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História Antes do nunca mais - MinSung - Depois do nunca mais


Escrita por: nuwii

Notas do Autor


Hey hey heyyyy olha quem chegou com um extra maior do que a história principalll :D

Alguém sentiu minha falta? :)
Não?
Tá bom sksnnsndd

No fim das contas, isso nem ficou um extra, ficou uma continuação e essa one virou twoshot :,)

Pra quem n lembra, eu sugiro passar os olhos no capítulo anterior pra lembrar um pouquinho mais da história

Entre aspas é pensamento, só pra ficar claro

ENFIM
BOA LEITURA ESPERO QUE CHOREM :3

(Mentira, fiquem bem ;;)

Capítulo 2 - Depois do nunca mais


MinHo estava nervoso como nunca. Haviam se passado anos... cinco anos desde a última vez que vira Han JiSung. Desde a última vez que havia, de fato, visto JiSung. Não era apenas um sonho — como muitas noites foram, e o assombraram.


Ele realmente iria ver JiSung outra vez!


Claro, a situação não era das melhores e MinHo compreendia aquilo. JiSung não estava lá para vê-lo (obviamente), ele estava lá para ver seu pai. O pai de JiSung e JiHye estava doente. Adoeceu do dia para a noite há algumas semanas e foi mandada uma carta à JiSung, que voltaria o quanto antes para ver seu pai.

Ele chegaria na residência dos Han naquela tarde.

Obviamente, MinHo e JiHye, após se casarem, não moravam com os pais da moça (até porque ainda havia certa rixa entre as famílias, apesar do matrimônio). Tinham sua própria casa e crianças para cuidar. Sim, MinHo era pai de dois meninos adoráveis, a quem ele dava muito amor e carinho. Um deles completaria 4 anos em algumas semanas, o outro ainda mal tinha completado dois anos. Moravam em uma bonita casa perto do casarão da família Han, pois a sra. Han afirmava que não conseguiria viver sem pelo menos uma de suas crianças por perto. Era quase que um lembrete para MinHo de que JiSung estava longe demais.

Às vezes, JiHye recebia cartas de JiSung. MinHo as roubava no meio da noite e as lia no jardim, onde ninguém veria suas lágrimas escorrendo por seu rosto. Ele pelo menos sabia que JiSung estava bem. O jovem sorria tristemente enquanto passava os olhos na caligrafia bonita de seu amor, lendo sobre como iam seus estudos, como estava sendo se adaptar à língua, e que ele sentia falta da família. Nunca citou MinHo, com a exceção de uma única vez.


Como assim você diz que MinHo não te ama, minha irmã?


MinHo nunca achou que JiHye fosse boba ou ingênua, mas ele achava que estava fingindo bem o suficiente para enganar a moça. Mas ela sabia, sabia que MinHo não a amava como um marido deve amar sua esposa. Ela sentia que havia algo errado. E MinHo então percebeu que ou ele precisava fingir melhor, ou ele desistia. E ele estava cansado de fingir.

Mas havia as crianças!

Ele não poderia deixar que elas crescessem em um ambiente infeliz. Sem o amor entre seus pais. E se eles crescessem sem acreditar no amor? MinHo não podia deixar aquilo acontecer. Não quando ele sabia que o amor era algo tão real quanto seu coração batendo, e que o amor que ele sentia arder em seu peito era a única certeza da qual ele tinha na vida.


Seu amor por JiSung, que, infelizmente, era impossível.


Sim, as feridas aos poucos se curaram e restaram cicatrizes feias em seu coração. Mas quando ele pensava em JiSung, já não lhe vinha mais o impulso de chorar, e sim um calor no peito, a saudade de algo que foi real e efervescente e agridoce. Tão, tão amargo! Mas ao mesmo tempo, tão doce... Era doce o sabor dos lábios de JiSung, seu toque era suave, seus suspiros eram o princípio e o fim de MinHo e nada no mundo faria o Lee esquecê-lo.


