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História Ao seu lado para sempre - Separação


Escrita por: Kah_ e SoulButterfly

Notas do Autor


Bom dia leitores!
Atualizando rapidinho a fic.

Boa leitura a todos ^^

Capítulo 12 - Separação


 

— Com licença, senhor kazekage. Posso entrar?

— Claro, Baki. Entre.

Baki estava diante de Rasa; o subordinado de pé e o líder sentado em sua cadeira, atrás da mesa repleta de pergaminhos e documentos; foi chamado por ele para ser avisado de que durante algum tempo o shinobi ajudaria o kazekage a treinar Gaara enquanto Yashamaru estaria fora em uma missão ANBU. Essas duas notícias ditas de forma tão direta lhe pegaram de surpresa.

— O Yashamaru não sai em uma missão ANBU há bastante tempo, senhor.

— Sim, eu sei. Mas confio no potencial que ele tem, além disso, essa missão requer uma equipe com um ninja de habilidades médicas. Sendo assim, ele é o mais indicado.

Baki abaixou a cabeça. Contestar o kazekage era algo que ninguém fazia.

— Essa missão veio em boa hora, penso eu. Pois assim, Gaara terá de passar uns dias comigo e você me ajudará a treiná-lo durante esses dias. Ele precisa urgentemente ser contido, você sabe.

O shinobi fez que sim.

— Farei o meu melhor, senhor.

Rasa lhe deu mais algumas instruções, porém não muitas, ele era um homem conhecido pelas poucas palavras.

Com esse tipo de notícia, Baki foi até Yashamaru que estava no hospital, de volta aos seus afazeres como ninja-médico.

O jovem estava sozinho em uma sala ampla e resfriada, trabalhando em um novo tipo de veneno, altamente perigoso. Ele usava luvas de látex e uma máscara branca que lhe cobria a boca. Estava concentrado enquanto manuseava fórmulas líquidas em vários frascos de vidro em cima de uma mesa gelada.

Alguém bateu à porta.

— Entre. Ah, é você de novo... É impressão minha ou você está me perseguindo ultimamente, hm?

— Engraçadinho. O que você está fazendo?

O homem se aproximou mais. Observou aqueles materiais em cima da mesa, variedades de líquidos de cores diversas, além daquelas mudas de plantas recém colidas, algumas já transformadas em uma pasta verde, dentro de um recipiente de vidro.

— Estou trabalhando em um novo veneno – Yashamaru respondeu, sem tirar os olhos do que estava fazendo. — Se conseguir achar a combinação certa, com isso aqui é possível matar um homem tão instantaneamente que ele nem se daria conta da própria morte. O problema é que eu ainda não tenho uma cobaia para testá-lo... – Voltou-se para Baki; sorriu.— Quer me ajudar com isso?

O mais velho apertou os olhos.

— Não me venha com piadas de mal gosto a essa hora da manhã... Foi bom eu encontrar você aqui no hospital.

— Eu voltei a trabalhar hoje. Meu primeiro dia de volta e eles já me escalaram para um plantão de 24 horas – Yashamaru começou a guardar os frascos de vidro numa espécie de geladeira, ali perto. — Eu pedi uma licença e passei uns dias em casa, prestando mais atenção no Gaara. Definitivamente, ele é minha maior responsabilidade hoje.

— Eu sei. Que bom que o Gaara não tem saído mais como antes, não é mesmo? Assim você não tem que se preocupar com ele perambulando por aí de madrugada.

O médico-nin tirou as luvas e as colocou em cima da mesa, fez o mesmo com a máscara.

— Acontece que ele estava proibido de sair de casa, por isso não estava perambulando por aí, como você diz. Mas achei melhor permitir que ele saia novamente quando tiver vontade.

Yashamaru abriu a porta e saiu da sala, foi acompanhado por Baki que se pôs a caminhar ao seu lado, de braços cruzados e semblante sério, como de costume.

— Não acho isso uma boa ideia. Já que ele te obedece tanto, deveria fazer com que Gaara ficasse trancado em casa, fora de perigo.

