si, logo se virando para a direção onde estava sua cama e encontrando Kiara encolhida sentada sobre o colchão. – Você está bem?

Kiara, que estava de cabeça baixa entre os braços, rapidamente ergueu a cabeça e, por consequência, suas orelhas também; então, ao ver Erik parado bem ali, os olhos da jovem se encheram de lágrimas novamente, ela logo saltou de onde estava e correu até o rapaz, o abraçando fortemente.

- Você demorou... Pensei que... Pensei... – Disse Kiara, em meio ao choro.

- E-Eu sei, desculpa..., mas eu fui para o treino e para a escola, como disse mais cedo, lembra? – Disse Erik, sem saber o que fazer, permitindo que a menina continuasse o abraçando. – Está tudo bem agora, não vou sair mais hoje de casa.

- Não vá mais embora... Por favor... – Disse Kiara, com o rosto afundado no peito do rapaz, segurando-o com força.

- Desculpe, mas eu não posso dizer não vou sair mais... Eu tenho compromissos, não posso faltar eles...infelizmente. – Disse Erik, suspirando preocupado.

- “Compromissos”? – Repetiu Kiara, enfim erguendo a cabeça para ver o rosto de Erik, parecendo confusa.

- Sim, treino e escola, entende? – Disse Erik. – Se eu faltar qualquer um deles, terei problemas...e é a última coisa de que preciso agora.

- “Escola”...e “treino”... – Disse Kiara, se afastando enfim de Erik, ainda confusa.

- Isso... Não sabe o que são essas coisas? – Disse Erik, vendo a jovem negar com a cabeça. – Certo, hum, escola é o lugar para onde as crianças e jovens vão para aprender um monte de coisa... Algumas delas são úteis e boas, outras muito chatas, tipo matemática... Eu fico por lá a tarde toda, é de lá que eu venho para casa. Você nunca esteve em uma escola?

- Eu...não sei, não me lembro... – Disse Kiara, se sentando no chão, um pouco triste.

Erik pensou um pouco, então deixou sua mochila no chão, próxima de seu armário, e pegou o seu caderno de dentro dela, então se aproximou de Kiara e se sentou diante da jovem.

- Aqui, consegue ler isto? – Disse Erik, abrindo seu caderno em uma página, então entregando-o para Kiara.

- “Há muito tempo, duas raças governavam a Terra: Humanos e Monstros”... – Leu Kiara, segurando o caderno bem perto de seu rosto, logo o abaixando. – Isso é o que se usa na escola?

- Sim, é onde escrevo as coisas que os professores passam. – Disse Erik, pegando o caderno mais uma vez e passando para umas páginas em branco. – Certo, você sabe ler, isso é bom, agora segure aqui um pouco...

Retornando até sua mochila, Erik pegou um lápis qualquer, então voltou a posição anterior e entregou o item para Kiara, que parecia muito confusa.

- Tente escrever agora aí. – Disse Erik, apontando para o caderno. – Tente seu nome, por exemplo.

Kiara, segurando o lápis com a mão direita, começou a tentar escrever com muita dificuldade, mas só saíram garranchos ilegíveis.

- Hã...tente com a outra mão, talvez? – Disse Erik.

Trocando de mão, Kiara conseguiu escrever bem devagar, e com certa dificuldade ainda, seu nome; a letra era horrível e tremida, como a de uma criança que acabara de aprender, mas ainda assim era legível.

- Certo, sabe escrever também, isso quer dizer que você deve ter ido para uma escola alguma vez na vida...ou que alguém te ensinou essas coisas. – Disse Erik, percebendo Kiara apoiar o caderno no chão e continuar a escrever. – O que está fazendo?

- Escrevendo! – Disse Kiara, concentrada.

- Mais? – Disse Erik, confuso, logo se assustando ao ver a jovem virar o caderno e o erguer perto de seu rosto. – Ah!

- Olha! Eu escrevi isso também! – Disse Kiara, animada.

Na página do caderno, além do nome “Kiara”, estava escrito “Erik” também, de uma forma um pouco melhor e menos tremida.

