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História Arte Abstrata - Festa de Ano Novo


Escrita por: Annabel-Lee

Notas do Autor


Olá, pesso- CALMA, CALMA, CALMA! Não me joguem um tijolo!
Ok , estou sendo exagerada, vocês são todos uns amorzinhos que jamais me jogariam um tijolo, mesmo que eu não tenha postado na sexta-feira passada. Né?
Eu juro que tentei, mas por alguma razão o universo achou que seria massa me encher de compromissos no mês de agosto e eu to vivendo altas aventuras até agora. Masss, eu já estou adiantando vários capítulos para não haver poblema na postagem. Aguentem firme e me acompanhem nessa jornada!
Agora sim, bora pro capítulo.

Capítulo 13 - Festa de Ano Novo


Há sempre um sentimento de vazio que surge quando as pessoas que nós amamos vão embora e os Whilor começaram a abandonar Konoha logo no dia 26, iriam para a fazenda de Albian e Aramantha e levariam com eles Darwin, mas as meninas ficariam na cidade porque Zola ainda tinha outra matéria para terminar antes do ano novo. Depois de achar que teria um ataque de nervos, foi surpreendente constatar o quanto ela tinha se divertido naquele natal.

Como bons traidores que eram, os Whilor tiveram múltiplas crises de riso ao se lembrarem da total confusão de Itachi e Carl ao presenciarem seus esquisitos costumes familiares e, infelizmente, sobrou para Luna ter que ouvir todas as insinuações de que havia algo entre eles.

– Você não precisa se preocupar – declarou Albian –, eu gostei muito do rapaz.

Luna olhou para cima, metade em frustração, metade agradecendo os céus. Aquilo poderia ter sido muito mais desastroso.

Se Madame Roxanne fizesse alguma insinuação de que os dois eram namorados, Itachi estaria de sobreaviso sobre a suposta caduquice dela, mas se outros parentes perguntassem algo, ele certamente iria negar.

Ela esteve muito perto do desastre.

Definitivamente precisava colocar em sua lista de resoluções de ano novo: pensar direito antes de agir.

– Mas isso é uma grande novidade – gargalhou Aramantha, que juntamente com Othilla estava guardando as louças que elas lavaram.

– As crianças tem que crescer alguma hora – ele deu de ombros.

– Vovô – Eron segurava a mão de Luna, quase dormindo sentado –, as crianças já cresceram há anos.

– Vocês precisam relaxar – insistia Luna –. Vocês sabem que Itachi e eu não somos uma possibilidade.

Eron virou para ela, com a velha expressão que usava quando estava a dando bronca e sabia que estava certo.

– Luna, você sabe que vai ter que voltar a namorar uma hora.

Ela, por sua vez, desviou de todos os olhares e ficou encarando a parede a sua frente.

– Não, eu não tenho.

Levantando-se e alegando que estava com muito sono, se despediu dos que ainda não tinham ido para seus hotéis e foi dormir.

Sim, foi divertido e ela sentiria saudades de sua família, mas por outro lado estava dando graças a Deus por ter acabado. Ela estava ilesa.

 

No decorrer da semana, enquanto uns iam, outros retornavam e a primeira coisa que Izuna fez quando chegou em casa foi pegar o telefone, ligar para Luna e contar sobre sua aventura natalina – sem Tobirama! – na Suíça.  

Uma hora falando ao telefone enquanto Luna tentava desesperadamente limpar a bagunça que Othilla tinha feito quando derrubou a árvore de natal e sua xícara de chá por acidente.  

Sua orelha chegava a estar quente.

– Aham, Izuna... Legal. Sim... Não, claro... Uhum... – já havia uma mancha de tinta amarela em seu lindo tapete branco, agora uma de chá preto... Sentia que até o fim do ano aquilo ali viraria um mural de manchas variadas.

– Então, mocinha, não esqueça que você está convidada para a nossa festa de ano novo.

Debaixo da mesinha, recolhendo alguns enfeites da árvore que tinham rolado, Amaluna grunhiu. Ótimo, estava ficando com dor na coluna agora.

Velhaca” resmungou seu subconsciente.

– Eu não sei, Izu...  Eu nem sei se tenho roupa para um evento desses – deu uma olhadela para Othilla, no quarto, costurando sua primeira encomenda.

Luna não queria nem pensar em quem frequentava uma festa de ano novo sediada por um Uchiha, mas provavelmente eram todos celebridades e pessoas bem-sucedidas.

E francamente, sobreviver a três festas na presença de Itachi Uchiha sem passar nenhuma vergonha magnânima já parecia uma proeza incrível e delicada que poderia ser arruinada por um quarto evento.

E Zola tinha medo de fogos de artifício, nunca era uma boa ideia deixa-la sozinha no ano novo, como se ela fosse um cachorro. Ninguém sabia o que poderia acontecer, talvez ela destruísse os sofás ou coisa parecida. 

– Ah, qual é? O ano tem que começar arrasando. Traga as suas meninas, eu tenho certeza que a gente vai se divertir.

Se divertir pra vocês é ir falar com seus amigos e me largar sozinha na festa” ainda bem que as pessoas não podiam ouvir as coisas que se passavam na cabeça dela, ou ela já não teria amigo nenhum.

– Olha, vamos estar eu, o Shisui, o Itachi, o meu irmão...

Luna levantou-se do chão, jogando o cabelo para trás.

– O seu irmão vai para a festa?