— Acho que não – o jovem retrucou, tranquilamente. Não queria se estressar logo cedo. Pena que no final da conversa, ele não conseguiria permanecer calmo. — Gaara ficou de castigo por muitos dias. Mas quer saber? Meu sobrinho não é um animal que tem que ser mantido preso o tempo todo; além disso, ele ama fazer caminhadas noturnas. Então o que eu posso dizer? Deixe o menino andar por aí!

Baki bufou.

— Você simplesmente não muda. Continua o mesmo pirralho imprudente como quando éramos crianças!

Após isso, o homem de meio rosto pediu a Yashamaru que conversassem num local mais reservado. O jovem médico o levou até um dos dormitórios do hospital, dizendo que ali ninguém os incomodaria.

Yashamaru fechou a porta atrás de si.

— Você tem mais informações sobre o que o Conselho planeja sobre o Gaara?

— Não é isso. Na verdade, estou aqui para comunicar que você irá partir em dois dias em uma missão ANBU. Ordem direta do kazekage.

— O que?

Yashamaru precisou se sentar naquela hora. Tateou uma cama ali perto e jogou o corpo sentado. A notícia que acabava de receber não fez nenhum sentido para ele, por isso aquela cara de bobo estava estampada, encarando Baki.

— Mas já faz alguns anos que não me escalavam para nenhuma missão ANBU. Pensei até que eu não serviria mais nessa organização por causa dos experimentos com o Gaara... Eu não posso ir, não posso deixar meu sobrinho sozinho. E se eu não conseguir voltar?

— Não seja ridículo! – Baki levantou um pouco a voz. — Você sabe que a ordem do kazekage não pode ser quebrada; além do mais, você nunca foi desligado da ANBU pelo que eu me lembre, mesmo que sua última tarefa tenha sido realizada há tanto tempo... E é claro que você vai voltar, é um ninja de elite da Areia!

Yashamaru abaixou a cabeça, sentindo uma estranha pressão no pescoço. Estava começando a suar frio. A ideia de deixar Gaara sozinho em Suna no exato momento em que começavam a desistir do tal experimento Shukaku fazia Yashamaru tremer por dentro.

— Mas e o Gaara? – perguntou, sem precisar esconder a aflição.

— Eu tomarei conta dele.

— Você?

— Hai. E claro, o kazekage também.

Yashamaru gemeu. Levantou-se desconcertado.

— O kazekage? – perguntou, com um tom de voz irônico, como se aquilo sim fosse uma piada de mau gosto no início da manhã. — O kazekage, tem certeza?

— Ora, e por que não? É o pai dele!

E o jovem voltou a se sentar. Levou as mãos ao rosto. Sua voz saiu fraca.

— O pai dele, é claro... Quando mesmo tenho que partir?

— Daqui a dois dias. Rasa-sama mandou que amanhã, quando estiver levando seu relatório sobre o Gaara, você se apresente também para seu antigo capitão ANBU.

— Entendi.

E depois de cumprir com sua tarefa, Baki despediu-se e saiu dali, deixando Yashamaru sozinho no dormitório. Ele se jogou na cama. Uma lágrima solitária escorreu sobre seu rosto.

— O que eu faço? Eu não posso negar a ordem do kazekage. Por mais que eu o odeie, ele é meu líder supremo. Não posso desobedece-lo... Mas e o Gaara? Como eu vou explicar isso ao Gaara?

Yashamaru permaneceu pensativo durante alguns minutos ali, imaginando o que seria dele e de seu sobrinho agora que ficariam separados. Ele tentava entender o porquê dessa tarefa ANBU tão repentina; seria uma estratégia do kazekage para algo que Yashamaru não estava conseguindo perceber ainda?

***

Gaara estava na cozinha, preparando o que seria o almoço dele e de Yashamaru.

Certo, ele não era mesmo muito bom nessas coisas. Mas sempre que o tio não estava por perto – o que acontecia com certa frequência - o menino tinha que se virar por conta própria, então desde sempre, aprendeu a fazer pelo menos o mínimo para comer.

