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História Antes da Escuridão - Depois do incêndio


Escrita por: Urano_

Capítulo 13 - Depois do incêndio


 

Quarta semana

Outubro

 

Uma coisa havia chamado a atenção de Donghyuck enquanto ele dançava com os amigos e essa coisa eram os olhos violeta de Sungchan do outro lado do salão o encarando antes de vê-lo estalar os dedos.

Assim que o fez, tudo se apagou e Donghyuck sabia que alguma coisa ruim aconteceria. Fez o que sabia que deveria fazer e foi atrás dele, mas assim que chegou ao portão por onde viu o outro sair escutou os gritos e olhou para trás. Fogo.

Todos estavam correndo e empurrando uns aos outros, tinham alunos sendo pisoteados e Donghyuck por um momento perdeu o ar. Procurou por Jeno, procurou por Shotaro e Jaemin e não achou ninguém, o fogo começava a subir e se alastrar enquanto corria os olhos pelo espaço e tentou chamar pelos outros, olhando de um lado para o outro, começando a perder o pouco do controle que tinha. Foi quando respirou fundo olhando de um lado pro outro e viu Sungchan através de uma porta. Correu até ela, no sentido contrário de onde os centenas de alunos corriam. Estava trancada, claro. Donghyuck tentou forçar e não conseguiu.

— Pssii. - olhou pro lado, pra baixo e viu um garoto agachado no canto, o mesmo garoto que havia ajudado Donghyuck e Shotaro a fugir. Foi até ele e viu que tinha uma passagem aberta na parede para que conseguisse passar.

— Quem é você?

— Só vai. - ele respondeu e Donghyuck assentiu, atravessando a passagem e agradecendo. Correu pelos corredores atrás de Sungchan e não o encontrou. Estava prestes a entrar no corredor dos bebedouros quando ouviu vozes e se escondeu, tentando se concentrar para tentar reconhecer.

 

— Ele é o meu melhor amigo, Soo. Ele já sabe que você tem alguém e eu não posso ficar mentindo e escondendo isso dele. Gosta tanto de mim, porque não me deixa falar sobre nós? Deixa isso ser público.

— Porque Jeno vai pensar que eu o estava traindo.

— Mas você estava! Nós estávamos. Uma hora ou outra ele vai descobrir.

— Eu não quero que seja assim. Quero que seja certo. Se contar agora ele vai odiar a nós dois e eu não quero que ele odeie você, Nana.

— Ele vai odiar de todo jeito. Vamos sair daqui e voltar pra festa.

 

Donghyuck se escondeu atrás de um armário quando ouviu os passos se afastando e cobriu a boca. Nem fodendo que o Jaemin tava ficando com a namorada do melhor amigo enquanto eles ainda estavam juntos, nem fodendo. Donghyuck se segurou para não confrontar ele e os viu pegar outro caminho para fora dos corredores, pegando o caminho contrário e chegando até o lado de fora, no pátio da escola onde os professores ajudavam alunos machucados e outros desesperados ligavam para os pais.

O corpo de bombeiros e a polícia ainda não havia chegado ao local e Donghyuck correu para procurar os amigos, vendo Jeno e Shotaro com celulares na orelha procurando por alguém, mas também viu uma terceira figura com eles.

— Mark! - correu pro namorado que o viu se aproximando e abraçou com força, suspirando quando finalmente  tocou.

— Donghyuck, graças a Merlim.

— Quando chegou? - perguntou se afastando e segurando o rosto do namorado.

— Não faz muito tempo. Quando eu cheguei já tinha fogo, estavam todos trancados lá dentro e… era impossível abrir a porta. Tinha algo segurando.

— Donghyuck! - Jeno se aproximou abraçando o outro e Donghyuck correspondeu, fazendo o mesmo com Shotaro assim que o amigo notou sua presença.

— Você viu o Jaemin lá dentro? - Shotaro perguntou nervoso.

— Ou a Sooyeon. - Jeno perguntou.

— Sim, na verdade eu… 

— Jeno! - Donghyuck ouviu a voz da garota que se aproximou de Jeno com pressa, o beijando e sendo correspondida no mesmo momento enquanto Donghyuck levantava a sobrancelha encarando a cena.

Nem parece que tava sugando a boca de Jaemin tal qual um desentupidor minutos antes.

— O que aconteceu lá dentro? Eu tinha ido ao banheiro e quando voltei tudo estava trancado e pegando fogo! - ela falou abraçando novamente Jeno.

— Aconteceu muito rápido, eu ainda não entendi. De repente as luzes apagaram e tudo pegou fogo, todos correram pras saídas mas as portas não abriam. Foi quando… o namorado de Donghyuck apareceu e conseguiu abrir por fora o portão principal da quadra e a gente conseguiu correr. - todos encararam Mark que estava abraçado com Donghyuck e pareceu sem graça com os olhos em si.

— Você abriu? - Donghyuck perguntou e ele concordou.

