1. Spirit Fanfics >
  2. Apenas Vá >
  3. Capítulo 50

História Apenas Vá - Capítulo 50


Escrita por: ViMatos-Oficial

Notas do Autor


olá meus bbs!

aqui estou eu com mais um capitulo para vocês, espero que gostem.

Capítulo 50 - Capítulo 50



Nunca é fácil dizer adeus. Não é de hoje que as pessoas falam isso, mas realmente não é. Ver o que você construiu se afastar aos poucos, ver pessoas que você ama se afastar é algo incrivelmente doloroso. Eu e elas construímos vínculos dos quais eu nunca vou me esquecer. Sentirei falta dos meus amigos, ver eles pularem no hall do aeroporto pela janela do avião aqueceu o meu coração ao mesmo tempo que o fez doer de saudade. Mas ver Brick andar por entre as pessoas e sumir aos poucos, sem olhar para trás vai fazer o meu coração doer demais. Provavelmente irá doer para sempre. A viagem está sendo longa e de certa forma, ainda não consigo dormir, mesmo tendo todo o conforto da primeira classe que o meu pai fez questão de pagar. Não que isso fosse um problema para ele, Utônio Garcia é com certeza um dos homens mais bem sucedidos do país, sua longa e rede de boates e restaurantes dominam diversas cidades movimentadas como Nova York, Chicago e outras mais, além da rede hoteleira que ele me disse estar se interessando, comentou chamar a sua rede de FLORA em minha homenagem. Não vou mentir em dizer que eu não fiquei feliz com isso. Mas papai disse gostar muito de química, sendo professor na universidade da UCLA.

- quer que eu peça um remédio meu amor ? - ele pergunta acariciando minha mão que agarra com ansiedade a apoio da minha poltrona.

- não papai, estou bem - sorrio da maneira que posso. - estou apenas pensando.

- mas está tarde, vamos chegar logo, mas você precisa dormir.

Sei o quando ele está preocupado comigo, eu também não posso esconder o que estou passando para ele, nem sei se posso mais esconder a dor em meu peito. Perder a minha mãe não é apenas doloroso para mim. Eu perdi minha melhor amiga e mãe, e ele perdeu a melhor amiga e seu grande amor. Somos ambas almas quebradas precisando de um concerto imediato. Me afastar de Brick não está sendo fácil. Afinal ele é meu melhor amigo. E o meu grande amor.

- estou ansiosa - admito - e estou tentando não chorar tanto.

- oh minha querida - ele acaricia meu rosto - não segure suas lágrimas, você já fez isso por tempo demais.

- eu sei papai, mas... se eu chorar agora, irei gritar até perder as minhas forças.

Vejo seus olhos brilharem. Eu vi em seus olhos que a sua dor era tão intensa quanto a minha, e que também estava por um fio de gritar ela para fora de si.

- você vai melhorar meu amor, tenha fé. - ele beija a minha testa - nós vamos melhorar juntos.

°

Saímos do aeroporto de Campina Grande e a primeira coisa que eu senti foi o vento. Meu Deus, como eu senti falta do vento. Ele beijava o meu rosto e me consolava. Minha mãe amava o vendo, ela sempre dizia que o vento era o seu melhor amigo e que ele sempre a guiou para os melhores momentos de sua vida. Ela sempre dizia que quando eu nasci, o vento fez festa e as flores das árvores de Cassia Rosa entraram pela janela do quanto onde eu nasci, na casa da minha avó materna. Por isso o meu nome é Flora.

Escuto um soluço atrás de mim e vejo meu pai não resistindo em segurar as suas lágrimas, apoiado nas malas as seu lado. Vou até ele e o abraço com força.

- ela amava o vento - ele diz me fazendo chorar baixinho em seu peito.

- eu sei papai.

Ficamos abraçados por um tempo, apenas ouvindo o ir e vir das pessoas ao redor. Até que ele me puxa e me encara com um sorrido triste no rosto.

- eu liguei para algumas pessoas e elas vão vir buscar você.

- você não vai vir comigo? - pergunto já me sentindo agoniada por pensar em ficar longe do meu pai.

- vou sim querida, vou alugar um carro. Você vai com outras pessoas.

