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História Ao pôr do sol - Capítulo Único


Escrita por: otsukareworld e Lesre

Notas do Autor


Oi pessoal :)
Vim trazer uma fanfic que fiz para o maravilhoso projeto otsukarepjct, o tema dessa vez era: Países.
Espero que gostem e boa leitura!

Capítulo 1 - Capítulo Único


23 de março, 1935; 15:27 

 

   Yoongi implorava para que sua mãe o deixasse ir brincar na calçada a frente de sua nova casa, a família havia se mudado há apenas quatro dias para o pacato bairro e o garoto estava cansado de ficar "aprisionado" dentro de casa. Por mais que ele fosse tímido, nenhuma criança aguenta ficar sem fazer nada o dia inteiro. 

   Yoongi tinha apenas cinco anos, mas era muito esperto para sua idade, então quando sua mãe o deixou ir brincar com as condições de que ele não sairia de frente da casa, nem da calçada e muito menos falasse com estranhos, ele não ousou pensar em fazer nenhuma das coisas ditas por sua progenitora – afinal, ele não gostaria de ser atropelado ou raptado por alguém.

   Então o garotinho ficou lá, sentado no meio-fio, brincando com um pequeno boneco que seu pai havia fabricado exclusivamente para o filho. 

   Seus pais não eram horríveis, mas não eram os mais amorosos do mundo. Eram rigorosos e se preocupavam ao máximo com a imagem da família Min. Eles não eram extremamente ricos e nem pobres, o dinheiro que seu pai ganhava dava apenas para pagar as dívidas e comprar a comida necessária, nada a mais e nada a menos. Claro que eles tinham seus momentos felizes, porém os momentos em que o pequeno Yoongi se trancava no quarto para não ouvir as brigas de seus pais, infelizmente, eram frequentes.

   O garotinho brincava quieto quando ouviu passos de alguém.

— Oi! Eu sou o Hoseok e você? — A pessoa parou em sua frente e Yoongi abaixou a cabeça, por vergonha. — Pode falar comigo. — O pequeno Min olhou inicialmente para os sapatos do garoto que estava falando consigo e subiu o olhar devagar.

— O-oi… — Os olhos de Yoongi encontraram os do outro garoto.

— Como é seu nome? — Hoseok perguntou novamente, curioso com o possível novo amigo.

— Y-yoongi.

— Você quer brincar comigo? — O garoto de cabelos castanhos perguntou, enquanto suas mãos, que estavam por trás de seu corpo, vieram para frente do tronco, revelando um boneco totalmente diferente do que Yoongi carregava, parecia ser mais caro, então Min deduziu ter sido comprado. 

  Hoseok ainda esperava a resposta de Yoongi e segundos depois, ele balançou a cabeça para cima e para baixo, o que fez o sorriso de Hoseok se abrir mais, sentando-se ao lado de Yoongi.

Eles ficaram lá brincando por um tempo indeterminado, conversando coisas simples e rindo. Aos poucos, a timidez de Min foi se esvaindo e ele se deixou contagiar pelo sorriso radiante de Hoseok.

— Seu sorriso é fofo. — O de cabelos castanhos comentou de repente e Yoongi o encarou.

— O-obrigado… — Ele corou levemente.

Não deu tempo de nenhum dos dois dizer mais nada, logo em seguida, eles puderam ouvir um grito chamando por Hoseok.

— Hoseok! Eu falei para você não sair do quintal! Ai, garoto o quê eu faço com você? — Uma mulher muito parecida com Hoseok atravessou a rua, indo em direção as duas crianças e apesar de estar parecendo dar uma bronca no filho, ela tinha um sorriso ladino no rosto. — Oi garotinho, tudo bem? — O sorriso da mulher aumentou.

— O nome dele é Yoongi, mamãe! — Hoseok se levantou e agarrou a barra da saia de sua mãe — Ele não é fofo? — O garoto disse, simples.

— É sim… Fico feliz que vocês tenham se tornado amiguinhos, mas agora o pequeno fujão aqui tem que voltar pra dentro de casa e tomar banho. — A mais velha bagunçou levemente o cabelo do filho. — Até mais, Yoongi.

