História Aquele lugar (Taekook-Vkook ABO) - "dá logo um socão"

Logo após todos se despedirem, Jimin e Jungkook seguiram seus caminhos para casa, o clima definitivamente ainda estava meio pesado. Um alfa havia ficado encarando Taehyung, esse que só voltava da escola com um grupo de amigos. A vontade de Jeon, era de abraçar o Kim e mostrar que ele não estava sozinho, todos os meninos estavam ali com ele e a partir daquele dia, sempre estariam.

Para o alívio do alfa lúpus, Hoseok ficou ao lado do ômega e assim que viu a cena, segurou em sua mão, o confortando. Claro que a cabeça de Jeon não deixou de imaginar como seria ele no lugar de Jung, queria poder estar ali para ajudar Taehyung e ser um apoio para ele, era inevitável não pensar nessas coisas, quando se era um bobo apaixonado. 

— Jungkook, tô percebendo que você tá muito no mundo da lua. — Jimin começou a falar, olhando para o lúpus — Por quê está assim? 

— Ainda tô pensando nas coisas que aconteceram hoje. Dois alfas mexeram com o Tae, indo e vindo da escola, isso é preocupante, você não acha? — questionou — E pelo cheiro dele, que ficou mais forte, dava para perceber que ele estava com medo quando o alfa passava por perto. 

— Pois é irmão, quando ele disse hoje de manhã que estava acostumado com essas coisas, ele infelizmente não falou brincando. Isso realmente é triste, não poder sair na rua tranquilo, por ter medo de alguém mexer com você. — era possível sentir o tom triste — Ainda mais quando se é ômega.

Jungkook o olhou, concordando com o rosado. Ele tinha consciência do quanto os ômegas sofriam, sem sombra de dúvidas muito mais do que qualquer outra classe. Não sabia o quão ruim era, pois não sofria na pele, mas conseguia imaginar que tudo era ainda pior para um ômega puro, onde seu cheiro era mais adocicado e atraente para os alfas.

Tudo só fazia Jeon constatar que aquela sociedade era uma merda, por toda a injustiça existente nela. 

— Pelo menos Hoseok segurou na mão dele, isso com certeza deu mais segurança ao Tae. — Park continuou. 

— É o que eu espero que tenha acontecido, mesmo estando cercado de gente que conhece, ele ainda ficou com um pé atrás quando viu um alfa desconhecido e aquele homem ainda ficou o encarando. — fez uma cara preocupada — Não queria que fosse assim, custa nada respeitar os outros. 

Jimin deu um abraço lateral em Jungkook. 

— Mudando de assunto, você percebeu que o Jun ficou meio afastado hoje? — Jeon disse pensativo. 

— Ele ficou com raivinha por você ter conversado com o Tae, o Yejun não aceita você ser apaixonado por outro ômega e não por ele. 

— Queria corresponder os sentimentos dele, mas realmente não sinto nada quando olho pra ele. 

— Pois é, um dia ele supera isso. 

Com a conversa toda, não demoraram para chegar em casa. 

Jeon e Park se conheceram por conta de seus pais. Jeon Jihye, mãe de Jungkook, uma ômega que se apaixonou por Park Junseo, pai do Jimin, que é um alfa. Eles trabalhavam juntos em um hospital e com o tempo começaram a se aproximar um do outro, assim fazendo suas relações se estreitarem.

Como os dois eram solteiros, logo iniciaram, realmente, um relacionamento. Não foi um problema para eles quando descobriram que cada um já tinha um filho, que por coincidência tinham a mesma idade e por conta disso, não demorou para que Jimin e Jungkook, virassem melhores amigos e começassem a se considerarem irmãos. 

O pai ômega de Jimin, depois de uns meses de o ter, morreu em um acidente de avião e isso acabou causando um trauma a ele, que detestava mais que tudo viajar em uma aeronave. Já o homem que era para ser o pai de Jungkook, abandonou sua mãe quando ela descobriu a gravidez, por sorte, a mesma ainda não tinha sido marcada por ele, o que possibilitou que ela seguisse grávida do lúpus. Até os sete anos do mesmo, a mulher ficou sem nenhum companheiro.

