História Another Tale - Help Appears

Não posso acreditar que Sting me deixou, mais uma vez. Só de pensar isso, já sinto meu coração completamente desequilibrado. Como se o equilíbrio que havia dentro dele, de ter Sting do meu lado, tivesse sumido. E agora Hikari ficaria comigo. Realmente, não posso ficar sozinho. É tão triste viver sozinho. Um aperto imenso consome meu peito só de pensar disso.

        Mesmo estando assim, triste, eu tenho que me preocupar com o mais importante: Meu filho. Tenshi deve estar sofrendo nas mãos daquela vadia da Minerva. Não posso simplesmente ficar parado, chorando num canto, achando que ela vai me devolver o Tenshi, porque eu tenho certeza que não vai. Porém, com a ajuda do Hikari, talvez eu consiga.

        “- EU AMO O TENSHI E NÃO VOU DESISTIR DELE POR CAUSA DISSO!! EU VOU LUTAR POR ELE, MESMO QUE VOCÊS NÃO QUEIRAM QUE NÓS FIQUEMOS JUNTOS!! EU VOU PROVAR PRA TODOS VOCÊS QUE EU POSSO MUITO BEM CUIDAR DO TENSHI!!”.

        Não. Talvez, não. Eu vou conseguir. Tenho certeza disso.

- Hikari... – Falei, com a voz um tanto triste, apoiado com a testa na janela. Já estávamos em casa e Hikari estava lendo um livro.

- Huh? O que foi Natsu-san?... – Ele fechou seu livro e me encarou.

- Me ajude a pegar o Tenshi de volta. – Olhei pra ele com o olhar um tanto triste. – Afinal, você o ama e ele é meu filho. Quero ele de volta Hikari... – Voltei a chorar. – Quero ele e o Sting de volta... – Hikari me abraçou.

- Calma Natsu-san... Nós vamos conseguir pegá-lo de voltar e você terá o Sting também... – Me afastou e olhou em meus olhos. – Você vai ter seus loiros de volta... – Sorriu, secando minhas lágrimas. – Eu prometo. – Dei um sorriso fraco. – Agora vamos. Coloque um sorriso nesse rosto e vamos nos divertir. – Se levantou. – Nee?

        Dei um sorriso e confirmei com a cabeça. Acho que não deve ser tão ruim assim ter o Hikari como namorado do meu filho.

-X-

        Sem forças. Meu corpo estava fraco. E não conseguia mover um músculo. Meu corpo estava cheio de marcas de chicote, marcas de facas, hematomas, arranhões e totalmente desnudo. Havia manchas de sangue no chão e meu corpo estava manchado de sangue. Eu estava totalmente fraco. Sem nenhuma força para me mover.

        Eu já não aguentava mais. Queria ir pra casa. Queria meus pais. Queria o Hikari. Queria que ele pudesse me salvar. Depois de tudo isso que eu estou passando, eu acho que eu consigo provar a mim mesmo, ou pelo menos comprovar, que eu o amo e sempre o amei desde o início. E eu seria sim capaz de perdoá-lo.

        Porém, eu não tinha como. Meu corpo estava fraco e eu não tinha condições nenhuma de sequer me levantar.

        Eu sempre achava que a minha vida era muito chata, monótona demais. Eu com minha alegria tentava deixar minha vida um pouco mais alegre, mas sempre acabava do mesmo jeito. E agora, de tanto eu achar isso, acabei aqui. Nessa situação. Ainda me pergunto, inúmeras vezes, como isso foi acontecer. Como é que eu acabei assim?

        O que aquela mulher quer comigo? E por que ela conhece meus pais? Por que e como? Por que Hikari não veio me ajudar naquela hora? Por que ele não veio me salvar agora? Eram tantas perguntas que vinham em minha mente, que eu não conseguia nem raciocinar o que estava acontecendo agora.

        Um garoto que aparentava ser uns anos mais velho do que eu, desceu as escadas com algumas coisas na mão e se aproximou de mim. Meu corpo tremeu cada vez mais. Já não basta aquilo que você fez comigo, Minerva?

- Shhhh. Se acalme. Não vou lhe machucar. – Tentei me levantar, para me encolher no canto, mas era inútil. Não movia um músculo sequer. O garoto se aproximou de mim e se sentou na minha frente. Observou meu estado e deu um suspiro. – Minerva-sama nunca soube a hora de parar. Vou cuidar disso. – Pegou em suas coisas um pano e um frasco com algum líquido. Me assustei por um breve momento, achando que era álcool, mas aliviei quando ele disse que era apenas água. – Vai doer um pouco.

        Começou a passar o pano pelos meus cortes e machucados, me fazendo suspirar de dor. Esse garoto não era igual aos outros. Pelo que vi, ele estava tentando me ajudar. Minha respiração estava ofegante e meu corpo um pouco menos dolorido pela limpeza em meu corpo.