– Óbvio, né. É o meu irmão, tem que passar o ano novo comigo.

Bom... Se era esse o caso...

Olhar para um homem bonito nunca era demais, não é? Fora que Zola e Othilla ficariam furiosas se ela negasse um convite que era estendido a elas para ir a uma festa chique.

Dando de ombros, Luna respondeu:

– Já que você insiste.

 

Não é necessário dizer que Zola e Othilla quase fizeram uma festa para comemorar terem recebido um convite daqueles.

O furor criado pelo convite soterrou o antigo assunto favorito: Luna e Itachi. Agora tudo que se falava lá dentro era sobre as expectativas que elas tinham para a festa.

A empolgação era tanta que até Luna ficou animada.

Othilla, sempre muito bem munida de roupas, já tinha escolhido os vestidos que elas iriam usar e estava fazendo os ajustes necessários. Ela era tão ligeira para costurar que fazia parecer tarefa simples, pensava Luna sentada na cama.

No dia 31, Zola insistiu que elas tivessem um dia de beleza e fossem para um salão porque, segundo ela, era sempre uma boa ideia entrar o novo ano sentindo-se totalmente renovada – mas Luna bem sabia que era por causa da festa, porque Zola nunca estava nem aí para o ano novo, ela só ficava preocupada com os fogos. Como Othilla era agora colega de negócios de Haku, foi fácil conseguir uma vaguinha no Blanc et Épée  por um preço bem acessível.

Haku, sempre simpático, veio recebe-las pessoalmente, todo sorridente.

Como no dia da festa dos Uchiha, o salão estava completamente lotado naquele dia.

– Venham meninas – ele andou na frente delas –, vocês vão ficar lá no segundo andar.

– Eu me sinto VIP – riu Othilla, andando alegremente logo atrás dele.

– Você é.

 Enquanto isso Zola parecia completamente chocada com o fato de que aquele homem de casaco branco parecer uma mulher mais bonita do que todas as três.

O grupo subia enquanto um homem altíssimo, magro, de cabelos espetados e feições nada simpáticas fazia o caminho contrário.

– Onde você vai, Haku? – Indagou ele.

– Estou levando essas meninas lá para cima – respondeu gentilmente.

– O salão está cheio, você não pode perder tempo com clientes menos importantes.

Zola ergueu levemente as sobrancelhas, visivelmente irritada com a atitude desagradável do homem e surpreendendo sua prima, que ainda não estava irritada mesmo que fosse ela que ostentasse o título de rainha barraqueira.

Ainda não estava.

– Eu não vou demorar.

Sem nenhuma cerimônia os olhos do homem de cabelo espetado recaíram sobre os cachos de Luna.

– Você vai.

E com isso a paciência da mulher foi-se pelos ares.

Olha que se eu te empurro dessa escada...”, acompanhando Haku ela também rolou os olhos. Sua mente gritava para que ela dissesse alguma coisa, mas a metade racional dela a fazia recordar do incidente do sapato toda vez que sentia vontade de bater boca com alguém – e isso era muito mais frequente do que ela gostaria.

Se ela não estivesse tão pobre e quebrada, seria bom voltar a fazer terapia.

– Não se preocupe, Zabuza – afirmou Haku, voltando a subir os degraus com seu jeito delicado, quase como se fosse uma princesa –. Não vou negligenciar nenhum outro cliente. Meninas venham, não podemos perder tempo.

Com os narizes bem empinados e sem olhar para o homem uma segunda vez, as três seguiram Haku.

– Eu peço desculpas pelo Zabuza – explicou ele logo depois, visivelmente constrangido –. Ele é meu sócio e, tecnicamente, é o homem que me tirou das ruas e me criou. Eu não sei qual foi a última vez que eu o vi de bom humor.

Imediatamente a raiva delas se desfez, substituída por compreensão e logo o assunto morreu. Haku as fez sentar em três cadeiras diferentes e chamou equipes de duas pessoas para trabalhar nelas – Luna, no entanto, precisou de uma pessoa a mais em sua equipe.

Haku e Othilla conversavam sobre a necessidade do salão de sempre contratar mais gente especializada, visto o fato que estavam sempre lotados e que clientes novos chegavam a cada dia, e sobre como Othilla estava ansiosa para começar seu novo emprego.

Ela primeiramente iria passar por um mês de treinamento, assim que o feriado de ano novo terminasse, e depois teria que aprender o resto na marra.

– Eu sei que o Zabuza quer minha cabeça – suspirou Haku –, porque... Bom, é ilegal. Mas tecnicamente até ele conseguir minha guarda, quando eu era criança, eu também era um ilegal. Eu não posso simplesmente deixar as pessoas passando fome, ainda mais agora que firmamos uma parceria.

Othilla já estava com uma máscara estética escura no rosto, pepino nos olhos e o cabelo sendo hidratado.

– Nossa primeira encomenda está indo muito bem!

– Eu não acredito que nossa primeira encomenda é da esposa do prefeito – Haku parecia ainda mais empolgado – e para ir ao aniversário dele, ainda por cima.

– Espera, espera – Zola os interrompeu –, você está costurando para Kushina Uzumaki?

– Kushina é uma cliente regular aqui no salão – clarificou Haku –, estava aqui no dia em que eu fiz a primeira propaganda do nosso novo negócio e ficou interessada nos modelos de Othilla e decidiu encomendar um para o aniversário do prefeito Minato.

