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História Anomalytale - uma estória baseada em Undertale e suas AUs - Passagem - Parte 1


Escrita por: LeticiadAquario

Capítulo 33 - Passagem - Parte 1


O recomeço dos dias úteis após um final de semana tão proveitoso não foi tão difícil quanto Erik e Kiara pensavam. No início da segunda-feira, é claro, Erik seguiu para seus deveres automaticamente, mas com sua mente apenas em Kiara, enquanto a jovem passou as horas iniciais da manhã olhando por uma das janelas da casa de Asgore, pensando em Erik com bastante saudosismo.

Mas para a jovem o tédio logo passou, pois Asgore, gentil como sempre, fez questão de inclui-la em várias tarefas de seu dia, até mesmo a ensinando a tomar conta das flores em sua floricultura, assim o ajudando durante o trabalho.

Erik se empenhava cada vez mais em seus treinos com Ronan, os dois não podiam arriscar conversar sobre Kiara dentro da ACPM, mas ambos conseguiam se comunicar sobre os assuntos secretos através de algumas palavras chaves especificas combinadas por eles. Já na escola, Erik nunca se sentiu tão entediado na vida, lá sua mente vagava ainda mais, sua concentração nos assuntos passados pelos professores estava totalmente em outro lugar, ou melhor, em outro alguém.

Assim, por impaciência e desejo de rever a amiga, Erik saiu mais cedo em sua última aula, indo diretamente para a floricultura, tudo para passar o maior tempo possível com Kiara antes de voltar para casa.

Após a segunda, os outros dias foram mais fáceis e proveitosos para os dois amigos, com novidades até.

Com o tempo que passava com Asgore, Kiara aprendia mais e mais coisas, das mais simples às mais complicadas, mas o que a jovem mais apreciava era a companhia do grande monstro. Sua gentileza, seu carinho, sua imponência e sensação de proteção que passava despertavam bons sentimentos em Kiara...e até memórias.

O primeiro vislumbre de uma lembrança mostrava uma figura alta e robusta, parecia peluda, tinha orelhas como as de Kiara, uma longa cauda também similar a dela, mas era apenas isso, sem detalhes, apenas como uma sombra.

Porém aquilo já era mais do que o bastante para Kiara. Breves memórias da mesma criatura foram ficando mais frequentes durante os dias, ao contrário da maioria das memórias que a jovem tinha até ali, que eram mais confusas e lhe causavam sentimentos ruins, além de dor, aquelas eram exatamente o oposto.

A criatura era gentil com Kiara, nas lembranças, e assim como Asgore parecia cuidar dela, protege-la, coloca-la na cama, lhe fazer comida... A sensação era boa, segura e saudosa.

Com isso, Kiara estava mais feliz e esperançosa, tendo a certeza de que estava conseguindo aprender um pouco mais sobre si mesma e seu passado.

A medida que os dias iam se passando, Erik ansiava mais e mais estar ao lado de Kiara. No primeiro dia da semana, ele saiu mais cedo da aula, no dia seguinte pulou a última aula inteira, no terceiro dia, faltou até metade da penúltima aula e assim foi.

Erik sinceramente não se importava com a escola, não que isso fosse novidade, mas ele sempre se esforçava para seguir as regras e, apesar de seu desinteresse, se saía bem e na medida certa. Mas desde que conheceu Kiara, obedecer às regras deixou de ser sua prioridade e ele se sentia bem com isso, melhor do que nunca, de fato.

Ronan percebia claramente mudanças positivas no rapaz desde que Kiara apareceu, seu desempenho nos treinos estava melhor, sua criatividade, força e disposição. Por outro lado, Maia via seu filho mais distante, tanto quanto seu marido, e isso a preocupava, mesmo que Erik estivesse cumprindo a promessa de voltar para casa não tão tarde, eles mal conversavam como antigamente, eram apenas conversas curtas, então, ou o jovem ia para seu quarto, ou saía de casa, quando era manhã.

Preferindo seguir os conselhos de Isaak e deixar Erik por conta própria por um tempo, Maia decidiu não insistir em conversar ou fazer perguntas, menos ainda levar o assunto que a incomodava até seu marido, pois temia que o mal-estar entre os dois crescesse se Isaak soubesse como ela se sentia sobre a “ausência” recente do filho.

