História Aprendendo a Amar - A casa dele

Severo acordou com o barulho do carrinho de neve limpando a rua. Abriu os olhos percebendo que não estava em sua casa, olhou para o lado procurando a morena com quem passara a noite, mas a cama estava vazia. Tentou se lembrar da noite anterior.

Tiveram uma incrível noite de sexo e por um segundo ele cogitara ir dormir no sofá afinal a anos não dormia, no sentido literal da palavra, com um mulher ou com qualquer pessoa que fosse. Mas ela não permitira se enroscando nele depois de atingir o orgasmo, enlaçando suas pernas e assim ele caiu no sono. Com o rosto afundado nos revoltos cabelos castanhos, uma das mãos segurando o seio dela e a outra a trazendo cada vez mais para si.

Viu Hermione saindo do banho, com um roupão e a toalha enrolada nos cabelos.

- Bom dia! – disse e sua voz saiu mais rouca que o costume e Hermione sentiu um arrepio passar por sua alma e se virou para o homem deitado em sua cama.

- Bom dia! Se quiser tomar um banho tem toalhas no armário. – disse retirando a toalha e exibindo seu corpo que ainda continha gotas de água.

Severo se levantou inicialmente enrolado em um lençol, mas depois o deixando ao lado da cama e caminhando nu até o banheiro, fazendo Hermione suspirar.

 Vestiu seu uniforme de trabalho e secou os cabelos enquanto ele tomava banho. Estava pensando no quanto haviam evoluído em um dia e uma noite e que aquilo estava tomando proporções que ela temia.

“Não era pra ser assim Hermione, o que está acontecendo com você?” ela disse baixinho se olhando no espelho e fazendo a maquiagem.

Quando ele saiu do banho ela já não estava no quarto. Vestiu e a encontrou alimentando o filho na cozinha.

- Aceita café? –perguntou sem olha-lo.

- Não obrigada! Bom vou indo ver o estado do carro.

- Ele está ok. Pedi para o rapaz do carro de neve para remover a neve em volta dele.

- Certo. – disse a olhando e reparando o uniforme que ela vestia e ela percebendo seu olhar disse.

- É meu uniforme de trabalho. Sou gerente matutina no café “A Toca”. 

- Você trabalha? – Severo perguntou ainda atônito.” Por céus, ela trabalha, estuda, tem o projeto e ainda é mãe, que mulher é essa” – Não sabia.

- Tem muitas coisas sobre mim que você nem imagina. – disse ela olhando naqueles olhos tão negros. Então veio o silêncio que parecia durar uma eternidade, até que ele o quebrou.

 - Bom nos vemos mais tarde. – disse ficando no meio do caminho sem saber se dava um beijo nela ou não. Tudo acontecera tão diferente, eles tinham burlado regras do acordo, tinham passado uma noite juntos e em um dia que não fazia parte do trato.

Infelizmente, e ele se arrependeu depois disso, ele saiu sem o beijo e sem dizer mais nada. Caminhou até o carro e sentiu que alguém o observava, olhou uma última vez para a casa de Hermione e ao direcionar o olhar para a casa ao lado viu que uma garota ruiva o olhava, quase sorridente como se soubesse um segredo que ninguém mais percebera.

A garota caminhou até a casa de Hermione e foi abrindo a porta, enquanto ele entrava em seu carro e seguia para casa.

Gina entrou na casa de Hermione fazendo a amiga se sobressaltar.

- Posso saber o que o senhor bomdecama estava fazendo saindo da sua casa em uma segunda de manhã.

Hermione riu e ficou corada. Contou tudo que acontecera a amiga, que ficou boquiaberta com tudo aquilo, ela tinha certeza que a amiga iria acabar se envolvendo mais, mas pelo que ela contava não era apenas Hermione que estava deixando se levar, mas a amiga não conseguia ou não queria enxergar aquilo.

Hermione terminou o papo com Gina e foi levar Sebastian para a creche e depois foi para o trabalho. Passou a tarde no laboratório mas não vira Severo.

Foi para mais uma aula com ele. Quando entrou na sala ele não a olhou e durante toda a aula eles evitaram qualquer troca de olhares, contudo ela não resistia as perguntas que ele fazia e ele não resistia a vontade de chama-la de sabe tudo irritante. A aula então fora como qualquer uma das outras que já tivera com Snape, contudo agora não conseguia deixar de reparar em pequenos detalhes, como no maxilar dele, ou uma pequena cicatriz que tinha em uma das mãos. Reparava no tom de voz dele e na forma como seus lábios deixavam escaparas palavras, reparar que o humor ácido dele por vezes poderia ser divertido.

A aula terminou e eles não disseram nada um ao outro, mesmo quando ficaram a sós na sala. Ela apenas se retirou sentindo os olhos dele as suas costas.

Foi para a aula de Lupin, que também superou suas expectativas como sempre. O professor falava sobre problemas psicológicos como se ele os vivesse, sabia dos detalhes e falava com grande naturalidade daquilo tudo.

