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História Apenas um dia, uma noite. - Limites


Escrita por: ArmyTiaDosGatos

Capítulo 84 - Limites


Yoongi

É dia de gravação no estúdio. Apenas Hobi está comigo. É complicado lidar com os demais, em alguns momentos eles parecem não entender bem a situação. Todos parecem ter algo a dizer. Isso inclui Emma, que provavelmente é a que mais diz o que pensa. Pelo que entendi, Hobi, Tae e ela tem passado por uma crise por conta disso. Me sinto culpado por isso estar acontecendo.

— Acha melhor gravar essa parte de novo? — Hobi me tira dos meus devaneios.

— Certo. Vou gravar mais uma vez.

Gravo a parte novamente. Hobi sorri para mim. É tarde, muito tarde mesmo, mas ele insistiu em ficar comigo e me ajudar nisso.

— Tem tanto sentimento nessa letra. — Ele comenta. — Como foi compor algo assim?

— Tudo que se passava na minha cabeça, era uma frase. Desde que Ella se foi levando Aelin consigo, há um buraco no meu peito. Me lembro exatamente do dia em que eu concluí essa música. Ainda estava no exército.

A memória daquele dia vem nitidamente. Uma montanha russa de emoções. Era novembro do ano passado.

— Ei, Min! — O comandante me chamou quando estou saindo da sala. — Junto com sua nova patente, você tem direito a mais algumas coisas. Acréscimo de velocidade e tempo para usufruir da internet, mudança de quarto e mais algumas coisas que com o tempo você irá descobrir. Esse rapaz na porta te levará até seu novo quarto.

Saio dando de cara com um soldado de aparência cansada. Todos estamos. Foi um longo dia. Ele me guia até meu quarto e se oferece para ajudar com a minha pequena mudança, mas recuso prontamente. Faço o possível para me instalar rapidamente, assim posso fazer minha ligação para Aelin tranquilamente.

— Oi papai! — Aelin me cumprimenta em coreano.

— Oi minha princesinha! Pronta para mais um dia de aula?

— Não. Papai, a mamãe está brava. — Ela comenta baixinho.

— Com você?

— Não. Com o menino mau da escola.

— O que o menino mau fez?

— Ele puxou meu cabelinho e me chamou de Alien. Falou que meu nome é estranho.

— O que?

— A mamãe disse que vai ligar na escola agora.

Aelin vai com o telefone até a escada. Consigo ouvir Ella xingando em português, provavelmente uma tentativa de que Aelin não repita. Todos aprendemos algo com Phill.

— Finalmente. — Ouço a voz de Ella. — Bom dia diretor Pennyworth. Houve um incidente com Aelin na escola e eu não apenas não fui informada, como estou tendo que convencer minha filha de que está tudo bem voltar para a escola. — Ela faz uma pausa. — Esse garoto, Luke de um ano acima, abordou minha filha depois da hora do sono e puxou o cabelo dela e disse que ela é um Alien, fazendo uma piada com o nome dela. Eu não vou admitir que minha filha passe por algo assim. Exijo providências! Eu não pago quase quase duzentos mil por ano para minha filha ser tratada dessa maneira. — Mais uma pausa. — Eu pago duas mensalidades ao invés de uma e você expulsa esse garoto, temos um acordo? — Outra pausa. — Nesse caso, acho que devo transferir Aelin para uma escola que promova o bem estar dos alunos. Já que o senhor afirma que nenhuma punição será aplicada só porque aquele projeto de valentão é filho de algum figurão da política. O senhor sabe de quem Aelin é filha, assim que souberem que ela teve que trocar de escola depois de apenas um mês, os sites de fofoca arrastarão o nome da sua escola na lama. Vou fazer questão de divulgar uma nota dizendo que sua escola incentiva valentões e que o respeito é baseado em quem são os pais dos alunos. Vai ser um show de horrores. Mando alguém buscar os papéis da transferência de Aelin à tarde. Não é mais negociável, e espere um processo, não meu, mas do estado da Califórnia. Passar bem.