– Eu mesma fazer o desenho – o tom orgulhoso de Othilla trouxe um sentimento de profundo contentamento ao coração de suas companheiras. Era bom vê-la fazendo sentindo-se útil.

A conversa prosseguiu, tomando os mais diversos rumos, mas Haku logo teve de deixa-las apenas com suas assistentes para atender outros clientes que estava chegando.

Zola tinha razão, elas realmente precisavam daquele dia de relaxamento e, ao sair devidamente maquiada, com as pontas de seu cabelo aparadas, os cachos definidos e hidratados, Luna sentia-se pronta para encarar a festa de Izuna com o máximo de bom humor que havia em seu ser.

Zola, por sua vez, resolveu radicalizar e até mesmo cortou o longo cabelo branco em um chanel acima dos ombros. Era bom vê-la tão animada. Luna não tinha a coragem dela de cortar o cabelo assim.

Insistindo que elas estavam irresistivelmente lindas, Othilla correu atrás delas tirando várias fotos, até que era hora de partir para colocarem suas roupas e se prepararem psicologicamente para entrarem em uma das festas de ano novo mais badaladas de Konoha – Zola tinha pesquisado na internet o tipo de pessoas que compareciam a essas festas e só havia uma coisa a dizer: suas contas bancárias eram um sonho. 

 

É claro que Izuna tinha convidado todo prédio, toda a quadra, toda a cidade.

Não tinha nem lugar para estacionar de tantos carros que havia, elas tiveram que ficar dando voltas nas quadras vizinhas até achar um lugar para estacionar.

– Que chique – bufou Luna –, nós três de vestido longo e salto – Luna tinha reciclado os sapatos pretos da festa Preto, Branco e Vermelho e não podia ligar menos para o fato que eles destoavam do vestido branco e dourado – e chegando a pé na festa.

– Vocês viram a quantidade de carros caros que estão nessas ruas.

– Acabo de me dar conta de que deve haver um valete para estacionar o carro para nós – declarou Zola.

Grunhiram em conjunto pelo fato de que não terem se dado conta do fato e arrancaram, indo parar na frente do prédio e descobrindo que realmente Izuna tinha contratado alguns valetes e que provavelmente o carro delas era o mais barato que havia por ali.

O incrível dom de ser pouco refinado.

O prédio de Izuna possuía um suntuoso salão de festas na cobertura, e claro, como era de se esperar, todos os ricos e famosos estavam presentes naquela festa, até mesmo a família do prefeito Minato Namikaze que conversava alegremente com um homem que Luna reconheceu ser Hashirama Senju.

Os Senju eram uma família tão importante quanto os Uchiha. Na época da guerra – a mesma em que Carl havia lutado –, Konoha ficou praticamente destruída.

Naquela época havia uma rivalidade latente entre os Uchiha e os Senju, fundada há muito tempo, mais ou menos como houvera entre as duas partes da família de Luna, as diferenças nunca foram deixadas de lado, mas o pai de Hashirama e o pai de Madara e Izuna haviam se unido na época para reconstruir Konoha.

Os Senju eram donos de uma poderosa empresa ligada à construção civil.

Olhando mais para a esquerda, ela via Naruto Uzumaki conversando com o irmão mais novo de Itachi, Sasuke Uchiha, mais uma moça de cabelo rosa e a filha do chefe de Zola, Ino Yamanaka.

A música e a conversa tomavam conta do ambiente, uma festa cheia de gente rica e interessante.

Zola, como jornalista, conhecia pessoalmente muitas daquelas pessoas e imediatamente saiu para cumprimenta-las. Othilla e Luna ainda ficaram perto da entrada, até serem encontradas por Shisui.

– E aí meninas – ele chegou por trás de Luna, imediatamente jogando o braço por cima do ombro dela, sorrindo –, como foi o natal de vocês?

– Foi ótimo – respondeu Othilla sorrindo e estendendo a mão para ele –, não sei se nos conhecemos, Othilla Kuznetsov.

Shisui pegou a mão dela e levou aos lábios, gentilmente.

– Luna já falou muito sobre você, muito prazer – depois, virou-se para Luna com um sorriso gigantesco e ela já sabia o que viria a seguir –. Luninha, eu soube que você convidou o meu primo para passar o natal com você.  

– Comigo não, com a minha família. Escuta, foi você que o coagiu a me levar para fazer compras, não foi?

– Oh, ele te levou para fazer compras? – O sorriso dele aumentou – Vocês estão indo mais rápido do que eu esperava.

– Não me obrigue a te dar um soco na barriga na frente das pessoas – rebateu Luna, carrancuda.

Shisui riu e perguntou se Othilla queria beber alguma coisa. Luna não fazia ideia do por quê ele querer deixa-la sozinha em um salão cheio de completos estranho e quase ficou com raiva de Othilla por ter concordado em ir com ele e tê-la deixado para trás.

Mas logo ela percebeu qual era a intenção deles quando enxergou Itachi, também parado sozinho, do outro lado do salão.

Ou ela ficava ali parada como uma idiota, ou ela andava até Itachi e ficavam os dois parados observando as pessoas e, francamente, depois da festa de natal ela já se sentia no direito de poder ficar ao lado dele em uma festa sem nenhum constrangimento.

– E mais um ano acaba – declarou, assim que parou de frente para ele.

Isso soou terrivelmente clichê”.  

O olhar do homem tinha a localizado assim que ela começou a andar na direção dele e a acompanhou durante todo o percurso.

