Já havia passado cerca de uns vinte minutos desde que os Stevens foram embora, e Luana continuava sentada no sofá, pálida e com a mesma sensação de choque.
Seu pai e seu irmão, sentaram-se também. Todos continuavam em silêncio, literalmente, era um dos poucos momentos em que Luana não conseguia nem fantasiar algo que pudesse ser dito.
Ela se levantou, com as pernas e mãos trêmulas. Dirigiu-se até a cozinha, abriu a geladeira, pegou a jarra de suco de maracujá e serviu em um copo de vidro. Bebeu tudo de uma vez. Deveria beber toda a jarra de uma vez se quisesse se acalmar com a situação, mas parou no primeiro copo.
Quando voltou para a sala e sentou no mesmo lugar, Luana viu que sua família continuava no mesmo estado silencioso. A única diferença era que agora Blake estava chorando, quietamente. Ela cruzou seus braços.
Depois de mais alguns minutos, então, Gregory finalmente consegui falar algo.
— Por que você fez isso, filho? — a voz dele mal saiu. Estava fraco, e segurando o choro. Luana sabia que seu pai nunca gostava de chorar na frente deles, pois sabia que isso só os desesperaria ainda mais, já que o usavam como exemplo. Umas das poucas vezes que a menina viu o pai chorar foi durante o velório de sua mãe. — Por que você tinha que estragar sua vida experimentando a porcaria da maconha?
Blake então soltou todo o choro e desespero que estava guardando em silêncio. O irmão chorou como um bebê recém nascido que busca o colo da mãe. Porém, sua mãe estava morta. E Luana desconfiava que era culpa dele.
— Eu juro que eu não queria — soluçou Blake. — Quando eu vi que tinha experimentado, já era tarde demais. Eu me viciei, pai.
Gregory virou a cabeça de lado. Não queria ver seu filho naquele estado. Não podia, porque sabia que precisava ser firme.
— Mas, pai, olha só, eu estou há quase uma semana sem usar! — Blake tentava se justificar em meio ao seu choro interminável. — Pergunte para a Luana, pergunte, pai! Eu juro que é verdade, eu juro!
— Você sabia que ele estava usando isso? — o sr. Chesterfield olhou para Luana. Ela assentiu, nervosa. — Por que vocês não me contaram?
— Eu não queria que você soubesse, pai — admitiu Luana, com lágrimas nos olhos. — Faz pouco tempo que a mamãe se foi, seria muito desgosto para você em uma vez só. Eu não queria te deixar mais decepcionado ainda.
Quando Luana citou sua mãe, instantaneamente Blake parou com o choro.
— Foi sua culpa, não foi? — Luana, ainda com os braços cruzados, sussurrou alto o suficiente para os dois ouvirem. — Foi por sua culpa que a mamãe foi assassinada!
Novamente, Blake começou a chorar. Dessa vez, seu choro era de angústia.
— Quando morávamos em Riverside, eu encontrei dois caras que me conseguiam arranjar maconha. E eu comprava sempre deles — contou Blake. — Até que um dia eles disseram que estavam dando falta de dois mil dólares, e que tinham uma suspeita de que eu quem estava devendo. Eu falei que era loucura, e que eu tinha pagado tudo que comprei. Mas eles não acreditaram. E me disseram que eu tinha que pagar tudo para eles, ou iam acabar comigo. Eu ganhei um prazo de três dias. Não consegui achar dois mil dólares em três dias. Quando o prazo acabou, fiquei o dia todo aflito. Pensei que eles não iriam mais fazer nada, e que estavam só me tirando. Só que chegou a noite... E os dois entraram na nossa casa... E então... V-Vocês já sabem o que aconteceu...
Tanto Blake quanto Luana caíram no choro. Gregory permaneceu firme, apesar de algumas lágrimas escorrerem pelo seu rosto.
Luana estava inconformada. Até o momento, ela havia apoiado seu irmão. Estava tentando incentivá-lo a largar o vício. E achou que agora, ele havia terminado com aquela história. Porém, no momento em que percebeu que por culpa de Blake, sua mãe estava morta, os olhos de Luana começaram a ver seu irmão de outra forma.
— Eu não sei o que falar — assumiu o sr. Chesterfield. — Só sei que vou começar amanhã mesmo a pesquisar sobre clínicas de reabilitação próximas da cidade.
— Não... Não! — gritou Blake, espantado. — Por favor, pai, não faça isso comigo! Eu te imploro! Eu juro que parei, eu parei, pai!
Gregory ignorou o filho e levantou-se do sofá.
— Não quero que mais ninguém se machuque por culpa das suas atitudes erradas — após falar isso, o pai saiu dali e foi para o seu quarto. Luana percebeu que ele trancou a porta.
Blake então recorreu os olhos a sua irmã Luana.
— Você vai realmente deixar ele me internar? — Luana podia ver o pavor de seu irmão em cada palavra e expressão.
— É a coisa certa a se fazer — falou Luana. — Sinto muito.
Ela se levantou e caminhou para o seu quarto. No caminho, passou pela porta trancada do quarto de seu pai, e conseguiu ouvir um som abafado do choro dele. Aquilo partiu seu coração.
Quando entrou em seu quarto, Luana olhou para seu computador. Ela não se lembrava de ter o deixado ligado. Então aproximou-se para desligá-lo, e percebeu que havia um documento aberto. Foi fechá-lo, mas percebeu que não havia sido ela quem o escreveu.
Essa é a minha vingança. Blake ajudou com o DVD, eu o ajudo com as drogas. Não parece tão ruim, não é? – ANÔNIMO
Luana só no momento percebeu que estava agindo de modo errado. Agora ela sabia. Não podia mais irritar Anônimo.
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