O encaro confusa.

- quem?

Ele mal tem tempo de responder quando escuto uma voz um pouco familiar.

- MEU JESUS AMADO! 

Olho para trás e vejo um casal de idosos e muitas outras pessoas ao redor me olhando em choque. Todos prestes a chorar e felizes.

Não contenho as minhas lágrimas ao perceber que são a minha família, aqueles cujas as memórias não passam de alguns fleshes felizes e animados.

- Vovó? - eu pergunto com a voz embargada.

Não tenho tempo para raciocinar direito quando todos correm em minha direção de braços abertos. Sou recebida e acalentada pelos braços de minha avó, cujos os cabelos cacheados como os meus fazendo uma bela mistura de branco e preto. Meu avô, que tem somente a barba ruiva também me aperta carinhosamente enquanto beija a minha cabeça.

- minha neta querida! meu amor! - ela dizia em meio as lágrimas - estou tão aliviada de que esteja bem!

Eu não dizia nada, eu não conseguia dizer nada. Eu apenas chorava. Chorava inconsolavelmente em seus braços, sentindo seu cheiro que eu nunca me esqueci.

- vai ficar tudo bem meu amor! nós estamos aqui por você, estamos todos aqui por você. - meu avô diz acariciado a minha bochecha delicadamente.

Olho ao redor vendo todas aquelas pessoas que eu não conhecia, mas que ao mesmo tempo não enram tão estranhas. Todos eles me abraçam e me consolam. Todos dizem que estão lá por mim e que sentem muito. Estavam lá para me levar para casa. E então eles me levaram.

°

Quando eu cheguei na casa deles, que agora era minha também, meus avós me mostraram o quarto da minha mãe. A casa tinha mudado bastante desde que me lembro, pelo que me disseram meu pai ajudou muito os meus avós. Ele ajudou com os negócios da pequena pousada que eles ainda tem, minha família é bastante rica por aqui graças a ajuda que meu pai forneceu. Meus tios e tias cuidam dos negócios agora que meus avós se aposentaram. Mas mesmo com o crescimento grande que eles tiveram e tendo dinheiro o suficiente para a mansão mais cara que pudessem, eles escolheram reformar a casa que eles tem aqui em monteiro e ficar nela, segundo o vovô, essa casa é cheia de memórias lendas e momentos inesquecíveis. Disseram que foi aqui que eu nasci.

Assim que a minha avó abriu a porta do quarto da minha mãe, eu pude ver pela janela, o pé de cássia rosa que a minha mãe tanto falava. Ver aquilo me fez chorar até dormir. E foi o melhor sono que eu tive em tempos.

°

Acordo com o som de muitas risadas e bagunça. Me espreguiço na cama e olho para o teto todo colorido e cheio de flores e desenhos estranhos de animais.

¨eu não sei desenhar, mas não é maravilhoso se aventurar em um campo desconhecido?¨, lembro da minha mãe dizendo isso enquanto pintávamos as paredes de uma das nossas casas em Boston. Ela não desenhava muito bem, mas nada a impedia de segurar um pincel.

- nada impedia a sua mãe.

Olho para o lado vendo o meu avô. Ele esboçava um sorriso nostálgico enquanto olhava para o teto, parecendo que estava lendo a minha mente.

- bom dia - eu disse com a voz fraca.

- boa tarde mocinha, já são três da tarde - diz sorrindo e se deitando ao meu lado.

- me desculpe eu...

- não se desculpe minha florzinha, um cego via que precisava desse sono.

]E então ficamos olhando para o teto mais uma vez, em um silêncio gostoso.

- é verdade.

- o que querida?

- que nada impedia a minha mãe.

Ouso ele rir.

- ela sempre desenhou incrivelmente mal. Me mostrava desenhos sem sentidos quando criança, dizendo que eram eu e sua avó, fiquei horrorizado em ver que minha pele era verde, mas ela continuou pintando. Ela era teimosa e mesmo quando todos diziam que ela era péssima em algo, ela continuava fazendo. Seja com um pincel ou... qualquer coisa. Ela sempre tentava e continuava. Ela amava tudo. - ele limpou uma lágrima de seu rosto - ela pintou essas flores no teto depois que você nasceu.

