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História Apenas dessa vez... - Loucura


Escrita por: Nishka

Notas do Autor


Espero que ai na cidade de vocês também tenha feriado hoje o/
Na minha onda de sonhos com j-rockers, sonhei com o Teruki, o Kanon e o Miku, além do Saga e o Yohio, tudo junto no meu sonho pirado *-* Vo começar a dormir até sonhar com o Aoi ahuausuahshuaushahus
Ok, parei u_u
Gente, leiam ouvindo Crazy, e quando acabar ponham pra tocar de novo, porque amo essa música e é a que o Miyavi canta, então nee...
Psé, espero que gostem, sábado tem mais, e ai conto se minha tattoo nova ficou bonita *-*
Bjus da tia Nishka!

Capítulo 12 - Loucura


Kai

 

Não tinha certeza de como reagir as palavras de Miyavi, mas quando me estendeu as mãos eu as aceitei sem pensar duas vezes, me pondo em pé  com a simples certeza de que... bem, talvez fosse loucura mesmo, mas não queria pensar naquele momento.

-Come 'ere baby, you know you drive me up the wall (Venha aqui, baby, você sabe que me deixa subindo pelas paredes) – cantou contra meu ouvido, arrepiando-me por completo com a letra que conhecia e admirava - The way you make good on all the nasty tricks you pull, seems like we're makin' up more than we're makin' love. (Com os seus joguinhos perversos, parece que estamos mais fingindo do que fazendo amor)

 

Era jogo sujo que soubesse a letra e cantasse tão bem, me fazendo girar lentamente enquanto nos levava pelo pequeno corredor. Tinha certa noção de quando passou a sussurrar mais e mais baixo, perdendo a letra quando me beijou com suavidade, mas não tinha importância porque a música continuava na minha cabeça, fazendo a trilha sonora para aquela loucura.

 

Venha aqui, baby

Você sabe que me deixa subindo pelas paredes

Com os seus joguinhos perversos

Parece que estamos mais fingindo do que fazendo amor

E parece que você sempre tem alguém além de mim na cabeça

Garota, você tem que mudar o seu jeito louco

Me escute

 

Você está indo embora no trem das 7: 30

E está indo para Hollywood

Garota você me deu a mesma desculpa tantas vezes

Que parece que me sentir mal está ficando legal

 

Aquele tipo de amor

Transforma um homem num escravo

Aquele tipo de amor

Manda um homem direto para a sepultura

 

Eu vou enlouquecer, enlouquecer, baby, eu vou enlouquecer

Você apronta

Depois vai embora

Você me deixa

Enlouquecer, enlouquecer, baby, eu vou enlouquecer

O que eu posso fazer, querida

Eu me sinto triste

 

Você está pegando as suas coisas e dizendo como é difícil

E me diz que é hora de partir

Mas eu sei que você não está vestindo nada debaixo desse casaco

E que isso é só um showzinho
 

Aquele tipo de amor

Me fez querer abaixar

As cortinas

Aquele tipo de amor

Agora eu nunca, nunca, nunca, nunca mais serei o mesmo

 

Eu estou perdendo a cabeça

Garota, porque estou enlouquecendo

Eu preciso do seu amor, querida

Eu preciso do seu amor

 

Enlouquecer, enlouquecer, baby, eu vou enlouquecer

Eu estou perdendo a cabeça

Garota, porque estou enlouquecendo

Enlouquecer, enlouquecer, baby, eu vou enlouquecer

Você apronta, depois vai embora

Você me deixa

 

-Miyavi eu... eu nunca fiz isso... – consegui resmungar contra sua boca.

 

-Crazy... crazy... – se limitou a cantar enquanto descia uma trilha de beijos pelo meu pescoço, e tenho certeza de que não havia música que melhor descrevesse nossa situação.

Eu sufocava enquanto ele me beijava daquele jeito, o mundo perdendo o sentido aos poucos; tentei me firmar na parede, mas escorreguei a mão num quadro e o mesmo foi ao chão com um barulho alto de vidro quebrado que nos assustou.

Entreolhamo-nos e começamos a rir baixinho, olhando ao redor como se dedos acusatórios fossem surgir do nada. Mas como ele mesmo havia dito...

-Estão todos dormindo – sussurrei enquanto sorria de um jeito inesperado até para mim, envolvendo sua nuca com meus dedos desesperados, tomando sua boca para mim.

-I go crazy, crazy, baby, I go crazy – continuou ainda contra meus lábios, me empurrando gentilmente por uma porta aberta, e mal tive tempo de compreender que aquele era seu quarto, trancou-nos ali e fui jogado na superfície macia que supus ser sua cama.

