História Anything For You - The Contract

 Por um reflexo, joguei o gravador no chão e o pisoteei com força.

-Não seja tola, Beatrice. É mais que obvio que eu tenho dezenas de cópias disso.- me olhou triunfante.

-Eu não tenho escolha...- pensei alto fitando o chão- Tudo bem.

-O que?- indagou surpreso.

-Tudo bem. Eu posso...negociar com você.- por incrível que pareça eu estava com o semblante calmo. Sabia que chorar feito uma louca, ou gritar com ele não ia ajudar em nada naquele momento.

 Procurei me manter sensata para estabelecer o melhor acordo possível com John.

-Mas pra começo de conversa, deixe ela ir.- desse apontando para Emily, que parecia em choque.

-Como você quiser, meu amor.- disse e fazendo um sinal para que eu a soltasse.

-Vai ficar tudo bem Emily. Cam está no hall do prédio, vá até lá e peça pra que ele te leve para a casa dele.- falei baixo cortando as cordas que a prendiam com uma faca que estava ali perto. Ela continuava imóvel me encarando com uma expressão assustada.- Você entendeu Emily? Me diga se entendeu.- procurei ser o mais clara possível e ela apenas assentiu com a cabeça.

 Assim que terminei de libertá-la daquelas cordas tirei sua mordaça e a ajudei a levantar-se da cadeira, a encaminhando para a porta.

-Você vai ficar bem?- perguntou, virando-se pra mim e aparentemente caindo em si. Assenti com a cabeça e fechei a porta.

 Me virei lentamente na direção de John e o encarei. Ele estava me observando com as mãos apoiadas no aparador que ficava encostado na parede de frente para a porta.

-Me faça sua melhor proposta.- quebrei o silêncio e ele me olhou com um sorriso sacana.

-Primeiro, você se casa comigo, preservando assim a vida das pessoas que você ama.- disse sarcástico- Depois, você faz tudo o que eu mandar, e aí, depois de um tempo você se apaixona perdidamente por mim.

-Só isso que você quer?- fui irônica- Também não gostaria de que tivéssemos lindos filhos para terem um péssimo caráter como o pai?

-Isso é algo a se pensar.- riu contente por eu finalmente estar completamente em suas mãos.- Mas acho que é hora de você começar a me levar mais a sério, baby.- se aproximou de mim.

-Não tem como levar a sério um lunático como você!- falei, começando a deixar a irritação tomar conta novamente. Ele aproximou ainda mais nossos corpos e me olhou fundo nos olhos.- John, você não sabe o quanto eu de odeio.

-E você não sabe o quanto eu preciso de você.- selou meus lábios e por alguns segundos eu cedi ao desejo.

 Fechei os olhos e por um momento me senti como se fosse Cameron ali.

 Quando finalmente percebi o que estava fazendo, mordi seu lábio com força, parando o beijo.

-Idiota! O que você pensa que está fazendo?- disse furiosa.

-Você vai ser minha esposa, tem que se acostumar com isso. E não tente esconder que você gostou.

-Como eu posso gostar de estar com uma pessoa desprezível como você?- disse revoltada.

-Você cedeu a mim, não teria correspondido se não sentisse nada.- sorriu vitorioso.

-Quer saber a verdade? Eu gostei sim! Mas porque o seu beijo é igualzinho o do seu irmão. E apesar de você não ser metade do homem que ele é, o único motivo pelo qual eu ainda aguento ficar perto de você é porque você me lembra o Cam. E o meu lance com você é totalmente físico, e NUNCA vai passar disso!- estava totalmente furiosa.

-E o que você quer fazer agora, Beatrice? Fugir? Pedir ajuda, ferrar os outros como você sempre faz?- ele havia acabado de jogar na minha cara a única verdade da qual eu tinha medo. Aquilo me desestabilizou totalmente.

 Sem pensar muito comecei a chorar e me sentei no sofá com os cotovelos apoiados nas pernas e as mãos no rosto.

-Você sabe que pode fazer o que é certo agora. Sem pedir ajuda pra ninguém, você pode salvar o meu irmão e a vida de todo mundo que você gosta. É só dizer sim.

-Você está me manipulando.- falei em meio a soluços.

-Exatamente.- disse e eu ri fraco, talvez por desespero.

-Primeiro você tem que prometer que não vai mexer com ninguém que eu amo.

-Eu não teria motivos pra isso, eu já tenho o que eu quero.

-Segundo. Você não vai tocar em um só fio do meu cabelo sem o meu consentimento.- falei, ciente de que eu nunca consentiria.

-Isso eu já não posso prometer.- sorriu maroto e eu permaneci firme. Arqueei as sobrancelhas em incentivo e ele riu.- Vou pensar nisso.

-Terceiro. Você não poderá me envolver em nada que diz respeito ao que você...faz.- ele assentiu com a cabeça- E quarto, eu quero um contrato.