Uma vez JiHye o chamou para uma conversa, que acabou em gritos e lágrimas — ela queria saber porque MinHo não a amava; por que, à noite, ele chorava murmurando coisas desconexas sobre amor. JiHye sentia que fazia MinHo infeliz e não se sentia suficiente, quando ela era uma mulher extraordinária. Eles tinham uma boa relação, tinham um certo carinho um pelo outro. Mas a filha dos Han simplesmente não era a pessoa certa para MinHo. E ele não podia dizer curto e grosso que amava JiSung, que sentia falta dele e que era por isso que chorava à noite. Então, durante aquela discussão, MinHo debulhou-se em lágrimas junto da esposa, ambos berrando um para o outro:

— Me diga, MinHo! Por que você não me ama? Por quê?!

— Eu vou te amar, JiHye! — respondia, irritado consigo mesmo. — Eu vou te amar, um dia- um dia, eu vou te amar...


"Não... Eu não vou conseguir te amar como eu o amei." Sua postura quebrou e o rosto encharcado, banhado em lágrimas, se contorceu em dor. 


— O seu... o seu irmão — ele começou, hesitante, abaixando o tom da voz ao lembrar das crianças dormindo no quarto ao lado. — Ele acreditava em mim. Ele acreditava que eu podia amá-la.

— MinHo...

— E-eu consigo, JiHye — disse, mas sua voz falha dizia o contrário.

"Por ele. Eu vou conseguir amá-la. Por JiSung."

— Ah, MinHo...

JiHye se aproximou do Lee e ele se curvou sobre o ombro dela, sendo recebido em um abraço cheio de ternura.

— Eu sinto muito — ela disse, entre lágrimas silenciosas. — Eu vejo que está tentando, e vejo como você sofre com isso, MinHo. Quando te vejo, percebo que não há como forçar o amor. E me dói, MinHo, porque eu te amo, eu passei a te amar e quero que você seja feliz.

— E-eu também te amo, JiHye, mas não... não como você me ama. Você é uma mulher incrível, a esposa perfeita para qualquer homem de sorte. E eu tenho sorte de ser você a minha esposa. É só que-

— Eu entendo.

MinHo não falou mais nada naquela noite, apenas chorou no ombro de sua companheira e eles logo foram para a cama se deitar. Não tocaram no assunto novamente.


— MinHo? — JiHye o chamou, dando uma risadinha discreta e trazendo a consciência do Lee de volta ao presente. Ele não reparou que andava de um lado para o outro na sala de estar dos Han. — Meu bem, está ansioso?

— Um pouco...

— Não há porquê, MinHo. — Sua risada foi mais audível. — É só o meu irmão.

. Ah, se ela soubesse...

Ela voltou a atenção novamente para a touca de crochê na qual estava trabalhando para a criança que se desenvolvia em seu ventre.


Porque JiHye estava grávida novamente.


Mas MinHo sabia que aquela criança não era dele. E JiHye sabia que MinHo sabia.


Eles não conversaram sobre aquilo, mas MinHo não estava irritado. Não a julgava por tê-lo traído, afinal, ela só queria amor. Não havia rancor, ciúmes, sequer desconforto. Ele sinceramente esperava que este homem que ela encontrou a amasse como ela merecia.


— Você e JiSung se davam tão bem, lembra? — JiHye continuou, com um sorriso nostálgico. — Aconteceu algo?

— Não, não, nada. — Ele tentou sorrir para descontrair um pouco. — Não sei por que estou tão ansioso.

Eles ficaram em silêncio e MinHo jurava que podia escutar o sr. Han tossindo em seu quarto. 


Então, uma batida na porta soou. MinHo congelou no lugar e JiHye deixou de lado a agulha de crochê, levantando-se com cautela e expectativa. Eles ouviram uma empregada apressar o passo para abrir a porta.

— Ah, senhor JiSung, boa tarde! — escutaram. — Quanto tempo!

