História Antes do Amanhecer - Capítulo I - O Retorno da Guerra e a Casa dos Prazeres

Capítulo I – O Retorno da Guerra e a Casa dos Prazeres.

Estados Unidos, Nova Orleans, 1950.

O soldado James Hetfield e seus companheiros de campo de batalha retornam aos Estados Unidos depois de cinco anos do Pós-Guerra. Eles haviam lutado como estrategistas durante os dois anos finais da Guerra e mais cinco anos enviados em missões especiais aos países aliados dos EUA na Europa. Finalmente os três jovens retornam aos seus lares, com seus pais os esperando, mas não sem antes comemorar como a juventude masculina dos anos 50 costuma fazer.

— Mal posso esperar para ver o que Sam e Dean aprontaram para nós! – disse Kirk.

— Eu gostaria de ir logo para casa. A viagem foi muito longa. – disse Robert.

— Não custa nada encontrá-los para uma boa noite entre melhores amigos. Fiquei sabendo que Dean está casado com uma moça de San Francisco que se chama Camille. – disse James.

— E Sam? – perguntou Kirk.

— Está terminando os estudos na Universidade de Cambridge. Convenhamos, ele sempre foi o mais inteligente de todos nós.

O carro dos oficiais do Exército Americano estacionou na frente do endereço enviado por telegrama assinado com o carimbo do escritório de advocacia dos pais de Dean. Os três rapazes desceram. O motorista lhes entregou as suas malas e eles subiram as escadas do pequeno prédio procurando pelo escritório comercial de número 305, o escritório de Dean e sua família.

James tocou a campainha, algo ainda inédito em muitos estabelecimentos e residências naquela época e logo o belo rapaz de olhos azuis e dentes afilados num sorriso charmoso apareceu vestido em seu terno preto.

— Oras só! São os meus amigos! Como senti a falta de vocês, seus vagabundos! – disse Dean abraçando um por um.

— Quando partimos você era apenas um moleque que vestia calças velhas e ficava bêbado roubando o bar dos seus pais. – disse Kirk.

— Amigos, muita coisa mudou nesses cinco anos. Existe algo que não posso mais fazer e agora passo toda a minha responsabilidade de conquistador para vocês.

— Como está a vida Dean? O que você e Sam estão aprontando? – perguntou Robert.

— Estou casado com uma garota maravilhosa. É como Helena de Tróia com cérebro! Lindíssima. Formada em Arquitetura pela Universidade de Harvard. Não quero pedir mais nada a Deus.

— Há quanto tempo estão juntos? – perguntou James.

— Quase cinco anos. Por isso, não frequento mais os bordéis, mas posso apresentar as melhores garotas de Nova Orleans para vocês.

— Não acredito que você e Sam querem nos levar para um cabaré! – disse Kirk gargalhando.

— Acho que eu não sei mais como é fazer sexo. – James disse e gargalhou.

— Você lembrará-se-á de todos os passos quando ver as pequenas ninfetas da Casa das Bonecas.

— Casa das Bonecas?

— Sim. São todas meninas. Não passam dos vinte e cinco anos. Algumas estão lá porque querem, outras foram vendidas, fugiram de suas casas e fazendas no interior do país, os motivos são variados.

— E o que estamos esperando? Eu preciso ver essas meninas! – disse Kirk.

Dean levanta-se de sua cadeira e entra na sala do pai.

— Pai, meus velhos amigos estão de volta! É absolutamente necessário sair e reapresentá-los para a noite de Nova Orleans. Não se preocupe, estarei aqui amanhã às 7h em ponto.

— Não está um pouco cedo? São apenas 18h30. – disse o Senhor Morris.

— Existem muitos bares, músicos de Jazz e cigarros nos esperando. – disse Dean com o seu melhor sorriso convincente antes de sair pela porta do escritório acompanhado dos amigos.

Os quatro jovens voltam ao luxuoso bar frequentado por todos eles antes da convocação para a Guerra. O sentimento de nostalgia está por toda a parte naquela noite. Pouco antes das 22h, Dean entra em seu Cadillac preto e dirige em direção ao famigerado bordel comandando pelas mãos fortes e gananciosas da Madame Elena.

Os garotos são recepcionados pelo manobrista para quem Dean entrega a chave de seu carro. A casa de prostituição é luxuosa, porém discreta. As meninas são realmente muito novas como Dean prometeu e apesar de não ser nem um pouco certo, eles estavam loucos para tocar e sentir aqueles corpos adolescentes cobertos por meias pretas, cetim, renda e seda branca. Os olhos de James encontram uma garota um tanto diferente das demais. Cabelos castanhos, cacheados, pele morena, olhos verdes, lábios carnudos. Corpo esguio, mas sinuosamente esculpido e privilegiado pelo vestido branco, meias pretas e os sapatos de boneca.

— O que foi, James? – perguntou Dean.

— Aquela menina. – ele apontou para ela que sentiu o olhar dele queimando em si, mas tentou disfarçar o nervosismo.

— Eu nunca a vi. Ao contrário das outras. – respondeu Dean.

— O que preciso fazer? Eu a quero.

— Só um minuto. – ele estalou os dedos e chamou uma das meninas, puramente normal como quase todas. Cabelos loiros, olhos claros, seios pequenos. Tanta mesmice em apenas uma pessoa, enquanto a beleza da morena é divina. A garota branca sentou no colo de Dean.

— Querida Babydoll, quem é a garota mestiça? – perguntou Dean segurando na cintura da menina.

— Chaneault. É a primeira noite dela aqui. – respondeu a loirinha.

— O meu amigo deseja ficar com ela. Com quem precisamos conversar? – pergunta Dean aos sorrisos para a pequena Babydoll.

— Basta acertar as contas amanhã cedo com o empregado da Madame Elena. – Babydoll respondeu.

— Ótimo! – disse James empolgado.

— Eu a conduzirei até o quarto. Não se preocupe. Chaneault estará pronta em dez minutos.

Babydoll saiu do colo de Dean e caminhou em passos firmes na direção de Chaneault. James e Dean observaram de longe o momento em que Babydoll contou a novidade a morena. Os olhos de Chaneault abriram-se em espanto, mas Babydoll a segurou pela mão direita e as duas jovens prostitutas subiram as escadas.

Chaneault quase não conseguiu esconder o pânico na frente de todos os clientes no salão, mas desabou ao entrar no quarto para receber o seu primeiro cliente. Ela está ali por necessidade, um sacrifício enorme para sobreviver e cuidar da mãe idosa. Ela não quer, sente medo. Ainda é uma menina de dezessete anos. Apenas uma menina criada por freiras num colégio tradicional na Irlanda. Pura, doce, inocente e virgem.