Olho para ele e depois para a sua barba. Seus cabelos são totalmente brancos, mas a sua barba ainda insiste em manter os fios ruivos. Não me seguro e passo a mão por barba, o fazendo rir e chorar ao mesmo tempo.

- até nisso você é parecida com a sua mãe.

Sorrio para ele em meio as lágrimas, mantendo a carícia em sua barba.

- então é por causa do senhor que eu sou ruiva - concluo fazendo graça - eu me lembro do senhor e da vovó, mas ainda é muito pouco.
Ele pega a minha mão e a beija.

- sim querida, eu nasci aqui, culpe nosso parentes distantes da França, somos todos ruivos por parte deles. - diz rindo - mas seus cabelos tem os belos cachos de sua avó.

- sim, a vovó tem belos cachos.

Ele me olha profundamente em uma mistura de orgulho e saudade, fazendo um cafuné em meus cabelos. Essa sensação também é muito familiar.

- vai fazer ela dormir de novo Louis! - ouso a minha vó na porta, ela me olha e sorri abertamente - oi meu amor! como você está?

- ela sempre gostou do cafuné do vovô - diz se gabando - não me expulse da cama desse jeito mulher!
Minha avó puxa ele pelos pés, o fazendo cair de bunda no chão. Sorrio para os dois, lembrando vagamente de suas pequenas e engraçadas discussões na minha infância.

- minha lombar!

- bem feito! a menina precisa comer e você fica aí fazendo ela dormir de novo!

Olho para os dois com um grande sorriso e antes que eu possa dizer alguma coisa minha barriga se manifesta antes, chamando a atenção deles na hora.

- tem alguma coisinha que eu possa comer? 

Sinto que eu dei um chute em minha avó, pois ela me puxou para fora da cama e me abraçou.

- coisinha? na minha casa você não vai comer uma coisinha?

Ela sai me empurrando pelo corredor a fora e me levando apressadamente até onte eu acho que seja a cozinha.

- Cecília, pare de empurrar a menina desse jeito, ela acabou de acordar! - escuto o meu avô atrás de nós.

Chegamos na cozinha e vejo um pequeno balcão com algumas frutas e uma jarra de café.

- que delícia vovó - eu digo andando até as frutas e pegando uma banana - esse é o meu café?

Novamente eu acho que dei um chute em minha avó.

- tá doida menina? Isso aí é apenas para o caso de faltar la para a mesa de fora.

- mesa de fora?

Os dois me dão um sorriso engraçado e me puxam para a varanda. Meus olhos crescem para a mesa farta de comida. Bolos, pães, bolachas caseiras, leite, café, suco. Tudo em abundância. Meus familiares me notam e ficam em silêncio por míseros dois segundos. Mas logo começam uma gritaria contagiante.

- OI PRIMA! - uma mulher com uma barriga enorme vem me cumprimentar, ela me abraça fortemente e eu retribuo - NÃO ACREDITO QUE FINALMETE TE CONHEÇO! ME CHAMO REGIANE!

- olá, muito prazer! - sorrio timidamente.

Um rapaz bem alto e também ruivo vem me abraçar, logo depois mais um igual a ele só que um pouco menor vem  também.

- e ai prima! - o mais alto me aperta - eu me chamo Fernando e esse Pirralho aqui é o meu irmão é o Hernando.

Hernando me abraça e faz um sinal de ¨oi¨, vejo que ele não fala nada e estranho.

- Hernando é deficiente auditivo, ele está dizendo ¨oi¨ - Fernando me explica - mas toma cuidado que ele lê os lábios como uma freira lê a bíblia, é o maior fofoqueiro da família - zomba, levando uns tapas do irmão.

- é um prazer conhecer vocês - eu digo achando graça da briga dos dois.

Conheço todos na mesa e ainda recebo muitas ligações de vídeo de outros parentes que estão na França, Estados Unidos e em outros lugares da Europa. Minha família é muito grande.

Minha avó e tias empurram pratos e pratos de comida para mim o quanto elas podem, só pararam por causa do meu avô que percebeu que provavelmente eu explodiria. Ficamos conversando a tarde inteira até anoitecer, nos reunimos todos na calçada e nos sentamos no chão enquanto tomávamos um café que minha avó fez, além do bolo de fubá que foi feito na velocidade da luz. 