Acabaram as aulas e ela foi para casa, pegou Sebastian, o colocou em seu berço, tomou seu banho, e foi dormir, mas não conseguia. Faltava-lhe algo, ou melhor alguém... E novamente dormiu abraçada ao travesseiro onde Severo dormira, nem imaginando que a alguns quilômetros dali Snape estava com um gravíssimo problema de insônia e não parava de pensar naquela extraordinária mulher com quem ele dormira.

A terça amanheceu novamente fria e cheia de neve, mas Hermione sentia o frio dentro de si, para ser mais exato sentia o frio na barriga de pensar que mais tarde deveria ir até a casa de Severo. E o dia que ele esperava que durasse mais passou como em um passe de mágica e se viu caminhando até a casa dele as 15:00.

Ele lhe passara o endereço por um email e ela tinha medo que não conseguisse encontrar, mas ao chegar na rua soube imediatamente qual era a casa dele, sem confirmar com o pequeno papel onde carregava anotado o endereço.

Em meio a meia dúzia de casas coloridas com diversos tons de laranja e verde se encontrava uma pequena casa com a fachada em um azul escuro quase preto, era clássica e não tinha nenhum enfeite que pudesse lembrar que o natal se aproximava, totalmente diferente das outras casas, uma perfeita exceção a regra, que afinal era isso que aquele homem era uma exceção entre tantas exceções.

Bateu na porta e quase saiu correndo, mas sua coragem dizia que deveria permanecer ali e assim ficou até que ele abriu a porta a deixando passar sem nada dizer.

E sem nada a dizer começaram a se agarrar ali na porta de entrada, Hermione pouco reparou na decoração quando passaram pela sala e pelos corredores, teria tempo para isso depois naquele momento queria matar a saudade que estavam dos corpos unidos. Mas ainda assim conseguiu ver estantes e mais estantes carregadas de livros. E algumas fotos de um jovem de cabelos incrivelmente negros que caiam até os ombros, um nariz tão conhecido por ela. Aquele era Severo, sem sombra de dúvida pensou ela, e estava abraçado a uma mulher de cabelos ruivos como os de Gina, olhos verdes e extremamente bonita que ela não tinha ideia de quem fosse. Viu mais dezenas de fotos iguais a essa no caminho para o quarto e no quarto encontrou uma pintura da mulher ruiva frente a cama de Severo e sua cabeça não deixava de trabalhar tentando identificar quem poderia ser aquela mulher.

A tarde novamente se passou com mãos, e braços, beijos e abraços com desejo e loucuras. Se entregando cada vez mais. Os gemido e cheiros, os chamados e apelos. Tudo que pudesse lhes dar prazer.

E assim no fim da tarde já completamente cansado de suas aventuras Severo cochilou e Hermione se permitiu reparar no local em que se encontrava.

A cama era muito grande e havia uma grande quantidade de almofadas que eles jogaram no chão quando se deitaram. O quarto era todo em tons pasteis, completamente diferente do que ela imaginou que fosse. Era tudo extremamente organizado, tudo impecável. Sentiu sede e resolveu se levantar ainda enrolada no lençol e procurar por água. Chegou a cozinha e não encontrava os copos até que abriu a geladeira e viu as garrafinhas de água e pegou uma. Quando começou a beber sentiu Severo a agarrando por trás e com o susto deixou que um pouco de água caísse por seu queixo, descendo por seu pescoço e parando em seu colo.

- Posso saber porque levantou? Eu ainda não terminei com a senhorita! – disse enquanto mordia o ombro dela, arrancando leves gemidos.

- Eu só vim tomar água, aceita? – disse se virando até ele e oferecendo a garrafa.

Ele a olhou bem, vendo a garrafa em sua mão.

- Aceito sim, mas não essa – disse tirando a garrafa das mãos de Hermione e colocando na pia e em seguida colocou Hermione sentada na bancada – eu quero essa – disse enquanto sugava as gotas de água que haviam caído sobreo corpo da garota.

Hermione arquejou quando ele deixou o colo para começar a sugar-lhe o seio. E ali na cozinha dele fizeram sexo mais uma vez. E mais uma vez ela deixou ser levada começando a perceber que sua ideia e sua proposta talvez nunca dariam certo.

A castanha ficou muito curiosa para saber quem era a mulher ao lado de Severo, mas não teve coragem de perguntar, não tinham essa liberdade e intimidade e quando o relógio marcou 16:40 ela correu para se arrumar e buscar o filho.

O que ela não sabia é que era a primeira mulher a pisar ali em anos, a primeira que ele tivera coragem de levar até sua casa e aquilo era algo tão grande para ele que chegava a intimida-lo.

E quando ela finalmente foi embora, Severo pegou uma garrafa de whisky na adega, sentou em seu sofá e ficou admirando uma foto da mesma mulher ruiva que preenchia a casa.

- E agora Lily? E agora?

Ele sabia que a cada vez que se deitava ou falava com aquela mulher sentia um dos muros que construíra ao longo dos anos em volta de seu coração se quebrar. Mas não admitiria isso a ela e muito menos a si mesmo, ela era boa demais para ele e ele sabia bem o que se ficasse com ela só a faria sofrer. Aquele trato estava saindo muito dos eixos e deveria consertar isso logo, antes que fosse tarde demais.