— Eu vim como você disse, estava esperando encontrar você, mas quando cheguei já tinha fumaça e gritos, eu corri até o portão e não conseguia abrir, estava trancado. Eu peguei uma pedra e quebrei a fechadura. Tentei te ligar mas você não atendia de jeito nenhum.

— Eu me perdi lá dentro, não conseguia falar com ninguém. Não conseguia ver nada.

— Eu… os gritos, as pessoas chorando e gritando… - Shotaro falou baixo, chorando e Jaemin o abraçou.

Donghyuck ouviu o barulho das sirenes se aproximando e olhou para os outros. Aos poucos a polícia, os bombeiros e as ambulâncias chegavam, assim como os pais dos estudantes desesperados para ver seus filhos.

Jeno estava abraçado com Sooyeon e Donghyuck viu enquanto Jaemin observava de longe, desviando os olhos.

— Posso falar com você? - Mark perguntou e se afastou com Donghyuck. — O que aconteceu lá dentro?

— Foi um aluno. Ele… morreu, mas apareceu novamente na escola dias depois com os olhos violeta. Seu avô está de volta, Mark, está aqui para cumprir a profecia. Está usando o corpo de Sungchan.

— Isso… não, não pode ser. Ele teria tentado contato, ele teria tentado me chamar.

— Ele sabe que você não quer fazer parte disso, não tentaria chamar você. - Suspirou. — Mas pode tentar fazer alguma coisa com você pra me atingir. Eu tenho medo disso.

— Ele não tentaria nada contra o próprio neto, tentaria?

— Ele tentou contra o próprio irmão, Mark. - Mark negou, puxando Donghyuck e o beijando, abraçando com força em seguida.

— Não pensa nisso, nada vai acontecer comigo. Ficaremos bem, ainda podemos fugir disso tudo.

— Se ele voltou eu não posso fugir.

— É o que ele quer, Hyuck. Se não fugir, ele pega você. Não vê? - gesticulou a volta dos dois. — Ele já está aqui. Vai fazer de tudo para que você perca o controle.

Donghyuck suspirou e negou, abraçando Mark com força outra vez. 

— Eu vou dar um jeito.

 

Donghyuck queria ter apresentado os outros, mas as coisas ficaram confusas demais naquela noite. Alguns alunos morreram no incêndio, outros morreram pisoteados pelo mar de estudantes. Donghyuck não viu Sungchan pelo resto da noite e assim como seus amigos, Mark e outros estudantes, teve que falar com a polícia que o encarava meio receosa após ouvir dezenas teorias da conspiração de que Donghyuck era satanista e aquilo tinha sido um sacrifício feito por ele.

Donghyuck quis gritar.

Antes de conseguir ir para casa, viu seu avô o esperando com Ningning o encarando. Estava com Mark e sabe que o avô só não fez um escândalo porque outras pessoas estavam ali, mas não impediu donghyuck de ir todo o caminho para casa escutando sobre como tinha certeza de que Mark estava envolvido naquilo e como ele era como seu avô e que se Hyunjae havia voltado, fazia todo sentido Mark estar perto de Donghyuck daquela forma.

 

— Eu já disse que nada daquilo teve a ver com Mark, vovô! Ele ajudou os outros alunos a fugirem do fogo! - gritou e o avô negou, batendo a bengala no chão e criando selos que se formavam em púrpura em volta de toda a casa, criando um campo de proteção.

— Esse moleque só está perto de você novamente porque Hyunjae mandou, eu tenho completa certeza de que ele vai tentar fazer alguma coisa com você. Seja inteligente Donghyuck!

— Ele pode ter aproveitado Mark estar próximo pra aparecer justamente pra me atingir fazendo algo contra Mark, sabe disso.

— Você não pode ser tão ingênuo assim.

— Por que uma vez na vida não me dá um voto de confiança?

— Porque desperdiçou todos os outros que já dei! - gritou, suspirando em seguida. — Ou termina com esse garoto, ou está de castigo.

 

 

Donghyuck havia falado sobre aquilo com Mark por mensagens. Odiava o que o avô estava fazendo consigo, mas não terminaria com o namorado de forma alguma.

Já se passaram duas semanas desde o incêndio na escola, foram confirmadas quatorze mortes, sendo treze estudantes e Donghyuck era bruxo demais pra não entender a mensagem por trás daquelas mortes justamente num dia de troca de ciclo lunar. Havia sido um sacrifício. Sacrifício que Donghyuck deveria ter percebido antes e deveria ter feito alguma coisa para impedir.

Quando chegou na escola, viu que o ginásio ainda estava interditado, em frente a escola, haviam feito um memorial com fotos de diversos alunos onde as pessoas deixavam velas, flores e objetos em memória a eles.

 

Donghyuck não conhecia de verdade ninguém que estava ali, com certeza não, afinal todos o evitavam, mas entre os rostos dos alunos, viu uma menina do grupo de Sooyeon e o vocalista da banda que estava tocando no dia.