- sabe, eu e sua mãe subíamos no pé de manga do seu Edivaldo e comíamos até o ¨cu fazer bico¨. Ela subia uma árvore tão rápido que qualquer macaco teria inveja - ela diz e todos rimos.

Eu estava encostada no peito do meu pai, sentada entre as pernas dele. Ele dormiu bastante depois da viagem. 

- uma vez, quando estávamos nos preparando para o são João, faltando apenas alguns minutos para a festa começar, Lorena foi até um pé de manga e chupou tanta manga que seus dentes ficaram cheios de fiapos - minha avó começou a contar gargalhando - naquele ano ela iria interpretar a noiva da quadrilha. Eu fiquei muito brava porque ela estava atrasada para a festa, quando eu a encontrei ela estava com a mão na boca tentando tampar os fiapos, eu mandei ela tirar a mão da frente e mesmo com a boca fechada os fiapos apareciam! - ela contou vermelha de tanto rir. 

Todos alí acompanharam, até mesmo eu. Pensei que ouvir histórias sobre a minha mãe doeria muito, mas de alguma forma isso está me aliviando. 

- eu seria o noivo aquele ano! - um tio meu conta enquanto segura seu filho no colo - ela não se importou e foi mesmo assim, sorrindo para quem tivesse uma câmera!

Meu avô estica uma foto velha para mim eu a pego. Era a minha mãe com o que pareceu ser uns 15 anos vestida de noiva caipira, com um dos dentes pintados e vários fiapos de manga em seus dentes. Meu tio ao seu lado vermelho de tanto rir e ela fazendo uma careta para a câmera. Meu pai atrás de mim ri tanto que perde o ar eu faço o mesmo. 

- ela era espetacular - meu pai se pronuncia e beija o topo da minha cabeça antes de continuar - ela conseguia fazer qualquer um rir por qualquer coisa. Me lembro de quando ela e eu estávamos na pousada de seus avós, eu não falava o português, apenas arranhava um espanhol. Sua mãe era a única que tinha estudado o inglês por aqui e eu via como ela falava sempre falava com as pessoas quando chegávamos nos lugares. Todos que entravam na pousada conhecia ela, pois ela fazia questão de saber sobre todos. Ela dizia que era para os hospedes...

- para que os hospedes ficassem mais à vontade de pedir as coisas mesmo não sabendo a nossa língua - minha avó completa com um sorriso no rosto - ela dizia isso mesmo que nós raramente recebemos hospedes do exterior. Hoje, graças ao seu pai nós temos mais visibilidade e conseguimos expandir nossos negócio para mais perto do litoral. Eu agradeço muito a ele querida - ela diz para mim, mas olhando para ele.

- é o mínimo que eu posso fazer Cecília - ele retribui o sorriso - eu amava demais a sua filha e não lutei o baste=ante por ela. E pelo jeito eu não cheguei a tempo para ver a minha pequena nascer e crescer. Mas vou recuperar esse tempo. - ele diz e me abraça apertado.

- amo você papai - eu digo em inglês.

- eu também te amo minha flor do vento.

Ficamos em um silêncio gostoso, apreciando a brisa da noite. Mas pelo que eu percebi, a minha família é muito falante e barulhenta, logo começaram a falar mais histórias e aventuras que passaram aqui pelo sertão da Paraíba. Contaram mais histórias sobre a minha mãe e sobre mim quando eu era bem pequena. Sobre como eu era sorridente e que fazia muitas travessuras com a minha mãe. Em como ela me ensinava sobre as coisas que ela amava e que levava bronca bronca da minha avó por subir uma mangueira comigo em seu colo com apenas alguns meses de vida. Em como ela me ensinava a ser incondicionalmente feliz com tão pouco. E todas essas histórias me fizeram bem, me mostraram que ela ainda estava viva no coração de todos. Inclusive no meu.
 


Notas Finais


Espero que tenham gostado!

estamos chegando na reta final ( FINALMENTE )!

No próximo capítulo, veremos como o Brick está!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...