História Aquela pessoa. - Diga nada.

POR Henrique.

Depois que cheguei do hospital fui direto para o quarto dar um banho na Julia que estava suadinha devido ao calor, minha intenção era descansar um pouco, mas foi colocar ela dentro da banheira para sua energia ser recarregada. Acabei me sentando no chão do banheiro brincando com ela; como ela se mexia sem para acabou fazendo espumas então coloquei na mão assoprando em sua direção e ela dava umas gaitadas tão gostosas que não resisti e fiz a mesma coisa por alguns minutos e ela simplesmente não parava de gargalhar. Coloquei na mão mais uma vez e dessa vez ela não sorriu, mas olhou em direção a porta e viu a minha cunhada ali parada e como se quisesse chamar sua atenção começou a gritar e falar na sua língua; a única coisa compreensível que a Julia consegue dizer é papai, vovó e vovô e claro mama  toda vez que a fome bate tirando isso ela bem que tenta, mas...eu então olhei para Mohana ali sorrindo para sobrinha. Terminei de dar banho na Juju e antes que eu pudesse falar alguma coisa ela pegou minha filha indo em direção ao quarto enquanto conversava com a pequena que dava sinais que entendia o que tia falava; enquanto eu arrumava a bagunça do meu banheiro escutava vozes vindo do quarto e quando cheguei lá o Nim estava fazendo barulhinho na barriga da Julia e ela gargalhava e a Mohana ali do lado com uma roupinha na mão esperando a farra dos dois acabar a única coisa que ela conseguiu fazer foi colocar a fralda.

Acho que não conseguiria ser o pai que a Julia precisa sem o apoio da minha família, e eles tem sido maravilhoso. Eu fiquei em pé vendo minha filha brincar com o tio até que ela parou de tão cansada que estava e sorte que estávamos com o ar ligado se não ela estaria toda suada novamente, depois de muito tempo a cunhada finalmente conseguiu colocar um boddy nela e antes de sair do quarto eu joguei a bomba sobre o encontro que eu tive com a Analu e eles ficaram surpresos e pela cara que fizeram ouso dizer que também não sabiam que ela tinha voltado a morar no Brasil e antes que pudessem me encher de perguntas eu sai com a Jujuba no colo indo para a cozinha preparar a mamadeira dela.

_Ontem a Jujuba teve febre e eu achei melhor leva-la ao hospital e não vão acreditar qual foi a médica que a atendeu... –Eles me olharam confusos e então completei. _A Ana Luiza Sobral...a minha Analu...

...

Os deixei ali com a palavra na boca e fui preparar a mamadeira da minha filha e claro não demorou muito para os dois sentarem ali comigo, eu fiquei até zonzo com a enxurrada de perguntas que eles fizeram. Mas eu evitei responder todas até que a minha filha estivesse alimentada e assim que o fiz ela acabou dormindo então fui coloca-la no berço e voltei para cozinha e os dois estavam do mesmo jeito esperando para saber o restante da história. A Analu e a Moh eram grandes amigas, mas depois que terminamos ela cortou relações com todos, na verdade ela só foi embora deixando toda a vida que aqui tinha construído e quem sou eu para julgar suas ações ela estava magoada e precisava desse tempo fora para colocar as coisas que sentia no seu devido lugar e acredito que agora que tudo está resolvido para ela, voltou para sua casa de onde ela não devia ter saído. Abrir mão de estar aqui que é o lugar preferido dela deve ter sido bem doloroso eu me lembro dela dizer que poderia correr o mundo, mas que sempre voltaria para o nosso Tocantins.

_Mano como que você solta uma bomba dessa e fica calado? Conta tudo desde o início. –Falei todo ansioso.

_Não acredito que a minha amiga está de volta...

_Muito menos eu cunhada, confesso que quando a vi quase cai para trás tamanha foi minha surpresa. Ela tá ainda mais linda se é que isso é possível. –Sorri ao lembrar do seu sorriso.

_Cunhado vocês conversaram? –Estava ansiosa demais para saber de tudo e me decepcionei.

_Somente sobre o estado clinico da Juju, mas quando estava saindo ela disse que eu tinha feito a escolha certa... –Falei com o coração pequeno de tristeza.

_Só isso mano?