JiHye sorriu para MinHo e se dirigiu até o hall de entrada para cumprimentar seu irmão.

— JiHye! — ele ouviu a voz de JiSung chamar a moça.

MinHo quase chorou. Ele não tinha esquecido da voz de JiSung por nenhum dia, mas ouví-la novamente — realmente ouvi-la, não sendo fruto de sua mente — era demais para o seu coração. Ele sentia as feridas em seu peito se abrirem outra vez.

E, céus, como doía!


A passos pequenos e hesitantes, foi até a porta que dava para o hall de entrada da casa dos Han, bem a tempo de ver JiHye envolver JiSung em um abraço apertado.


Era mesmo ele.


Era JiSung.


— Meu irmãozinho! — JiHye se afastou um pouco para observá-lo. — Eu poderia dizer que você cresceu, mas você não mudou nadinha!

JiSung levantou os olhos e observou MinHo no vão da porta. MinHo sentiu sua respiração falhar.

Aqueles olhos... lhe traziam tantas memórias.

JiHye se afastou e voltou-se para MinHo para sorrir. Ele retribuiu o sorriso, seus olhos desviando de sua esposa quando ouviu a voz de JiSung:

— MinHo — o filho dos Han curvou minimamente a cabeça em um cumprimento. MinHo o imitou.

— JiSung — disse. — É um prazer vê-lo de novo. Mesmo que a situação não seja, hm... das melhores.

— Digo o mesmo — ele murmura, logo se voltando para JiHye novamente. — Ah, temos tanto para conversar! Mas antes, como está o nosso pai?

— Vamos subir, mamãe está com ele, eles vão ficar tão felizes em vê-lo!

Os dois se apressaram a subir as escadas para o segundo andar do casarão, JiHye puxando JiSung pela mão.

JiSung espiou MinHo por cima do ombro, mas o Lee não soube decifrar o que sua expressão queria transmitir.

Mas MinHo sabia o que ele mesmo queria transmitir com seu olhar:


Saudade.


Han JiSung, eu senti tanto a sua falta.





A noite chegou e MinHo não conseguia dormir. Não conseguia parar de pensar em JiSung.

Era muita loucura sair de casa agora, em plena madrugada, procurar por ele?

Como se seus pés tivessem vida própria, eles cuidadosamente o tiraram da cama. Seus braços colocaram um casaco sobre seus ombros e ele se viu saindo de casa na calada da noite, apenas suas passadas sendo ouvidas naquele silêncio.

Quando deu por si, corria na direção do casarão dos Han. Pulou o murinho como sempre fazia cinco anos atrás e foi sem cautela alguma até o jardim dos fundos. Viu uma luz fraca vinda do quarto de JiSung.

Escalou a árvore ao lado da casa e pôs os pés no balcão do quarto do Han. Ele se aproximou da porta de vidro e espiou dentro do quarto. JiSung dormia sobre livros na escrivaninha, uma vela queimada pela metade iluminando seu rosto. MinHo não tinha certeza se queria acordá-lo. Afinal, e se JiSung não se sentisse da mesma forma que ele? E se JiSung não tivesse sentido as mesmas dores, as mesmas saudades, os mesmos amores durante o tempo em que ficaram separados? E se seu coração tivesse esquecido MinHo? Superado aquele amor?

Ele virou as costas para a porta e se afastou alguns passos hesitantes. Apoiou as mãos na grade de ferro da sacada e sentiu seus olhos marejarem. Não impediu as lágrimas de trilharem por seu rosto até chegarem em seu queixo. Escaparam alguns soluços de sua garganta, e ele não conseguiu conter o choro.

Ele era infeliz.

Não completamente, mas até certo ponto, mais do que o normal. Adorava a companhia de JiHye, amava seus filhos, tinha um grande carinho por sua família, mas tudo aquilo não impedia que ele se sentisse preso. Preso em um mundo que não o aceitava como ele era. Preso em um lar hostil, onde qualquer passo em falso poderia significar nada menos do que a morte.