- Consegue se sentar? – Falou, enquanto pegava alguns curativos. Neguei com a cabeça. – O quanto essa mulher te machucou?... – Fiquei quieto e ele me ajudou a sentar. Fiz uma careta de dor quando senti meu corpo sendo movido e um arrepio dominou meu corpo ao sentir a parede gelada em minhas costas.

        Enfaixou meus cortes nos braços e pernas e colocou curativos em meus arranhões e nas marcas do chicote.

- Você precisa de roupas. – Mexeu na sacola. – Aqui. Deve lhe servir. – Me entregou uma troca de roupas. – Quer ajuda pra se vestir? – Confirmei com a cabeça, meio corado.

        Me apoiei em seus ombros, lhe ajudando a me deixar de pé e me apoiei na parede, com minhas pernas trêmulas. Destrancou os braceletes dos meus pulsos e tornozelos, me ajudou a vestir minha cueca e minha calça e meu semblante não deixou de ficar vermelho durante esse tempo. Me sentou no chão novamente e colocou minha blusa.

- Posso te deixar solto por agora, mas depois terei que te prender de novo. – Sentou no chão, ao meu lado. – Deve estar com fome e sede, não é? – Olhei pra ele e confirmei com a cabeça. – Tome. – Me entregou um recipiente com alguns sanduíches e uma garrafa de suco. – Coma um pouco. – Sorriu. – Minha mãe quem fez. Ela é cozinheira daqui e minhas tias são enfermeira e passadeira.

        Sorri e comecei a comer. Esse garoto me pareceu legal. Ele sorria pra mim singelamente, enquanto seus olhos verdes me encaravam com um brilho em seus olhos. Seus cabelos eram brancos e pareciam um tanto longos por estarem presos e batiam em seu ombro. Estava me sentindo bem melhor por causa dos cuidados dele e por causa da comida. Não havia comido desde anteontem e estava me sentindo fraco.

- Melhor? – Sorriu, quando acabei de comer.

- Hai. – Dei um sorriso, o que fez ele sorrir junto.

- Seu sorriso é bonito. – Corei com tal fala. – Qual seu nome?

- Tenshi. Tenshi Eucliffe Dragneel.

- Eucliffe Dragneel? Por acaso é filho de Sting Eucliffe e Natsu Dragneel? – Confirmei com a cabeça. – Então é por isso que Minerva te sequestrou. – Murmurou. – Ela quer, de qualquer jeito, transformar a vida do seu pai Natsu, um verdadeiro inferno. Começando por você. Ela quer de volta o que uma vez foi dela. Seu outro pai Sting Eucliffe. – Me assustei. – Você é uma das coisas mais preciosas que o Natsu tem. E quer lhe fazer sofrer de qualquer jeito. E ela não vai parar até que seu pai resolva desistir do Sting.

- Ela não pode fazer isso. Meus pais se amam. – Meus olhos se encheram de lágrimas. – Ela não pode separá-los.

- Mas ela vai. Nem que seja à força.

- Por favor, não deixe isso acontecer! – Falei, começando a me desesperar. – Não quero que meus pais se separem! Por favor! – Ele sorriu.

- Não se preocupe. Eu disse que ela ia conseguir... Mas não por quanto tempo. Fique tranquilo. Mesmo que seus pais se separem, eles vão se juntar de novo. Acredite em mim. – Sorriu. Fiquei hipnotizado por um tempo pelo seu sorriso, mas logo retribui seu sorriso, sorrindo também. – Sou Kai. Kai Ushunsuke.

- Prazer Kai-san. – Sorriu. – Etto... Você tem 12 anos também? – Ele me olhou surpreso e depois riu.

- Haha não Tenshi-san. Eu pareço ter 12 anos?... – Me olhou sorrindo. – Tenho 17 anos e vou fazer 18 daqui duas semanas.

- Hontou? Etto... Omedeitou Kai-san! – Sorri lhe abraçando.

- Haha Arigatou Tenshi-san... – Riu, acariciando meus cabelos.

        Kai tinha o corpo quente e aconchegante, o que me fazer não querer desgrudar dele. O que eu mais precisava naquele momento era de um pouco de consolo. E Kai era a pessoa mais simpática e sincera que eu tinha por perto naquele momento.

- Seu rosto é tão lindo Tenshi-san... – Falou, acariciando suavemente meu rosto, o que não deixei de ficar extremamente corado, porém não desviar o olhar de seus olhos verdes. – Seus lábios parecem ser tão macios... – Tocou meus lábios com seu indicador. – Queria poder senti-los... – Sussurrou, roçando seus lábios aos meus.

        Ele não esperou muito e deslizou sua mão pelas minhas costas até minha nuca, puxando levemente meus cabelos e com a outra, segurou minha cintura, selando, finalmente, seus lábios aos meus em um cálido e calmo selinho, que logo mais, se tornou um beijo assim que concedi passagem para sua língua, que passeava pelos meus lábios, desenhando-os.