— Vamos subir, querida. — Digo sussurrando, Aelin entende e sobe as escadas.

— Papai, eu vou ficar sem escola? — Ela faz um biquinho adorável.

— Não, amor. Vai ficar tudo bem. Sua mãe vai conseguir uma boa escola para você. — Tranquilizo minha pequenina.

— Aelin, seu café está pronto! Venha comer. — Ouço Ella chamar.

Aelin desce as escadas ainda com o telefone em mãos. Ouço algumas conversas de Ella no telefone, minha filha logo termina de comer.

— Aelin, vá escovar os dentes e trocar de roupa, deixe o celular porque preciso falar com seu pai. — Ella fala com tranquilidade.

— Tudo bem. Tchau papai! Até amanhã! — Aelin acena.

Ella pega o telefone, ela está tão magra, abatida e cansada, sinto meu coração apertar.

— Vou organizando a cozinha enquanto conversamos, se incomoda?

— Não, de modo algum.

— Parabéns, o exército nos avisou sobre a mudança de patente.

— Obrigado. Aelin contou sobre o que houve na escola e nós ouvimos sua ligação.

— O garoto é filho de um figurão que tem dinheiro até não poder mais. Nada será feito ali.

— Se você acha que ela não está segura lá, é melhor trocar de escola. Já tem alguma em mente?

— Conversei com uma outra escola, concorrente direta dessa. Aelin e eu faremos uma visita à tarde. Quis conversar com você sobre outro assunto. Sua mãe tem me ligado, insistido bastante, na verdade.

— O que ela queria?

— Na primeira vez para dizer que é uma vergonha eu morar em outro país enquanto você está no exército. Na última, ela ameaçou procurar a imprensa e contar da separação. Obviamente eu mandei ela ir se foder, mas achei melhor te avisar.

— Eu não acredito que ela foi tão... — Respiro fundo tentando me acalmar. — Me desculpe por isso. Vou resolver tudo.

— Certo.

— Sinto muito.

— Até.

Ela desliga. Um sentimento agridoce toma conta. Converso com Song-ni, meu pai e também um advogado. Talvez assim, consiga resolver isso.

Após o banho, me sento na cama ligo o notebook e abro um esboço de composição nunca terminada. Não chega a ser uma composição, são apenas frases que me vêm à mente sobre Ella, nosso casamento, sua vida atual.

"Desde que você se foi, o mundo parou de girar. Sinto falta dos seus olhos, do seu sorriso e sua voz tranquila cantarolando algo à noite. Seus cabelos espalhados na cama e o toque do seu celular. Coisas bobas e cotidianas que agora dilaceram meu coração.

Já não sinto nada como deveria. Minha cabeça não funciona como antes. Só penso em você, na sua risada, nas suas mãos tocando meu rosto. Queria voltar no tempo, dizer que te amo e te abraçar apertado.

Esteve comigo em todos os momentos. Meu apoio, meu amor, um pedaço bom da minha vida. Essa já não é você. Talvez nunca mais seja. Sinto muito por isso."

Naquela noite, terminei o que faltava. Guardei a música pensando se teria coragem de gravar. Na manhã seguinte uma reportagem sobre a mudança de escola de Aelin.

— Ella luta por Aelin de tantas formas. — Hobi diz com admiração quando termino a história. — O que resolveu com a sua mãe?

— Que se ela divulgar sobre minha vida, meu pai e eu vamos declarar que ela é louca e tem alucinações.

— Isso parece cruel, mas imagino que foi a única solução, não há mais o que fazer. — Ele boceja. — Melhor irmos para casa.

— Te dou uma carona até o prédio de Emma. — Digo preocupado em deixar ele dirigir tão tarde.

— Estou ficando no dormitório. Preciso de um tempo. Emma... Não está sendo fácil lidar com ela. Taehyung também está no dormitório. Ela anda estranha.

— Como assim?

— Eu... Bem... — Ele se embola todo.

— Prefere não falar sobre isso?

