História Aqueles dias de inverno - Depois da seção ...

Após o término do filme, Yukari sugeriu passar em uma lanchonete antes de irem embora, Ikki não dissera nada desde que saíram do cinema. 

Chegaram na lanchonete e, por sorte, a encontraram quase vazia. Ikki parecia um pouco pálida. 

— Você está bem, Ikki ?

Ikki se sentou de frente para Yukari e disse:

— Claro que não ! Aquele filme foi horrível. Por que você me levou para ver aquilo ? — Ikki  chorava e soluçava enquanto falava, o que dificultava um pouco para Yukari entender. 

— Mas foi você quem escolheu o filme. 

— Tá mas eu não sabia que aquilo iria me assustar. Nunca mais quero ver um filme na minha vida. 

— Calma respire fundo e se acalme. Olhe, eu vou pegar a comida, fique aqui que eu já volto. Tenho certeza de que isso vai mudar o seu humor. 

Ikki balançou a cabeça, positivamente, e ficou esperando Yukari voltar, de cabeça baixa e ainda soluçando um pouco. Ela realmente ficou assustada com aquele filme. De todos os filmes do mundo, por que ela escolhera justo um de terror ? 

Yukari reaparece na frente de Ikki, ele estava segurando uma bandeja azul com as duas mãos. Havia dois embrulhos em cima da bandeja. Ikki não sabia o que era aquilo. 

— Pronto, aqui está a comida — Yukari pegou seu lanche e tirou todo o papel que o cobria. Quando estava preste a dar a primeira mordida, percebeu que Ikki o observava severamente, em silêncio. 

— Da próxima vez que você quiser ir no cinema, iremos ver uma comedia romântica. Tenho certeza de que vai ser bem melhor do que esse de terror. Você sabia que aquilo era um filme de terror, não sabia ? — perguntou Yukari.

— Claro que eu não sabia ! E não vai ter próxima vez, eu nunca mais quero ver um filme na minha vida. 

Yukari abriu o lanche de Ikki e entregou para ela. 

— Ao menos coma antes que esfrie. Acredito que você vai se sentir melhor.

— Tá bom, mas vou fazer isso porque estou com fome, não porque você me pediu. 

— Tudo bem. 

Ikki deu uma mordida pequena no lanche. Seus olhos encheram de brilho quando ela percebeu que aquilo era realmente gostoso. 

Para Yukari, Ikki parecia uma criança que se admirava com qualquer coisa. Ele estava começando a gostar daquela relação que eles tinham.

Quando chegaram em casa, a mãe de Yukari estava fazendo o jantar e o pai estava sentado na mesa da cozinha, lendo um jornal. 

— Como foi o filme ? — perguntou a mãe de Yukari. 

— A Ikki não...

— Foi muito legal — interrompeu Ikki. 

— Que bom que gostaram — disse o pai de Yukari — agora vão se lavar para jantar. 

— Nós comemos lanche, não estamos com fome — disse Ikki — iremos subir. 

— Tudo bem então — disse a mãe de Yukari. 

Os dois subiram. Cada um tomou banho, separados, e estavam indo se deitar. Ikki, como sempre, foi se deitar só de roupa íntima. 

Quando Yukari estava se deitando no colchão abaixo da cama, Ikki puxou ele de leve. 

— Dorme comigo hoje ? — ela tinha falado de uma forma fofa.

Yukari, vendo que não tinha escapatória, não questionou ela e se deitou na cama. Ficaram um pouco apertados.

— Você não vai ficar desconfortável dessa forma ? — perguntou Yukari.

— Para mim tudo bem. Só não pense em coisas estranhas. Só te pedi isso porque hoje eu não queria dormir sozinha. 

— Tudo bem, isso nunca passou pela minha cabeça. Boa noite.

— Boa noite.

Yukari sabia que ela estava assustada por causa do filme, isso ela não escondia e nem precisava. Mas medo não era o motivo para Ikki não querer dormir sozinha. Ela estava começando a ter algum sentimento por Yukari e, para a surpresa de todos, inclusive a deles mesmo, Yukari parecia estar sentindo alguma coisa por Ikki também.