Com certeza parecia uma história complicada, mas o importante de tudo isso, era que Jimin e Jungkook tinham uma amizade inseparável e viraram irmãos, mostrando que o sangue não importa e sim o amor que sentem um pelo outro. Enquanto a Jihye e Junseo se casaram, se marcaram e todos os quatro formaram uma família linda e feliz. 

— Oi pai, chegamos! — Jimin foi indo direto abraçar o alfa. 

— Oi meus amores. — o alfa os cumprimentou. 

— Pai, a minha mãe já foi para o trabalho? — Jungkook perguntou assim que o saudou com um beijo na bochecha. 

— Sim, ela teve que sair mais cedo hoje, uma das pacientes dela deu uma piorada. — respondeu — Mas como foi o dia de vocês? 

A sra. Jeon era médica cirurgiã, chefe da cirurgia geral, o que complicava de a ver em casa, mas isso não impedia de seus dois filhos serem extremamente próximos a ela. Jihye era um orgulho para todos da família, principalmente para seus meninos que sabiam que ela gostava do que fazia e que salvar vidas era uma de suas paixões. 

— Ah tá. — Jungkook confirmou com a resposta de seu pai — Hoje o dia foi bem... Diferente, mas legal. 

— Sim! — Jimin disse animado — Pai, você acredita que meu irmão finalmente conversou com aquele ômega?

— Tava mais do que na hora. — riram — Comprei alguns biscoitos para vocês levarem amanhã na viagem.

— Valeu pai. — o lúpus respondeu — Vou lanchar alguma coisa e terminar de arrumar minha mala. 

Jimin acompanhou seu irmão até a cozinha e apenas pegaram um dos biscoitos, logo em seguida subindo para seus quartos.

Quando eram pequenos, dividiam um quarto bem grande, mas quando entraram na puberdade seus pais acharam melhor cada um ter seu canto, pois o jeito de arrumação dos dois sempre foi diferente, então não concordavam com muitas coisas referentes a organização do cômodo, acabando por ter várias briguinhas bobas. 

O quarto de Jungkook era de frente para o de Jimin, sempre que as duas portas ficavam abertas dava para ver tudo que estava acontecendo nos dois cômodos.

Jeon olhou e viu que seu irmão ainda não tinha nem começado a arrumar a mala, não o surpreendia, já que Jimin sempre deixou tudo para última hora. Agora lá estava ele correndo, para pegar as suas roupas, enquanto Jungkook só observava de longe, pensando que com certeza o ômega esqueceria alguma coisa.

Ao contrário de seu irmão, o lúpus já havia organizado metade de sua bagagem, mas como sentia que estava faltando algumas coisas, decidiu separar o que gostaria de levar, colocando tudo em cima da cama e arrumando em seguida na mala. 

Assim que terminou de arrumar tudo, foi ajudar Jimin que ainda tinha várias coisas largadas pelo quarto. Quando acabaram passaram o resto da tarde vendo um filme e depois cada um foi dormir, teriam que acordar cedo para a viagem. 

❃

Como de costume, assim que Taehyung chegou em casa, foi direto para seu quarto. Já sabia que seus pais só chegariam a noite, pois trabalhavam durante o dia todo.

Já que não tinha nada para fazer, resolveu que rever o que estava na mala seria a melhor coisa. Viu todas as roupas, apenas para ter certeza que não esqueceu de pôr nada e tudo estava confere. Roupas de frio e de calor, o ômega puro era extremamente friorento, então não deixou de colocar moletons para o aquecer, dentro da bagagem tinha também bolsinha de remédios, porque tinha que estar preparado e sua câmera, tirar fotos era uma das coisas que ele mais amava. É realmente, estava tudo ali.