— É... Meio que estou tentando criar limites. Foi algo que conversei com Ella e Taehyung. Por isso voltamos para o dormitório.

— Jimin tem dormido no antigo quarto de Phill. Se vocês dois quiserem ficar lá também. — Sugiro.

— A casa fica menos vazia? — Ele pergunta colocando a mão em meu ombro.

— Foi horrível chegar de Los Angeles e encontrar o apartamento vazio. Felizmente Jimin também queria um colega de casa, então nos acertamos.

— Por que não ficar no dormitório? — Ele me encara curioso.

— Em casa temos o estúdio, a piscina e os chuveiros são melhores, mas o melhor de tudo é que eu consigo lembrar de bons momentos com elas. Quando Aelin colocou as mãos em meu rosto e me pediu para ficar, foi o ponto mais próximo que cheguei de desistir de tudo. Por elas eu desistiria dessa vida de turnês, shows, ensaios e entrevistas. Levaria uma vida tranquila com elas em uma casa confortável em um lugar sossegado.

— Você tentou conversar com Ella sobre o que houve?

— Tentei e não chegamos a lugar nenhum.

— Por que não volta ao doutor Oh? Ele pode ter algo para te ajudar a entender o que houve e como resolver.

— Não! Ninguém mais vai entrar na minha cabeça. Nunca mais!

— Calma, cara. Tudo bem. Se não se sente à vontade com ele, por que não tenta outro? Pode te ajudar e... — O interrompo.

— Hoseok, ninguém nunca mais vai mexer com a minha cabeça. Nem doutor Oh, Choi YunHee, ou qualquer outro.

— Certo. Vamos para casa. Comemos e vamos dormir. Falta pouco para você lançar a mixtape completa.

Quando já estamos no elevador de casa, Hobi me encara. Ele então sorri.

— Você acha que Ella pode ouvir sua música?

— Não sei. Talvez se aparecer em alguma playlist dela. — Dou de ombros.

— Talvez se tocar no rádio. — Ele sugere.

— Ela não ouve rádio. Seu celular está sempre conectado com o som do carro.

— Pode acontecer uma hora. Outra pessoa pode estar ouvindo no trânsito e ela acabar ouvindo. — Ele dá de ombros. — Esse vai ser meu plano. Vou fazer sua música tocar em cada rádio de Los Angeles.

— Ok. Já decidiu o que vai fazer no seu aniversário? — Desvio o assunto.

— O plano era jantar com Emma e Taehyung em casa e... Enfim, acho que não vai dar.

— Por que não jantamos todos no dormitório depois da sua Live de aniversário?

— Só os sete? Acho que preciso de algo assim. Porque se as garotas vierem, Emma também virá e ela vai transformar meu aniversário em um show de acusações contra você e todos que entendem seu lado. Ella e Emma não tem se falado bem.

Entramos em casa, está tudo escuro. Exceto a sala. Jimin e Taehyung dormem esparramados no sofá. Hobi e eu seguimos para a cozinha. Preciso de um lanche.

— Ella não tem falado com nenhuma delas, mas parece estar conversando com vocês. — Comento curioso.

— Não tocamos nos tópicos sensíveis. Casamento, magreza e atualmente as próprias garotas. Nonna tem usado o problema da vinícola para reaproximar elas, mas tem dado errado por causa de Emma.

— Ella se fechou para todos. Joel me avisou. Nonna também. Aquela Ella de sorriso brilhante e referências estranhas morreu. O que temos no lugar é preocupante.

— Não deve ser fácil passar por tudo que ela passa e proteger Aelin no processo. Existe algo que preciso te contar.

Volto minha atenção para ele. Abandono o lanche e espero que ele tome coragem.

— Ella voltou à Seul uma vez enquanto estávamos no Exército. Veio resolver algumas coisas da Line Plus. A questão é, sei disso porque a vi sentada naquele banco sob a árvore velha, na base. Ela observou você de longe durante todo o período de visita. Óculos, máscara e casaco. Parecia normal para quem não soubesse o que procurar. Quando me aproximei, ela apenas me abraçou e disse "cuide dele". E foi embora. Ela pode ter mudado. A antiga Ella já não existe, mas algo tenho certeza. Todas as versões dela sempre vão amar você. — Ele dá um sorriso triste.