– Você fica emocional no ano novo? – Foi a maneira de ele cumprimenta-la.

– Emocional, eu? Jamais.

– Você está muito bonita.

Aquele comentário a desestabilizou completamente e ela deu um pulo para trás como se tivesse levado um choque.

Itachi Uchiha a elogiando sem motivo nenhum? Agora, isso era um comportamento totalmente estranho.

– Viu? – Constatou ele simplesmente, os cantos de seus lábios se erguendo e seus olhos cintilando – Completamente emocional.

Luna mordeu o lábio inferior com raiva e pegou uma taça de bebida que o garçom vinha trazendo em sua bandeja, apenas para não ficar com a mão livre e cometer uma atrocidade.

– Eu te odeio, Itachi.

E, no entanto, ela continuou ao lado dele.

Não querendo deixar Luna mais irritada, Itachi ficou em silêncio observando as pessoas junto dela, até que foram encontrados pelo anfitrião.

Izuna vinha vestido de branco, sorrindo, acompanhado de Tobirama Senju, o irmão mais novo de Hashirama.

Mais do que imediatamente Luna e Itachi trocaram um olhar extremamente significativo e fecharam o rosto.

Era tudo que faltava...

– Olha só vocês dois! – Riu Izuna, beijando as duas bochechas de Luna e dando um tapinha no ombro de Itachi – Fico muito feliz de vê-los como amigos.

Os dois não responderam e Izuna, sem perceber que estavam quase decepcionados com eles, prosseguiu:

Luna, acho que você não conhece o Tobirama, né?

Os dois se encararam, nenhum dos dois demonstrando o menor sinal de simpatia pelo outro, e se cumprimentaram muito friamente.

Luna não conseguia simpatizar com o homem sabendo de toda a história que ele tinha com Izuna e, agora, pela sua aparente antipatia também. Diferente de seu irmão, que era a estrela do salão e estava rindo alegremente ao lado de Madara, Tobirama não parecia nada satisfeito em estar ali.

– Eu quero falar com vocês mais tarde – Izuna deu-lhes um sorriso malicioso e, desejando que aproveitassem a festa, se retirou com Tobirama para falar com outros convidados.

Mais uma vez Luna e Itachi se encararam, ela suspirando e ele voltando a observar Izuna se afastar sendo seguido pelo Senju.

– Isso vai terminar em lágrimas – grunhiu ela, sentindo um peso em seu estômago.

Itachi não respondeu, mas concordou com um maneio de cabeça.

– O que nós vamos fazer?

– Nada – Itachi ofereceu o braço para que ela segurasse e começou a guia-la na direção dos sofás –. Izuna é um adulto, sabe o que faz da vida.

A frieza surpreendeu Luna e ao mesmo tempo não. Era a conclusão racional a se chegar, de que Izuna podia lidar com os próprios problemas e de que eles não deveriam se intrometer na vida dele, e ainda assim o coração de Luna gritava que seu amigo não iria saber como processar esse problema através dos próprios meios.

Talvez fosse esse um dos maiores problemas de Luna, ela sempre achava que as pessoas precisavam dela para resolver suas adversidades, mas a frase de Itachi tinha acabado de lembrá-la que a única pessoa que dependia dela para se resolver era ela mesma.

Ótimo, decepção na festa de ano novo.

Os dois sentaram-se no sofá branco, bem debaixo de um gigantesco lustre de cristais e observaram o festival de roupas brancas. Muitos passavam e olhavam para eles, mas seus rostos não estavam nada agradáveis e ninguém tinha coragem de falar com Itachi quando ele não parecia estar de bom-humor – porque ele era assustador mesmo de bom-humor.

A música tornou-se leve e muitos casais seu reuniram na pista de dança, da qual Itachi e Luna tinham visão privilegiada quando sentados ali.

Observando os casais e pensando em Izuna, Luna se pegou perguntando a Itachi:

– Alguma vez você já seguiu o que seu coração disse, ao invés de sua mente?

Ela não esperava que ele respondesse e ele não respondeu, mesmo assim ela ficou observando o rosto dele.

Luna pensava que ela era complicada, mas certamente a mente de Itachi devia ser muito pior do que a dela e agora ela estava contorcendo-se de curiosidade para saber quem realmente era aquele homem sentado ao seu lado.

Mas não havia como ela descobrir, porque não havia nenhum acordo quanto eles serem amigos ou não.

Alguém além de Shisui poderia se considerar amigo de Itachi?

Luna gostaria de entender que tipo de pessoa conseguia chegar ao coração de Itachi, porque Shisui parecia tão... Diferente... De seu primo e ao mesmo tempo queria entender o porquê disso ser importante para ela.

Talvez, no fundo, ela gostasse de gente complicada e talvez, mais no fundo ainda, ela quisesse saber qual era o segredo de Shisui para que pudesse impressioná-lo também.

Quando olhou para Itachi uma vez mais, ele estava com o olhar fixo em Tobirama e Izuna bebendo no bar e conversando, com uma expressão muito desgostosa.

– Você não vai mesmo tentar ajuda-lo?

– Não é por falta de tentativa – respondeu ele sem nem desviar o olhar –, Madara mesmo já fez de tudo, mas Izuna é um homem adulto, pode escolher acatar os conselhos que recebe ou não, assim como você ou eu.

– Mas–

– Luna, se você quer evitar se machucar, guarde suas boas intenções para causas que não estão perdidas.

