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História Arte e Alma - Yoonkook - 16


Escrita por: jikookyoonminbts e JooEJjk

Notas do Autor


Apelido do Jungkook: Arte

Capítulo 20 - 16


Fanfic / Fanfiction Arte e Alma - Yoonkook - 16

Jungkook

Eu queria descobrir mais sobre Jungkook, o garoto que mal sorria, o garoto cujos olhos permaneciam tristes mesmo quando sorria. Ele não gostava de se abrir com os outros. Mas não dava para culpá-lo depois de ver como o pessoal a tratava no colégio. Se eu passasse por aquilo, também seria uma pessoa fechada.

— Tá bom, então me diga o que é que estou vendo — sussurrei, aproximando minha cadeira, mas dando espaço suficiente para que ele ficasse confortável.

— Não posso dizer isso. Você precisa descobrir sozinho. É esse o objetivo da arte abstrata, ela é diferente para cada um.

Fiz que sim, encarando os azuis, amarelos e verdes na minha frente. Para ser sincero, eu achava aquilo uma enorme bagunça, como se uma criança de 2 anos tivesse entrado num quarto cheio de tinta e a derramado por toda parte.

Mas talvez aquilo fosse mesmo arte para algumas pessoas.

Eu só não conseguia enxergar.

— Por quanto tempo devo ficar encarando? — perguntei.

— O tempo que demorar para você enxergar — respondeu ele.

— Enxergar o quê?

Tudo.

Comecei a ver o quadro em dobro enquanto ficava vesgo com a experiência de encará-lo intensamente.

— Tá bom, sua vez — falei, empurrando o livro na direção dele. — Me conte o que você está vendo.

Jungkook suspirou aliviado, como se estivesse esperando eu perguntar. Ele se alongou antes de cruzar as pernas em cima da cadeira e folhear as páginas do livro.

Procurava e procurava.

Estava em busca de algo familiar.

Algo que ele normalmente só via quando estava a sós.

Sorriu ao encontrar e não foi um dos seus meio sorrisos, mas um sorriso enorme, com dentes, do tipo estou-no-meu-porto-seguro.

A pintura se chamava Grounded Fly, e Jungkook a encarava como se fizesse parte dele. Balançou o corpo levemente para a frente e para trás, e seus lábios se abriram. Fiquei encarando-os por mais tempo do que devia, mas aquela visão quase me fez colar minha boca na sua. Então me obriguei a desviar o olhar e quando finalmente nossos olhos se encontraram, eu já tinha esquecido completamente como piscar.

Nunca tinha visto seus olhos sorrirem antes; estavam sempre tão pesados e perdidos. Naquele momento, enquanto Jungkook se fundia à pintura abstrata, foi como se ele se libertasse da realidade, quase esquecendo que eu existia. Ele não disse nada, nem precisava. Eu vi o que ele estava vendo enquanto o observava. A maneira como seu corpo se acendeu com cores pela primeira vez desde que tínhamos nos conhecido foi indescritível. Parte de mim queria perguntar como ele fazia aquilo, como ele entrava na arte, mas temi que qualquer barulho fosse tirá-lo do transe e entristecer seus olhos novamente.

Minha mãe costumava dizer que felicidade é uma coisa efêmera e que, por isso, devemos nos agarrar a ela o máximo possível, sem fazer perguntas, sem arrependimento.

Ficamos sentados por minutos que pareceram horas de tranquilidade. Ele continuava olhando para baixo, eu continuava olhando para ele. Tão lindo. Eu nunca diria isso, é claro, porque toda vez que eu o elogiava ele contraía, constrangido.

Mas eu pensava muito isso. Tão lindo, meu Deus.

— Está vendo? — sussurrou ele, com as pontas dos dedos tamborilando a boca.

— Sim — murmurei.

Eu tinha visto.

— Jungkook?

— Sim?

— Posso mostrar uma coisa?

Fomos até a loja de música de Youngjae, onde cumprimentamos Bambam que distribuía biscoitos veganos para os clientes.

— Oi, Yoongi! Quem é seu amigo?

— É Jungkook. Ele é meu parceiro na nossa aula de arte e música — falei, sorrindo para Jungkook.

Ele sorriu de volta. Toda vez que ele sorria, eu sentia que estava vencendo na vida.

— Imagino que você é a arte do projeto, sim? — perguntou ele para Jungkook.

— Sim, e ele é a alma.

— Meu nome é Bambam, querido — disse ele, estendendo a mão para Jungkook. — Youngjae, venha dar um oi para o parceiro do colégio de Yoongi , A rte.

Youngjae saltou por cima da caixa registradora e aproximou-se rapidamente do esposo. Ele se posicionou atrás dele e colocou as mãos em sua cintura.

— Seu nome é mesmo Arte?

— Não.

Jungkook riu.

Também gosto desse som.

