História Apenas contos - O Conto da Violinista Fantasma

Foi no século dezessete na nublada Inglaterra em que tudo aconteceu. Foi, mais precisamente, numa época de chuva.

O Teatro estava lotado e prestes a receber sua estrela, o motivo pelo qual todos estavam lá naquela tarde nublada.

A carruagem com a estrela do show já estava se aproximando quando o pior aconteceu: Um ataque de malfeitores...

                                                                                                      ...

O Abandonado Teatro ressoava uma melodia triste e calma de algum violino. O local abandonado ganhava um ar de melancolia e alegria ao mesmo tempo.

Os flocos de poeira flutuavam pelo ar e o palco que outrora era palco de astros e estrelas, estava tomado pelo pó e pelas crostas de sujeira. Teias de aranha eram pouco visíveis, estavam ocultas pela escuridão do local esquecido.

Era naquele lugar que tocava, a violinista fantasma.

Bethany Kimberlon já estava lá a muitos anos tocando seu violino, tocando a música que seria apresentada em seu concerto quando ainda estava viva. Era, mais uma vez, um dia chuvoso. O som da chuva era intenso do lado de fora do Teatro.

Bethany não tinha conhecimento de mais nada do mundo lá fora. Desde aquele fatídico dia de sua morte, quando sua carruagem fora atacada for um grupo de ladrões, se viu dentro daquele lugar abandonado, e que agora, já estava condenado.

No silêncio daquele lugar, ouve-se, de repente, o som da porta enferrujada se abrir. 

Por não ver ninguém há anos, precisamente trezentos e vinte e cinco anos, Bethany ficou surpresa e curiosa ao ver o singelo rosto pálido e os cabelos castanhos sob uma boina marrom de um jovem rapaz que fora atraído até ali por sua maravilhosa melodia.

- Quem está tocando esta linda melodia? - Perguntava Joseph Bristol, o jovem de vinte e dois anos que se apaixonou pela música de Bethany.

- Sou eu! - Respondeu ela.

O jovem fotógrafo se aproximou da violinista e tentou tocá-la. óbviamente sua mão a traspassou. Naquele instante Bristol viu que Bethany era um fantasma. 

Arrepios começaram a percorrer sua espinha.

O Jovem então avista uma folha antiga de um jornal que fora republicado. Dizia em sua manchete: Susposto fantasma de Bethany Kymberlon volta para tocar a música que seria apresentada antes de sua morte.

Ao ler aquilo o garoto "cai em si" que o fantasma era real.

Naquela hora, Joseph percebe que Bethany não sabia que era um fantasma e que ainda pensava estar viva pois a mesma não tinha noção de quanto tempo havia se passado desde sua morte, e resolve mostrá-la o "novo mundo". 

Embora Joseph tentava mostrá-la às pessoas, ninguém a via além dele. 

Logo depois de muito andarem e de muito aprenderem uns com os outros, ambos regressam ao velho e abandonado Teatro onde Bristol se despede e vai para sua casa.

Alguns meses se passaram e algo que seria incrível para Joseph e Bethany acontecera: O Teatro seria oficialmente reinaugurado.

Certo dia em uma visita ao Teatro, após entrar pela porta dos fundos sem ser visto pelos seguranças e operários de obra, Bristol vê o violino de Bethany brilhar enquanto a mesma toca e Bethany, já não estava mais tão visível. Mas logo após terminar de tocar, o violino voltara ao normal assim como sua aparência.

- Bethany... Você estava sumindo e seu violino estava brilhando... - Joseph falava com um tom surpreso.

Mais uma vez Bethany se mantinha em silêncio, eram raras as vezes em que ela falava.

- Toque mais uma vez! - O rapaz ordenara para ter certeza do que acabara de pensar.

Mais uma vez a violinista tocou e mais uma vez o violino brilhava, e ela quase desaparecia.

Quando estava prestes a sumir, deixando-se levar pelo embalo de suas emoções ao tocar, Bristol solta um grito desesperado a mandando parar. Joseph estava certo: O violino era mágico.

Após algumas semanas, finalmente o Teatro seria reinaugurado. Os bancos estavam ocupados, o local estava lotado.  As pessoas se perguntavam onde poderia estar a senhorita que faria o show de encerramento. De repende um dos responsáveis pelo evento de reinauguração, avisa que o último show seria cancelado pois algo havia ocorrido.

Quando todos estavam decepcionados e prontos a saírem, ouvem uma doce e suave melodia de violino. Era Bethany tocando.

Todos se voltam para trás e veem uma jovem com um vestido esfarrapado e rasgado, tocando diante deles. Naquele instante, as pessoas voltaram ao seus lugares para poder apreciar aquele misterioso e curioso show de abertura. 

Conforme a música fora sendo tocada pela violinista, a platéia percebera um brilho intenso vindo do violino enquanto a jovem parecia sumir no ponto auge da música.

Bristol, que estava nos bastidores, tentou impedir mas fora barrado. 

Quando a música melancólica acabara, todos aplaudiram em pé, jogaram rosas no palco, assobiaram e acreditaram fielmente que aquilo não passara de uma perfeita e bem ensaiada encenação.

As pessoas iam saindo e logo o Teatro estava vazio. Apenas restara Joseph, mesmo depois dos olofotes e luzes terem sido apagadas.

Bristol pegara seu guarda-chuva e saíra com algumas lágrimas os olhos por ter perdido algo que era realmente importante para o mesmo.

Alguns passos mais adiante no meio de um bosque, Bristol poderia até pensar que estava ouvindo demais, mas naquela hora ele ouvira o suave som da violinista fantasma...