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História Arcos não combinam com espadas - Capítulo I: Perdas.


Escrita por: Hayafuru

Notas do Autor


Fiquei realmente muito feliz com os favoritos no primeiro capítulo, obrigada mesmo!

Boa leitura!

Capítulo 2 - Capítulo I: Perdas.


O galo nem havia cantando e Namjoon já estava de pé, estava ansioso  pela chegada de seu pai. Olhava o lado de fora, através da pequena janela, completamente aflito. Mesmo que não houvesse claridade ao redor e ver qualquer coisa em meio àquela escuridão fosse quase impossível, Namjoon não desistia e permanecia parado, praticamente não piscava.

O Kim mais velho era guarda no castelo, não tinha fama e nem reconhecimento, era apenas mais um em meio a outros iguais a ele. Contudo, para Namjoon, seu pai era um herói e não admitia que ninguém lhe dissesse o contrário. Raramente via o dono da casa, visto que era necessário que os guardas ficassem de vigia o tempo todo no castelo ou nas fronteiras, mas, vez ou outra, eles conseguiam uma folga para visitar suas famílias e voltavam depois de uma semana de descanso em casa. Namjoon tinha total consciência de que esse momento era raro, então queria aproveitar o máximo que podia para passar um tempo com seu velho pai.

— Namjoon? Está acordado? — O pequeno olhou em volta e viu a silhueta de sua mãe. Parecia que ela havia acabado de acordar. — Vai dormir, filho.

— Meu pai vai chegar daqui a pouco, ele sempre chega nesse horário — retrucou, afastando-se da janela e olhando a mulher com mais atenção.

— De qualquer forma, seu pai vai querer dormir quando chegar, não vai poder brincar com você, filho. — Namjoon abaixou a cabeça cabisbaixo. Ela estava certa. Vendo a decepção estampada na face de seu filho, a monarca envolveu os braços no pequeno corpo do rapaz e lhe deu um beijo na testa — Vai dormir, Nam. Amanhã vocês brincam.

Sem opções, Namjoon obedeceu a ordem que recebera e foi para sua cama.

[...]

Não sabia dizer exatamente quanto tempo havia dormido, mas acordou com alguém batendo na porta de seu quarto. Os sentidos de Namjoon ainda estavam meio perdidos devido ao sono, mas quando finalmente despertou completamente, o Kim ergueu o corpo — ficando sentado na cama — e permitiu a entrada do recém chegado. Sorria de orelha a orelha esperando ver a silhueta de seu pai entrando, mas fechou a cara ao ver o corpo esguio do amigo.

— Ah, é você. — Por mais que estivesse feliz em ver Yoongi, não conseguiu conter a decepção.

O Min sempre entrava na casa quando queria, não fora educado para pedir permissão, mas no fundo, isso nem era realmente necessário, pois a monarca da casa não se importava, visto que, além de ser apenas uma criança, também era um grande amigo de seu único filho.

— Seu pai não chegou? — indagou, ignorando a infelicidade do colega ao ver que não era ele que o Kim queria ver, e entrando melhor no cômodo. Namjoon negou.

— Ele nunca se atrasa. — Abraçou as próprias pernas e pousou a cabeça entre elas, ainda envolto pela coberta fina que usara para dormir.

Yoongi viu a situação e ficou um pouco triste pelo amigo. Diferente do Namjoon, Yoongi nunca teve pais, fora criado pela parteira responsável por seu nascimento após sua mãe falecer no parto e seu pai ter lhe deixado para participar de uma guerra que o feudo estava envolvido, falecendo em campo. Sua convivência com a senhora não era boa, a mulher não era nem um pouco amigável, mas o Min nem poderia reclamar, já que estava de favor em sua casa. Por ter realidades diferentes, Yoongi não poderia dizer que entendia realmente o amigo, mas imaginava a angústia que ele estava sentindo.

Yoongi não sabia exatamente o que deveria fazer ou dizer, normalmente quem lhe ajudava quando estava triste era o próprio Namjoon. Não queria deixar o colega naquele estado, precisava ajudá-lo como ele sempre o ajudava.

— Vamos fazer algo, Namjoon! — Entrou totalmente no quarto e andou até a pequena cama do colega, puxando sua coberta. — Quero aprender os truques que seu pai te ensinou!