Acontece que Yashamaru criou Gaara para ser independente e desde cedo lhe ensinou a fazer quase tudo; por exemplo, o menino ia sozinho para a escola e para qualquer outro lugar; fazia suas lições de casa por conta própria e só pedia ajuda ao tio quando realmente não conseguia terminar o exercício; Gaara treinava sua areia sozinho em casa (claro, quando não fazia isso com o pai). A verdade era que Yashamaru nunca quis ter o sobrinho dependente dele, sabia que seria bem melhor ensiná-lo desde sempre a caminhar com as próprias pernas e se virar.

Em relação à comida, Gaara sabia preparar cerca de três tipos de prato, não muito impressionantes. No entanto, sopa de tomates, a comida preferida de Yashamaru, esse ele se esforçava para fazer da melhor maneira possível.

Antes de sair de casa bem cedo, o tio pediu a ele que levasse alguma coisa para a hora do almoço no hospital. Yashamaru poderia ter optado por ir até sua casa almoçar com Gaara como fazia costumeiramente ou então preparar ele mesmo seu almoço antes de ir para o plantão no hospital. Mas ele realmente estava decidido sobre não impedir Gaara de sair de casa, não depois de perceber que o menino estava se acostumando a viver aprisionado dentro de sua própria casa a ponto de se sentir mal quando era convidado a sair e Yashamaru achava isso pouco saudável. 

Gaara estava de pé em cima de um banquinho que o ajudava a alcançar a pia da cozinha; ele terminava de cortar algumas folhas de tempero quando ouviu alguém chamar na porta.

— Yashamaru?

O menino foi até lá, abriu a porta.

— Baki-sama. O-o que o senhor quer? O meu tio não está em casa...

Gaara quis fechar a porta, sabia que quando Baki aparecia, era para uma única coisa:

— Seu pai me mandou buscar você hoje.

— Meu pai? Mas o Yashamaru não me disse nada sobre isso. Ele deveria ter me avisado que...

— Seu tio já sabe disso e está de acordo. Ele não te contou?

Gaara balançou a cabeça negativamente. O homem fez sinal de que ia entrar na casa. De forma rápida, Gaara tentou fechar a porta; foi impedido pelo braço forte de Baki. O menino então pensou rápido, se abaixou e passou por debaixo das pernas do homem e saiu correndo dali.

— Gaara, espere!

Irritado com aquilo, Baki corria atrás de Gaara, enquanto o menino tentava ser o mais veloz possível. Ele respirava cada vez mais acelerado quando percebia que Baki estava ganhando aproximação. Seus passos eram bem maiores que os da criança, não havia como Gaara correr mais rápido do que o adulto que o perseguia logo atrás, gritando pelo seu nome.

Então, sussurrando, o jinchuuriki pediu ajuda àquilo que o acompanhava constantemente:

— Suna, onegai – e fechou os olhos. — Me ajude, areia!

Ele falou essas palavras entre engasgos e respiração apressada. Sim, sua areia quis contribuir com a fuga.

O que Baki viu não foi fácil de compreender de início: Gaara envolto em uma espiral de areia que em um piscar de olhos, desintegrava seu corpo, transformando-o em um mundo de grãos de areia; depois, reconstruía sua forma, transportando-o de um lugar para outro, cada vez mais longe das mãos de Baki. À medida que Gaara desaparecia naquela areia, ele reaparecia mais longe do que da última vez, até sumir da vista de seu perseguidor, completamente.

O shinobi foi desacelerando. Parou com as mãos nos joelhos, com as costas curvadas. Tentava puxar o ar para dentro dos pulmões.

— Como ele fez aquilo? Droga! Pra onde será que ele foi?

O homem pensou um pouco. Respondeu a si mesmo, ficando ereto novamente e estalando os dedos.

 

Onde a pressa de Gaara o levou:

— É claro, o hospital!

 

Baki disse a si mesmo e saiu correndo de novo.

***

 

Tomoyo estava descansando de uma cirurgia que acabara de realizar e que durara algumas horas, quando Yashamaru se aproximou dela.

Ela estava sentada num banco largo feito de madeira, num local fora dos muros do hospital, um tipo de pátio que ficava ali perto. Bebia um pouco de café em um copo plástico enquanto assistia distraidamente os passantes na rua.

— Bom dia, Tomoyo!