-Você terá QUASE tudo o que está pedindo.

-John.- arqueei as sobrancelhas novamente.

-Depois nós resolvemos isso. Eu vou marcar a data pra daqui a um mês. Na igreja.- eu o olhei incrédula.

-Como assim na igreja? Isso já é demais John!

-Você não tem escolha meu amor, você vai planejar o nosso casamento na igreja como qualquer outra noivinha feliz. E eu ainda vou te deixar fazer tudo do jeito que você quiser. Dinheiro não é problema.- sequei as lágrimas que ainda teimavam em se derramar pelo meu rosto.

-Você tem noção de que eu acabei de terminar o colegial agora? É no mínimo muito estranho eu me casar com um desconhecido assim do nada. - me levantei do sofá.

-Eu não ligo para o que os outros acham estranho. É assim que vai ser, baby. A menos que você queira se livrar de algumas pessoas...

-A única pessoa da qual eu quero me livrar é você.- disse com uma expressão de desdém- Me diga quando, onde, me dê um talão de cheques e eu vou fazer o que você quer. Mas agora, saia do meu apartamento.

-Ok, não precisa me expulsar.- levantou as mãos como se estivesse se rendendo- E mais uma coisa, diga ao Cameron que você não se importa com ele e que nunca o quis de verdade...sabe, é pelo próprio bem do meu irmão. Vai ser melhor assim.- foi até mim, segurou meu rosto e me deu um beijo na bochecha, que não tive condição de rejeitar.

 Ele saiu pela porta e eu a fechei com força me encostando na mesma. Deixei meu corpo deslizar até o chão e fiquei ali, sentada, chorando em desespero por algum tempo, até que escutei meu celular tocar e me arrastei até o sofá, abrindo minha bolsa que estava sobre o mesmo e retirando o aparelho.

 Olhei no visor e vi que era uma ligação de Emily.

-Bea me ajuda! Cam e John estão se matando aqui...- arregalei os olhos e passei a mão pelo rosto secando-o.

-Onde você está?- me levantei depressa do chão tentando atenuar a bagunça do meu cabelo.

-No estacionamento aqui do prédio.

-Eu não te disse pra pedir o Cam pra te levar pra casa dele?- fui saindo do apartamento e descendo correndo pelas escadas mesmo, já que esperar o elevador ia demorar mais ainda.

-Ele não ia sair daqui enquanto não tivesse certeza de que você estava bem.

-Calma, eu estou chegando...- falei desligando o celular enquanto descia os degraus em um ritmo frenético.

 Cheguei finalmente no estacionamento e dei de cara com os dois irmãos se desafiando, se ofendendo e se socando. John agarrou Cameron pelo colarinho e o jogou com força na parede. Cam revidou com um soco e eles acabaram se embolando pelo chão.

- PAREM!!!- gritei em um tom seguro e todos calaram-se e olharam para mim. -Nós já resolvemos nosso problema.

 John se levantou a ajeitou sua jaqueta, vindo até mim e colocando a mão em minha cintura enquanto Cam assistia a aquela cena incrédulo.

-O que...- Dallas mal conseguia pronunciar àquelas palavras, tamanho o seu espanto.

-Eu decidi... Assumir que é do seu irmão que eu gosto.- permaneci tentando parecer firme, embora meus olhos começassem a marejar novamente- E o fato de que ele quer se casar logo só apressa um pouco as coisas.- John sorriu vitorioso.

-Eu não acredito em você. Eu sei que ele te convenceu a dizer isso.

-Não seja patético Cameron. Eu sei que você não está acostumado, mas dessa vez você perdeu.- John disse e sorriu maléfico.

-Aceite Cameron. Eu vou me casar com o John e nós vamos ser muito... Felizes.- gaguejei por um instante mas mantive a postura convincente.

-Eu não vou acreditar nesse teatrinho. Ele te manipulou, mas não caia na dele Bea!- disse exaltado enquanto Ems colocava a mão em seu peitoral tentando acalma-lo.

-Cameron, por favor se afaste da minha noiva.- John falou apertando minha cintura e uma lágrima teimosa escorreu pelo meu rosto. Eu tratei de seca-la com rapidez, conseguindo disfarçar.

-Beatrice, eu quero que você saiba que eu não vou te abandonar. Não importa o que você diga, eu sei que não é isso que você quer, e eu vou permanecer do seu lado.- disse com os olhos marejados e Emily conseguiu o enfiar dentro de seu carro. Ele saiu cantando pneu.

-Pronto, você já tem o que queria. Agora você pode ir embora. - encarei John e ele me deu mais um beijo na bochecha, que foi recebido por mim com desagrado, e entrou em seu carro.

 Ficamos em silêncio até que o carro de John sumisse de nossa visão.

-Bea...- Emily foi até mim e afagou meus cabelos, tentando me acalmar.- Você quer falar sobre isso?