A porta do elevador se abre, permitindo a passagem de Lydia.
Atrasada, ela se apressa para chegar até a sala de reuniões e quando abre a porta, se surpreende de imediato ao já ver Mitch e Helena na sala.
-- Você... você não me disse que já tinha chegado – Lydia franze o cenho, fechando a porta devagar.
-- Desculpe – Mitch se levanta, aproximando-se da ruiva sob o olhar desconfortável de Helena – Minha mente está a um milhão.
Lydia assente com a cabeça, passando seus olhos verdes de Mitch até Helena, que se levanta educadamente para se aproximar de Lydia.
-- Oi, Helena – A agente dá um sorriso singelo, a tratando cordialmente.
-- Oi, Lydia.
As duas apertam as mãos, conseguindo chutar para longe qualquer estranhamento entre elas depois de tudo o que aconteceu.
-- Sinto muito pelo o que aconteceu – Helena comprime os lábios.
-- É – Lydia ajeita a alça de sua bolsa lateral – Não foi uma experiência muito boa, mas... me conte, como você está?
-- Bem, na verdade – Helena dá de ombros, colocando as mãos em seus bolsos frontais de sua calça – Texas era tudo o que eu precisava para descansar a minha mente.
-- Eu imagino – Lydia sorri – Eu sinto muito pela circunstância que você veio.
-- Não se preocupe – Ela abaixa a cabeça por um breve segundo – Estou fora do campo, mas ainda sei algumas coisas.
As duas sorriem, sob o olhar de Mitch visivelmente feliz com a educação e cordialidade entre elas.
Finalmente, Ben e Irene entram na sala.
-- Agente Carter – Irene passa direto, já colocando sua bolsa em cima da mesa gigante – Que bom vê-la.
-- Digo o mesmo, Irene – Helena sorri, já olhando para Benjamin, que a olha nem um pouco simpático – Oi, Ben.
-- Oi, assombração.
-- Ben! – Lydia o repreende, cerrando os olhos.
-- Não se preocupe – Ben os revira – Ela sabe que é um apelido carinhoso.
-- Sei? – Helena franze o cenho.
-- Sentem-se, por favor.
É Irene que ordena e calmamente, cada um senta-se ao lado do outro, todos olhando para a diretora.
-- Os exames de Lydia saíram hoje pela manhã – Irene informa – Lamentavelmente, não conseguimos nenhum rastro da substância. É como se a cura que ele injetasse limpasse todo o organismo dela.
-- E essa cura? – Ben questiona – Não temos o componente?
-- Não – Irene dá de ombros – Tudo em branco.
-- Igor disse que Helena saberia aonde encontra-lo – Mitch muda de assunto, encarando o vazio da mesa – Aonde?
Helena respira fundo, visivelmente incomodada.
-- Tem um galpão que Alexander usava quando estava por aqui – Ela conta – Fica em Boston. Esse é o único lugar que sei.
-- Já sabemos quantos homens iremos levar? – Lydia pergunta.
-- Igor saberia – Mitch responde – Não podemos correr o risco.
-- Vocês quatro vão – Irene afirma – Mitch entra com Helena, Lydia e Benjamin ficam nas redondezas.
-- Não podemos dar a vantagem dele se preparar caso uma equipe gigante vá conosco – Helena diz.
-- Você tem razão – Irene assente com a cabeça – Mas, lembrem-se disso, vocês devem ter Igor na mira de vocês antes que vocês estejam na dele. Se isso acontecer... teremos problemas.
Imediatamente, todos os quatro se entreolham.
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Boston, EUA – 17:45
Da janela do quarto do hotel, Helena respira fundo. Sua mente trava uma batalha com um grande pressentimento, no qual ela já o abraçou. Um pressentimento que irá guardar para si até o momento certo.
Quando escuta alguém batendo na porta do quarto, ela se vira.
-- Pode entrar – Helena diz, voltando a olhar pela janela.
Assim que é aberta, ela consegue perfeitamente saber quem é pelo forte perfume amadeirado. Mitch.
-- Vim ver como você está – Mitch coloca as mãos nos bolsos do moletom.
-- Pensativa – Helena dá de ombros, se virando para o ex-namorado – E você?
-- Preocupado, pra ser sincero – Mitch comprime os lábios.
-- É, eu também estou.
Helena abaixa o olhar, mesmo ainda ficando sob o de Mitch. Ela está de ombros caídos, visivelmente abatida.