— Bom dia! – a jovem sorriu. — É muito bom te ver de novo aqui, Yashamaru!

— Domo. Pena que vou ter que me ausentar mais uma vez.

— Por que?

Yashamaru sentou-se ao lado de Tomoyo. Ela logo notou seu semblante abatido.

— Hoje o dia não começou muito bem. Recebi uma ordem do nosso kazekage e terei que sair em uma missão.

— Mas que tipo de missão?

Yashamaru deixou escapar um suspiro dos lábios. Deu um pequeno sorriso para Tomoyo.

— Não posso dizer. Desculpe.

— Tudo bem... Bom, vou sentir sua falta, Yashamaru-kun. Espero que volte logo.

— Eu também vou sentir sua falta. Sabe, Tomoyo, depois daquela vez em que nos beijamos, eu... Tenho pensado muito em você.

Tomoyo abaixou os olhos e corou nessa hora, ainda mais por perceber Yashamaru se aproximando de seu rosto. Quando tornou a erguer o olhar, estava diante dos olhos brilhantes e apaixonados de Yashamaru.

Os dois se aproximaram, ficando à distância de mais um beijo. A jovem criou coragem e se aproximou mais. Quando seus lábios finalmente pareciam se encontrar, Tomoyo viu de relance, por cima do ombro do ninja a sua frente, a figura do sobrinho de Yashamaru correndo como um louco, em sua direção.

— Gaara! – exclamou ela, fazendo Yashamaru voltar à atenção para onde seus olhos apontavam e esquecer completamente aquele beijo. Em se tratando de Gaara, não havia ninguém que pudesse ocupar a posição de maior importância na vida daquele ninja-médico. Nem Tomoyo, nem ninguém.

— Mas o que...?

Yashamaru se levantou e saiu correndo na direção do menino que desapareceu mais uma vez, se transformando em grãos de areia, reaparecendo já em cima do corpo do tio, fazendo com que os dois trombassem involuntariamente um contra o outro. Yashamaru se assustou com aquilo, não sabia que Gaara podia se transportar de um lugar para o outro com a ajuda de sua areia.

Com o choque, Gaara caiu no chão; Yashamaru o ajudou a se levantar.

— Você se machucou?

— Ie...– o menino respondeu, tentando recuperar o fôlego. — Yashamaru... Eu não quero... 

— O que você não quer, Gaara?

O jovem confuso levantou um pouco o rosto e viu ao longe a figura de Baki correndo até eles. Instintivamente, Yashamaru colocou Gaara atrás de seu corpo e ficou a frente dele, esperando Baki chegar. O menino, por sua vez, agarrou-se às roupas do tio e se escondeu atrás dele.

Tomoyo assistia a tudo aquilo, assustada.

— O que está acontecendo, Baki? O que você quer com o meu sobrinho? – perguntou Yashamaru, com voz imponente.

 Ele não hesitaria em atacar Baki se precisasse. Na verdade, ele seria capaz de dar a vida para proteger Gaara. Em breve, teria a chance de provar isso.

— O garoto tem que vir comigo, Yashamaru.

— Eu não quero ir com você! – Gaara gritou, começando a se exaltar. Aos poucos, foi saindo de trás de Yashamaru. — Oji-san, ele disse que meu pai está me chamando e que você já sabia disso e não me contou. Eu sei que é mentira!

— Esse moleque desobediente! – Baki gritou também — Saiu correndo igual um maluco quando eu o mandei ficar!

—  Não se atreva a falar com o Gaara desse jeito!

Diante daquela dupla que se protegia mutuamente, Baki só pôde suspirar; ele respirou fundo, parou de encarar a criança visivelmente angustiada a sua frente. Voltou-se com mais calma para o adulto de semblante fechado e olhar firme. Começou a explicar-se com calma.

— Ouça, Yashamaru, eu não quis entrar em detalhes para não ser mais difícil para você, mas acontece que o kazekage ordenou que eu levasse o Gaara assim que eu lhe desse a informação sobre sua tarefa. Rasa-sama quer o filho perto dele.