Afirmei que sim com a cabeça e a conversa continuou sobre como as coisas se acomodaram nesse tempo todo, eu sai de cena para ela ser feliz e não me arrependo do que fiz talvez da maneira que fiz. Mandar somente aquela carta foi de um egoísmo sem tamanho, no entanto, ainda acredito que fiz o melhor que pude naquele momento. Eu não podia vê-la se quebrar em mil pedaços para caber em minha vida sem ter um prazo para todo aquele caos chegar ao fim. Fiquei preso em meus pensamentos que não percebi que o cheira modes chegou com a Vitoria e se juntaram a nossa conversa...

_Henrique, Henrique??? Que mundo você está cara??

_Desculpa cara estava distraído!

_Com toda a certeza pensando na Analu né cunhado. –Falei sabendo que o que ele sente por ela continua vivo, porém guardado em seu coração para evitar sofrimento. Mas sei que ele ainda chora por sua ausência...eu nem imagino como é ter que deixar ir a pessoas que mais ama.

_Nunca deixei de pensar nela...

_Gordo agora ela voltou lute por ela, mostre a ela que continua ama-la. Vai atrás dela eu sei que... -Ele me interrompeu.

_Não Vitoria, eu não acho justo aparecer agora que ela conseguiu colocar a vida de volta nos trilhos e dizer que foi impossível tira-la do meu coração. Eu já machuquei ela no passado e agora a única coisa que desejo é sua felicidade, mesmo que seja ao lado de outra pessoa. A Ana Luiza é a mulher mais incrível que já conheci na vida, aquele jeito dela sorrir salvou meu coração tantas vezes e o mundo merece conhecer um pouco desse lado dela eu jamais me colocaria no meio de seu casamento forçando uma situação tensa não seria capaz. Vou mentir se disser que não sinto sua falta porquê eu sinto todos os dias, sinto falta daquela risada que parece de uma criança de cinco anos, sinto falta das crises de choro dela na tpm, sinto falta dela implicando comigo, sinto falta dela ao meu lado, mas eu deixei ela partir depois de tantas merdas que fiz e agora ela está com a vida perfeita e eu não vou estregar! –Falei sério e ninguém ousou dizer nada quer dizer a formiguinha sempre tem alguma coisa para dizer.

_Exatamente a vida dela está perfeita demais, quadradinha demais e isso não me cheira a AMOR e sim a um contrato! Se eu fosse você não desistia dela não sem tentar. Aquele amor que foi capaz de tanto não pode ter morrido eu me recuso a acreditar nisso... –Eles eram o casal mais lindo que já vi e cansei de ver pessoas outras se meterem no meio então operação cupido ativado.

...

Depois de uma conversa bem sincera com meus amigos fomos para fora beber um pouquinho e claro falar de outra coisa. Essa semana voto para estrada e eu não consegui levar a Julia para a dona Lia ver e agra com a Analu morando na fazenda fica tudo mais complicado, mas eu darei um jeito disso acontecer. O dia foi tranquilo aqui em casa dessa vez tinha poucas pessoas na resenha de sempre e como estava exausto abandonei o barco antes do almoço e me juntei a Julia para dormir mais um pouco...eu acordei sem saber ao certo que horas eram, mas quando passei a mão do lado não vi minha filha sai em disparada pela casa procurando minha princesa e a encontrei brincando na rede com meu pai eu quase tive um infarto à toa. Nesse momento a pressão até deu uma caída e eu me sentei numa cadeira que tinha ali. Minha mãe se aproximou de mim com um pratinho cheio de frutas que iria dar para minha filha.

_Filho você ta pálido, o que aconteceu? Vou pegar uma agua para você. –Fui até a cozinha e voltei com a agua para ele que sorriu em agradecimento.

_Eu acordei e não vi a Julia me desesperei e vim correndo procura-la. Levantei rápido demais e a pressão caiu.

Tive que rir do desespero do meu filho, ele achou mesmo que alguém iria tirar minha neta de casa sem que eu veja? Jamais. _Filho o Junim me contou que passou a noite com ela no hospital e achei que deveria descansar então quando ela acordou a peguei para dar o almoço, fica tranquilo.

_Tenho que relaxar né mãe?

_Sim filho agora vai comer alguma coisa.

...