A mulher atravessou a rua pensando que seu filho estava atrás de si, mas Hoseok permaneceu parado na frente de Yoongi.

— Você quer brincar amanhã? — Yoongi ficou pensativo por alguns instantes, pensando se sua mãe o deixaria sair de casa novamente, mas assentiu. — Então tá, nos vemos amanhã! — O "pequeno fujão", como sua mãe mesmo havia dito, foi embora sorrindo e acenando para seu novo colega, que fez o mesmo e rapidamente entrou em sua casa novamente.

As duas inocentes crianças nem podiam imaginar que, a partir daquele dia, muitas coisas aconteceriam na vida de ambos. 

 

[...]

 

04 de setembro, 1945; 17:14.

 

— Mãe, eu tô saindo! — Hoseok gritou para a mãe, que apenas gritou um "tudo bem" em resposta.

O garoto, agora já com quinze anos, saiu pela porta da frente de sua casa e do outro lado da rua, viu um outro adolescente de cabelos negros vindo em sua direção. Jung sorriu e correu para a calçada.

— Oi, Yoon! — O acastanhado abraçou seu amigo. 

Eles tinham se tornando amigos inseparáveis desde o dia em que se conheceram e até então faziam tudo juntos.

— Oi, Hobi… — Yoongi deu um sorriso de lado. 

— Vamos? — Hoseok passou o braço em volta do pescoço de Min e começaram a andar.

Todos os dias eles saíam de suas casas e iam juntos assistir o pôr do sol, de vez em quando, eles iam nadar em um lago próximo dali e era isso que eles iriam fazer naquele dia.

Alguns minutos depois, eles já estavam colocando suas coisas na beira do lago e se preparando para nadar. Hoseok foi o primeiro a tirar a blusa que vestia e Yoongi ao ver o peitoral desnudo de seu melhor amigo, sentiu o coração acelerar. Não era a primeira vez que isso acontecia quando Hoseok estava por perto e ele não entendia o porquê, afinal, eles eram amigos e ambos eram homens, não havia como eles terem sentimentos românticos um pelo outro, certo? Seu pai já havia lhe dito que ele deveria se casar com uma mulher bonita e que soubesse fazer serviços de casa, ou seja, que fosse "prendada". Yoongi não gostou muito da segunda parte, não seria mais justo os dois dividirem os serviços domésticos, já que seriam marido e esposa? Mas ele decidiu que seria melhor não questionar. 

Essa fala de seu pai não foi o suficiente para que seu coração parasse de acelerar quando Hoseok estava por perto. O garoto pálido estava imerso em seus pensamentos e só voltou a realidade quando Jung espirrou água em si ao pular no lago.

— Ya! Você não deveria ter feito isso! — Yoongi disse, já tirando sua blusa e entrando bravo no lago.

— Você fica tão fofinho bravo… Fica parecendo um gatinho raivoso. — Hoseok tinha um sorriso sapeca nos lábios e nadava para trás, fugindo do menor.

Sim, apesar de ser mais velho (apenas por alguns meses), Yoongi era mais baixo do que Hoseok e ele odiava isso.

— Seu moleque! Você me paga! — O branquelo começou a nadar mais rápido e Hoseok ria da situação como se não houvesse amanhã.

Após algum tempo cheio de risadas, água na cara e algumas tentativas de afogamento um contra o outro, os dois garotos se cansaram e decidiram ir assistir o pôr do sol.

Eles subiram o pequeno morro onde sempre passavam seus finais de tarde e se sentaram no chão, observando o horizonte.

— É incrível, não é? — Hoseok comentou.

— O quê? — Yoongi abraçou os joelhos e os apertou contra o peito, sentindo os pelos de seu braço se arrepiarem em contato com a brisa fria.

