História Anos Luz - Vitão - Capítulo 24

Ainda atordoada com as palavras da Késsia tento a todo custo focar no meu trabalho no entanto, a visita frequente do Sr. Carlos se tornou incômoda pra mim. Uma semana se passou desde da descoberta do suposto interesse do mesmo sobre mim. 

Anny: - Então como está esse coraçãozinho?

Sol: - Ansioso e aflito. Anny se alguma coisa der errado, todo meu trabalho até aqui vai por água abaixo. [Lamento insegura.]

Anny: - Tenho certeza que tudo vai correr bem. Você vai ver! Você só está nervosa, mas assim que ver o sucesso da sua primeira exposição estará orgulhosa de si mesma. 

Sol: - Obrigada Anny! [Me jogo em seus braços.]

Anny: - Querida, quando vai me contar o que está te perturbando? [Questiona cautelosa.]

Sol: - Do que está falando? 

Anny: - Sol eu vi você e o Dhyego crescerem, sei perfeitamente bem quando algo atormenta a vocês dois. [Suspiro.]

Sol: - Eu... Descobrir que meu chefe supostamente tem algum interesse em mim. [Me puxa até o sofá da sala.]

Anny: - Ele tentou alguma coisa, assediou você? [Questiona preocupada.]

Sol: - Não, muito pelo contrário. Ele sempre foi gentil e educado em relação a mim.

Anny: - Isso não deveria ser visto como algo bom?

Sol: - Seria se boatos não corressem pelos corredores da galeria.

Anny: - Que tipo de boatos?

Sol: - Do favoritismo do Sr. Carlos para comigo. [Respiro fundo.] - Eu o observei com outros olhos durante esses dias e... Ele realmente se comporta diferente quanto a mim. Anny eu não sei o que fazer!

Anny: - Espera, você está confusa?

Sol: - Quê? Não! Claro que não! Tenho total certeza das minhas escolhas e do meu amor pelo Victor. O que quero dizer é que estou com medo do que possa acontecer a minha imagem dentro da galeria.

Anny: Entendo! Mas eu acho que se você está convicta do que quer e acredita só deixe os boatos cessarem. Eles não podem durar pra sempre e logo todos vão ver que você se dar ao respeito e que todo esse boato não passou de um simples... Boato? [Sorrio agradecida.]

Sol: - Obrigada Anny! Eu deveria ter conversado com você logo no início. Assim não teria de queimar todos os meus neurônios pensando no que eu deveria fazer. [Gargalha.]

Anny: - Você sempre pode se abrir comigo e sabe disso. 

(...) 

A tardinha após meu turno na galeria foi tranquila. Por horas conversei com meus amigos e terminei o dia numa maratona de desenhos animados com o Dhyego. A minha preocupação se dissipou aos poucos. Afinal, porque está tão nervosa se tenho certeza das minhas escolhas e do meu caráter?

Dhyego: - O papai e o Victor saíram tão cedo. Por que ainda não chegaram?

Sol: - Eles estão enrolados com o álbum do Victor. Não precisa se preocupar, logo eles estarão aí. Agora se concentra no desenho porquê depois não vou ficar repetindo o que você perdeu baixinho. [Gargalha quando bagunço seus cabelos.]

A Anny se despede alguns minutos depois e então levo o Dhyego até a mesa pra jantarmos juntos. Após mais 1 filme o garoto começa a bocejar e peço pra que suba até seu quarto onde o observo escovar os dentes e vestir seu pijama. 

Dhyego: - Sabe, faz um tempão que você não me conta um história.

Sol: - Eu não sou boa nisso, mas posso tentar se quiser. [Sorrir.]

Dhyego: - Posso te ajudar! Aqui! [Me entrega um livro que até então estava sob o travesseiro.] - Tem várias histórias aí, assim você não precisa criar uma.

Sol: - Bem mais prático. Gostei! [Sorrir.] - Mas, se você já tinha esse livro porque não me mostrou antes?

Dhyego: - Por que é divertido te ver tentando criar alguma coisa. Você se atrapalha toda e no fim eu não entendo nada do que me contou, mas eu gosto de passar esse tempo com você.

Sol: - Também adoro passar esses momentos com você moleque! Agora fica quieto, vou começar a história.

(...)

Ouço algumas das músicas do álbum do Victor enviadas a mim a alguns dias enquanto vasculho em minhas redes sociais, a espera do meu genitor. Sua legião de fãs só aumenta e é impressionante a loucura que algumas delas são capazes de fazer pra ter um momento com o cacheado. A campainha toca então jogo meu celular sobre a mesa de centro e corro em direção a porta.

Sol: - Pai, por que demorou tan...to? [Observo a mulher a minha frente.] - O que faz aqui?

Safira: - Eu estava com saudades! O Dhyego está? 

Sol: - Dormindo. [Respondo desconfiada.] - Pode voltar amanhã a tarde quando o papai tiver em casa.

Safira: - Ou talvez eu possa dormir com vocês.

Sol: - O quê? [Sorrio com desdém.] - Você só pode ter ficado maluca!

Safira: - Mereço respeito, não acha? Sou sua mãe Sol!

Sol: - E nunca agiu como tal! Olha eu não sei o que você veio fazer aqui mais tenho coisas muito mais importantes pra fazer. Então vá direto ao ponto, por favor! [Digo impaciente.]

Chega a ser impressionante a facilidade que chego a perder a paciência quando estou em sua companhia.

Safira: - Eu... Não tenho onde dormir.

Sol: - E o hotel que estava hospedada?

Safira: - Eu não tive condições de pagá-lo então tive que sair. [Suspiro.]

Sol: - Entra! Mas vou deixar bem claro que é apenas por uma noite. Amanhã cedo você vai procurar um outro lugar pra ficar. Eu não quero problemas pra mim!

Safira: - Acho que você está se equivocando um pouco não acha? Eu fui casada com seu pai por anos, também tenho direitos sobre essa casa! 

Sol: - Aí que você se engana! Abandono de lar, já ouviu falar? [Desdenho.] - Você nos abandonou e não foi um alguns dias e nem a primeira vez. Você não tem direito nenhum sobre nada, nem ninguém dentro dessa casa. [Cuspo as palavras e não me permito sentir remorso pelas minhas palavras.] - Pode dormir no meu quarto!

Safira: - E você?

Sol: - Vou ficar aqui na sala!

Safira: - Acredito que lá tenha espaço suficiente pra nós duas, não?

Sol: - Não. Eu prefiro dormir aqui! Sou vou pegar alguns lençóis e um travesseiro. Com licença!