— Papai não me ensinou muita coisa — murmurou um pouco decepcionado com o pai. A ideia era que o homem lhe ensinasse mais movimentos de esgrima e luta, coisas que ele próprio havia aprendido na academia, porém isso não parecia que iria acontecer.

— Mostre o que você sabe.

Namjoon estava um pouco relutante, visto que não queria sair da cama. Mas, depois alguns segundos, aceitou a ideia do amigo. Yoongi precisava aprender algumas coisas se ele realmente quisesse passar nos testes futuros.

Com muita fadiga, Namjoon saiu da cama e, após se vestir adequadamente, acompanhou Yoongi para o lado de fora. O clima estava agradável naquele horário: quente, mas com uma brisa leve no ar. A casa dos Kim, assim como a de seu colega e de outras pessoas, ficava no centro do feudo, na cidade; tudo ao redor era de pedra e não havia espaço suficiente nas ruas — algumas até se assemelhavam a um beco. Tendo isso em mente, as duas crianças optaram por brincar nos campos que não ficavam muito longe de onde estavam, levando consigo suas espadas falsas de madeira, que na verdade não passava de dois cabos velhos de vassouras.

Após achar um bom espaço, Namjoon começou a pensar nas poucas coisas que seu pai havia lhe ensinado sobre empunhar uma espada.

— Vamos começar com a postura.

— Eu não quero saber sobre o corpo, Namjoon — comentou cabisbaixo.

— Mas precisa! Meu pai disse que postura é tudo se você quiser ser realmente um bom atacante. — Yoongi ia retrucar, mas Namjoon fora mais rápido. — Agora, segure o cabo e envolva todos os seus dedos nele, mantenha os cotovelos levemente dobrados e os pés bem fixos ao chão.

Demonstrou exatamente como o colega deveria fazer, usando o próprio corpo como exemplo, e riu baixo quando o pequeno tentou copiá-lo.

— Erga o cotovelo, se te atacarem, você não consegue se defender.

— Assim? — indagou após fazer o que foi pedido. Namjoon assentiu, dando uma volta em torno do corpo de Yoongi para achar mais imperfeições.

— Abra a perna, não está dando espaço entre elas. — Yoongi obedeceu e Namjoon ficou feliz pelo amigo aprender rápido. Apesar disso, o Kim decidiu brincar um pouco com a situação. — Abra mais a perna da frente.

Yoongi deu um passo com uma perna e deixou a outra fixa onde estava

— Mais um. — Obedeceu.

O Min estava tão concentrado em aprender os movimentos, que mal se dava conta de que Namjoon estava apenas se divertindo a suas custas. O Kim queria rir, mas se continha, testando os limites e a inocência do pequeno. Yoongi já estava com uma boa distância entre as pernas, tinha que lhe dar parabéns pelo bom equilíbrio.

— Muito bom! — elogiou, enquanto se aproximava. — Mas pena que você caiu.

— Mas eu não…  — Não houve tempo para terminar a frase, pois Namjoon tocou o ombro de Yoongi e o empurrou para trás, vendo-o cair facilmente pela postura inadequada que mantinha.

— Por isso precisamos ter uma boa postura — comentou debochado, sorrindo divertido pela cara emburrada do amigo que estava no chão. Ofereceu uma mão para que ele se levantasse, porém recebeu um tapa na mesma. — Foi brincadeira, Yoongi.

— Não gostei! — retrucou, enquanto erguia o corpo e tirava o pó e a grama que haviam grudado em suas roupas.

— Foi engraçado. — Estremeceu com os olhos semicerrados que recebera e engoliu o riso — Não foi engraçado, desculpa. Ainda quer treinar?

— Perdi a vontade.

— Não, vamos, por favor!

— Vou treinar quando eu estiver na academia. Pelo menos lá ninguém vai brincar comigo dessa forma. — Yoongi estava realmente irritado, mas desfez a cara feia ao ver que o amigo estava arrependido. Estalou a língua  e suspirou. — Quero ir à feira, talvez haja algo de bom por lá.

As duas crianças não tinham dinheiro para comprar nada, mas elas gostavam de andar, pois às vezes, ganhavam coisas de vendedores amigáveis e isso já valia a ida.