- Ah...meu nome, você conseguiu escrever também... – Disse Erik, sem graça, pegando o caderno e o lápis de volta. – Muito bom.

- Você disse que tinha “treino”... O que é isso? – Perguntou Kiara, curiosa.

- Isso é uma coisa que sou obrigado a fazer toda semana de manhã... É bem chato, acredite, não vai querer saber. – Disse Erik, guardando suas coisas, um pouco chateado.

- Ah... Quer dizer que todos os dias você precisa ir por conta dessas coisas? – Disse Kiara.

- É, na maioria dos dias sim. – Disse Erik, voltando sua atenção para a menina.

Kiara abaixou a cabeça, claramente triste, Erik não soube mais o que dizer, mas o silêncio entre os dois foi quebrado por um grande ronco vindo da barriga da menina.

- Você está com fome? – Disse Erik, logo se lembrando de algo. – Ah sim, conseguiu almoçar na cozinha? Ninguém voltou para casa mais cedo, certo?

- Não sei... – Disse Kiara, segurando sua barriga, tímida.

- Como assim? Não me diga que você não saiu do quarto o dia todo... – Disse Erik, não obtendo nenhuma resposta de Kiara. – Mas por que!? Eu disse que podia sair para comer o que quisesse lá em baixo, era só tomar cuidado se alguém chegasse...

- É que...eu fiquei com medo... – Disse Kiara.

Sem palavras, Erik apenas suspirou, logo o chamado de sua mãe vindo do andar de baixo chamou sua atenção.

- Minha mãe voltou, eu vou descer um pouco, mas quando voltar vou trazer comida para você, espere aqui, tudo bem? – Disse Erik, se levantando e pegando os dois potinhos vazios das marmitas sobre sua cama.

- Vo-Você vai demorar...? – Disse Kiara, insegura.

- Não vou, fique tranquila. – Disse Erik, caminhando até a porta. – Lembre-se do meu sinal: duas batidas na porta, se não ouvir isso quando a porta for abrir, se esconda.

Kiara se manteve calada observando Erik sair mais uma vez, o rapaz fechou a porta atrás de si e seguiu até o andar de baixo, onde cumprimentou sua mãe e levou os potinhos até a cozinha, onde os lavou por conta própria; enquanto Maia tomava banho e se arrumava, Erik aproveitou o breve tempo a sós na cozinha para pegar um pouco de comida do que já havia na geladeira para o jantar e guardou para levar até Kiara mais tarde, esquentando tudo e deixando escondido atrás do sofá da sala, não tão longe das escadas.

Um pouco mais tarde, enquanto Maia e Erik já começavam a jantar, Isaak chegou, surpreendentemente. O homem aparentava uma expressão séria e visivelmente cansada, com grandes olheiras abaixo dos olhos; ele caminhou até a mesa e se sentou em seu lugar, suspirando longamente após isso.

- Querido, que bom que pôde voltar! Já estava preocupada, sem voltar desde ontem... – Disse Maia, bastante contente.

- Sim, mas logo terei que retornar para o trabalho, só vim ver vocês e comer alguma coisa... – Disse Isaak, segurando a mão de sua esposa com carinho. – Perdão por preocupa-la, querida.

- Tudo bem... Sirva-se então, por favor, estávamos prestes a começar a jantar. – Disse Maia, sorrindo para seu marido, logo soltando sua mão e apontando para a mesa farta.

Enquanto comiam, a família falou pouco, Maia fez algumas perguntas sobre o trabalho de Isaak, que não pôde responder a maioria, depois ela focou em perguntar como ele estava se sentindo, se estava comendo bem e tomando cuidado; enquanto isso, Erik comeu calado, como de costume, mal olhando direito para seu pai, apenas de relance.

Pelo que pôde ver, Isaak não parecia olhar para Erik diferente, como sempre, ele começava assuntos e o rapaz dava respostas secas e simples em seguida, tudo normal; isso fez Erik crer que, de alguma forma, talvez ele e a ACPM não soubessem que ele esteve no local, ou isso também estava oculto de Isaak, mas nada disso excluía a possibilidade de os adultos saberem sobre Kiara.