Ela jogou a cabeça para trás, surpresa, contraindo as sobrancelhas.

Finalmente tirando os olhos de Izuna e voltando a olhar para Luna, Itachi esperou a resposta que ele sabia que não seria nada boa.

Era incrível como era fácil irritar aquela mulher e como ele sentia uma espécie de prazer em vê-la irritada com ele desde o dia em que ela tentou ataca-lo com um sapato.

– Itachi você quer que eu saia? Porque se eu estiver te incomodando eu vou procurar a Othilla que, aliás, sumiu com o seu primo.

– Pelo contrário Luna, eu gosto da sua companhia.

Ela riu, amarga.

– Não força, Itachi.

Então Itachi sorriu para ela. 

Não um meio sorriso, não aquele ar de desdém que havia no canto de seus lábios quando ela fazia algo ridículo, um sorriso inteiro e genuíno que ela nunca pensou que veria em Itachi, que talvez fosse reservado apenas para os olhos mais afortunados daqueles que ele amava.

Foi um momento de choque, porque Luna foi lembrada de que Itachi era apenas um ser humano, não mais e não menos do que isso e que se ela não se lembrava disso, talvez pouca gente lembrasse. Talvez no fundo ele só esperasse alguém que fosse insistente o bastante para descobrir os motivos de ele ser assim e entende-lo por completo.

Ela sabia, porque era exatamente o que acontecia com ela: as pessoas desistiam de tentar compreendê-la porque ela insistia demais que não merecia ser amada.

De repente sentiu uma onda de gratidão tão forte por Izuna e Shisui, pois os dois ficaram mesmo quando ela pensava que não havia motivo para eles se aproximarem dela.

Luna riu novamente, dessa vez de si mesma e de Itachi, de como eles eram parecidos sem perceber. Dois teimosos impossíveis, Shisui e Izuna tinham toda a razão.

– Desculpe – olhou para ele suavemente –, acho que eu não estou te tratando direito. Acho que não estou me tratando direito.

O sorriso de Itachi se desfez lentamente, mas a luz em seus olhos permaneceu enquanto ele a encarava em silêncio, apenas a música envolvendo os dois.

– Amigos, então? – Luna sorriu, estendendo a mão para ele.

– Amigos – Itachi apertou a mão dela.

 

Foi como se a grande muralha de incompreensão que havia entre eles tivesse desmoronado, não deixando sequer o pó para trás. De repente Luna sentia-se perfeitamente confortável ao lado de Itachi para começar a reclamar dos terríveis looks que estavam sendo apresentados naquela festa e Itachi sentia-se confortável o bastante ao lado dela para conversar amenidades sem sentir-se um tolo.

Na verdade, ele gostava muito da forma como ela fazia tolices parecerem assuntos importantes.

– Mas eu acho que você está sendo muito gentil – comentou ele depois da profunda analise quase filosófica que ela tinha feito quanto a roupa do escritor Jiraiya –, Shisui é o destaque negativo da noite.

Luna moveu-se no sofá, olhando com expressão travessa para Shisui que estava conversando alegremente com Naruto e Sasuke e completamente ignorante do fato de que ele era o novo alvo da dupla.

Shisui Uchiha estava vestido dos pés à cabeça em prata parecendo um personagem de filme futurista estereotipado.

– É, é trágico que eu tenha que falar mal de um amigo assim, mas não dá pra querer. Mas e você? Entrar no ano novo vestido de preto não parece meio agourento?

– Eu não sou um homem supersticioso.

Luna deu de ombros. Sendo uma Whilor, superstição e misticismo corriam em suas veias, mas ela não imaginava que Itachi fosse um homem supersticioso mesmo e também não se importava que as pessoas que a cercavam não conhecessem de trás para frente todas as características dos signos do zodíaco como ela conhecia porque, sendo franca, ao decorrer de sua adolescência Luna foi se afastando de todas as coisas e isso incluía suas crendices.

Enquanto seu olhar divagante corria pelo salão, uma mulher com vestido cintilante frente única amarrado ao pescoço chamou sua atenção. Ela estava olhando para Itachi com tanto desejo no olhar que quase parecia um cão olhando os frangos girarem no assador.

Por sorte Itachi estava sentado no sofá olhando para Luna, de maneira que sua cabeça estava de costas para a mulher, mas Luna podia vê-la de frente.

– Não olhe agora – ela sorriu –, mas eu acho que tem alguém bem interessado em você.

– Quem?

– Uma ruiva. Nossa, ela parece realmente querer te abocanhar.

Itachi levantou solenemente, ainda de costas para a mulher, e agarrou a mão de Luna a puxando para longe, exatamente para onde ela menos ansiava ir: a pista de dança.

– Ei, ei, ei Itachão, eu não danço – ela tentou se livrar das mãos dele, mas ele a segurava firme. – Sua namorada ali que parecia ansiosa para dançar com você.

Itachi a olhou com as sobrancelhas franzidas e um olhar que claramente questionava de maneira indignada “você acaba de me chamar de que?”, mas Luna o ignorou, ainda se debatendo para não ir para a pista de dança mesmo sabendo que aquela era uma batalha perdida.

Maldita boca grande.

– Eu só preciso que ela encontre outro homem para dançar – ele murmurou em seu ouvido, colocando uma mão em sua cintura e outra em sua mão.