— Pensar que somos tão pequenos e esse mundo é tão gigante. — Jung sempre foi pensativo, filosófico certas vezes e muito curioso, então às vezes soltava algumas frases como essa e Yoongi adorava isso. — Temos sorte de termos nascido no mesmo país… Já pensou se algum de nós dois nasce do outro lado do mundo? A gente nunca iria se conhecer! — Yoongi sentiu o coração se aquecer com a fala do mais novo. — Eu não sei como sobreviveria sem meu melhor amigo. — Hoseok sorria, observando a maneira que o tom azul do céu se tornava alaranjado à medida que o sol ia se escondendo no horizonte. 

Os dois ficaram lá mais algum tempo e acharam melhor voltar, já estava tarde e os pais de ambos já deveriam estar preocupados.

Yoongi gostava muito desses momentos com Hoseok, se sentia confortável ao seu lado, por isso, no início da amizade, quando eles tinham que se separar e cada um ir para sua casa, ele se entristecia, mas com o tempo ele se acostumou porque ele sabia que no dia seguinte eles iriam se encontrar novamente. E, todos os dias, ele ficava um pouco mais ansioso pelo dia que viria a ser o amanhã.

 

27 de fevereiro, 1946; 12:55.

 

A porta da casa dos Min foi aberta calmamente pelo filho único do casal que ali morava. Yoongi estranhou o silêncio em que a casa se encontrava sendo que todo dia havia uma troca de farpas entre os pais do garoto.

— Pai? — Yoongi chamou, mas não houve resposta. 

Ele subiu as escadas e quando foi chegando perto de seu quarto, ouviu vozes no quarto do outro lado do corredor, ou seja, o quarto de seus pais.

— Você sabe que nossa situação financeira não anda bem, Jiwoon, nós temos que mandá-lo pra lá! — A voz grave de seu pai saiu pela fresta da porta entreaberta e a frase chamou atenção de Yoongi, que parou no meio do caminho para ouvir.

— Mas ele vai conseguir se virar lá? O garoto não sabe cozinhar e nunca ficou longe de casa. — Quem se pronunciou dessa vez foi sua mãe e Yoongi teve certeza de que os dois falavam dele.

— Não se preocupe com isso, até ele ser maior de idade vai ficar na casa do meu colega, depois pode arrumar um emprego e se virar. — Aquilo estava estranho demais, se eles estavam falando dele, para onde Yoongi seria mandado? E por quê?

— Esse sujeito é uma boa pessoa? Ele não vai cobrar para levá-lo até lá?

— Sim, querida. Ele é uma boa pessoa e ele já disse que vai pagar tudo, inclusive a passagem.

— De quem vocês estão falando? — Yoongi não aguentou e adentrou o quarto, surpreendendo seus pais.

— Meu filho! Desde quando você está aí? — Sua mãe andou em sua direção e colocou as mãos sob seus ombros.

— De quem vocês estavam falando? — O adolescente insistiu e olhou nos olhos de seu pai.

— Jiwoon, vamos contar para ele… Ele iria descobrir de qualquer jeito. — O homem passava a mão no rosto, visivelmente nervoso. — Yoongi, você sabe como nossa situação financeira está. — Sim, ele sabia, o emprego de seu pai já não estava rendendo dinheiro suficiente para pagar as contas e comprar comida para os três. — Então, um colega meu que vive em outro país, disse que pode te hospedar na casa dele. Não podemos te dizer por quanto tempo, mas eu te garanto que você vai ficar bem.

Yoongi pensou que poderia ser uma boa ideia, afinal, ele tinha noção de que aquilo melhoraria a vida dele e de seus pais mas se aquele homem vivia em outro país isso significa que ele ficaria longe de casa, certo?

— Onde ele mora? — Ele já estava ficando nervoso.

— Bom… Você primeiro tem que entender que isso é realmente necessário. — Sua mãe se pronunciou cuidadosamente vendo o nervosismo do filho.

— Onde? — Yoongi já estava se irritando.

Seu pai suspirou antes de falar.

—Na França. — Os olhos do garoto se arregalaram.

— Tão longe assim? — Ele sentiu seu peito se apertar.

— É por uma boa causa, você sabe. — As sobrancelhas de sua mãe estavam franzidas.