-- Eu sei o que vai acontecer hoje à noite, Mitch – Helena retorna a olhá-lo, revelando o marejar – E eu não posso fugir disso.
-- Do que você está falando? – O agente franze o cenho, confuso – Ele não vai matar você, Helena. Ninguém vai permitir isso.
Helena dá um sorriso entristecido, pesado.
-- Ninguém? – Ela ergue a sobrancelha – Eu lembro quando você usava a palavra “eu”.
-- Helena... – Mitch muda o peso do corpo, percebendo do que ela quer dizer – Nós não precisamos mais falar disso, você sabe.
-- Eu sei – Ela respira fundo, coçando rapidamente a testa – Eu só quero que você saiba que... não importa o que aconteça hoje, naquele galpão, eu sou extremamente grata por todos os anos que passamos juntos, Mitch.
-- Você sabe que eu também – Mitch cerra os olhos – Mas, porque você está falando isso? Eu não entendo.
-- Desculpe – Helena mexe a cabeça em negação – Só... não esqueça, ok?
-- Ok – Mitch se aproxima, colocando a mão no braço de Helena amigavelmente – Esteja preparada, Helena.
-- Eu estarei – Ela responde, esboçando um sorriso mínimo.
Mitch assente com a cabeça educadamente, afastando-se de Helena, deixando-a sozinha no quarto, voltando a travar uma batalha com seus pensamentos e mais ainda, com o passado.
No corredor, Mitch caminha calmamente de volta ao seu quarto. Quando abre a porta, vê Lydia dormindo no meio dos lençóis brancos da cama espaçosa.
Vê-la assim, arranca um sorriso singelo do agente.
Mitch caminha até o pequeno frigobar, pegando uma cerveja e sentando-se na pequena mesa.
-- Não é recomendado beber antes de uma missão, agente.
A voz de Lydia o faz olhá-la, que já está sentada na cama, ainda com o rosto sonolento.
-- Dez dessas e eu ainda derrubaria um exército todo – Mitch brinca, olhando para a cerveja em sua mão.
-- Convencido.
Mitch a olha, capturando o sorriso que ela dá, deitando a cabeça levemente.
-- Você é tão linda, ruiva – Mitch murmura, arrancando um sorriso ainda mais vivo de Lydia – Sério, como isso é possível?
-- Não exagere – Ela revira os olhos.
Mitch deixa a cerveja em cima da mesa e já tirando os sapatos, ele vai até a cama, a puxando para um abraço que faz os dois se deitarem na cama.
Ele fica por cima de Lydia, com o devido espaço para poder encarar os olhos verdes mais lindos que já viu.
-- Como ela está? – Lydia pergunta, passando as mãos nos braços de Mitch.
-- Helena está estranha – Mitch comenta, comprimindo os lábios – Ela está como... uma incógnita.
-- Você acha que aconteceu alguma coisa? – Lydia cerra os olhos.
-- Não sei – Mitch dá de ombros, passando seu dedo delicadamente no cabelo ruivo sedoso de Lydia.
-- Eu fico feliz que ela está bem em relação a nós dois – A agente sussurra.
-- Helena foi altruísta – Mitch relembra a conversa que teve com ela na escada da casa de Arthur – Algo que eu nunca vi com tanta verdade.
-- Eu imagino.
Mitch respira fundo, olhando firmemente nos olhos de Lydia e rapidamente, um grande feixe de brilho se estende no seu olhar. É como se olhá-la despertasse nele uma paz, uma tranquilidade.
-- O que? – Ela pergunta, dando um sorriso de canto – Porque você está olhando pra mim assim?
-- Não sei – Mitch dá um sorriso malicioso – Não posso olhar?
-- Você sabe que pode – Lydia diz, manhosa enquanto passa seus braços por baixo dos dele, o abraçando ainda mais firmemente – Você pode tudo, Mitch Rapp.
Mitch a beija lentamente, tão calmamente, mas o suficiente para todo o mundo sumir ao redor deles. Eles saboreiam da calma, da tranquilidade que Mitch e Lydia conseguem construir em meio a todo o tornado.
-- Mitch – Lydia o afasta, o deixando confuso.
-- O que? – Ele pergunta.
-- E se algo acontecer hoje a noite? – A pergunta repentina de Lydia o surpreende – E se não der certo?
-- Não diga isso – Mitch pede – Eu sei que vai funcionar.
-- Ok – Lydia sussurra, assentindo com a cabeça – Ok.
-- Posso deitar minha cabeça no seu ombro? – Mitch pergunta – Eu realmente preciso disso agora.