Ele apenas soube que era infeliz depois que JiSung o mostrou o que era ser feliz. Porque com JiSung, ele não se sentia... estranho. Era como se ele fosse um ser humano, e ele se sentia verdadeiramente amado por quem ele era, e não por quem ele fingia ser. Ele não se sentia sozinho, ele não sentia como se tivesse que lutar contra o mundo sozinho. Porque JiSung era como ele.


Gay.


Céus, como MinHo passou a odiar essa palavra. Fugia dela como o diabo foge da cruz. Odiava ser assim, porque ele sentia que era errado. Mas ao mesmo tempo, era tão certo quando ele estava com JiSung... Era como se eles encontrassem o olho do furacão e ficassem ali, em paz, um nos braços do outro.


Ou pelo menos era assim.


Até que JiSung lhe disse que era errado.


Quando JiSung lhe disse aquilo, foi a primeira vez que ele acreditou que aquele amor não valia nada além do pecado. Foi a primeira vez que ele precisou tentar se convencer de que estava tudo bem amar alguém. 


Ele não sabia se JiSung o tinha superado, mas doía tanto pensar que ele estava solitário outra vez... Todos esses anos, mesmo com JiSung distante, havia algo que os conectava e fazia com que MinHo não se sentisse tão só. Seu amor um pelo outro. E se JiSung foi capaz de esquecer desse amor, se ele foi capaz de seguir em frente, significava que MinHo estava sozinho naquele sentimento que era tão condenado.


— ...MinHo?


Ele virou de sobressalto.

JiSung estava ali, no vão da porta, o encarando como se estivesse imaginando coisas. Todos os medos de MinHo se intensificaram e ele quis fugir, mas suas pernas viraram macarrão e ele caiu de joelhos no chão, chorando nas mãos.


— JiSung, e-eu- me desculpe, mas eu- eu... não consigo te esquecer — murmurou, trêmulo, finalmente sentindo o frio da noite atingi-lo.

Ele ouviu JiSung se aproximar e sentiu mãos mornas tocarem as suas e cuidadosamente retirá-las de seu rosto.

— MinHo... — Ele limpou suas lágrimas e sorriu minimamente. — ...eu também não consigo te esquecer.


E ele o beijou pela primeira vez depois do nunca mais.




Semanas se passaram. MinHo e JiSung se encontravam toda semana, no mínimo.

Em menos de duas semanas, o inevitável aconteceu e o velho Han faleceu.


Durante o dia, MinHo consolava JiHye com abraços ternos. À noite, procurava por JiSung e deixava beijinhos reconfortantes por todo seu rosto, dizendo que tudo ficaria bem.


Mais uma semana se passou.


Durante o dia, ele ajudava JiHye a cuidar das crianças e trabalhava para sustentar sua família. À noite, ele visitava JiSung e fazia juras de amor a ele. 


E mais uma passou.


Durante o dia, MinHo era o esposo perfeito para JiHye, como sempre foi (com exceção daquele detalhe de que ele não a amava daquele jeito). À noite, ele deixava aquela faceta de lado e amava JiSung, bem como cinco anos atrás.


Durante o dia, MinHo vestia aquela máscara que o sufocava. Mas valia a pena, pois à noite ele podia ser livre.


Com JiSung.


Mesmo assim, toda noite ele murmurava um "me desculpe" para JiSung, sempre que o Han se entregava a ele, aos seus toques e beijos. E quando ele era questionado sobre aquilo por JiSung, ele simplesmente não respondia. 

— MinHo... — JiSung o chamou uma vez, quando eles estavam deitados na cama do Han. — Sobre... você sempre pedir desculpas. Está se desculpando com... com quem?

MinHo sorriu amargo.

— Com muita gente, meu amor. Com JiHye, com minha família, com Deus, com... com você.

— Comigo? — JiSung levantou e ficou sentado na cama, encarando MinHo, que logo também sentou. 