Yashamaru precisou se controlar ao máximo: aquelas últimas palavras de Baki eram as mais ridículas, na opinião dele. “O kazekage quer o filho jinchuuriki por perto? E para quê? Para ele mesmo poder matá-lo?” Era o tipo de coisa que ele pensava. Mas teve que se conter, afinal, não fazia nem 24 horas que o jovem havia afirmado a Gaara que o pai de fato o queria bem. Não podia expulsar as palavras que estavam presas há anos em seu coração. Pelo menos não naquele momento.

Mas a hora iria chegar...

Em vez de revidar, Yashamaru pediu que Baki ao menos lhe desse um tempo a sós para explicar o que aconteceu a Gaara antes de ele levá-lo.

O tio conduziu o sobrinho até um dos bancos daquele pátio; escolheu o último, o mais afastado de Baki e também de Tomoyo. Yashamaru pediu que ele se sentasse, começou a conversa com um abraço.

— Está mais calmo agora?

— Hai... Oji-san, o que ele disse é mentira, não é? Você sempre me avisa quando meu pai quer me ver e é sempre à tarde, depois da escola, nunca de manhã porque ele está em reuniões importantes essa hora... – Gaara abaixou os olhos. As lágrimas começavam a descer pelo seu rosto. Aquilo já estava se tornando habitual. — Eu não quero ver meu pai hoje, Yashamaru. Não quero ir com o Baki-sama!

— Mas você vai, querido.

— Onegai – Gaara juntou as duas mãos uma na outra. Tinha a estranha sensação de que algo ruim estava para lhe acontecer. — Não, por favor, eu não quero!

— Sem discussão, Gaara. Eu que lhe peço, por favor, sem discussão – Yashamaru enxugava as lágrimas no rosto do menino e tentava falar o mais calmo possível. — Você tem razão, querido, eu de fato não sabia que seu pai iria te buscar hoje, isso também me pegou de surpresa. Mas... – ele enxugou a última lágrima de Gaara. — Independente disso, se o kazekage te chamou, você deve ir.

— Mas por que?

— Porque é a vontade do seu otou-sama. Além disso... – a voz do jovem tio começou a falhar nessa hora. — V-você vai passar um tempo com... Vai passar um tempo com ele a partir de hoje. E-Eu vou ter que me ausentar... De Suna por uns dias. Vai ficar tudo bem, acredite.

— Ie! – Gaara se levantou de onde estava sentado. Pela primeira vez em toda a sua vida, ele ergueu a voz para Yashamaru, gritando. — Eu não vou! Eu não quero ir! E você também não pode se ausentar de Suna! Não!

— Querido, acalme-se, por favor...

Yashamaru tentou trazer Gaara de volta para perto, mas o menino esquivou o corpo das mãos do tio. Levou as palmas das mãos aos ouvidos, e apertou com força, como se pudesse tapar os sons daquela manhã horrível e impedir que eles penetrassem sua cabeça. Não queria ouvir mais nada daquilo.

— Não! Não! Não! Não! – Gaara repetia isso, de olhos fechados, apertados; mãos no ouvido, voz firme. Gritava isso, chorava isso. — Não! Não! Não! Não! N-

— Já chega! – Yashamaru vociferou. Ele se levantou, pegou Gaara pelos braços, o colocou sentado ao seu lado, com força. Segurou o rosto do menino diante do seu. — Olhe para mim. Vamos, abra os olhos, Gaara!

Como responsável pelo filho do kazekage, Yashamaru sempre soube se impor com sobrinho toda vez que era preciso, e sempre usava uma dose diferente de imposição. Daquela vez, estava sendo necessário uma das altas.

Gaara abriu os olhos inundados de lágrimas.

— Está prestando atenção?

— Hai...

— Ótimo – o ninja soltou o rosto do menino. — Agora pare de chorar. Vamos, enxugue você mesmo essas lágrimas.

Gaara engoliu em seco e tratou de secar o rosto, obediente.

Yashamaru notou que o menino estava tremendo. Seu coração doeu muito nesse momento; ele quis parar com aquilo tudo, quis poder abraçar a pobre criança a sua frente e acalmá-la em seus braços. Mas ele não podia ceder àquela altura.