Assim, apesar do mundo tenso ao redor, de condições estranhas e meios hostis, Erik e Kiara estavam felizes durante aquela semana, se vendo sempre pelo fim da tarde, passando o tempo conversando juntos, caminhando lado a lado pela cidade, observando o pôr do sol e as estrelas e, mais recentemente, ouvindo música juntos.

Foi engraçado na terça-feira quando Erik decidiu mostrar a Kiara sua playlist, as orelhas da jovem eram mais sensíveis do que as dele, então no início ela se incomodou com o fone de ouvido, mas aos poucos foi se acostumando e rapidamente gostou das músicas, com sua cauda balançando bastante como sinal disso, como um cachorro feliz, e logo passou até a cantar junto a Erik.

Isso facilmente se tornou o passatempo favorito dos dois jovens.

Dessa maneira, a semana passou voando, praticamente. Era o final de sexta-feira, Kiara e Erik estavam deitados no terraço de um prédio qualquer da cidade, observando o céu alaranjado dar lugar a uma cor mais escura e às estrelas. Ambos dividiam fones de ouvido, escutando as músicas do celular de Erik, o rapaz batia um dos pés no concreto enquanto Kiara balançava a cauda de um lado para o outro, ao mesmo tempo, juntos, os dois se punham a cantar enquanto sorriam:

- “...vem aquece a minha alma, e mantem a minha calma, não esquece que eu existo e me faz ficar tranquiloooohh... E toda vez que você sai o mundo se distrai, quem fica ficou, quem foi vai, vai, vaaaaaai!”

- Há há há! Você decorou rapidinho essas músicas, hein? – Disse Erik, rindo, após terminar a canção da vez, se sentando.

- Eu gostei de todas elas, há há há! – Riu Kiara, fazendo o mesmo, feliz. – Mas a minha favorita ainda é aquela lá, hum, como era mesmo...?

- Se não sabe o nome, canta parte aí, então vou saber de qual está falando. – Disse Erik, dando de ombros.

- Hum... “...hoje o céu abriuuu e o sol apareceuuu, o tempo até parouuuu quando você chegouuuu...” – Cantarolou Kiara, pensativa. – Essa!

- Ah sim, é minha preferida também, há há há! – Disse Erik, sorrindo. – Mas eu nunca tinha pensado nela por uma perspectiva boa antes.

Kiara sorriu para o rapaz, então tirou sua parte do fone de ouvido e devolveu ao seu amigo, que guardou o acessório ao mesmo tempo em que a jovem voltava a esconder suas orelhas e sua cauda em seu disfarce.

- Finalmente amanhã é fim de semana, vamos poder passar o dia todo juntos! – Disse Kiara, animada.

- Sim, até que enfim. – Concordou Erik. – Apesar que a semana não foi tão longa como pensei que seria, pudemos passar um bom tempo juntos no fim da tarde.

- Uhum! Mas nada se compara a dias todos, há há há! – Disse Kiara, olhando para o rapaz.

Erik desviou o olhar, um pouco envergonhado.

- Então, já tem planos para amanhã ou...? – Disse Erik.

- Mais ou menos... Queria passar parte do dia na floresta de novo, podemos fazer tipo um piquenique, igual àquela vez. – Disse Kiara. – Depois não sei, você pode decidir!

- Hum, legal, vamos para lá amanhã cedo então. – Disse Erik. – Confesso que vai ser bom voltar lá, depois de experimentar de novo aquele ar puro, o daqui ficou mais difícil de aguentar sem problemas.

Assim foi combinado, então Kiara mexeu no casaco em sua cintura e tirou um papel oficio dobrado, ela estava bastante ansiosa para mostrar aquilo para Erik, mas aguardava o momento ideal.

- Erik, tem uma coisa que preciso te dizer e mostrar! – Disse Kiara, decidida.

- Ah, pode falar então e mostrar também. – Disse Erik, curioso.