Organizou seu quarto, porque na visão do puro, algumas coisas ainda se encontravam fora do lugar e manter o cômodo arrumado era umas das coisas mais satisfatórias para o mesmo.

Passou o resto do dia lendo um manhwa, adorava os traços desenhados. 

Como esperado, seus pais chegaram em casa no finalzinho da tarde, Taehyung desceu correndo para a sala, onde os dois estavam e foi os abraçar com força. 

Se alguém no mundo perguntasse as duas principais pessoas que ele sabia poder confiar mais do que tudo, a resposta sem dúvidas seria seus pais. Kim Namjoon e Kim Seokjin, que como em uma boa história clichê, se conheceram no ensino médio, Jin um ômega apaixonado e Nam um alfa que correspondia aos sentimentos, depois de um tempo já estavam namorando, se marcando, casando e tiveram o doce ômega.

Desde pequeno, para diferenciar seus pais, eles o ensinaram a chamar o Jin de "papai" e o Namjoon de "pai", assim ajudando a os diferenciar e com isso, acabou se acostumando e sempre os chamou dessas formas. 

— Oi pais! Como foi o trabalho hoje?

— Oi meu amor. — Jin passou a mão no cabelo de seu filho — Foi tudo bem, fizemos bastante coisa, então estamos bastante cansados. 

— Em comemoração às suas boas notas e também a falta de paciência de todos para cozinhar, pedimos pizza pro jantar. — Namjoon falou mostrando suas covinhas — Vou tomar banho e a pizza já vai chegar. 

Assim que subiu para o banheiro, os dois ômegas começaram a conversar sobre a viagem do dia seguinte.

— Eu sei que você vai tomar cuidado, mas não posso deixar de me preocupar. Tá levando os remédios? — concordou com a cabeça — E camisinha, colocou na mala?

— Papai! Não mesmo! — o puro começou a rir envergonhado — Não vou precisar disso, fique tranquilo.

— Tem certeza meu anjo? Você vai ficar lá durante mais de uma semana praticamente, em um lugar cheio de adolescentes, vários alfas e betas, não vai precisar mesmo assim? — Taehyung negou com a cabeça, tranquilo quanto aquilo. 

— Continuo tendo certeza que não vou precisar, relaxe papai.

Não demorou para a pizza chegar e os três não perderam tempo em ir para a cozinha jantar, Namjoon do jeito curioso que ele era, começou:

— Estavam conversando sobre o que enquanto eu tomava banho? — o Kim mais novo não deixou de ficar um pouco vermelho.

— Perguntei para o seu filho se ele tá levando tudo direitinho pra viagem, inclusive camisinha, mas acredita que esse peste falou que, simplesmente, não vai precisar? — seus pais o olharam, fazendo o puro ficar com mais vergonha.

— Filho, você vai levar sim pelo menos alguns pacotes de camisinha, vai ficar um mês viajando com um bando de gente da sua idade, com hormônios à flor da pele. — seu pai o olhou rindo da sua cara. 

— Tá, eu levo. — os encarou convencido — Ah! Um alfa mexeu comigo enquanto eu ia para a escola.

O clima estava leve até aquele momento e Taehyung queria o deixar assim, mas sabia que precisava contar aquilo aos seus pais. Eles nunca tiveram segredos e isso era um assunto sério, depois que descobriram que seu filho era um ômega puro, os cuidados e preocupações aumentaram. 

— Filho, você está bem? — Namjoon perguntou preocupado — O que ele fez?

Contou todos os acontecimentos, sem deixar escapar um único detalhe e seus pais preocupados, quiseram ver como se encontrava o pulso de seu filho, que naquele momento parecia estar apenas com uma mancha vermelha meio arroxeada, pelo aperto, mas felizmente não doía.

Os dois não deixaram de perguntar como seu filho estava se sentindo internamente com aquele incidente de mais cedo e por incrível que possa parecer, Kim estava verdadeiramente bem. Se sentia assim por conta das interações que teve com os meninos, eles foram tão gentis consigo que aquilo o deixou mais tranquilo, fazendo o ômega não pensar muito no assédio.