Passei mais três dias em casa e no ultimo liguei para doa Lia perguntando se ela estaria sozinha na fazenda e ela disse que no período da tarde ela estaria então assim que recebi sua mensagem eu peguei a minha pequena e lá fomos em direção a fazenda Paraiso. Ela é perto daqui de casa apenas quatro quilômetros na direção oposta e assim que estacionei o carro senti aquele cheirinho de bolo de fubá e sorri em gratidão por ela sempre fazer meu bolo preferido quando venho aqui. Quando me viu deu um beijo em meu rosto e pegou a Julia no colo brincando com ela; passamos algumas horas ali com ela e então voltamos para casa antes que a Ana Luiza chegasse ou o senhor Antenor. Eu não queria que eles se aborrecessem com isso.

POR Ana Luiza.

Hoje meu plantão foi durante o dia e quando terminou estava tão cansada que só queria minha cama então fui direto para casa, no caminho passei em uma doceria que gostava e comprei umas coisinhas e depois fui para casa. Quando cheguei da porteira já dava para sentir que a dona Lia começava a fazer o jantar e só de sentir o cheiro me bateu uma fome; entrei em casa gritando por ela que respondeu de forma doce onde ela estava. A casa estava silenciosa e pelo que me disse o vovô tinha ido visitar as fazendas na cidade vizinha e só voltaria no dia seguinte então hoje seriamos apenas nós duas pelo menos foi o que imaginei.

_Boa noite coisa cheirosa da minha vida. –Disse dando um beijo em seu rosto e ela sorriu.

_Oi meu amor, como foi seu dia? –Sempre pergunto como foi o dia dela desde que era uma menininha.

_Cansativo Vó Lia parece que Palmas inteira resolveu ficar doente hoje... –Nos conversamos, jantamos e depois fomos ficar na área externa da casa vendo as estrelas e para aplacar um pouquinho o calor que fazia em Palmas, quando ia me sentar nas cadeiras que lá tinha eu notei uma coisa diferente e quando peguei era uma naninha rosa e branca de uma ovelhinha e na hora meu coração pulou no peito.

_Que estranho uma naninha, de quem é isso vó? –Seu olhar ficou grande como se surpreendesse.

_Oh meu Deus a pequena Julia deve ter jogado aí e o Henrique nem reparou... –Ela não me deixou completar o pensamento.

_O Henrique esteve aqui? _Eu simplesmente não podia acreditar que ele veio aqui. Era coisa demais para eu assimilar.

_Filha eu disse que ele sempre vem me visitar, e como sabia que estava sozinho veio trazer a Julia antes de ir viajar. Eu não sei o que está passando em sua cabeça, mas pode tirar esses pensamentos porque tenho certezas de que nada tem de bom, o menino Henrique amadureceu muito depois de que a Julia nasceu ouso dizer que até antes disso, hoje ele é um novo homem.

_Novo homem? Ele está forçando sua presença e... –fui interrompida.

_Ele não está forçando nada e se ele não tivesse esquecido esse brinquedinho você nem saberia de sua vinda aqui. Ele mesmo me pediu que suas visitas fossem quando ninguém estivesse na fazenda justamente para não provocar qualquer tipo de situação. O Henrique entende que se casou e que é feliz com seu marido, você é feliz não é mesmo filha? –Joguei a pergunta e a vi ficar tensa e muito nervosa.

_Que pergunta vó a senhora sabe que eu amo o Matteo! Eu amo meu marido. –Confesso que repeti a frase para mim esma como um lembrete ao meu coração para evitar que ele caia novamente em território proibido.

_Se é assim não tem com o que se preocupar, ele só veio me ver e se foi. Você nem ao menos o viu. Então respira está tudo bem. –Ela foi se acalmando aos poucos e entendendo que o Henrique não faria nada que atrapalhasse seu relacionamento com o menino gringo. Estávamos entretidas na conversa quando a Mohana me ligou perguntando se por acaso a naninha da Julia tinha ficado aqui em casa e que ela não parava de chorar querendo. Eu disse que sim que pediria para alguém levar até a fazenda deles.

_O que foi vó?

_A Julia não consegue dormir sem a naninha, vou pedir para o Pedro levar até a fazenda eu já vol...-Dessa vez foi a vez dela me interromper.

_Deixa que eu levo vó...

_Você vai até a fazenda Terra prometida? –Estava curiosa com a mudança repentina dela, talvez queira ir somente porque sabe que o Henrique foi viajar, mas não questionei e ela foi.

_Sim!