— Eu te corrompi, desde o início, fui eu quem-

— Não. MinHo, não — ele interrompeu, logo após deixando um selar demorado nos lábios do Lee. — Tudo o que nós fizemos, eu quis, eu desejei, eu ansiei por tudo isso. Eu amei tudo isso e sou tão feliz quando estou com você.

O sorriso que se alastrou pelo rosto de MinHo foi inevitável. Um sorriso tão belo, genuíno e feliz. As lágrimas que escorriam de seus olhos também não foram impedidas.

— Eu te amo, Lee MinHo. E eu senti tanto a sua falta, eu- 

Suas palavras morreram na garganta e ele começou a chorar também.

— Eu sinto muito por ter te abandonado por todo esse tempo. JiHye me contava nas cartas, como você não parecia bem. Mas eu insisti, eu achei que- que esse sentimento passaria, mas não passou. Não somos capazes de ignorar o amor, somos? E eu pensei, MinHo, pensei bastante, eu não sou mais tão ingênuo quanto eu era antes, não acredito tão fácil no que me dizem, eu... eu não acredito mais que estamos fazendo algo errado, porque como pode o amor ser errado e, e, e se as pessoas acham errado, o problema é delas, eu não vou deixar de te amar, nunca, e- e... céus, eu te amo tanto, eu-

MinHo o calou com um beijo novamente.

— Eu também te amo. Muito. Tanto que chega a doer. Han JiSung, eu quero passar o resto da minha vida ao seu lado.

Algo na expressão de JiSung morreu.

— Mas nós não podemos — ele disse, logo parecendo entrar em pânico. — Você tem uma família para cuidar. Céus, eu estou arruinando uma família...

— Essa família já estava fadada a esse destino, JiSung.

— Você tem uma criança chegando, MinHo.

MinHo franziu o cenho.

— Achei que JiHye tivesse te contado.

— O quê?

— Aquela criança não é minha, JiSung.

JiSung fez uma pausa e arregalou os olhos.

— Como... como sabe?

— Já faz mais de um ano que eu e JiHye não temos relações sexuais. Paramos quando ela entendeu que eu não a via desse modo. Ela deve ter procurado o amor em outra pessoa...

Silêncio.

— Você realmente não consegue amá-la desse jeito, não é?

— JiSung, eu sou completamente apaixonado por você. Você, e só você, tem meu coração. Quando você sorri, quando você olha para mim, quando você está entregue a mim, quando você me ama... — a cada vírgula em sua fala ele deixava um selar no rosto estupefato de JiSung, que logo desfez-se em um sorriso, o qual ele logo escondeu na curva do pescoço do Lee quando o puxou para um abraço. — Eu não sei o que eu faria sem você, meu amor.

— Eu também.



Aos poucos, MinHo voltava a acreditar que não havia nada de errado em amar.



No final da madrugada, ele voltou para casa como sempre. Não podia estar fora de casa quando JiHye acordasse. Ele entrou em casa, cuidando para não fazer barulho. Abriu a porta de seu quarto com cautela, mas surpreendeu-se ao encontrar JiHye acordada, sentada na cama. A cabeça da moça virou na direção de MinHo quando ouviu a respiração dele falhar.

— Desculpe — ele murmurou. — Eu… eu estava-

— MinHo, nós- eu acho que é hora de conversarmos — ela disse, a voz embargada pelo choro. MinHo ficou confuso. — Precisamos conversar sobre JiSung.


Foi então que MinHo soube: JiHye tinha descoberto.


Ele se pôs a chorar também.




Pela manhã, estava JiHye diante de MinHo e JiSung, os três trancados no quarto do casal. JiSung estava confuso, mas entendeu que havia algo de errado, pois assim que JiHye trancou a porta, MinHo buscou sua mão e entrelaçou seus dedos, respirando fundo. Não passou despercebido por JiSung que MinHo tremia.

— O que aconteceu? — ele perguntou com a voz miúda.