-- Claro que pode – Ela sorri.
Mitch, delicadamente, deita sua cabeça no cangote de Lydia e em silêncio, ele aproveita a tranquilidade que o carinho de Lydia o oferece.
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No elevador, Lydia carrega com si o cartão que perdeu da porta.
Vê o seu relógio de pulso marcar exatamente sete horas da noite, faltando exatamente cinco minutos para a saída dos agentes para o galpão.
Quando a porta do elevador se abre, Lydia sai, mas desacelera os passos ao perceber Helena na porta do seu quarto, visivelmente mexendo na maçaneta.
-- Helena – Lydia se aproxima cuidadosamente.
A morena rapidamente se agonia ao perceber que foi flagrada por Lydia.
-- O que você está fazendo? – A ruiva pergunta.
Urgentemente, Helena desensaca sua arma e aponta imediatamente para Lydia. Ao ser mira, o coração de Lydia congela, surpreendida com o que Helena está fazendo.
-- Vocês não podem ir comigo – Helena explica, visivelmente nervosa – Vocês não podem ir comigo, você me entendeu?
-- Helena, por favor – Com as mãos levantadas, Lydia tenta buscar calma – O que está acontecendo?
-- Eu botei Mitch e Benjamin para dormirem – Helena mostra um pequeno frasco em sua mão – É a única maneira deles não irem atrás.
-- E você vai atirar em mim para eu não ir? – Lydia ergue as sobrancelhas – Nós só queremos ajuda-la, Helena!
-- Eu não preciso de ajuda! – A morena fala mais alto, perdendo a paciência – Por favor, Lydia, você tem que ficar aqui.
-- Não! – Lydia responde imediatamente – Me diga o que aconteceu! Helena, você ir sozinha... é uma missão suicida.
O silêncio de Helena faz Lydia perceber que é isso que ela quer. Que Helena não vai lutar contra esse fato, que não existe problema em ir sozinha.
-- Helena...
-- Eu matei Alexander Ivanoff – Ela murmura, abaixando o olhar.
-- Eu sei – Lydia se aproxima.
-- Eu não matei só ele, Lydia – Helena volta a olhá-la, mostrando seus olhos marejados e já avermelhados – Eu mereço ir sozinha, você não entende?!
-- Do que você está falando?! – Lydia pergunta, angustiada – Por favor, me conte.
Helena abaixa a arma, tranquilizando parcialmente Lydia, que ainda está confusa com a maneira que Helena age. A tristeza, a dor, o desespero que ela exala por todos seus poros a deixa assim.
-- Alexander... ele tinha uma outra casa por trás da mansão dele – Helena conta, sob a atenção de Lydia – Ele tinha uma quantidade absurda de armamentos. Eu fui... eu fui instruída para colocar uma bomba lá e eu fiz. Eu tentei tirar todos da casa e até certo ponto, eu pensei que tinha conseguido.
-- O que aconteceu? – Lydia questiona, percebendo o rumo da conversa.
-- Eu estava esperando por Alexander e quando ele apareceu, era somente ele.
Helena fecha os olhos, sendo dominada por uma dor que a lembrança a causa.
-- Na casa ficou a mulher dele e a filha pequena deles, Serena.
Lydia se afasta, juntando todos os pedaços.
-- Eu tentei voltar a tempo, eu corri, mas assim que eu coloquei os meus pés na calçada, eu vi Serena entrar no pequeno galpão e logo atrás dela, a mãe.
-- Helena – Lydia leva a mão na boca, chocada com a gravidade do que a ex-agente a conta.
-- Eu vi a bomba explodir, Lydia – Helena a olha – Eu as matei.
Lydia abaixa a cabeça, encarando o chão de carpete do corredor. Sua mente gira em milhão por hora, incrédula com o que acabou de escutar.
-- Eu mereço ir sozinha – Helena continua – Eu mereço pagar pelo o que eu fiz.
-- Ei.
Lydia se aproxima, colocando suas mãos no rosto dela urgentemente.
-- Ninguém... me escute, Helena, ninguém merece morrer.
-- Você não ouviu o que eu disse?
-- Você pensou que as tinha tirado de casa! – Lydia busca uma maneira de afastar Helena de ir em uma missão suicida -- O que aconteceu foi um acidente, você não tinha intenção!
-- Mas eu não consegui salvá-las! – Helena se afasta de Lydia.
-- Pare – A ruiva pede – Você não vai sozinha, Helena.
Lydia se aproxima novamente.
-- Eu vou com você.