— Obrigado. Por me contar isso. Pela ajuda com a mixtape. — O abraço.

— Faria o mesmo por mim. Vamos dormir, estou exausto.

Terminamos de comer e organizo as coisas para Hobi. Pego roupas antigas de Phill para ele. O garoto vai ser um gigante, com dezoito já tinha a altura de Seokjin. Sinto falta dele. Ainda nos falamos esporadicamente, mas nada muito detalhado.

O dia seguinte começou com ensaios, mas após o almoço um de nós está com a cabeça em outro lugar. Jungkook não parece nada bem.

— Ok. Vamos dar uma pausa. Voltamos em quinze minutos. — Hobi anuncia já buscando sua água.

— Desembucha Jungkook. — Jin diz assim que nos sentamos.

— Estamos diante de um colapso e não podemos fazer nada à respeito. — Ele diz, deixando alguns confusos.

— A venda da vinícola? — Namjoon pergunta.

— O que? Por quê? — Pergunto confuso. — Não ouvi nada sobre isso quando estive lá. Sei do problema com a área plantada perdida, mas isso é uma medida extrema. Temos que ajudar.

— Calma. — Taehyung diz já mexendo no telefone. — O que acontece é... — Ele respira fundo. — Ella está vendendo a parte dela na vinícola. Uma forma de se afastar mais ainda das garotas. A reunião aconteceu hoje de manhã. Algo está muito errado com ela, por isso, após as apresentações de março vou até Los Angeles pessoalmente conversar.

— Ah, é isso? — Jin pergunta voltando a se hidratar.

— O que vocês sabem e eu não? — Pergunto já perdendo a paciência.

— Ella não conversa com nenhuma delas desde que foi para Los Angeles. — Jungkook explica. — Exceto quando se trata de decisões sobre a vinícola e mesmo assim, ela passa muita coisa para elas por e-mail.

— Emma foi até Los Angeles atrás dela. — Taehyung comenta. — Não deu em nada. Ella viajou no mesmo dia, algo sobre consultoria em Londres. Aelin foi com ela.

— Ella tem afastado todos. Isso não é bom. — Namjoon afirma.

— Também não é bom ela pedir espaço e não respeitarem o pedido dela. — Jimin responde. — Como ela pode se curar assim? Foram feridas profundas e sempre que começa a cicatrizar, alguém aparece com um comentário sobre Yoongi, voltar para Seul, traição, Choi YunHee. Ella não precisa de alguém relembrando o que ela quer esquecer. Eu entendi isso na primeira vez que liguei para ela depois que tudo foi aos ares.

O restante do ensaio foi um fiasco. Todos desconcentrados. Hobi nem se deu ao trabalho de brigar. Surpreendentemente, Song-ni aparece com um semblante sério.

— Yoongi, acho melhor você ver isso. — Ela me estende um tablet e lá está uma foto de Ella e seus amigos em um jantar. O problema é o homem ao seu lado e o título da reportagem. "Amor adolescente X Casamento".

— Tenho uma reunião com ela para controle de danos. Se quiser, pode entrar e ouvir tudo. — Song-ni diz com um sorriso amarelo.

— Vou tomar um banho e vou. Sei que a história vai ser longa e eu odeio ficar suado.

— Certo.

O banho é apenas um disfarce. Preciso ler o texto completo antes de ouvir o que Ella tem a dizer. Quinze minutos depois, estou no banho. Para esfriar a cabeça. Maldito seja esse tal advogado Harvey não sei o que. Ao entrar na sala, Song-ni sinaliza onde devo me sentar.

Uma fonte afirmou que Ella e Harvey namoraram durante o ensino médio e pretendem reatar. — Ela lê em seu telefone. — Que fonte? Por que eu ir em um encontro de ex-alunos e conversar com um amigo que não via há anos se torna uma notícia de suposta traição. O que essa gente tem na cabeça, Song-ni?