MinHo começou a chorar, sorrindo tristemente para ele e JiSung começou a se desesperar. O que tinha acontecido?

JiHye respirou fundo, mas sua postura séria quebrou em centenas de cacos e ela passou a chorar também.

— Vocês dois... vocês- — ela não foi capaz de prosseguir. — Não pode ser verdade...

A moça enterrou o rosto nas mãos, os ombros sacolejando.

— JiHye... — MinHo chamou.

— Vocês estão juntos! — ela sussurrou, e a cor fugiu do rosto de JiSung.

— Não, JiHye, nós- — ele começou, mas a jovem o interrompeu.

— Eu vi, JiSung — ela murmurou, amarga, logo abaixando o tom de sua voz. — Eu vi vocês dois se... se beijando, eu vi quando vocês entraram no quarto e só Deus sabe o que fizeram. JiSung, eu- ah, eu não consigo acreditar!

JiHye chorava, e como chorava! Em silêncio, para não atrair a atenção dos empregados da casa, mas constante.

JiSung abria a boca para falar, mas não saíam sons. Ele estava em choque, aquilo não podia ser verdade. Era um pesadelo, não era? Só podia ser um pesadelo. Foi quando a realidade o atingiu:


Céus, JiHye sabia.

E agora?


Uma lágrima solitária escorreu por seu rosto.

— Você- você vai... — o Han começou, incerto. — Vai nos denunciar?

JiHye levantou os olhos, severos e tristes, fazendo JiSung engolir em seco. Ela apenas encarou os dois com aquele olhar dolorido por longos segundos.

— Não — ela disse, por fim. — Como eu poderia? Não posso perder meu irmão e meu esposo. Não quando eu os amo tanto. Céus, o que eu fiz para merecer isso?

Ela chorou em silêncio nas próprias mãos por mais alguns instantes. MinHo e JiSung continuavam com as mãos entrelaçadas, buscando um no outro algum refúgio daquela tempestade que se assolava sobre eles.

— JiHye... — MinHo a chamou outra vez, e quando ela levantou os olhos para encarar o marido, ele fraquejou diante dos olhos brilhantes de lágrimas dela. — N-nós- Eu-

Ele apertou a mão de JiSung na sua, e sentiu o aperto ser retribuído.

— Vocês cometeram um crime — ela apontou.

Os dois ficaram em silêncio.

Foi JiSung quem conseguiu coragem para responder, com a voz pequena e tímida:

— Mas o que tem de errado em... em amar alguém? — murmurou. — E- e- e querer ter relações com essa pessoa, porque é isso que... que as pessoas que se amam fazem, não é?

A voz de JiSung desaparecia aos poucos diante do olhar estupefato de JiHye. Parecia que a moça tinha escutado absurdos, ou visto um fantasma.

— Meu querido irmão, você... vocês dois devem estar confusos. Ah, isso é errado...

— Por quê? D-disse quem?— JiSung tinha os olhos repletos de lágrimas pendentes, ameaçando caírem.

— JiSung, Deus criou o homem e a mulher para ficarem juntos, amarem um ao outro e-

— Então por que eu continuo amando o MinHo mesmo que eu tenha tentado, e Deus sabe como eu tentei, amar outra pessoa? Uma mulher? Por que apenas com ele eu consigo sentir aquelas borboletas no estômago e por que eu sou tão feliz quando estou com ele? — JiHye tinha os olhos arregalados. — Eu passei tanto tempo achando que eu estava confuso, que eu estava errado nesse sentimento. Mas eu não estou confuso, eu amo o MinHo. Eu- eu sou assim, e se sou assim foi porque Deus quis.

— JiSung, isso- isso é obra do Diabo!

— Amor? Como pode o amor ser obra do Diabo?

Aquilo calou JiHye por alguns instantes. Ela ficou pensativa, seus olhos descansaram das lágrimas que incessantemente caíam.

— MinHo — ela disse. — O que você tem a dizer sobre isso?

MinHo negou com a cabeça.