Caminhavam tranquilamente, Namjoon repousava sua espada falsa em seu ombro, enquanto Yoongi ia arrastando a sua pelo chão. Jogavam conversa fora, esquecendo totalmente de meia briga que acabaram de ter, sempre era assim.

Estavam quase chegando no centro do feudo, onde a feira ocorria, quando dois cavaleiros montados sob dois cavalos passaram entre as crianças, os animais corriam apressados e os comandos dos homens demonstrava que eles estavam aflitos com algo. As duas crianças trocaram olhares confusos e logo em seguida, mais dois cavaleiros passaram apressados, praticamente colados às duas crianças.

— Vocês dois! Saiam do caminho! — esbravejou e os meninos tomaram um susto quando um soldado parou rente aos seus corpos.

O homem, em cima do belo cavalo branco, não era alto e usava a armadura que todos os cavaleiros deveriam usar, desde os pés à cabeça. Por usar o capacete de proteção, Namjoon não conseguia ver quem estava por trás, mas a voz indicava que ele não tinha passado dos 17 anos ainda.

— O que está acontecendo? — indagou Yoongi, deixando a admiração de lado e ficando levemente curioso pela movimentação eufórica.

— Fiquem longe da passagem. — Foi a única coisa que disse antes de partir, juntando-se aos demais soldados.

Enquanto o jovem tomava distância apressadamente, Namjoon o observava, admirando cada pedaço de aço que ele usava e sonhando com a sua vez. Quando a figura finalmente havia sumido de sua visão, Yoongi se pronunciou:

— Vamos lá ver o que está acontecendo!

— Está louco? — Não teve mais tempo para contrariar, pois o Min já corria na direção que todos os cavaleiros haviam ido.

Sem muitas opções, Namjoon seguiu o amigo, correndo para alcançá-lo.

[...]

O feudo é situado na parte costeira do país; ao leste, há uma grande quantidade de vegetação, que proporciona uma barreira natural para qualquer invasor. Um pouco mais ao sul, há montanhas gigantes que dificultam a entrada de um exército grande. Por essa razão, a cavalaria firmava defesa apenas nas extremidades restantes: no mar, fazendo vigias para alertar qualquer aproximação suspeita por toda a extensão do oceano, e ao Norte, onde costumam ficar os campos de plantações e áreas mais planas.

Ninguém realmente esperava que um ataque viria da floresta, tanto que fora uma grande surpresa para os moradores daquela região. Os guerreiros mais próximos foram para a batalha até que os soldados mais preparados conseguissem chegar.

Namjoon não sabia muito bem o que estava fazendo, mas seguia Yoongi através das poucas casas de madeira que havia ao redor; as ruas eram muito bem abertas, o que facilitava combates de corpo a corpo.

As casas já haviam sido evacuadas, a única coisa que se ouvia eram os gritos raivosos daqueles que lutavam, levemente abafados — deixando claro que o centro do combate estava logo a frente —, e muito aço chocando-se.

A parte que as duas crianças se encontravam não havia ninguém, o que deixava a situação mais tensa. O som das espadas ecoavam pelas ruas, era impossível saber onde estava tendo uma briga.

— Yoongi, vamos sair daqui! — sussurrou, enquanto andava lentamente atrás do pequeno.

— Não seja medro…

Antes que o pequeno pudesse terminar sua fala, uma criatura estranha apareceu: tinha o corpo de uma pessoa, mas a cabeça de uma ovelha. O homem olhava em outra direção quando seus corpos ficaram praticamente frente a frente, logo, sua atenção pousou sobre as crianças e uma risada se ouviu. Ergueu a fina e longa espada em direção a Yoongi — que estava na frente — pronto para golpeá-lo, mas um cavaleiro chegou por trás e fincou sua espada no peito da criatura, fazendo-a atravessar o corpo. Quando ela caiu no chão, já morta, o cavaleiro olhou para os dois meninos.

— Você já deveriam estar bem longe daqui, por que não foram evacuados? — indagou seco, não parecia muito interessado na resposta.

— N-não moramos aqui, moramos no centro do feudo — explicou o Min, vendo uma sobrancelha se erguer no mais alto.

— E por que demônios vieram para o campo de batalha? — perguntou retoricamente. O cavaleiro guardou sua espada e pegou a mão dos meninos, arrastando-os para fora daquele local.