— Preste bastante atenção: eu mesmo vou levá-lo até a casa de seu pai e você vai ficar lá até eu voltar. Vai ser um bom menino e vai obedecer ao kazekage e ao Baki em tudo, está me entendendo, Gaara? Vamos, responda.

— Sim, eu entendi... Me desculpe, Yashamaru.

O tio suspirou, seus ombros pendendo para baixo.

— A culpa não é sua. Agora vamos.

Yashamaru se levantou e esperou Gaara fazer o mesmo, com relutância.

O caminho até a Mansão  Kazekage parecia interminável tanto para um quanto para outro.

Baki os seguia logo atrás, enquanto Gaara andava de mãos dadas com Yashamaru. Enxugou os olhos durante todo o caminho. Tentou entender porque aquilo estava acontecendo. Gaara tinha uma sensação estranha no coração, sentia que os dias que viriam não seriam nada bons para ele. Aquilo lhe causava uma dor muito forte no peito.

Estar longe de Yashamaru. Por que? Por quanto tempo?

— Yashamaru... – Gaara quebrou o silêncio entre os dois. Levantou os olhos para o adulto sério ao seu lado.— Será que eu posso perguntar uma coisa?

— Fale.

— Por que você vai embora? Você não me quer mais?

O tio bufou.

— Que pergunta a sua! É claro que eu quero você, Gaara. Você é meu sobrinho. É muito valioso para mim, eu já lhe disse isso várias vezes. Você só vai passar uns dias com seu pai, só isso. Não vai ser tão ruim.

— Você promete?

O silêncio tomou os dois novamente. Sem resposta para Gaara.

Chegando a frente dos grandes portões da mansão, Yashamaru voltou-se para Baki quando o shinobi mais velho colocou-se ao lado dos dois; o jovem ninja começou a falar. Quis fazer isso à vista de Gaara, propositalmente.

— Eu deixo meu sobrinho em sua proteção, Baki. Tome conta dele para mim, por favor. Ele será um bom menino, não é mesmo, Gaara?

O ruivo hesitou, mas por fim balançou a cabeça positivamente.

— Muito bem!

Yashamaru se abaixou na altura da criança. Pegou em suas mãos. Beijou cada uma delas. Depois levantou alguns fios de cabelos vermelhos que caíam pela sua testa e lhe deu mais um beijo ali.

— Por favor, querido, tente se comportar e não faça nada de errado. Eu confio em você.

Gaara se agarrou ao pescoço do tio e o abraçou com todas as forças. Ele não se lembrava de ter que ficar longe de Yashamaru em nenhum outro momento de sua vida, e já conseguia sentir saudades. Aquilo estava machucando-o por dentro.

Por um minuto, Yashamaru pensou que Gaara faria um escândalo de novo; gritaria, espernearia, lutaria para sair correndo dali. Mas o menino não fez isso, não fez nada disso. Apenas se soltou do abraço do tio, olhou para os dois adultos de pé em sua frente, tentando entender o que estava de fato acontecendo.

— Você volta para me buscar, não volta?

— Claro que sim!

Mais um abraço, agora mais curto e delicado; Yashamaru interrompeu o gesto, se despediu afagando o cabelo de Gaara; partiu sem olhar para trás nem uma vez.

O pequeno jinchuuriki assistiu Yashamaru se afastar até desaparecer. E tristeza era a única coisa que ele sentia enquanto fazia isso.

O adulto ao seu lado colocou uma mão em seu ombro:

— Agora temos que entrar, Gaara.

O menino voltou seus olhos molhados para Baki.

— Sim...

Gostaria que Gaara estivesse errado, mas a cada segundo longe de Yashamaru, ele sentia que algo ruim o aconteceria. E ele estava certo; infelizmente, Gaara estava muito certo.

 


Notas Finais


Explicando...
Não sei se todos sabem, mas no databook de Naruto, existe a informação de que além de médico-nin, Yashamaru tbm era um ANBU-nin; então, antes que alguém pense "nada a ver o Yashamaru ninja ANBU". Tem a ver sim, e é até oficial ;)

O que vcs acham que irá acontecer com o Gaara? Deixem seus comentários ^^
Beijos!


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