— E quando eu iria? 

— Daqui duas semanas.

Seu chão desabou ali. Duas semanas? Era tão pouco tempo.

— Eu… Preciso pensar. É muita coisa! — Yoongi saiu apressado do quarto, desceu as escadas e saiu da casa. Sua respiração estava ofegante e ele não conseguia raciocinar direito.

Ir para outro país com apenas dezesseis anos era algo louco e ainda por cima com alguém que ele nem conhecia? E ainda tinha Hoseok… Yoongi já tinha aceitado sobre o que ele sentia pelo seu melhor amigo não era apenas amor de amigo, ele o amava e sempre que ele estava por perto, queria o abraçar e beijar. Como ele ficaria longe de alguém que o fazia tão bem? 

Tudo estava muito confuso, ele ficou andando pelas ruas durante horas pensando naquilo. 

Um pouco antes das seis horas da tarde, ele foi para o topo do morro e esperou por Hoseok, que não demorou muito para chegar e se sentou ao seu lado.

— Oi! — Hoseok cumprimentou, animado mas ao ver o semblante triste do amigo, seu sorriso diminuiu — O que aconteceu? — O mais velho não respondeu e tentou acalmar as batidas do coração. — Yoon? Me fala, aconteceu alguma coisa? 

Yoongi não queria olhar nos olhos de seu melhor amigo, então continuou calado e olhando o horizonte.

— Yoongi! Eu tô ficando preocupado, me conta o que aconte…

— Eu vou embora pra outro país. — O de cabelos negros falou de uma vez, interrompendo Hoseok que ficou estático. — N-não sei por quanto tempo, mas eu vou me mudar… — Hesitou por um momento. — Pra França, daqui a duas semanas .— Hoseok engoliu em seco.

— Mas então… — Sua voz falhou. — Pode ser por pouco tempo, certo? E nesse tempo nós podemos nos comunicar por cartas. — Aquilo foi mais uma interrogação do que uma afirmação. — A gente vai voltar a se ver. — Sua mão pousou no ombro de Yoongi.

Ele decidiu jogar tudo para o ar, afinal, se Hoseok o rejeitasse ele estaria em outro país dali a duas semanas, não é?

— Eu amo você. — O mais velho falou baixo, sentindo a mão de Hoseok afrouxar o aperto de seu ombro e quando viu que este iria responder, continuou. — Mas não como amigo. 

Hoseok não respondeu e em silêncio eles ficaram por alguns minutos, até o mais novo dizer que precisava voltar para casa e assim, se foi.

Yoongi continuou sentado lá, com lágrimas silenciosas escorrendo por suas bochechas.

 

Duas semanas depois

 

Hoseok não sabia se deveria ir se despedir. Ele sabia que deveria se a amizade dele com Yoongi estivesse em condições normais mas não estava.

Nos últimos quatorze dias, eles não tiveram nenhum contato, depois daquele último pôr do sol que assistiram juntos e da "declaração de amor" do mais velho por Jung.

No momento, Hoseok estava observando pela janela a família Min se despedir com abraços na frente da casa e suas mãos suavam de nervosismo. Em um ato súbito, saiu correndo pela porta e gritou.

— Min Yoongi! — Ele não se importou com os olhares reprovadores dos pais do seu amigo de infância.

Do outro lado da rua, Yoongi sentia o rosto pálido enrubescer a medida que Hoseok se aproximava.

— Yoongi! — Ele falou quando chegou perto, estava ofegante. — Vim me despedir. — Seus braços se abriram para abraçar Yoongi, que fez o mesmo e eles se enlaçaram um nos braços do outro. — Me desculpa por aquele dia. — Yoongi sabia a qual dia Hoseok se referia e apenas murmurou um "tudo bem" em resposta. — Me prometa que vai me mandar cartas toda semana, sim? Eu farei o mesmo.

Yoongi piscou várias vezes para afastar as lágrimas que invadiram seus olhos.

— Eu prometo — Eles se separaram e em menos de cinco minutos, Yoongi e o homem que Hoseok deduziu ser o responsável por Yoongi dali em diante, já tinham partido. 