— Eu tentei, JiHye. Eu tentei tanto te amar, mas eu... eu o amo. Eu tenho tanta certeza disso quanto eu sei que vivo e respiro, e quanto sei que essa criança no seu ventre não é minha. Você deve entender, você também-

— Não tente mudar de assunto, MinHo.

— Não estou mudando de assunto. JiHye, você também buscou o amor em outra pessoa.

A moça voltou a derramar lágrimas.

— Eu preciso de um tempo. Preciso pensar.

Ela se levantou e foi até a sacada, apoiando-se ali e encolhendo os ombros.

— Nós... — MinHo começou, mas não prosseguiu sua fala.

— É... — JiSung respondeu. — E agora?

— Agora? Acho que não nos restam muitas opções.

— Nunca restaram.

— É, tem razão.

— Por que as coisas têm que ser assim? — JiSung murmurou, fungando enquanto voltava seus olhos para MinHo.

O Lee soltou sua mão do aperto de JiSung para segurar seu rosto e deixou um beijo lento e nervoso em seus lábios.

— Vamos ficar bem — MinHo prometeu, e JiSung logo estava buscando seus lábios novamente.

MinHo tentou se afastar, pois não queria fazer aquilo na frente de JiHye — a moça estava transtornada o suficiente — mas JiSung não permitiu e selou seus lábios de forma apressada e necessitada. O beijo não durou muito, pois JiSung se despedaçou em lágrimas outra vez.

— MinHo, você acha que o que estamos fazendo é errado? Eu tinha recém me convencido de que não era e- e-

Diante de seu amado tão vulnerável, a tristeza tão perceptível em seus olhos, MinHo sentiu seu coração se estilhaçar. 

— Não, meu amor, não é errado.

— Mas parece. Quando todo o universo te diz que é errado...

— Eu sei — MinHo o puxou para um abraço apertado. — Eu sei, eu sei, mas não pode ser errado. Não...

— Se nós formos parar no inferno — JiSung começou. — Ao menos estaremos juntos, não é? Vamos nos encontrar, certo?

— Vou encontrar você aonde quer que você esteja. Se eu precisar atravessar todo o inferno te procurando, eu vou. Se eu precisar invadir o céu para te encontrar, eu vou. 

JiSung sorriu contra seu pescoço. Sorriu pequeno, mas suficiente para aquecer o coração de MinHo.

JiHye pigarreou para chamar a atenção dos dois e eles se afastaram lentamente.

— Vocês... — ela murmurou. — já confessaram os pecados? — Ambos negaram. — Não pretendem fazer isso?

— JiHye — MinHo começou, com a voz um pouco incerta. — Você confessou a sua traição?

A moça empalideceu mais do que já estava.

— Eu não estou te julgando por ter buscado o amor, JiHye — ele continuou. — Eu só quero que você entenda, nós só queremos amar também, nós só-

— MinHo, não é a mesma coisa! — Ela aumentou o tom, e assim fez MinHo.

— Como não?! — ele disse. — Você só queria ser amada, não é? Por que eu não posso amar também? E ser amado?

JiSung segurou sua mão novamente, apertando-a um pouco. MinHo entendeu sua mensagem e abaixou o tom.

— Você age como se eu- como se nós tivéssemos escolhido isso. — MinHo prosseguiu. — Nós não escolhemos, JiHye. Simplesmente é assim.

A moça limpou as lágrimas dos cantos dos olhos. Ela chorou em silêncio mais um pouco, JiSung e MinHo calados, até que ela, ainda quieta, levantou e saiu do quarto. Destrancou a porta e simplesmente saiu.

JiSung suspirou e confessou:

— Eu estou com medo. Mas apesar disso... você não se sente mais leve?

MinHo assentiu. Mentir para JiHye não era fácil, nunca foi. Afinal, ela não merecia. Agora, ao menos, não seriam necessárias mentiras. Mas ele e JiSung seriam capazes de seguir com aquilo agora?

