Depois de muitas semanas com o céu nublado o Sol finalmente resolveu se mostrar. A luz entra por uma fresta na cortina e, por algum azar ou sorte, bate no rosto de April a acordando.
April estava estendida na mistura de peles de animais que é sua cama, com a luz em seu rosto ela é obrigada a se levantar, seus cabelos ruivos estavam levemente bagunçados e por alguns segundos após ela acordar seus olhos estava com um brilho azul claro, que logo se foi, deixando a irís dela voltar ao castanho-claro que era sua cor original.
-O Sol! -Ela grita animada se levantando num pulo e correndo para a porta. Ela fica na ponta dos pés para alcançar a maçaneta e abre a porta da casa de madeira deixando o vento frio tocar seu rosto e a luz do Sol tentar aquecê-lo um pouco.
-Não tão rápido. -A voz de seu irmão diz divertida, fechando a porta. -Você tem que comer primeiro, lobinha. -April bufa o fazendo rir. -O Sol não vai fugir, confie em mim. -Ele diz a ela que cruza o braços e anda até a mesa se sentando nela, que estava cheia de pratos com carne crua.
-Aqui está. -A mãe dela põe um prato à sua frente e sorri. -Coma tudo e depois vai poder se divertir o quanto quiser, pequena. -April retribui o sorriso e começa a comer como se a comida fosse fugir.
-Você vai se engasgar se não mastigar a comida. -Seu pai finalmente aparece se sentando do outro lado da mesa, a ruiva começa a comer um pouco mais devagar. -Melhor. -Ele diz um pouco mais satisfeito.
A pequena loba termina de comer e repete seu ato anterior, corre até a porta, mas antes que possa abrir seu irmão o faz, então ela apenas continua sua corrida para fora da casa sentindo o vento frio. April praticamente pula os quatro degraus da varanda e pousa na neve fofa e fria, sentindo a animação de poder brincar na luz levemente aquecedora do Sol novamente.
-Alguns se contentam com pouco. -Seu irmão diz chamando a atenção dela.-Vou visitar a Aurora então não vou poder ficar de olho em você. -Ele pode ver um sorriso aparecer no rosto da pequena. -Não vá para à floresta. -O sorriso sumiu. -E não fale com estranhos. -Ela apenas assentiu emburrada fazendo ele suspirar. -Vamos fazer assim.Se você se comportar quando eu voltar no podemos treinar caça. Que tal?-O brilho voltou aos olhos de April que sorriu em concordância. -Ótimo, se comporte até eu voltar. -Ele disse e saiu indo mais para dentro da vila.
April contente deu alguns pulinhos e correu para a direção contrária de seu irmão apenas parando quando chegou quase no final da clareira que ficava entre a vila e a floresta. Ela começa a fazer pequenos montes de neve, e quando estava com paciência bonecos de neve, e pulava sobre eles como se fossem suas presas.
April parou de brincar, ela pensou que talvez precisasse de alguns galhos para o seu pequeno projeto de arquitetura.
Ela para imóvel, um som veio da floresta, algo como um galho, ela se vira lentamente encarando a escuridão silenciosa que parecia encará-la de volta, mais um som foi feito dessa vez uma corrida apressada, como se quisesse sair da visão dela.
-Quem está aí? -Disse divertida se aproximando das árvores lentamente. -Furi é você? -Ela chama o amigo, não recebe resposta. -Aurora? -Por um segundo April achou que fosse uma brincadeira de seu irmão, para que ela aprendesse a não desobedecer, mas ela percebeu que não era o caso quando um garoto se mostrou. -Q-quem é você?
O garoto parecia ter a mesma idade de April algo entre o oito ou nove, ela não se lembrava às vezes, ele tinha cabelos curtos e pretos, muito pretos, seus olhos eram vermelhos como sangue e pareciam brilhar naquela escuridão e seu rosto tinha uma expressão um pouco fria, algo que April era praticamente acostumada a ver.
-Quem é você? -April deu um passo à frente ao falar e o garoto recuou dois. -Eu te assusto? -Ela disse um pouco triste baixando os olhos. -Desculpe.
-Você. -O menino finalmente diz algo o que faz April olha-lo. -Você não me assusta. -Ele sorri com o canto do lábios.
-Isso é bom. -Ela sorri de volta e se anima um pouco como se tivesse descoberto algo. -Eu sou April. -Diz estendendo a mão. -Qual seu nome? -O garoto a encarou por alguns segundos e então apertou sua mão. April pode sentir sua pele fria, muito fria. -Nossa! Nunca vi um lobo tão frio! -Ela ri um pouco, mas logo para vendo a expressão séria do rosto do menino.
-Eu não sou um lobo. -Aquelas palavras saíram ásperas de sua boca.
-Como assim? -Em toda sua inocência April não se afastou, apenas inclinou um pouco a cabeça.
-Eu sou um vampiro. -Ele falou no mesmo tom, mas fez questão de perguntar lentamente. -Você não sabia?
-O que é um vampiro? É algum tipo de brincadeira? -Ela pode ver os olhos dele ganharem um certo brilho, um brilho assustador como quando seu pai se irritava.
-Você não sabe o que é um vampiro? -Ele não parecia querer uma resposta então April se manteve em silêncio. -Vampiros são seres que matam lobos. -Ela finalmente deu um passo para trás. -Vampiros e lobisomens são inimigos. -Ela olhou para os lados sentindo medo do tom frio e seco daquelas palavras. -Eu sou fraco, por isso não posso matá-la, mas se eu fosse forte o suficiente… -April o encarou esperando a conclusão. -Você estaria morta. -Ele mostrou as duas presas e pode ver o horror no rosto de April. O que mais a assustava não eram as palavras, mas sim a frieza nelas e como aquilo a deixava indefesa, como aquilo a fazia se sentir fraca e inútil, como aquilo a lembrava de outras pessoas.
April correu, não havia uma distância tão grande entre a floresta e a sua casa, mas seu desespero não passou até que ela sentiu o toque quente e acolhedor de Aurora, só deste momento ela se deixou cair na neve. Aurora levantou a garota a pegando no colo e a abraçando, não eram muitas as vezes que ela via April assim e quando via algo muito ruim teria acontecido.
-April! -Seu irmão disse, ele estava indo para a clareira com Aurora quando viu a pequena correndo em direção a mulher. -O que aconteceu? -A pequena loba estremeceu se agarrando mais forte em sua protetora.
-Vampiro. -Ela disse em uma voz fraca e embargada pelo choro.
O irmão de April começou a andar em direção à clareira deixando as duas para trás, seu pai, que estava fora da casa quando April passou correndo, estava em pé e segui Claus quando ele passou pela casa.
-O que você vai fazer?- Ele finalmente pergunta para o filho quando os dois estavam próximos de onde April brincava.
-Caçar o vampiro. -Claus respondeu e um braço foi colocado na sua frente fazendo ele parar.
-Não.-Ele disse não se intimidando pelo olhar que recebeu do filho.-Isso é muito perigoso.
-Não mais perigoso que deixar um vampiro próximo da vila.-Ele ia voltar a andar, mas dessa vez seu pai se colocou à sua frente.
-Se ele deixou April viva e sem um arranhão é porque é algo está errado, e ele pode estar planejando alguma coisa ou só estava se divertindo assustando um lobo jovem.E eu não vou deixar você sair assim .-Seu olhar dizia que eles não iriam discutir as opções mais do que isso.
Claus baixou a cabeça e encarou o chão por alguns segundos antes de dar meia volta e voltar para a vila.
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