O que Lydia decide surpreende Helena, que a olha.
Sentir tamanha solidariedade, ajuda e apoio de Lydia é algo que Helena não sabia que precisava sentir, até se deparar com isso.
A confiança que a ruiva transmite em seu olhar é algo que a aquece.
-- Vamos – Lydia segura a mão dela – Nós duas vamos conseguir.
Helena assente com a cabeça copiosamente, visivelmente emocionada com o apoio que recebe de Lydia.
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A única iluminação dentro do galpão abandonado é a luz vindo de fora, ou seja, é quase nenhuma.
Dentro da grande caixa de metal, Lydia e Helena caminham calmamente, com suas devidas armas em punho, atentas em qualquer movimentação. Elas sabem que pode se esperar qualquer coisa de Igor.
-- Você tem certeza que é aqui? – Lydia pergunta, passando seu olhar pelo lugar.
-- É o único lugar que eu conheço dos Ivanoff – Helena pergunta.
-- Você sabe o que fazer, certo?
Helena para, a olhando rapidamente.
-- Nós duas sabemos – Ele responde.
As duas se entreolham, assentindo com a cabeça confiantemente.
Por trás delas, a porta do galpão é novamente aberta. Dessa vez, graças a grande iluminação que surge repentinamente no lugar, elas percebem quatro homens entrarem.
O último, é Igor.
-- Eu esperava uma figura masculina ao seu lado, mrs. Carter.
Igor arrasta sua voz de sotaque pesado, caminhando um pouco mais.
-- Mas, é um prazer finalmente conhece-la pessoalmente – Ele une suas mãos atrás de seu corpo, esboçando um sorriso falso – Mrs. Martin, sinto muito as condições que eu a conheci.
-- Vai se foder – Lydia cospe as palavras por trás da arma no punho.
-- Adorável – Igor dá um sorriso de canto – Bom, não podemos começar o espetáculo dessa maneira, certo? Porque atirando em mim, todos nós sabemos que vocês não saíram daqui vivas.
Lydia e Helena se entreolham.
-- E honestamente, eu ficaria com pena de Mitch Rapp por vê-lo perder o primeiro amor – Igor passa os olhos escuros de Helena para Lydia – E o verdadeiro amor de sua vida.
Helena se incomoda, é inevitável. Mas, ela não se apega á esse sentimento.
-- Coloquem as armas no chão – Igor muda o tom de voz, ficando ainda mais sério.
Calmamente, Lydia e Helena fazem como ele pediu.
-- Ótimo – Ele respira fundo – Então, Helena Carter... você realmente é uma assassina, certo?
Helena sente sua garganta fechar, sabendo que não pode argumentar contra isso.
-- Eu tenho que dizer, mesmo não tendo muito contato com a minha sobrinha e a minha cunhada, eu não consigo descrever a tristeza que senti ao saber da morte das duas – Igor começa a passear pelo galpão, sob o olhar de todos – Eu não sabia quem era até então... nem meu irmão.
-- Eu não tive a intenção de machucá-las! – Helena diz.
-- Todos dizem isso, mas... mata-las, não? – Igor para, a olhando – Mas, honestamente... uma criança, mrs. Carter. Você é realmente um monstro.
-- Helena, não caia na dele – Lydia murmura, sem tirar os olhos de Igor.
-- Você sabe que você veio até mim ciente do que vai acontecer – Igor continua, franzindo o cenho – Você trouxe Lydia para quê? Assistir você morrer?
Helena abaixa o olhar.
-- Venha até mim – Igor estende a mão para Helena, que olha para Lydia.
-- Helena, não.
Em meio ao pedido de Lydia, Helena caminha até Igor. É exatamente como se estivesse encarando a morte diante seus olhos. A morte que ela já aceitou.
Ela é agarrada por um dos seguranças de Igor.
-- E você, Lydia Martin? – O russo cruza os braços, a olhando de longe – Como você pretende dizer a Mitch que a viu morrer?
Lydia o encara de volta duramente.
-- Esse é o problema, Igor – Lydia ergue as sobrancelhas – Como eu posso dizer algo que não vai acontecer?
A sua lâmina escorrega da manga da sua jaqueta, caindo perfeitamente em sua mão. O movimento de Lydia é rápido como um piscar de olhos, lançando a faca perfeitamente no pescoço do homem que segura Helena.
Helena aproveita-se e com força, dá uma cotovelada forte exatamente no cabo da faca, a fincando ainda mais fundo na garganta do segurança, expulsando uma quantidade absurda de sangue.