— Namjoon? — A criança olhou por cima dos ombros, sorrindo ao ver seu pai. Diferente do homem que o arrastava, seu pai não usava muita proteção, mas tinha uma bela e longa espada. Havia um pouco de sangue em suas roupas — provavelmente de seus adversários —, mas nada muito exagerado.

Baixou a guarda para se aproximar melhor do filho, este que a essa altura já estava bem afastado. Logo, mais daquelas criaturas começaram a aparecer e junto delas, os soldados que tentavam impedir que avançassem. A falta de espaço para tanta gente deixava tudo meio complicado. O homem que arrastava Yoongi e Namjoon soltou suas mãos e ergueu a espada novamente para protegê-los.  

— Saiam daqui! — gritou, sem tirar os olhos do campo de batalha.

Os meninos estavam muito assustados com tudo aquilo. Por mais que fosse o sonho deles tornar-se guardas reais, na prática, a situação era diferente, não era fácil ver tanto sangue sendo jorrado de ambas as parte.

Yoongi pegou a mão do amigo e o puxou para irem embora. O Kim ficou com receio, não queria deixar seu pai para trás, mas não havia muita coisa que pudesse fazer ali.

Deu as costas e correu junto ao colega, olhou brevemente para trás e viu seu pai, lá atrás, erguendo a espada para se defender de um ataque que vinha de cima, porém, uma das criaturas o acertou por trás, afundando a arma em suas costas.

— Pai! — berrou desesperado. Yoongi não entendeu o que havia acontecido, olhava apenas para frente. Assustou-se quando o amigo quis soltar suas mãos, porém não permitiu que ele o fizesse. — Eu preciso ver meu pai, Yoongi!

Namjoon forçou o braço para baixo e finalmente se soltou, estava para dar meia volta quando um grande cavalo negro apareceu na sua frente, aparecendo outras dezenas em seguida que rapidamente cercaram os meninos em uma espécie de proteção. O pequeno ergueu a cabeça para ver de quem se tratava e viu um homem com mais de 30 anos e uma feição irritadiça.

— Tirem eles daqui! — falou ele, referindo-se a dois cavaleiros próximos que não hesitaram em lhe obedecer.

As duas crianças foram colocadas nos cavalos e os soldados as levaram até o centro do feudo. Fora muito difícil convencer o Kim a desistir da ideia de ver seu pai. O cavaleiro que o carregava em seu cavalo dizia palavras de conforto e garantia que o homem estava bem, mesmo que não tivesse tanta certeza.

Quando seguros, ambos os soldados deixaram os meninos no solo e voltaram para o campo de batalha.

Tudo havia acontecido muito rápido, o pequeno Kim processava o que tinha visto a pouco e perguntava a si mesmo se tudo era real.

— Nam, vai ficar tudo bem — disse Yoongi, aproximando-se e tocando o ombro do amigo em sinal de reconforto.

— Como você sabe? — indagou, olhando firme nos olhos do amigo, este que recuou um pouco devido ao tom de voz indiferente que fora usado.

— Eu não sei, quer dizer, é melhor você ficar calmo, nós…

— Ficar calmo?! — berrou, deixando as lágrimas caírem livremente por suas bochechas — Meu pai levou um ataque nas costas, como posso ficar calmo?!

— Ei, não venha descontar em mim, eu não fiz nada e estou apenas tentando te ajudar — rebateu no mesmo tom de voz, fazendo Namjoon finalmente voltar à realidade e sentir-se culpado por estar sendo tão idiota.

O mais alto suspirou cansado e deixou seu corpo cair no chão, permanecendo ajoelhado. Odiava mostrar-se tão indefeso na frente de Yoongi, mas, naquele momento, não conseguia fazer nada além de chorar. Viu seu pai levar um golpe e cair no chão, era compreensível seu estado.


Yoongi não sabia muito bem o que fazer, mas não queria deixar o amigo daquele jeito. Optou por levá-lo para casa para poder descansar e aproveitou para contar o ocorrido para a senhora Kim. A mulher não recebeu a notícia da melhor forma possível e, igual seu filho fez, caiu no chão completamente desolada.


Notas Finais


Comentários são sempre bem-vindos!

Um agradecimento especial a @JiggukJK_ por ter feito a betagem desse capítulo também, merece o mundo! Muito obrigada pelo trabalho, anjo! ♡



|| Não seja um leitor fantasma.


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