Pronto” Luna grunhiu por dentro, “se Izuna e Shisui me virem dançando assim com Itachi é aí que eles nunca mais vão me deixar em paz”.

– Você ao menos sabe de quem eu estou falando?

– Eu não a conheço, mas não quero a conhecer.

Luna rolou os olhos, apoiando a testa no ombro de Itachi só porque precisava se apoiar em alguma coisa e porque sabia muito bem que ele se sentia mal com contato físico, assim os dois ficariam igualmente infelizes.

Deus, ela odiava dançar na frente de desconhecidos.

– Não se preocupe Luna, se Shisui nos ver assim quem vai ter que ficar ouvindo suas insinuações vai ser eu, não você.

Luna afastou a cabeça do ombro dele.

– Como você faz para ler meus pensamentos?

– Hm.

 

Já era tarde. Do outro lado do salão Shisui e Othilla pararam de conversar com Obito Uchiha ao verem que Itachi e Luna estavam dançando, seus olhos se enchendo de luz como se eles tivessem acabado de presenciar a coisa mais incrível do mundo, ou como se, ao invés de uma dança, aquilo fosse um pedido de casamento.

Na cabeça deles era.

– Precisamos achar a Zola – declarou Othilla com seu pesado sotaque de russa –, ela precisa ver isso.

Mas não foi necessário, com uma breve olhada pelo salão pôde-se ver que Zola estava ao lado de Jiraiya e de Inoichi Yamanaka – seu chefe no jornal –, com o olhar colado na cena que se desenrolava na pista de dança.

– Eu sabia – riu Shisui alegremente –. Eu sempre soube que esses dois iriam se dar bem, eles são muito parecidos, só não percebem.

– Eu ficar feliz de ver Luna fazendo um amigo – expressou Othilla orgulhosamente –. Pelo que eu entendo ela tem muito problema para se aproximar dos rapazes.

– Eu nunca achei que iria viver para ver Itachi tirando uma mulher para dançar sem ser obrigado – Obito intrometeu-se na conversa –. Mas essa não é aquela que tentou ataca-lo?

– Longa história – disseram Othilla e Shisui em uníssono, ainda sem tirar os olhos dos dois.

 

Por sorte Luna estava entretida falando – sozinha, na maior parte do tempo – para distrair-se enquanto Itachi, de maneira quase mágica, a fazia dançar de maneira decente.

– E esses vincos no seu rosto? São de estresse ou você nasceu com eles?

Não havia feição mais característica de Itachi do que as duas rugas em seu rosto, que às vezes faziam as pessoas se esquecerem do quão jovem ele era. Era o traço que o tornava tão único em uma família que compartilhava muitas feições parecidas.

Mas não era, particularmente, a parte favorita de seu rosto, principalmente por causa do peso que aquelas marcas carregavam.

– Minha família tem tendência a desenvolver essas marcas – explicou –, as minhas surgiram quando eu era criança e foram... Aumentando.

– Por causa do estresse? – Luna ergueu uma sobrancelha, insistindo, mas Itachi já não mais se interessava por aquela conversa –. Madara... Tem marcas assim também, não é? Olheiras.

– As olheiras de Madara não são por falta de sono, isso eu garanto.

Enquanto giravam pela pista, Luna pôde enxergar Madara conversando com Hashirama Senju e parecendo saturado com aquela festa.

– Mas as olheiras dele combinam com ele, o fazem parecer um empresário sério, sei lá... – Continuou Luna, tagarelando, praticamente saindo do corpo enquanto o mundo girava e girava ao seu redor.

Curiosamente o que a trouxe de volta à realidade foi um som que ela nunca esperou ouvir, um riso sincero vindo do fundo do peito de alguém e, quando ela olhou, viu que ele escapava por entre os lábios de Itachi.

Então ele sabia rir, afinal de contas.

Luna sentiu algo engraçado em seu peito, quase como um aperto. Ela jamais esperaria flagrar Itachi rindo de alguma coisa, muito menos rindo para ela... Ou ele estava rindo dela?

– Está rindo do que? – Questionou com uma careta, ainda sentindo-se meio tonta como se realmente estivesse estado fora do corpo.

– Você gosta do Madara?

De repente ela balançou a cabeça, voltando à realidade definitivamente.

Que raio de pergunta era aquela? Luna não admitia que tinha uma espécie de queda por Madara nem para si mesma, como é que Itachi fazia uma questão daquelas com cara de quem já sabia a resposta?

– Que? É claro que não, o Madara tem o dobro da minha idade.

Itachi ergueu uma sobrancelha, ainda sorrindo abertamente para ela.

– Eu fico muito feliz que você não goste do Madara – ele parou o giro de maneira que ela ficasse imediatamente de frente para Hashirama Senju –, porque existe alguém bem maior que você que gosta também.

 Definitivamente Hashirama era bem maior do que Luna, do tipo que ela detestaria ter que disputar qualquer coisa contra e definitivamente ele estava rindo enquanto jogava o braço por cima dos ombros de Madara – mesmo que Madara nada delicadamente tivesse pegado o braço dele e retirado de cima de seu ombro.

Mas... Não era possível. Madara Uchiha, com todo aquele jeito mal-humorado, sério e – incrível – retraído envolvido com o extrovertido Hashirama Senju? Madara... Madara era...

O Madara é gay?

Gritar esse tipo de coisa bem no meio de um salão lotado era uma ideia horrorosa e logo algumas cabeças se viraram na direção de Luna e Itachi. Por sorte Madara parecia não ter ouvido a exposição de sua sexualidade através de terceiros e continuava com a mesma expressão de sempre, observando Hashirama conversar com um e outro.