Sentia um calombo fofo debaixo das costas e me obriguei a largar Miyavi tempo suficiente para tirar um ursinho pink dali, sorrindo para o brinquedo.

-Love-chan deixou o amiguinho aqui? – sorri para o rosto pálido quase colado ao meu e me surpreendi com a tonalidade rosa das suas bochechas.

-N-na verdade o Kai-chan é meu.

Pisquei aturdido, sorrindo da sua vergonha e daquela revelação – Então você tem ursinhos com meu nome?

Beijei seu rosto o puxando mais sobre mim, o peso do seu corpo parecendo certo ali.

-Não ponha no plural, é apenas um... e enquanto não podia  dormir com o Kai-chan de verdade, ele foi um bom substituto – sorriu de canto, os olhos ainda baixos.

Olhei mais um pouco o urso que em nada poderia me lembrar e o joguei para o lado.

-Desculpe, Kai-ursinho-chan – disse com uma solenidade forçada – Mas seu tempo de serviço acabou.

Miyavi se arriscou a me olhar, o rosto ainda corado, e não resisti em lhe tomar em um beijo necessitado, apertando-o contra mim, apoiando-me contra a cabeceira da cama. As mãos apressadas de Miyavi subiram pela minha cintura tirando a camiseta e a jaqueta de uma vez, e era estranho... me sentia envergonhado, com medo que ele não gostasse de mim ou...

-Tão lindo – o selar de lábios suave me surpreendeu, descendo os mesmos pelo meu peito, seguindo devagar até a barra da calça que contornou com os dedos, passando a língua pelos lábios.

Os dedos ágeis abriram o botão e o zíper, correndo livremente pelo tecido mais fino da boxer escura que usava e qualquer receio podia ir por água a baixo enquanto ele me tocasse ao mesmo tempo que sussurrava aquela maldita música.

Puxei sua camiseta fina com força, liberando o tronco desenhado, as tatuagens que pareciam ser parte natural dele pelo jeito com que combinavam com a sua personalidade. Eu... eu queria cada centímetro de pele pra mim.

Seu aperto forte estimulava meu membro semi desperto e podia sentir sua rigidez contra a minha perna e por mais surpreendente que fosse para uma pessoa como eu, até o momento tido como hétero, não havia nada de estranho ou incômodo nisso. Talvez se fosse outro cara... mas ali era aquele idiota colorido que me tirava do sério e fazia sorrir. Era meu Miyavi!

-Acho que esses dias são poucos demais pra poder dizer que te amo – ouvir sua voz trêmula quando mais nada no mundo fazia sentido era um pouco assustador, ainda mais se ele fosse dizer que seria apenas mais um... Meu peito já estava apertado antes que me desse conta – Mas posso dizer que... Não queria mais ter que ficar longe de Kai-chan e se pudesse... gritava para todo mundo que é meu...

-Não é quase a mesma coisa? – tinha noção de que meu coração descompassado ainda doía e meu rosto estava em chamas, os dedos atrevidos ainda em mim.

Sorriu de canto, se abaixando mais para beijar meu tórax com cuidado – Mera formalidade.

Ri baixo, me permitindo beijar e marcar aquele corpo onde ainda não havia tinta, me surpreendo com os arrepios que se assemelhavam aos meus. Senti seus dedos adentrando o elástico da minha roupa íntima e abocanhei seu mamilo rosado, como se descontando ali os gemidos que não me permitia vocalizar com o constrangimento.

-K-Kai-chan... – gemeu manhoso, mordendo meu pescoço em seguida.

O contato da sua mão macia contra meu íntimo foi como fogo em pólvora, me fazendo arquear as costas e puxa-lo contra meu peito. Miyavi se afastou apenas tempo suficiente para arrancar sua calça e depois a minha, voltando a colar seu corpo no meu, o calor passando de um para ouro com necessidade, incendiando.

-S-será que eu posso – falar não era uma tarefa fácil naquele momento, mas Miyavi parecia ter alguma dificuldade em ficar calado, as mãos me apertando, puxando, tocando de todas as maneiras – p-posso tirar isso aqui?

Estremeci com o toque delicado sobre minha excitação, lembrando de repente que aquela situação ainda era um tanto inesperada e não tinha ideia do que fazer.

-Myv eu... eu não sei... – balbuciei quase em pânico.

Se apoiou nos cotovelos e me observou com um sorriso gentil, passando aquela calma e confiança que me deixava sem saber como reagir.