- Desde o início dessa semana eu tenho tido umas lembranças... Elas foram nebulosas como as outras, ainda não vejo bem as pessoas nelas e nem entendo a situação, mas essas foram diferentes, eu não senti medo, nem tristeza, nem dor... Eu estava feliz, bem e segura! – Contou Kiara. – Tinha a mesma pessoa em todas elas, mas não parecia bem um humano, então acho que era um monstro, aí fiz um desenho pra mostrar como eu lembro...

Então Kiara abriu o pedaço de papel e o colocou no chão, para que o rapaz também pudesse ver: havia um desenho feito com giz de cera colorido, mostrava uma figura boneco de palito com orelhas e cauda, que deveria ser Kiara, e ela segurava a mão de um boneco ainda maior, mas de cor negra; ele tinha um corpo mais redondo, uma cauda maior e orelhas maiores, mas tudo bastante parecido com a jovem, além disso, os dois estavam sorrindo no desenho.

Mas o que mais chamou a atenção de Erik foram as escritas acima de cada personagem:

“PAPAI” e “EU”

- Kiara... Quer dizer que essa figura nas lembranças que teve era seu pai...? Tem certeza!? – Disse Erik, espantado.

- Acho que sim... Eu... Eu sinto que sim! – Disse Kiara, com uma das mãos sobre seu peito. – Essa figura cuidava de mim, como o Tio Asgore, me colocava na cama, me contava histórias, me dava comida, sorria pra mim...e fazia carinho na minha cabeça... Não lembro bem de como era a aparência, mas sei que era gentil e bom comigo, ele tinha orelhas e cauda, como eu! Deve... Tem que ser meu pai de verdade! Ele era um monstro ou alguém como eu!

Erik mal podia acreditar, aquilo era um avanço e tanto, passar a viver com Asgore parecia ter sido, de fato, a melhor decisão que ele havia tomado até ali; sorrindo, o rapaz abraço a jovem, surpreendendo-a um pouco.

- Fala sério, que bom, Kiara! – Disse Erik, muito contente. – Percebe o que quer dizer!? Você tem uma família, um pai! Talvez ele esteja em algum lugar do mundo, no futuro, podemos até mesmo encontra-lo!

Kiara já estava feliz com as lembranças e o pensamento de que teria um pai, mas agora, ouvindo de Erik o que significava e saber que poderia reencontrar sua família, encheu o coração de esperança e um felicidade sem tamanho.

- Si-Sim! SIM! EU TENHO UM PAI! EU TENHO FAMÍLIA! – Disse Kiara, emocionada, abraçando com força seu amigo, bastante alegre.

Os dois amigos riram juntos, abraçados, por alguns minutos, então ambos foram se acalmando aos poucos e se afastaram, com Kiara observando com carinho o desenho que fez no papel em suas mãos.

- E sobre a sua mãe? Ela não estava nas memórias com seu pai? – Perguntou Erik.

- Eu acho que não... – Respondeu Kiara, pensativa. – Não reconheci o lugar na lembrança também, talvez fosse minha casa, mas não sei...e meu pai era só uma sombra, como desenhei aqui.

- Entendo, está tudo bem, lembrar de seu pai já é um grande passo, sua mãe pode ser a próxima, quem sabe? – Disse Erik, levando sua mão esquerda até ombro direito da garota.

- É... – Disse Kiara. – Erik, você acha que ele tá me procurando? Meu pai...

- Talvez, vamos descobrir isso também. – Disse Erik.

- Eu penso no que houve pra nos separarmos...e aí lembro daquelas lembranças estranhas e dolorosas... No fundo, eu tenho medo de continuar me lembrando e descobrir algo ruim de mim... – Disse Kiara, um pouco triste, apertando o desenho contra seu peito.

- Ei, não fica pensando nisso... – Disse Erik, ficando mais próximo da amiga, a abraçando com um braço só. – Vai ficar tudo bem, seja o que for que descobriremos, faremos isso juntos, lembra? Mas por enquanto, vamos focar nas coisas boas, afinal, você sabe que tem um pai, isso basta por hora, não é?

Kiara concordou, com um leve sorriso, então encostou sua cabeça no ombro do rapaz e assim os dois ficaram pelo tempo que lhes restava juntos naquele início de noite. Ponderando a mais nova descoberta e imaginando o que mais o futuro reservava para eles. 



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