— Papai — uma vozinha tímida soou. Os dois voltaram os olhos para a porta e soltaram as mãos entrelaçadas. — Por que a mamãe está chorando?

MinHo abriu a boca para responder, mas nenhum som saiu de seus lábios. Foi JiSung quem respondeu, levantando-se da cama e indo até o menino:

— Quem sabe nós vamos lá perguntar para ela? — JiSung sorriu quando o menino tomou sua mão e eles foram juntos atrás de JiHye.

— Vem, pai! — o garotinho chamou, já no corredor.

Eles encontraram JiHye e ela sorriu terna para o filho.

— Não é nada, meu bem — a moça respondeu e deixou um beijo na testa da criança. Seu olhar, no entanto, estava preso nos dois jovens à sua frente.



Passaram-se mais duas semanas. MinHo e JiSung não se encontraram secretamente durante aquele tempo, em respeito à JiHye. Eles se viam apenas quando a velha sra. Han convidava JiHye e MinHo e seus filhos para almoçarem na casa dela. JiHye ia aos poucos se acostumando com aquela ideia — a de que dois homens se amavam. MinHo percebia os sutis sinais de que ela ainda não estava confortável, mas ele reparava que ela não desviava mais o olhar quando ele e JiSung estavam próximos demais e que a moça sorria para eles. Como quando os três sorriram quando JiSung disse que ficaria na cidade para cuidar de sua mãe, agora que ela estava sozinha, e JiHye sabia o que aquilo significava: que ele e MinHo continuariam juntos. Com o tempo, o horror em seu olhar havia sido substituído por pena, a pena por curiosidade, e a curiosidade por ternura.


Quando JiHye pediu a MinHo que tomasse cuidado para que as crianças não descobrissem, ele demorou um pouco a entender que a moça tinha, enfim, aceitado aquele destino. Mas quando entendeu, ele sorriu radiante, iluminando o quarto escuro no meio da noite.


— Seus sorrisos, eles são tão verdadeiros quando está com JiSung... você é tão feliz com ele, MinHo. E eu vejo que ele também é. E quem sou eu para ignorar tanto... — Ela engoliu em seco. — Tanto amor.

MinHo abraçou JiHye com força, seus olhos marejando.

— Só tomem cuidado para ninguém mais descobrir. As crianças não têm filtro, elas não podem saber. Os empregados fofocam, não deixe que eles suspeitem.

— Vamos tomar cuidado — ele prometeu, deixando um beijo no topo da cabeça da moça.

— Não posso perder vocês dois, ainda mais quando perdi meu pai há poucas semanas. Não quando nós temos duas crianças para cuidar e- 

— E uma terceira chegando. Eu sei.

— Você sabe que essa criança não é sua. Eu sei que... que você talvez não devesse, mas...

— Eu vou cuidar dela também, JiHye — ele disse, suspirando. — Nós dois cometemos crimes, nós dois buscamos o amor e precisamos pagar constantemente por isso. Precisamos manter as aparências, se quisermos viver nesse mundo.

Ela sorriu minimamente, afastando-se dele.

— Vá falar com JiSung — ela disse.


Já passava da meia noite quando MinHo pulou o muro da casa dos Han, foi até o jardim dos fundos, escalou a árvore, e sorriu ao ver que JiSung ainda estava acordado.

O Han logo percebeu a presença de seu amado e abriu as portas de vidro. Jogou-se em seus braços ao ver o sorriso largo de MinHo e soube o que aquilo significava.


Significava que eles encontraram o caminho um até o outro.

Mesmo depois do nunca mais, eles continuariam se amando.

Depois do nunca mais, e para sempre.


Notas Finais


Era issooo

Final feliz, vcs diriam?
O que acharam?
Espero que tenham gostado <3

Agora sim acabou, acabou bonitinho e fofinho depois de quase se afogarem em desgraça :D

(Revisar isso tudo no spirit foi um caos, se alguma coisa passou batida, me avisem por favor ;;)


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