        Assim como Hikari, Kai tinha um beijo lento e calmo. Ele não me parece aquele tipo de pessoa que é selvagem e estressada. E sim calma e tranquila. Não é exatamente igual ao Hikari, mas acho que eles têm uma coisa em comum. E uma delas é a personalidade.

- K-Kai-san... – Suspirei ao sentir seus lábios em meu pescoço, dando um chupão e uma mordida em seguida.

- Agora você pertence a mim Tenshi... Não vou deixar ninguém encostar um dedo em você... Ficarei aqui para te proteger... – Sussurrou em meu ouvido. – Você é somente meu...

- K-Kai-san... – Eu não sei se ele estava certo. Eu amo ao Hikari e não sei se deveria confiar nele. Como diz o ditado: “O que os olhos veem o coração não sente”.

- Shh. Não fale nada... – Me deitou no chão, ficando por cima de mim. – Se torne meu Tenshi... – Falou acariciando meu rosto. – Quero que seja meu... Quero estar dentro de você Tenshi...

        Aquilo me assustou um pouco, mas logo eu virei meu rosto para o outro lado, meio pensativo. Kai estava se precipitando demais. Nós mal nos conhecemos e ele já quer... Não. Não sei se... Quero isso. Quer dizer, Kai é um cara muito legal e acabei meu enturmando com ele, porém acho que não devemos ir tão longe. E ele acabou de dizer que eu sou dele. Será que sou mesmo?

        Apesar de ele dizer aquilo, Hikari tem meu coração. É ele quem eu amo. E acho que... Não seria capaz de traí-lo. Nem se eu quisesse. Agora que me caiu a ficha. Seu nome é Kai Ushunsuke. Ushunsuke. Sinto que já escutei esse nome em algum lugar.

        “Ushunsuke... Ushunsuke... Ushunsuke”.

        “Gai Ushunsuke”.

        Certamente! Já ouvi esse nome sim em algum lugar. Em minha infância. Antes de eu ser adotado. Tenho certeza... Ushunsuke nunca teve nenhum irmão. Ele deve ter mudado seu nome. Então é por isso que ele queria que eu fosse dele? Ele... Ainda me ama?

- Ushunsuke... – Sussurrei, olhando para outro lado e saindo de baixo dele, me sentando no chão.

- Huh?

- Anata no namae... – Lhe olhei. – Gai Ushunsuke...

- Eh? – Se surpreendeu por eu ainda ter lembrado, mas logo sorriu, acariciando meu rosto. – Então você ainda se lembra?... Achei que tivesse me esquecido.

- Mas eu... Havia esquecido. Só... Consegui me lembrar agora. – Me deitou de novo no chão e sussurrou em meu ouvido:

- Gostaria de lembrar de outra coisa?... Talvez na... Nossa primeira noite juntos, huh? – Sussurrou, roçando seu nariz em meu pescoço.

        “- G-Gai-s-saan ahhnm s-suki... desu... ahnm”.

- Você disse que me amava, lembra? – Falou, acariciando meu rosto. Não disse nada. Continuei encarando aqueles olhos verdes. – Diga de novo... Eu te amo... – Sussurrou em meu ouvido, mordiscando minha orelha e descendo, beijando e mordendo meu pescoço.

- Hnmm E-eu... – Não pude terminar a frase e ouvi passos, se aproximando da porta.

- Droga. – Resmungou e saiu de cima de mim. – Preciso sair daqui rápido. Se Minerva me pegar aqui, estou ferrado com minha mãe. – Me olhou preocupado e suspirou, pegando a chave. – Desculpe ter que te prender de novo... – Trancou os braceletes dos meus pulsos e tornozelos e pegou suas coisas. – Voltarei mais tarde pra ficar com você... Eu prometo... – Me deu um selinho e foi andando até a porta de trás.

- K-Kai-san! N-não me deixe! – Murmurei, vendo ele sair e me encolhi no canto ao escutar a porta se abrindo.

        Meu corpo voltou a tremer novamente. Fiquei com medo só de pensar o que viria a seguir. Logo, escutei duas vozes femininas vindo da direção das escadas.

- Yare, yare... Que garotinho lindo temos aqui. – Uma das garotas se dirigiu à mim, enquanto a outra deixava as coisas no chão. – Gin-san e Jin-kun tem razão. Você é muito fofo loirinho... – Passou seu dedo pelo meu rosto. – Maka-chan... Vamos brincar um pouquinho com ele? – Sorriu de lado. A outra pegou um chicote e entregou algo como um vibrador para a outra.

- Hai hai... – Bateu um chicote no chão, ao meu lado, fazendo eu me contorcer todo no canto. – Quer fazer as honras, Mika-chan? – Sorriu maliciosamente.

- Hai, hai...

- Shinai... – Tentei me afastar, mas a outra puxou meu pé.

- Nanana... Vamos nos divertir... – Falou, sorrindo de lado.

        “Tasukette... Kai-san!”.

To Be Continued…