-Podemos ficar nisso mesmo, para mim já está mais do que bom – disse carinhoso, selando de leve meus lábios antes de se afastar mais uma vez – Ter Kai-chan aqui comigo já é mais do que poderia pedir.

De repente o medo de voltar atrás foi maior do que o de ir adiante, e me desesperei com a possibilidade de não sair mais daquele ponto estagnado, onde todo mundo podia me dizer o que fazer. Não, eu estava cansado de ter medo de ir além.

-Não, por favor – pedi baixinho, abraçando seu pescoço até que voltasse a se deitar sobre mim – Parece tudo errado, mas... Isso talvez seja a única coisa certa. Eu quero isso, Miyavi... eu quero você...

Teria terminado meu discurso se sua boca não estivesse na minha de repente, nossas línguas se envolvendo quase com violência. Passou o braço pela minha lombar e de repente me pos sentado no seu colo, se erguendo ao mesmo tempo até estar ereto. A força dele me surpreendia, e de uma forma estranha adorava me sentir comandado, dependente dele.

Era a primeira vez que a decisão dos atos não me cabia e descobri que gostava disso.

-Eu só... – apartei o beijo para respirar com dificuldade; não conseguia olhar em seus olhos, envergonhado em admitir aquilo – Eu só não sei o que fazer... como fazer... eu nunca...

Senti que ele parava por um momento e devia me observar atentamente, mas tinha vergonha demais para encara-lo.

-Nunca, tipo... nem com uma garota? – ele devia se divertir insistindo naquele assunto.

Engoli em seco, virando o rosto para o lado, desejando jamais ter mencionado aquilo.

-É que ninguém nunca... me interessou de verdade – resmunguei com alguma irritação.

Meu corpo ainda formigava e aquela maldita ereção estava dolorida, eu só queria terminar de uma vez aquilo, mas ele pensava diferente. Suas mãos largaram minhas costas e seguraram meu rosto para si, me obrigando a agarrar seus ombros para não cair.

Seus olhos brilhantes estavam quase marejados e tinha vontade de rir de tudo agora, mas não podia, perdido naquela expressão maravilhada.

-Kai-chan é mesmo perfeito – disse baixinho, se aproximando, ainda com os olhos bem abertos nos meus – Vou fazer com que seja a melhor coisa que já lhe aconteceu.

Tremi sob aquelas palavras, sem conseguir fechar os olhos quando me beijou, o excesso se saliva escorrendo entre nossos lábios pelo seu queixo e senti meu baixo ventre pulsar mais.

-Miyavi... – gemi, mal me reconhecendo; joguei a cabeça para trás e deixei que me marcasse ali, descendo a trilha de beijos enquanto arrancava de uma vez minha última peça de roupa.

Estava envergonhado e exposto, me sentia frágil naquela situação, mas não tinha medo contanto que fosse aquele sorriso doce que acompanhasse as carícias ousadas, me deixando completamente entregue enquanto beijava meu abdômen, descendo mais e mais.

-Mi-Miv... n-não....

-Kai-chan fica muito fofo gaguejando – disse sacana, se inclinando ainda mais, lambendo os lábios demoradamente.

Ao primeiro contato dos seus lábios já gemi como nunca fizera, meu membro completamente engolido por aquela boca quente, a saliva escorrendo por ali, arrepiando. Sentia sua língua me tocando com cuidado enquanto movia a cabeça para cima e para baixo e se fosse possível, estava ainda mais excitado.

Meu corpo tremia e os espasmos estavam ficando ritmados, alertando Miyavi de que estava próximo do meu ápice, me sentindo constrangido pela rapidez. Ergueu o rosto e um fio de saliva ainda nos unia, combinando malditamente com aquele sorriso sexy.

-Não podemos acabar tão depressa, Kai-chan – disse apenas antes de se ajoelhar e puxar uma das minhas pernas para seu ombro numa posição mais do que constrangedora. Quis protestar mas perdi completamente a razão quando se inclinou mais uma vez e sentia sua língua na minha entrada virgem.

-Miyavi! – chamei alto demais, mordendo os lábios em seguida até que tivesse gosto de sangue, meu rosto queimando.

-Desculpa, eu não tenho lubrificante nem nada e não quero que se machuque – disse com aquele sorriso perfeito, se inclinando sobre mim, largando meu corpo na cama para poder me beijar.

Meu gosto ainda parecia forte na sua boca, e de certo modo correto, um beijo intenso sufocando o desconforto daquele primeiro dedo que me invadia. Movia-o dentro de mim, devagar, e por mais que aquilo fosse esquisito, não podia deixar de achar bom.