A polícia ainda investigava o que havia acontecido e já haviam ido até a casa de Donghyuck fazer perguntas diversas vezes, isso porque várias pessoas disseram ver o vocalista amarrado pelo pescoço em cima do palco antes de o fogo começar e diferente dos outros alunos, Donghyuck não tinha nenhuma marca ou arranhão. Donghyuck disse que havia ido ao banheiro, mas claro, foi questionado sobre seu diário ao qual haviam tido acesso das páginas que falavam sobre a sua realidade que os outros não deveriam conhecer.

Para a polícia, Donghyuck era suspeito e para o restante dos alunos que abriram caminho e se afastaram de Donghyuck quando entrou na escola, também.

 

Àquela altura ninguém tinha coragem de jogar coisas ou falar nada para Donghyuck, afinal, o medo de que fossem morrer era muito maior. Aquilo deveria causar conforto ou alívio a Donghyuck, mas era inteligente o suficiente para saber que quando o medo tomava conta de um grupo de pessoas, aquilo se transformava em revolta e um surto coletivo. Aquelas pessoas tinham medo de Donghyuck e por isso ele sabia: não estava seguro.

 

Encontrou com Shotaro no pátio e ele ainda parecia abalado pelo o que havia acontecido. Estava mais calado que o normal, afinal viu coisas que Donghyuck não desejava que ninguém pudesse ver.

 

— Aquilo… teve algo a ver com o seu mundo? - Shotaro perguntou e Donghyuck assentiu.

— Hyunjae, meu tio avô. Ele voltou e acho… acho não. Tenho certeza. Ele está usando o corpo de Sungchan. 

Shotaro o encarou, assentindo e concordando.

— Aqueles alunos gritando e chorando, pedindo socorro. O cheiro de queimado. Foi tudo tão… assustador.

— Eu sinto muito por não estar lá, Shotaro.

— Acho que… não podemos mais ser amigos.

— O que? - Donghyuck perguntou encarando o outro, confuso.

— Eu não posso fazer parte do seu mundo, Donghyuck e eu tenho medo de morrer por causa dele. É maior do que eu pensei, é mais assustador do que eu pensei e eu não quero fazer parte dele. - Shotaro se levantou e Donghyuck o encarou, sem saber o que dizer. — Me desculpa.

Ele saiu sem falar mais nada e Donghyuck ficou encarando o lugar onde ele estava antes, sentindo a garganta apertar e o ódio crescer, vendo sua púrpura querendo brilhar nas mãos as escondendo no casaco. Quando olhou para longe, Sungchan na sua mesa sorria, o encarando com os amigos.

Era aquilo que ele queria.

 

Donghyuck levantou da mesa, saindo do pátio e da escola. Sentia a raiva o consumindo, sentia a vontade de explodir e sabia que não podia. Donghyuck sentia vontade de gritar. Começou a andar para longe, cada vez mais depressa enquanto prendia o choro. Sabia que se chorasse, se deixasse ser consumido, nunca mais aquilo passaria. Andou ainda mais rápido e então passou a correr. Correu, correu e correu mais ainda até parar na represa. Donghyuck andou até a água, até ver seu reflexo nela e viu seus cabelos cinzas parecendo brilhar, seus olhos num violeta incandescente e suas mãos com a púrpura presente, se fazendo visível. Donghyuck sentiu raiva. Sentiu raiva da sua vida, sentiu raiva da guerra que tirou seus pais, sentiu raiva do seu mundo e sentiu raiva de si mesmo por ser uma aberração.

Por um momento, tudo o que Donghyuck sentiu foi raiva e se deixou levar por todas aquelas emoções, gritando alto, batendo no chão onde estava ajoelhado e olhando pro céu enquanto se deixava consumir. Toda a água do lago da represa num raio de quarenta metros foi lançada para longe, como se alguém pisasse numa poça de água. Foi coisa de poucos segundos, conseguir ver o fundo do lago que no momento cobria a cintura de um Donghyuck ajoelhado, respirando fundo no silêncio e tentando se acalmar enquanto a água voltava pro lugar.

Estava de olhos fechados quando ouviu um arquejo, se virando para trás e dando de cara com um Jeno assustado, o encarando de olhos arregalados.

Merda.

Donghyuck se levantou, indo até sua mochila e a colocando no ombro, se aproximando de Jeno e falando mais que sério com os olhos violeta.

— Se contar pra alguém o que viu, eu juro que faço com você o que acabei de fazer com o lago, me entendeu? - Jeno assentiu nervoso e Donghyuck deu as costas, engolindo em seco e se apressando para andar para casa.

 

Seu avô o mataria.

 


Notas Finais


Todas as coisas cooperam para o bem.
Eu basicamente fui demitida, não sei oq é ser saudável física e mentalmente e o tarô disse que minha namorada vai terminar cmg mas ei, finalmente tive o gás necessário pra atualizar a fic.

Me digam oq acharam.
https://twitter.com/chenlogy

xoxo
*3*


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