— O que vocês tiveram de fato e o mais importante, ele vai apoiar sua história? — Song-ni pergunta.

Harvey e eu somos amigos, mas três meses antes da formatura do ensino médio começamos a nos relacionar. Não chegamos a namorar, só tinha sexo incrível e safado e nada mais. Ele foi para Harvard e eu para UCLA. Só nos encontramos no aniversário de Ethan em Vegas e nesse encontro de ex-alunos.

— Aconteceu algo?

Ninguém sabe que Yoongi e eu não estamos juntos. Então Harvey me procurou e me pediu para deixar Yoongi e ficar com ele.

Meu coração se parte em mil pedaços. E se ela aceitou? O que vai ser de mim? Não sei se posso suportar.

— O que você disse? — Song-ni pergunta.

Eu... — Ella começa, mas é interrompida.

MAMÃE! — É a voz de Aelin.

Meu coração acelera. Ella corre derrubando a cadeira ao se levantar. Song-ni e eu encaramos a tela à procura de respostas. Vejo Ella passar apressada segurando Aelin no colo. A pequena chora como nunca vi antes. Não consigo ver claramente o que está acontecendo, mas vejo sangue. Me desespero. Ouço barulho de chaves, Ella está saindo. Tentamos ligar em seu telefone apenas para ouvi-lo tocar sobre a mesa.

— Droga! — Vocifero tentando acesso às câmeras de segurança.

Não encontro nada. Tento ligar para outros, mas ninguém sabe de Ella ou Aelin. Por quatro horas nos revezamos em volta da tela esperando notícias. Até que Ella voltou. Mais meia hora até ela atender o telefone e ver todos nós na chamada de vídeo. À essa altura, os sete já estavam reunidos, além de Song-ni e Nina, as outras garotas estavam a caminho. 

Aelin tem um corte na cabeça. Ela caiu do banquinho que usa para escovar os dentes e bateu a cabeça, acabou abrindo um corte de mais ou menos dois dedos. Está tudo bem agora. O médico explicou que não houve nenhum tipo de dano. Ela vai ficar em observação no hospital até amanhã. Vim apenas buscar algumas coisas, vou ficar com ela. Todo resto vai ter que esperar. Até mais.

— Certo, querida. Até mais. — Song-ni diz com um sorriso ameno. 

Ella, me mantenha informado por favor? — Peço. 

Envio informações conforme receber.

Ela desliga a chamada de vídeo. Observo pelas câmeras de segurança da casa. Toda sua postura exala preocupação. Acompanho tudo até que ela saia de casa. Minha vontade é alugar um jato e voar até Los Angeles para pegar minha filha no colo e ter certeza de que está tudo bem. O que é impossível. A agenda está lotada, não há o que fazer. Adiar prejudicaria os outros.

Duas horas depois, Ella envia uma mensagem avisando que estão fazendo checagens e exames. Porém avisa que podemos ligar por chamada de vídeo assim que pudermos.

— Como ela está? — Pergunto assim que a chamada de vídeo conecta.

Está bem. Estamos esperando o neuro fazer mais uma avaliação. Estão avaliando a cada hora. — Um copo grande de café é entregue a ela, que agradece rapidamente.

Vejo as mais diversas reações das garotas. Só então reparo há um casaco nos ombros de Ella. E definitivamente ela não estava com um casaco quando saiu de casa.

— O que o poderoso Harvey está fazendo em Los Angeles? — Amy pergunta cheia de sarcasmo.

Vim avaliar uma propriedade para ser o abrigo das mulheres dessa região. — Seu rosto aparece na tela.

— E isso inclui o hospital onde Aelin está internada? — Emma questiona.

Chega. — Ella diz ao pegar o telefone de volta. — Harvey soube do que houve e ofereceu ajuda. Nada de mais.

— Você pode contar com Nonna, Guido e Luna. Sabe disso. — Nina intervém.