– Se você perguntar – continuou Itachi, divertindo-se muito mais do que devia com a expressão horrorizada de Luna –, ele vai negar veementemente, mas ele e Hashirama são casados há quase vinte anos.

Vinte anos? – Dessa vez Luna teve a decência de murmurar e, já satisfeito com sua diversão, Itachi a tirou para fora da pista e em direção à mesa de petiscos.

 

Por sorte as luzes diminuíram e a música ficou mais animada, as pessoas saíram de seus lugares para se reunirem no meio da pista de dança, uma massa de vestes brancas que ocasionalmente exibia manchas de outras cores, todos pulando e fazendo suas danças sem sentido.

Não era que Luna fosse despeitada ao ponto de não suportar ver a felicidade alheia, mas às vezes era-lhe impossível compreender tamanha energia que vinha das pessoas.

Zola, Othilla, Shisui e Izuna, todos estavam junto à multidão, pulando alegremente e aproveitando as últimas horas daquele ano. Aproveitando os doces anos de sua juventude e a alegria despropositada que vinha com ela.

Luna, no entanto, quando olhava para si mesma apenas sentia que toda sua juventude tinha sido arrancada de dentro dela em algum ponto o qual ela não se recordava. Sentia-se cansada e seca por dentro.

Olhou de soslaio para Itachi, que enchia seu prato de docinhos, e se perguntou se ele também se sentia como ela. Ele também devia ouvir constantemente a crítica velada em forma de conselho de que iria se arrepender de não aproveitar sua juventude – teria ele medo de que isso se provasse verdade quando a velhice chegasse? Ou assim como Luna ele também meio que esperava que a velhice nunca tivesse o tempo de chegar?

Porque francamente, pensou amargamente enquanto seu olhar se desviou na direção das janelas, ela sentia que já tinha morrido há anos.

– Ora, você parece deprimida na véspera de ano novo – ela se assustou ao perceber que estavam falando com ela, e se assustou mais ainda quando viu que quem lhe dirigia a palavra era Hashirama Senju.

Como ela não tinha percebido um homem daquele tamanho se aproximar era um mistério, mas ela provavelmente estava tão absorta em seus pensamentos que sua alma devia estar em um lugar e seu corpo em outro.

Logo atrás dele estava Madara, carrancudo como sempre.

Aparentemente estavam todos embolados na pista de dança, aproveitando as luzes piscando e a música alta, à exceção do quinteto da infelicidade: Luna, Itachi, Madara, Hashirama e, um pouco afastado deles e com a expressão mais azeda do que a de Madara, Tobirama Senju.

– Ah, não, eu estou bem – Luna respondeu com um sorriso.

– Você não me apresentou à namorada do Itachi, Madara – Hashirama virou para o Uchiha mais velho, sério –. Que horror. E eu que pensei que o menino nunca ia viver a vida.

Luna esperou, constrangida, mas não o suficiente para virar um pimentão, que Itachi esclarecesse que ela não era a namorada dele, mas o homem estava enchendo a cara de doces e não parecia muito preocupado com a suposição do... Marido... De Madara. E Madara parecia menos preocupado ainda, mesmo sabendo que aquilo não era verdade.

Sobrou, portanto, para Luna o encargo de trazer a trágica notícia para Hashirama.

– Nós não somos namorados – deu um sorriso amarelo para ele, enquanto o sorriso dele se desfez –. Na verdade eu sou amiga do Izuna e do Shisui, só que eu não danço.

– Mas eu até vi vocês dois dançando!

– Nós somos amigos também – esclareceu Itachi, metade para Hashirama e metade para Luna. Aparentemente ele acabara de se ofender por não ter sido incluído na lista de amigos dela.

Eventualmente Madara resmungou para que Hashirama os deixasse em paz e se apresentasse direito, o que, após um breve momento de desânimo causado pelas palavras de Madara, ele fez recuperando seu bom humor.

Até que Luna conseguia ver como funcionava a relação de Hashirama e Madara: os dois eram completos opostos e, como dizem, os opostos se atraem. Eles pareciam completar um ao outro.

É bonitinho” pensou consigo. “E a gente não ia ter chance com o Madara mesmo”.

Luna apertou a mão de Hashirama, decidindo imediatamente de que gostava muito do jeito descontraído dele.

– Vá logo dançar, Hashirama – reclamou Madara, cruzando os braços –, eu não preciso que você fique me perseguindo como uma sombra.

– Não tem graça dançar sem você – ele riu. – E você, Tobirama? Por que não vai dançar com o Izuna?

– Porque eu não quero.

Erguendo as sobrancelhas, Hashirama deu de ombros, antes de voltar sua atenção novamente para Itachi e Luna e enchendo-os de perguntas às quais Itachi desviou com grande maestria ao perguntar sobre uma mulher chamada Kia, seja lá quem fosse. Hashirama ficou conversando animadamente sobre a tal mulher e esqueceu que o resto do mundo existia.

Era quase meia noite e Luna já estava cansada e com sono e, pelo andar da carruagem, logo estaria tão rabugenta quanto Madara.

Ela o entendia completamente. Também odiava ser retida em lugares nos quais ela não queria estar, ainda mais se estivesse com vontade de dormir.

De repente sentiu uma vibração em seu corpo.