-Pensei que fosse hétero – resmunguei mal pensando naquilo, apenas sentindo o movimento das suas mãos.

-Ah... nunca pensei nisso. Se gosto de alguém, não me importo quem seja – disse simplista, voltando a me beijar, esfregando seu corpo no meu enquanto introduzia um segundo dedo.

Ele era simples e verdadeiro. Podia ler suas emoções naquele rosto lindo... e isso era incrível. Ele era “o que eu queria ser quando crescer”.

Mesmo o desconforto que sentia era pouco perto do que ele me passava...

-Miy... ainda está vestido – resmunguei ao perceber que ainda vestia a boxer, sorrindo para sua expressão surpresa.

Tirou os dedos de mim para poder terminar de se despir e me permiti um suspiro ao vê-lo tão perto de mim, tão totalmente meu.

-Eu vou devagar... se doer demais e gente tenta de outro jeito... se não der certo a gente para ou...

-Miyavi! – o interrompi com um sorriso divertido, chamando-o com um aceno.

Suspirou quando colou seu corpo ao meu novamente, fechando os olhos por um segundo – Tudo bem, eu confio em você – consegui dizer.

-Então vira – selou meus lábios antes de sorrir malicioso – Por experiência própria, é mais fácil.

Ouvir aquilo me fez sentir que queria-o demais dentro de mim e rapidamente me virei, apoiado nos joelhos e nos cotovelos, e ainda me sentia muito envergonhado, mas queria aquilo desesperadamente.

Encaixou seu membro em mim e começou a se enterrar, a dor e o incômodo enorme fazendo-me vacilar até que estivesse com o rosto de lado no travesseiro, uma lágrima tentando escorrer pelo meu rosto.

-Vai passar, Kai-chan... prometo que passa – sussurrava baixinho enquanto beijava minhas costas.

Depois e uma eternidade senti que estava finalmente em mim e não se mexia, esperando que a dor passasse. Eu tinha certeza de que não passaria tão cedo e ainda podia ficar pior, minha pele ardendo e queimando com a invasão, então simplesmente deixei que fosse logo.

-Myv... se mexe – disse com dificuldade.

Estava de olhos fechados, tentando me impedir de demonstrar como aquilo machucava e apenas sentia seu corpo entrando em saindo de mim, alargando aquele canal apertado. Meu corpo queimava e lentamente encontrei aquela excitação que sentia antes, me permitindo descerrar os lábios para gemer.

Puxou-me pela cintura, erguendo mais meu quadril e voltei a me apoiar nos braços, e naquela primeira estocada profunda, algo dentro de mim fez com que quase perdesse os sentidos com o prazer.

-Ahh... mais... Miyavi... mais! – pedi sem me importar que estivesse parecendo uma prostituta. Era a primeira vez que aquilo não doía como o inferno então ia aproveitar.

Atencioso como era, se inclinava mais sobre mim, me beijando, mudando o ângulo em que estávamos unidos para conseguir me tocar livremente. Seus dedos começaram a me masturbar, no mesmo ritmo em que se movia em mim, multiplicando aquela sensação incrível e... completa.

Não sei em que pontos nossos gemidos se misturaram, mas ambos estávamos no nosso limite e o mundo não parava de girar fora daquele quarto. Não tive um aviso, apenas me desfiz em suas mãos, meu corpo amolecendo todo, despencando na cama e o trazendo comigo, enfim me preenchendo.

-Descul... pa... – ofegou contra minha orelha, largado sobre mim – Foi dentro...

Neguei com um aceno, respirando descompassado – Isso foi... foi ótimo...

Saiu de dentro de mim me deixando com uma sensação estranha de que algo faltava, mas o receio foi esquecido quando se aninhou as minhas costas, beijando meu ombro. Virei o rosto para que pudesse vê-lo e sorri contra o selinho demorado que me deixou ali, inesperadamente.

-Quero muito que a gente possa ficar assim para sempre – sussurrou como um segredo, e podia olhar dentro daqueles olhos pelo resto da minha vida.

-Para sempre é muito tempo – brinquei com um sorriso, mas meu coração batia descompassadamente feliz.

-Mas não seria o suficiente – disse com determinação, suspirando e seguida – Mas no momento, talvez devêssemos tomar um banho e voltar a pensar naquele cara dormindo no meu sofá.

-Tenho medo do que ele possa fazer a si mesmo – não queria me sentir deprimido novamente, mas a situação ainda não estava controlada.