Eu não vou lidar com vocês e toda essa implicância desnecessária outra vez. Já conversamos sobre isso. — Ella se levanta e deixa o telefone sobre a cadeira.

A senhora pode vê-la agora. — Ouvimos apenas uma voz.

Certo. Obrigada!

Tudo fica silencioso. Mesmo assim me recuso a desligar. Espero mais um pouco.

Ella ficou tão feliz em ver Aelin que deixou o celular. Oi mãe! Sim, a pequena está melhor. Vai ficar em observação e deve receber alta amanhã pela manhã. Fiquei tão preocupado. As roupas dela estavam sujas de sangue. A propriedade é fantástica. Com alguma reforma, podemos transformar em um refúgio seguro. Tem boa infraestrutura. Vai dar certo, mãe. Um dia vamos conseguir, mãe. — Ouço a voz de Harvey se aproximando, então ele pega o telefone e vê todos nós em volta da tela. — Tenho que desligar, te mantenho informada. Também te amo, mãe. — Ele guarda o próprio telefone no bolso. — Vocês ainda estão aí. Achei que já teriam desligado. Ella foi ver Aelin. Acho que ela deve ligar para dar notícias em breve. Até mais!

— Não se atreva a desligar! — Amy ameaça.

Tudo bem. — Ele coloca o telefone sobre a poltrona outra vez.

— Você se acha muito legal e importante não é? Se aproveitando da fragilidade de Ella para se aproximar. — Emma acusa.

Eu não estou fazendo nada disso. — Ele responde pegando o telefone. — Apenas tentando ajudar uma amiga em um momento difícil, nada mais. E todos sabemos que Ella é inteligente o suficiente para não permitir que ninguém se aproveite dela.

— Ella não está pensando com clareza. Nós estamos tentando tomar conta dela, e você não está ajudando. — Emma afirma.

Não concordo, mas essa não é uma briga minha. Apenas observo tudo.

Ela vai adorar saber que além de não respeitar o espaço que tanto tem pedido, vocês também acham que ela é ingênua a ponto de ser manipulada ou qualquer coisa do tipo. Com amigas como vocês, quem precisa de inimigos, certo? Agora entendi o motivo de tanto medo que eu me aproxime. Acham que sou tão babaca quanto vocês.

— Vamos manter o respeito. — Nina pede.

O mesmo respeito que demonstram pelos pedidos que Ella faz? Se ela diz que não quer receber visitas, vocês vem até a casa dela. Se diz que não quer ouvir nada sobre Yoongi, vocês fazem questão de contar tudo que sabem. Se pede que não interfiram, começam a falar mal do homem que ela é casada e tem uma filha. Estou errado? Não foi exatamente isso que fizeram?

— E você chega em toda mulher pedindo que ela deixe o esposo?! — Amy explode.

Isso é um código. Para violência doméstica. — Ele me encara. — Uma mulher que se afasta da família, dos amigos, muda a aparência física, se torna sombria e já não tem brilho nos olhos. Tudo nela naquela noite me fez acreditar que havia sofrido um tipo de violência, eu só não sabia qual. Então usei o código que combinamos há muitos anos. Queria ter certeza de que ela entendesse que estava segura comigo. Nós saímos da festa e fomos ao Old Stove. Ela me contou tudo, absolutamente tudo. Jennie, primeira crise no casamento, reconciliação, férias de inverno, exército, bebê, aborto, tudo. Cada detalhe, cada micro detalhe dessa situação. Tudo sob sigilo, eu agora sou advogado dela, então não posso divulgar nada do que sei. Desde aquela noite, tenho tentado ajudar como posso. Porque é o que fazemos pelo outro. Isso é amizade. Agora, se não se importam, preciso ir.

Ele desliga a chamada sem dizer nada. Me sinto chocado de mais para dizer mais alguma coisa. Todos na sala parecem estar tentando entender o que houve.


Notas Finais


Como estamos até aqui?
TÃO CALOR NESSA GOIÂNIA.
Obrigada por ler! 💜


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