Que engraçado, pensou quase rindo, por um momento parecia que a música tinha a sacudido.

Mas então a vibração continuou e, apatetada, Luna tateou o vestido até lembrar que ele possuía bolsos e o que estava vibrando era, na verdade, seu telefone.

Quando pegou o aparelho, viu imediatamente na tela o nome de Adrijan Radic, o maluco que tinha comprado o seu quadro feio por um preço absurdo.

Estranho” ponderou enquanto se afastava o máximo que podia do barulho ensurdecedor da pista de dança para atender ao telefone. “Talvez ele tenha sentado no celular e me ligado sem querer”.

Porém certamente não era um engano, porque assim que atendeu Adrijan não deixou nem que ela dissesse alô.

– Você vai gostar de ouvir isso – declarou ele animado, com seu sotaque pesadíssimo. Ao fundo havia quase tanta algazarra quanto no lugar onde Luna estava.

– Vou, é?

– Regularmente eu organizo pequenas exposições de arte na minha casa para que meus amigos vejam os novos quadros que eu adquiri e morram de inveja, no entanto na minha última exposição algo incrível aconteceu. Sasori finalmente atendeu ao meu convite!

Ele parecia realizado com o fato de que o tal Sasori tinha ido o visitar. Luna, como não fazia a menor ideia de quem era o figurão, ficou quieta.

– Você sabe quem é o Sasori, né? De Kaze no Kuni! Da cidade de Suna! O crítico de arte, Amaluna – a esse ponto o homem já estava exasperado, então Luna fingiu que sabia do que ele estava falando.

– Ah, sim... Claro, claro. Eu estou bêbada – se arrependeu imediatamente dessas palavras ao perceber o olhar que Madara a lançou – O que tem ele?

– Ora, o que tem? Ele amou o seu quadro. Meu Deus você está mesmo muito bêbada ou é muito tapada. Luna, você é uma artista famosa. Seu quadro está em todas as colunas de arte, os críticos estão desesperados te chamando de artista misteriosa. Já pelo menos sete pessoas me ligaram querendo lançar você em suas exposições.

Por um momento parecia que o salão inteiro tinha congelado, que ninguém mais pulava animado e que as luzes já não mais piscavam. Luna ficou parada, tentando processar o que tinha acabado de ouvir.

Artista... Famosa.

Quando o sentido das palavras finalmente se assentou em sua mente, Luna quase teve um ataque cardíaco. Mas seria uma pena se ela morresse antes de... De ser lançada como uma artista brilhante!

– Não é possível – murmurou para si mesma.

– O que você me diz? – Voltou a ouvir a voz de Adrijan – Quer ser minha linda pintora famosa?

– Q-quero... É claro que quero! Meu Deus... Adrijan, isso é sério?

– É óbvio que isso é sério, eu não ia te ligar no meio de uma festa se não fosse. De qualquer maneira, eu vou te ligar de novo e nós vamos combinar um jeito de te lançar para o mundo. Parabéns, senhora pintora. Feliz ano novo.

Ele não esperou ela responder e desligou o telefone.

Não muito educado, ele era, mas certamente o portador de boas notícias.

Notícias maravilhosas.

Luna saiu como se tateasse no escuro, desesperada, em direção à Itachi e se agarrou ao braço dele, o encarando com olhos enormes.

– Seu celular tem internet?

Itachi, sem compreender exatamente o que se passava com ela, mas notando sua agitação, imediatamente tirou o aparelho do bolso e entregou a ela.

Com mãos trêmulas ela acessou o navegador e pesquisou, sem exatamente saber como, até encontrar algumas colunas de arte com as últimas notícias. Logo ali, na página inicial, estava o seu quadro e uma extensa matéria quase filosófica sobre os sentimentos retratados no quadro. Aparentemente Luna era uma pintora do movimento abstracionista lírico e, pelo visto, uma muito boa.

Havia matérias gigantescas, com pouca ou nenhuma crítica negativa a sua obra.

Podia ser que sua tela fosse abstracionista, mas sem dúvidas aquele momento o qual ela estava vivendo era parte do surrealismo.

Esquecendo-se de onde estava, Luna deu um grito alto e agudo, assustando o pequeno grupo que estava junto a ela, e atraindo olhares da pista de dança, mas que foi abafado e esquecido porque a contagem regressiva para o ano novo começou.

 – Luna, o que foi? – Itachi a segurou pelos ombros, parecendo genuinamente preocupado e até mesmo Hashirama, Tobirama e Madara se aproximaram dela – embora os dois últimos parecessem mais incomodados do que preocupados.

Os segundos da contagem decresciam, as pessoas gritavam juntas, logo os fogos de artifício coloririam o céu de Konoha e Zola provavelmente tomaria um grande susto.

– Eu... Eu sou uma artista famosa! Meu quadro está em todas as colunas de arte!

Feliz ano novo! – Alguém gritou.

E os fogos explodiram no céu, as pessoas brindaram e Itachi abraçou Luna tão forte que quase a tirou do chão. 


Notas Finais


É isso pessoal! Espero que tenham gostado dessa linda festa de ano novo (até eu queria estar aí).
Ah, e agora estamos chegando à nova fase da história. O próximo capítulo será uma espécie de interlúdio e nós começaremos as aventuras da Luna artista. Ansiosos?
Finalmente o Deidara vai aparecer, coitado do sumido.
Muito obrigada por lerem e até a próxima, galera. <3


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