História Ao bater das minhas asas. - O meu recomeço.

“Por que eu não consigo chorar como as outras pessoas? Por que eu não consigo rir e me divertir como todo mundo? Por que tenho que ser assim? Por quê? ”

Dei um pulo sentando rapidamente em minha cama, como se alguém tivesse jogado um balde de água fria para me acordar. Por que continuo sonhando com essas coisas mesmo depois de tanto tempo? Eu deveria ter seguido um novo caminho da minha vida a muito tempo, mas não sei porque isso me causa tanto medo.

Olho as horas no relógio, que está em cima do criado-mudo ao lado da minha cama, nove e meia, ainda tenho tempo. Na tentativa de organizar meus pensamentos vou até o banheiro, ligo a água para encher a banheira de aço acrílico em minha frente. Enquanto ela enchia fui até meu quarto e arrumei minhas roupas, precisava ir com urgência ao mercado comprar alguns produtos que estão faltando em casa. O céu lá fora estava tão lindo, todo azul e sem uma nuvem no céu mesmo assim o dia não estava tão quente comparado ao mês passado, peguei minha calça jeans de sempre e uma camiseta rosa estampada uma pata de gato na frente. Voltei ao banheiro e tomei meu banho demorado para começar o dia um pouco melhor.

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Fazia muito tempo desde que eu não saia de casa, esses sons de pássaros ao longe e crianças gritando no final da rua me fazem voltar a minha infância, quando morava em Sedona no Arizona, essa é uma das poucas lembranças boas que tenho de lá.

Após dez minutos de caminhada cheguei finalmente ao mercado, é realmente um mercado bem perto. Antes de entrar me lembrei do essencial, o dinheiro, eu havia pegado minha carteira mas esqueci totalmente de conferir se havia pegado dinheiro o suficiente para comprar tudo que precisava. Contei quando havia, exatamente dez reais.

“Ah, não era difícil conferir se tinha dinheiro suficiente antes de sair de casa. ” – Falei colocando as duas mãos no meu rosto.

Acho que pensei alto demais, um homem que estava repondo alguns produtos na prateleira de pacotes contendo macarrão instantâneo que eu estava olhando a alguns minutos e pensando se deveria voltar ou comprar apenas isso mesmo.

“Se isso te ajuda, eu como o de frutos do mar a muito tempo e recomendo totalmente. ” – O homem que já havia terminado de repor a mercadoria fala olhando fixamente para o tal pacote.

“Eu prefiro muito mais o de tomate, ele é a mais perfeita dadiva proporcionada aos humanos. “

O homem soltou um leve ar pelo nariz, me dei conta da besteira que havia falado, provavelmente meu rosto já estava vermelho. Peguei qualquer um e fui em direção ao caixa o mais rápido possível, só quero me livrar dessa situação.

“Se acha mesmo que o sabor de tomate é o melhor criado é porque nunca chegou nem perto de sentir o cheiro desse”

O homem me entregou o pacote roxo sorrindo, qual o significado dessa insistência? Não vou dar tanta bola para isso. As vezes começo a imaginar coisas além do que deveria, terminei de pagar minhas compras, ainda sobraram cinco centavos, pelo menos sai no lucro no final das contas.

Já estava chegando na rua onde eu morava quando reparei que próximo a minha casa havia uma caixa de papelão não muito grande que estava se mexendo. Infelizmente minha curiosidade falou mais alto, cheguei próximo a caixa e abri.

“Ah não, o que eu vou fazer com isso? ”

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