Saber que seu filho estava bem, deixou seus pais realmente aliviados. 

— Depois temos que conhecer esse tal de Jimin e Jungkook. — Jin comentou tentando tirar o foco do assunto principal — Eles parecem serem boas pessoas.

— Até hoje, eu não tinha conversado com eles, mas Park é realmente muito amável e Jeon me manteve nas conversas todas as vezes. — sorriu lembrando.

— Essas férias serão um ótimo lugar para vocês se aproximarem mais e isso é muito bom, já que você está se sentindo confortável com eles. — feliz Taehyung concordou com a cabeça. 

Depois que comeram e conversaram, o puro foi para o seu quarto, ansioso com a viagem do dia seguinte. Claro que seu pai manteve sua promessa e antes de seu filho dormir, guardou na mala algumas camisinhas, logo em seguida dando um beijinho de boa noite na testa do Kim mais novo.

Conseguir pegar no sono foi uma tarefa bem difícil, pois a ansiedade para o dia seguinte o impedia de relaxar, depois de um bom tempo rolando de um lado para o outro da cama, sempre abraçado com uma almofada, foi quando conseguiu dormir. 

Acordou com o alarme e mais animado do que nunca, se arrumou correndo e com aquele leve friozinho na barriga pela animação. Foi para a cozinha, pois sabia que precisava comer alguma coisa antes de viajar, mas como todos os dias, ele estava totalmente sem fome, o ômega chegava a achar impossível sentir fome quando se acorda.

Mas Kim tinha a plena consciência de que se não comesse, seus pais não o deixaria sair de casa e pensando neles, o puro vê Jin descendo as escadas, segurando a sua mala. 

— Já comeu?

— Vou comer uma maçã agora mesmo. — respondeu rápido para não levar bronca. 

O que não deu muito certo, já que seu pai ômega o olhou com uma cara feia, mas felizmente era compreensivo e entre entendeu.

— Sem problemas, só que leva algum biscoito salgado para comer no caminho, não quero saber que meu filho desmaiou por conta de pressão baixa e acho bom você comer direito nas férias. Vou ligar para o Hoseok todos os dias, pra saber como anda sua alimentação. — disse em um tom ameaçador. 

— Pode deixar papai, prometo tentar comer bastante e falando em Hoseok acho que ele já deve estar me esperando.

Se despediu de Jin, dando um beijo na bochecha e um abraço bem apertado, não deixou de fazer o mesmo com seu outro pai, este que estava na sala. O mais novo sabia que morreria de saudades deles dois e eles com certeza sentiriam o mesmo pelo filho, nunca ficaram tanto tempo afastados, quanto ficariam naquele um mês. 

— Vamos sentir sua falta, é para ligar todos os dias, contar como está sendo tudo. — Namjoon começou já preocupado, entregando a mala e mochila para seu filho — A passagem está na bolsa e tem bastante dinheiro espalhado pela bagagem. 

Taehyung sorriu para ele, concordando, eles eram tão cuidadosos com seu filho. 

— Você está com seu cartão? — agora foi a vez de Jin se preocupar e o puro novamente confirmou — Então está tudo ok, se algum alfa tentar mexer com você, não fica quieto, fala para alguém de confiança ou dá logo um socão no olho, não deixe ninguém te encher o saco. 

Riu um pouco de seu jeito, eles sempre o ensinaram a não abaixar a cabeça para alfa algum.

— Beijos meu amor, vamos sentir bastante saudades de você! — o pai ômega já estava emocionado.

— Pode deixar papai, vou fazer tudo que você falou e também vou sentir muita falta de vocês dois. — os abraçou novamente, sabia que não poderia reclamar deles, eles eram os melhores pais que alguém poderia pedir. 

Só depois de se despediram mais algumas vezes, o ômega finalmente foi ao encontro de seu melhor amigo, que o esperava em frente sua casa, que era praticamente do lado a do puro.