Lydia corre, agachando-se para pegar sua arma no chão e quando a pega, corre para se desviar dos tiros, escondendo-se atrás de uma pilha de caixas.
Enquanto Helena, usa do corpo do homem para se proteger dos tiros que são disparados também a ela e também se esconde.
Igor corre, protegendo-se do grande tiroteio.
Os tiros se cessam como o final um espetáculo, oferecendo um grande e tenebroso silêncio. Mesmo nervosas, Lydia e Helena engolem a urgência de suas respirações, buscando manter a calma.
Ambas estão escondidas por trás das pilhas e juntas, as agentes se olham.
-- Lydia! – Helena diz o nome dela ao perceber o braço do homem bem ao lado da ruiva.
Lydia é rápida, virando-se e com força, usa sua arma para jogar a dele longe.
Porém, o grandão é mais rápido e agarra Lydia pelo pescoço, agarrando o cano da arma de Lydia e em um único movimento brutal, ele a tira da mão dela e joga pra longe.
Lydia não consegue sentir o chão e isso não a desespera mais do que sentir as mãos firmes do homem impedirem sua passagem de ar, a sufocando brutalmente.
Ela busca uma forma de tentar se debater, mas não consegue.
Ele faz impulso, a empurrando contra a grande pilha de caixas, fazendo com que todas derrubem e Lydia seja lançada no chão duro de concreto. A dor que ela sente é absurda, a impedindo de sentir qualquer membro possível do seu corpo.
Lydia geme de dor, virando-se de lado.
O segurança novamente avança em direção a ela, agachando-se.
Os socos que Lydia leva repetidamente vezes a deixa cada vez mais suscetível e incapaz de se defender. Ele é mil vezes mais forte do que ela.
O breve momento que ele pausa os socos, é o suficiente para Lydia olhar para o lado, buscando alguma maneira de fugir das agressões do homem.
Novamente, ele avança em socar o rosto dela, criando feridas, sangramentos por toda a extensão.
As mãos dela tateiam o chão, buscando por alguma coisa para se defender e no meio do desespero, encontra. O objeto é tão pontiagudo que fere a mão dela, mas, Lydia não se importa.
Em suas mãos, ela tem a sua salvação. Um grande pedaço de vidro quebrado.
O segurança de Igor a agarra pelo casaco de couro, a tirando levemente do chão e dando a vantagem perfeita que Lydia precisava. A proximidade.
-- Faça uma boa viagem, filho da puta.
Com firmeza, Lydia finca a ponta do vidro na lateral da cabeça do homem. Sem se importar, rasgando a mão dela, a agente o agarra em suas mãos com mais força e enfia ainda mais o vidro, perfurando o crânio do homem.
O sangue escorre pelos braços de Lydia, assim como o sangue escorre pela cabeça dele.
Quando ele cai morto no chão, é o momento que Lydia precisava para poder respirar fundo.
-- Merda – Ela murmura, passando as mãos em seu próprio pescoço, ainda conseguindo ter a sensação das mãos pesadas a agarrando.
A ruiva se levanta e assim que faz, vê Helena dar um tiro na cabeça do outro segurança de Igor. Assim como ela, Helena também está sangrando por todo o rosto.
-- Cadê o Igor?! – Lydia pergunta, olhando ao redor.
-- Eu-eu não sei – Helena se aproxima de Lydia – Eu não o vi.
Lydia se cala, buscando tranquilizar sua respiração.
-- Vamos – Lydia passa as mãos em seu cabelo – Nós temos que ir.
A ruiva oferece sua mão e sem pensar duas vezes, Helena a segura.
As duas caminham apressadamente para saírem do galpão, mas um único barulho as faz parar imediatamente.
A única diferença, é que é Helena que é atingida por um tiro nas costas.
E nesse momento, tudo parece passar em câmera lenta.
Lydia a olha de olhos arregalados, percebendo uma grande mancha vermelha se estender pelo tecido de sua roupa. E após outro disparo, outra mancha de sangue mais em baixo.
Os olhos de Helena estão encarando o chão e a arma que estava em sua mão, cai.
-- Não – Lydia sussurra, desesperada por vê-la perder suas forças.
A porta do galpão se abre, revelando Mitch e Benjamin, dando o espaço que Igor precisava para fugir, contente por ter completado o que desejava.
Os olhos castanhos de Mitch se fixam nas duas manchas vermelhas na blusa de Helena e quando isso acontece, o coração dele é amassado como um pedaço de papel.
