Capítulo XXVI
Harry — Londres, Inglaterra
Estava tentando manter a calma para não deixar a Emanuele ainda mais nervosa. Ela está no banheiro, com a porta trancada e eu podia ouvir os soluços dela. Encostei-me A e na porta e fiquei ali por um momento, tentando absorver e entender o que está acontecendo. Reuni toda a coragem que possuo em meu corpo e bati na porta e alguns minutos depois ela foi aberta.
— Amor... Você não pode estar menstruada?
— Não, eu já menstruei esse mês. – ela suspirou e seus olhos encheram de água. — Eu não sei o que ‘tá acontecendo e eu estou com medo. – a puxei para um abraço e apertei seu corpo contra o meu, a confortando.
— Acho que deveríamos ir ao médico para saber o que está acontecendo. – ela negou rapidamente com a cabeça.
— Tenho medo do resultado. Posso estar com alguma doença e, até mesmo, grávida. – ela disse baixinho e mais lágrimas rolaram por seu rosto.
Respirei fundo e pude sentir todo o meu tencionar. Gravidez... Como eu não pensei nessa possibilidade antes? Ela teve um sintoma de gravidez ontem de noite. Ela encarou-me esperando por alguma reação da minha parte. Sorri para ela e segurei suas mãos.
— Mas você já parou para pensar como seria um filho nosso correndo por esses corredores e chamando por nós? – disse simples, encostando nossas testas. — Estou sendo verdadeiro com você, eu não tenho coragem de brigar com você e imagina com uma cópia sua...
Emanuele — Londres, Inglaterra
Harry passou o resto da noite comido conversando sobre esse assunto e outros diversos. Confesso ter começado a aceitar melhor essa ideia mesmo sem ter certeza... Estava deitada no sofá na companhia da Nina – o nome que eu decidi a dar a cadelinha. Harry está dormindo e estou aqui passando muito mal, estou soando frio e ainda estou sangrando. Decidi ligar para Gemma.
Ligação: Gemma Styles
— Gemma? Você está podendo falar?
— Estou sim... Me diga: como foi a sua noite com Harry? Quero saber de todos os detalhes!
— Nada boa... Senti um enjoo durante o nosso jantar. Durante a madrugada, depois de termos tido relações, eu tive um sangramento que está se perdurando até agora, e eu estou me senti muito mal. – disse de uma única vez. — Fiz algumas pesquisas e eu posso ‘ter’ duas coisas: gravidez ou estar passando por um aborto.
— COMO? Gravidez ou aborto? Você já foi ao médico Emanuele? Você precisa ir ao médico urgentemente! – ela estava afobada. — Chame Harry para te levar ao médico imediatamente.
— Harry está dormindo e eu não vou acordar ele. – pude ouvir um resmungar e suspirar descontente. — Preciso desligar, vou tomar alguns remédios... Mais tarde eu te ligo, ok?
— Ok Emanuele, mas qualquer dor mais elevada acorde meu irmão e vá ao hospital sem pensar duas vezes. – disse firme. — Melhoras...
Ligação finalizada
Entrei no banheiro principal e me sentei no sanitário e mais uma vez o sangramento e as dores vieram à tona. Foram minutos que pareceram horas com dores insuportáveis e eu pude sentir tudo, literalmente tudo, saindo de mim. Assim que as dores pararam eu levantei para tomar um banho e poder me limpar e assim que fui abaixar a tampa do sanitário e eu pude ver um pequeno feto. Meu coração se apertou e um choro alto e forte se iniciou. Não consigo acreditar que eu perdi o meu filho e que eu não fui capaz de não perceber? Senti no chão e pude ver o sangue se espalhar pelo piso.
A porta foi aberta e Harry me viu naquele estado.
— O que aconteceu? – ele perguntou se aproximando e abaixando-se na minha frente. Senti minha garganta coçar ainda mais. — Você está me deixando preocupado, me conta o que aconteceu.
— Harry... Eu estava grávida. – disse baixinho quase inaudível. Harry continuou analisando meu rosto. — Mas eu o perdi o bebê... – e foi nesse momento que os olhos dele marejaram e ele me abraçou, mesmo que as suas lágrimas estivessem em contato com a minha pele.
Dois dias depois...
Estava terminando de me vestir. Eu e minha mãe vamos ao médico para saber se tudo está ok comigo. Meu coração ainda está despedaçado e eu sinto culpa em todos os momentos sobre o que aconteceu. Fiquei dois dias sem ter contato com o mundo exterior. Anne e Gemma vieram me ver mas eu não as atendi, por diversos motivos. Respirei fundo e desci as escadas com o resto de dignidade que tenho em meu corpo.
— Vamos mãe.
(...)
— Boa tarde. – pronunciou a médica assim que adentramos o seu consultório. Seu olhar de piedade está me incomodando. — Sinto muito pelo ocorrido, mas vamos analisar seu útero para que situações como essa não voltem a acontecer. – disse calma e lego levantou-se. — Vamos fazer alguns exames para assegurar que está tudo bem com o seu corpo.
Concordei com a cabeça e levantei-me. Segui a médica até a sala onde iria acontecer a ultrassonografia. Ela passou um gel por toda a minha barriga e logo constatou que está tudo dentro dos conformes com meu útero. O gel foi removido de minha barriga. Voltei para a pequena sala onde estava a minha mãe e a médica logo se pronunciou.
— Não tem nenhum resquício do feto que fora abortado. Aparentemente seu aborto foi causado por uma quantidade exagerada de cafeína na sua corrente sanguínea, recomendo que você diminua o consumo. – disse enquanto analisava os papéis em sua mão. — Recomendo que você espere de quinze a vinte dias para voltar a ter relações sexuais com seu parceiro. – concordei, pronta para sair daquele sala médica. — E, por fim, recomendo que você só volte a tentar engravidar novamente daqui há um mês, enquanto isso se previna com preservativos e diversos métodos contraceptivos que existem no mercado.
A encarei: não quero filhos tão cedo.
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