Os pais de Yoongi voltaram para dentro de casa e Hoseok se sentou na calçada, lembrando de tudo que eles viveram.

 

28 de agosto, 1950, 11:32.

 

O sino da porta soou na confeitaria onde Yoongi trabalhava há dois anos e falou na língua estrangeira que não teve tanta dificuldade para dominar.

— Seja bem vindo! 

Após cinco anos que seus pais o mandaram para Paris, sua volta para seu país natal não tinha previsão para acontecer. É claro que a condição financeira de sua família havia melhorado nesse tempo, mas a vida dele também havia melhorado naquele país, então ele se formou na escola, arranjou um emprego na confeitaria da esquina de sua rua e está bem dessa forma.

Ele havia acabado de pegar a correspondência na caixa de correio, como fazia todas as segundas feiras e procurava ansioso pelo nome de Hoseok no remetente, quando achou sentiu um alívio, afinal, a guerra entre as Coreias havia começado dois meses atrás e isso preocupava Yoongi. Até quando ele receberia essas cartas? Hoseok teria que servir no campo de batalha? Ele sobreviveria? 

Todas essas perguntas rondavam a mente de Yoongi e lhe davam calafrios.

Ele abriu a carta, afoito e começou a ler.

"Querido Yoongi, a situação continua piorando, mas eu e minha família estamos bem…"

Ao ler o primeiro parágrafo, ele inevitavelmente suspirou, não parou de ler até terminar o último parágrafo.

"Não sei se terei que servir como militar, mas se sim, de alguma forma eu manterei contato. Até a próxima!

 Jung Hoseok"

Yoongi sabia que ele daria um jeito de manter contato de fosse para o campo de batalha, mas essa ideia não o agradava nem um pouco.

— Yoongi! Você pode levar um pedaço de bolo de chocolate na mesa três e uma xícara de café na quatro? — Taehyung, um rapaz também coreano que Min fez amizade na primeira semana trabalhando ali gritou e tirou Yoongi de seus pensamentos.

— Claro! — Disse, já pegando sua bandeja e andando apressado em direção ao balcão onde ficavam os bolos e doces que eram vendidos ali.

 

09 de fevereiro, 1952, 10:23

 

"Fui convocado para servir no campo de batalha…" 

Quando Yoongi leu essas palavras em uma das cartas de Hoseok três meses atrás, seu chão desabou.

No fundo, ele sabia que isso ia acontecer uma hora ou outra, mas mesmo assim ele se recusava a acreditar.

A guerra já havia começado há mais de um ano e parecia que não ia ter fim. 

Hoseok manteve sua promessa, continuava a mandar cartas sempre que possível e Yoongi fazia o mesmo. E enquanto não tinha novas notícias, ele se contentava em ler carta por carta antes de ir trabalhar para ter algum conforto.

Após um longo dia de trabalho, Yoongi resolveu ir até a torre Eiffel para observar a paisagem, lá de cima a vista já era maravilhosa e com neve sua beleza aumentava. Ele colocou seu grosso casaco e se dirigiu para fora da confeitaria, passou pelas calçadas escorregadias e por fim, subiu a torre pelo elevador mais próximo.

Ele se aproximou do parapeito da torre e suspirou, em seguida pegou o pequeno caderno que costumava levar a todo lugar e começou a escrever uma carta para Hoseok.

Naquele mesmo momento, em outro país, Jung fazia o mesmo. Seu braço estava enfaixado e seu rosto continha pequenos arranhões e, apesar das dores que sentia, se esforçava ao máximo para conseguir escrever uma ótima carta para seu tão amado amigo.

 

29 de julho, 1953, 15:34

 

 Finalmente, após três anos, a guerra acabou e Hoseok pôde voltar para casa.

Yoongi não podia ter ficado mais feliz quando viu a notícia no jornal e pulou de alegria ali mesmo, no meio da confeitaria.