-Vamos cuidar dele – Miyavi me sorria com carinho, beijando em seguida minha testa – E eu cuido de Kai-chan.

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Aoi

 

Viver sozinho não é tão ruim depois que você se acostuma, só é um pouco... triste.

Naquele momento, por exemplo, eu preferia que alguém tivesse insistido em ficar ali ao meu lado, segurando minha mão enquanto me colocavam deitado de bruços para a primeira sessão de quimioterapia.

Intra... raquial... acho que era isso, estava com tanto medo que não queria ouvir o que eles diziam. Fechei os olhos, o rosto deitado de lado naquela cama esquisita, o frio daquela coisa que não entendia mas que passavam na base da minha coluna, limpando antes de começar.

Eu tinha medo.

Takashima-san recebia os medicamentos pela veia, mas no meu caso eles precisavam ser mais rápidos, eu tinha demorado a perceber. Talvez porque parecesse bizarro ter a mesma doença daquela mulher que era quase minha mãe...

Seu sorriso doce entrou no meu campo de visão, sabe-se lá de que sonhos distantes e meus olhos se encheram de lágrimas.

-Shiroyama-san, tudo bem? – questionou a enfermeira que me acompanhava e me obriguei a sorrir.

-Sim, me desculpe, sei que tenho que me manter calmo – disse simplista, permanecendo com aquele sorriso falso até que ela se afastasse com um olhar de pena que eu não queria.

Eu também não queria ter de me manter calmo.

Depois da picada da anestesia eu não sentia dor, mas conseguia quase ver aquela agulha grossa entrando na pele, na carne... perfurando o osso. O medicamento tinha que ser o mais direto possível, direto na coluna servical. Não doía, mas era desconfortável, meu corpo sabia que havia um objeto estranho ali, como uma farpa cravada e que não podia tirar.

Agonia.

Eu estava com tanto medo!

Era estranho estar ali, minha mente longe, num passado que não queria recordar. As brigas na casa dos meus avós, meus pais separados que se afastavam mais e mais. Depois todos morrendo, uns depois dos outros enquanto Takashima-san me fazia aprender a viver.

Não queria lembrar, mas eu via aquele pequeno Kouyou chorando baixinho abraçado na foto do pai, seu primeiro e único amigo confidente.

Ele não viria me ver. Ele tinha medo da morte, medo de ficar sozinho de novo. Talvez fosse igual a ele quando me neguei ir ver as pessoas que me criaram quando estavam em seu leito de morte, mas também era diferente. Eu só queria que eles me deixassem em paz.

Kouyou imploraria para que não se fossem.

Primeiro seu pai, morto quando ele nem tinha dez anos. Então foi embora e não teve coragem de voltar quando perdeu a mãe. Takashima-san sabia disso, ela mesma me disse.

“Ele tem medo de perder as pessoas que ama. Se sente impotente e não sabe lidar com isso. Ele me ama, mas não virá.”

Eu nem poderia afirmar que me amava, já que... Eu sempre estive ali, onde ele poderia voltar. Eu era apenas o seu lar, um ponto fixo na confusão que era sua vida. Ele não me amava de verdade, ele apenas queria poder me ter por perto.

-Você sabe que é assim... – disse baixo, para mim mesmo, meus olhos se enchendo de lágrimas – Então por que está chorando, idiota?

Senti a agulha ser tirada de mim e rapidamente fizeram um pequeno curativo, me ajudando a deitar de costas imóvel naquele quarto tão errado.

Por que eu estava chorando?

Por que eu estava?

Por que?

Eu o amo.

-Porque eu o amo – as lágrimas corriam soltas e a última enfermeira entendeu que tinha que ficar sozinho, saindo silenciosa – E isso dói muito...

Cobri os olhos com o braço, chorando amargurado mal ligando para a movimentação estranha que vinha de fora.

-Senhor! Não pode entrar aqui! – a voz do outro lado da porta fechada estava alterada, mas não era algo que me fizesse sair daquele estado de depressão – Não pode entrar fora do horário de visitas, senhor!

-Que se dane as regras daqui! – aquela voz grossa num timbre desesperado quase irreconhecível me fez parar até mesmo de respirar.

A porta se abriu de repente e a primeira coisa que vi foram os cabelos claros e bagunçados que amava. Meu coração se apertou ao ver que ele chorava, e talvez ainda levasse uma vida para entender que era por mim aquelas lágrimas, se não tivesse se pronunciado.

-Eu quero o meu Aoi...

 


Notas Finais


Não foi um capítulo cheio de amor?? *-*
Comentem pra continuar sendo boazinha XD

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