Após a refeição, Isaak se levantou e se despediu de sua esposa com um beijo gentil, ela o abraçou forte e o pediu para tomar cuidado, depois ele se aproximou de Erik e fez menção e toca-lo, mas o jovem logo se afastou um pouco.

- Filho... – Disse Maia, tristemente.

- ...Cuide da sua mãe, Erik. – Disse Isaak, após um suspiro. – E continue indo aos seus compromissos, não vou estar muito aqui por um tempo para lhe obrigar, mas eu saberei se faltar.

Erik não disse nada, com as mãos nos bolsos de sua jaqueta, aborrecido, então, no momento em que Isaak passava por ele e seguia em direção a porta...

- O que você viu lá, ontem à noite? – Perguntou Erik, sem olhar para seu pai.

- Confidencial. – Disse Isaak, simplesmente, logo abrindo a porta e partindo, fechando-a atrás de si.

O rapaz estalou a língua, aborrecido mesmo que soubesse que seu pai não diria nada. Maia tentou dizer alguma coisa a Erik, mas ele ignorou e seguiu até as escadas, ali, após ver sua mãe seguindo até a pia da cozinha, o jovem rapidamente pegou a refeição que guardara para Kiara e seguiu escadas acima depressa.

De volta ao quarto, Erik entregou a comida para Kiara e a observou a comer com bastante pressa e vontade, observando isso, por impulso, o jovem fez mais uma pergunta.

- Sei que não se lembra de muita coisa, mas...como e onde você vivia antes de nos encontrarmos? – Perguntou Erik.

- Por aí... Eu...não me lembro por onde passei antes de chegar nessa cidade, mas... – Disse Kiara, parando de comer, com o semblante triste. – Eu me escondia por aí...e pela floresta, pegava comida por aí também e comia..., mas nada era tão bom quanto isso.

- Claro, a comida da minha mãe é incrível... – Disse Erik. – Enfim, me desculpe, eu disse que não iria te fazer mais perguntas, vejo que elas te deixam triste, vou tentar me controlar...

- Não é isso, é que...eu não lembro de muita coisa...e tentar lembrar me traz coisas ruins... Não gosto disso, tenho medo disso... – Disse Kiara.

- Tudo bem, não precisa se esforçar tanto, se te tortura... – Disse Erik, gentilmente. – Vou dar um jeito nessa situação toda, de alguma forma, eu prometo.

Kiara concordou e voltou a comer. Mais tarde naquela noite, Erik tomou um banho e se preparou para dormir, antes ele levou o pote da marmita para a cozinha e o lavou sem que sua mãe soubesse, então se despediu de Maia e seguiu para o quarto.

- Você pode dormir na cama, eu fico no chão. – Disse Erik, indo até seu armário e pegando uma outra colcha de cama e um travesseiro sobressalente.

- Por que não fica na cama também? – Perguntou Kiara, confusa.

- Po-Porque...você vai ficar mais confortável aí, ela não é muito grande, então ficaríamos apertados juntos... – Disse Erik, tímido, arrumando uma cama improvisada no chão a esquerda da cama.

- Mas...não quero ficar sozinha... – Disse Kiara, um pouco nervosa.

- Não vai estar, vou ficar bem aqui em baixo, viu? – Disse Erik, se sentando em seu lugar, acenando para a jovem. – Hoje foi um dia estranho e confuso... Me desculpe por tudo, quando te assustei ou quando te deixei triste..., mas amanhã será melhor.

- Nã-Não... Eu... – Tentou dizer Kiara, se interrompendo várias vezes, logo se deitando e se virando de costas para o jovem. - ...Obrigada...

- Boa noite... – Disse Erik, também se virando de costas, levando um tempo até enfim fechar os olhos. - ...Kiara.


Notas Finais


Olá, desejo a todos um Feliz Natal e um próspero Ano Novo! Obrigada a todos que estão lendo e apoiando está fanfic, ano que vem teremos mais capítulos!


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