Já sem forças, Helena cai com seus joelhos no chão, sendo segurada por Lydia.
-- Helena, não – Lydia murmura, a deixando cair por cima dela, com a cabeça em seu colo.
Mitch se aproxima, correndo em desespero.
-- O que... o que aconteceu? – Ele questiona, tocando o rosto de Helena.
-- Igor – É Helena que sussurra, com seus olhos fechados.
-- Mantenha seus olhos abertos, Helena – Lydia pede – Ben, chame uma ambulância!
A ruiva pede e imediatamente, Ben se apressa.
-- Helena – Mitch está com seus olhos marejados e vê-la assim, é como se ele que tivesse levado os dois tiros – Não se preocupe, ok? Você vai ficar bem.
-- E-eu... – Helena expulsa uma tosse, deixando o sangue sair de sua boca – Eu mereço isso.
-- Não diga isso! – Lydia implora, apertando os olhos – Não... por favor.
-- Você é boa, Lydia – Helena sussurra, tocando o rosto da ruiva com carinho.
Mitch se afasta, caindo sentado no chão, sem forças para aceitar o que está acontecendo.
Definitivamente, ver alguém que ele tanto amou, que passou por tantos momentos simplesmente perder as forças diante seus olhos, é algo que pede de Mitch um controle que ele não possui. Não em vê-la assim.
-- Helena, por favor – Mitch segura a mão dela e lentamente, Helena o olha – Você tem tanto o que viver, por favor! Lute!
-- E-eu... eu sinto muito – Ela sussurra, comprimindo os lábios – Você não tem ideia... você não tem ideia do quanto eu sou grata a você... Mitch.
Helena agarra a mão dele com mais força e Mitch encara o que ela faz.
-- Pra sempre.
Helena sorri, perdendo-se no que faz ao sentir um último fio de dor.
O fio de dor que faz seu último suspiro ser dado nos braços de Lydia.
Mitch abaixa a cabeça, se entregando a um choro, carregado de um luto imediato.
Com Helena em seus braços, Lydia também chora.
Ela, pensando nem duas vezes, segura a mão de Mitch, buscando unir as forças que ainda os resta depois da perda que acabaram de sofrer.
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Dallas, Texas – 2 dias depois
No topo de uma elevação, no meio de um longo campo verde, é aonde eles enterram o corpo de Helena Carter.
A luz do sol, o verde da natureza, o azul do céu rodeia a todos que estão ali presentes, sentindo a dor da perda da ex-agente. A perda de alguém que tinha a paz a desfrutar, a tranquilidade que tanto precisava.
Isso foi tirado de Helena e é o que mais dói em todos.
Com seus olhos escondidos atrás de um óculos escuros, Mitch chora silenciosamente, assistindo o caixão ser levado a baixo lentamente. Ao seu lado, Lydia está da mesma forma.
As palavras proferidas pelo pastor, as flores jogadas, a areia sendo jogada, tudo se arrasta lentamente e quando todos se afastam no final, é somente Aurora que fica, encarando o túmulo da filha.
Por trás dela, Mitch retorna, aproximando-se da mulher.
-- Eu sinto muito, sr. Carter – Mitch murmura, colocando as mãos nos bolsos de sua calça social.
-- Você pode me chamar de Aurora – A mulher de fios escuros diz, sem olhá-lo – Eu sei quem você é, Mitch Rapp.
Mitch se surpreende, mas, se mantém quieto.
-- Helena me mandou uma foto de vocês dois juntos há alguns anos atrás – Ela conta – Atrás, ela escreveu dizendo como estava com saudade de mim e de como estava apaixonada por você.
-- Nós fomos felizes – Mitch sussurra.
-- Quando ela retornou pra mim, Helena me contou tudo o que aconteceu – Aurora continua e finalmente, Mitch a olha – Ela estava bem, havia aceitado tudo.
Aurora se vira, ficando perfeitamente de frente para Mitch.
-- Tudo o que ela desejava era a sua felicidade, Mitch – Aurora toca o braço do agente, que observa o ato – Então, em nome de tudo o que vocês viveram, a única coisa que eu, uma mãe que acabou de perder uma filha, posso te pedir é exatamente isso... seja feliz.
Mitch fica completamente tocado pelas palavras de Aurora.
Em silêncio, ela simplesmente se afasta, descendo a elevação, voltando para a fazenda.
Mitch se agacha diante o túmulo de Helena, pegando um punho de areia em suas mãos, completamente entristecido.
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