E então ele esperou por notícias de Hoseok. Esperou por uma semana, um mês, dois… Pouco mais de quatro meses se passaram e nada de Hoseok dar sinal de vida. O Min já havia chorado de raiva, tristeza e angústia nesses quatro meses e simplesmente não conseguia mais sorrir pois, apesar de todo aquele tempo ter se passado, ele ainda amava Hoseok e não ter notícias dele por tanto tempo, estava o destruindo por dentro.

Em uma manhã ensolarada, Yoongi acordou e não conseguia entender como o sol podia estar brilhando tanto sendo que sua vida estava tão sombria.

Ele trocou de roupa, tomou café da manhã e foi trabalhar. Apesar do dia estar lindo, não havia muito movimento na confeitaria.

Yoongi estava sentado atrás do balcão, cabisbaixo, pensando em coisas aleatórias e tristes quando dois rapazes se aproximaram e falaram na língua materna de Min, algo que ele não ouvia há muito tempo.

— Olá! Nós queremos um bolo. — Um dos rapazes falou sorrindo, deixando as covinhas nas bochechas a mostra e Yoongi o olhou com as sobrancelhas franzidas. — Você fala coreano, certo?

O segundo rapaz ao ver a cara confusa de Yoongi se pronunciou.

— Será que erramos a pessoa? Estranho… Nosso amigo ali nos disse que você é Min Yoongi, ou não é? — Ele tinha um sorriso sapeca nos lábios e Yoongi podia jurar que ele lembrava um coelho, logo olhando em direção a porta e sentiu seu coração parar. Hoseok estava ali, mais alto, mais forte e mais bonito do que Yoongi se lembrava, mas ele estava ali!

Min não aguentou e saiu correndo para abraçar o mais novo.

— Hoseok! — Ele se jogou nos braços do maior que sorria e o abraçou de volta. — Eu não acredito! Como…?

— Me desculpe não ter entrado em contato antes, eu queria fazer uma surpresa.

E que grande surpresa, o coração de Yoongi batia tão forte que ele achou que ele iria sair de seu peito.

— Eu preciso te falar uma coisa… Vem comigo! — Hoseok não esperou resposta, agarrou o pulso do mais velho e saiu correndo, o puxando consigo. Atravessando as ruas, ele não parou até chegar na torre Eiffel, subiu no primeiro elevador que viu aberto e apertou o botão, afobado. Quando chegaram no topo, saíram do elevador e se dirigiram para o parapeito.

— O que foi? O que tem para me falar? — Yoongi não conseguia esconder o enorme sorriso em seu rosto e nem queria.

— Eu te amava. — O coração de Min vacilou ao ouvir aquilo. — Naquela época em que você se declarou para mim, eu te amava… E ainda amo. — A mão de Hoseok encontrou a de Yoongi, seu coração batia tão forte quanto o do mais velho. Ele estava com medo dele o rejeitar.

— Hoseok… Eu… Não… — Yoongi não sabia como reagir.

— Tudo bem… Me desculpa, eu não devia ter sido tão apressado ou tão atrasado, eu não sei… — Hoseok ia soltar a mão de Yoongi, mas este não deixou e a segurou mais forte.

— Eu ainda te amo, Hobi. — O sorriso de Hoseok que já estava se esvaindo voltou e ele não aguentou, segurou o rosto do menor entre as mãos e o beijou.

Foi um beijo demorado, necessitado e desejado. Anos de saudade acumulados, foram todos depositados naquele primeiro beijo.

— Eu quero passar a minha vida ao seu lado, Min Yoongi… — Hoseok falou assim que eles se separaram, ambos sorrindo. — Quer namorar comigo? 

Yoongi aceitou depressa, como se tivesse medo de que aquilo fosse um sonho e ele acordasse na melhor parte, mas ele não estava sonhando, aquilo era real.

Eles ficaram lá, de mãos dadas, até o sol decidir se esconder e o tom azul do céu começar a se mesclar com o laranja. Eles juraram ver aquilo juntos novamente todos os dias, um ao lado do outro até o fim de suas vidas.








 


Notas Finais


Queria agradecer a mephrite, que fez essa capa linda e a Polarizar que fez a betagem :)


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