Youngjae estava sorrindo até ver a barriga de Jungkook. Quando seus olhos encontraram os meus de novo, seu sorriso aumentou. Ele virou de costas para Jungkook e falou para que só eu ouvisse:

— Não quero bancar o tio careta, mas preciso perguntar. Yoongi, aquele pãozinho que está no forno não é um croissant da família Myers, é?

Eu ri.

— Não.

Youngjae suspirou.

— Tá bom, já voltei a ser o tio legal — disse, e se virou de novo e fez um high-five com Jungkook. — Arte, prazer em conhecê-lo. Pode encostar em tudo na loja e tocar tudo que quiser. Se quebrar alguma coisa, meu sobrinho maravilhoso paga.

— Então posso quebrar tudo? — perguntou Jungkook.

— Olha, gostei do atrevimento dele l— disse Youngjae, me cutucando. — Pode mandar ver, meu amigo. Como você tem esse visual maneiro de roqueiro e está usando uma camiseta com um gatinho maneiro, sugiro que comece pela novíssima e caríssima bateria de cinco peças Pearl C rystal Beat que está na vitrine. Yoongi tentou tocar uma vez, mas foi um lixo, e tenho quase certeza de que você vai se sair melhor.

Ele entregou as baquetas para Jungkook e disse para ele ir com tudo.

E foi o que ele fez.

Ele tocou como todos os roqueiros durões dos filmes. Ele batia no instrumento sem parar, jogando o cabelo para a frente e para trás, perdendo-se totalmente naquele momento de catarse.

— Uau — disse Youngjae, encarando Jungkook com a expressão chocada quando ele parou.

Então começou a bater palmas lentamente, e eu e Bambam nos juntamos a ele.

— Isso foi ruim pra cacete. Parece até que você chegou na bateria e disse, “vou pegar essas baquetas e assassinar toda a alegria da maldita música”. Não, sério, meus ouvidos estão sangrando? Acho que estão — brincou ele.

Eu não conseguia parar de rir, porque ele tinha razão; tinha sido doloroso. Jungkook começou a rir.

— Tá bom, como eu sou péssimo na bateria, você pode tocar violino para mim? — perguntou ele ,gesticulando para o violino na vitrine.

Não era um violino qualquer; era o violino com que eu queria me casar. Um Karl Willhelm Modelo 64, o melhor violino na Soulful Things.

— Não posso tocar nele — respondi.

Ninguém simplesmente pega um violino Karl Willhelm e começa a tocar. Especialmente um violino de três mil dólares.

— Por que não? — perguntou Youngjae, tirando-o da vitrine e entregando para mim. — Acho que você e este violino têm muito em comum.

Segurei o instrumento de madeira e sorri para ele. Youngjae me entregou o arco, e depois de alguns minutos afinando, encostei na queixeira.

— Algum pedido? — perguntei para Jungkook.

Ele sorriu.

— Me surpreenda.

Deslizei o arco pelas cordas do violino, tocando o clássico de Henryk Wieniawksi, “Polonaise N º 1”. Era uma das músicas mais difíceis que eu tinha aprendido na vida. Parte de mim estava morrendo de medo de errar e de ficar parecendo um idiota. Outra parte de mim queria impressionar Jungkook.

Quando terminei, os três começaram a aplaudir, e Jungkook articulou com os lábios:

— Uau.

Antes de irmos embora, ele também conseguiu assassinar a beleza de um piano, de uma guitarra e de alguns tamborins.

Eu fui com ele até sua casa e fiquei parado no fim da calçada. Ele mexia os dedos, inquieto, e sorrindo.

— Obrigado por ter passado um tempo comigo hoje.

Abri um sorriso. Apesar de não saber, Jungkook tinha me dado algumas horas sem pensar na palavra de que eu menos gostava: câncer.

Ele corou e continuou mexendo os dedos.

— Nos vemos no colégio? — perguntou ele.

— Sim.

— Tá bom.

Ele sorriu e se virou. Depois virou-se de volta e sorriu de novo.

— Você toca violino incrivelmente bem. Espero que saiba disso.

Subiu os degraus da varanda. Virou-se de novo e me olhou.

— Tipo, é muito, muito, incrível.

Mais um sorriso. Continue sorrindo. Enquanto ele entrava em casa, comecei a me afastar e escutei ele gritar meu nome.

— Yoongi.

— Sim?

Mais dedos inquietos. Mais sorrisos.

— Acha que podemos ser amigos?

Eu ri, esfregando minha nuca.

 – Achei que já fossemos.

Entrei no meu quarto bem na hora em que o celular apitou. Na tela, o nome Jungkook. Imediatamente, fui ler a mensagem.

Jungkook: Glitterati — substantivo plural | glit.te.ra.ti |['glit’räti]: Pessoas ricas ou famosas que comparecem a eventos de moda com bastante frequência. Eu: Parece glamoroso mesmo.

Jungkook: A posto que eles tomam ponches deliciosos em taças com diamantes incrustados.

Peguei meu dicionário e comecei a folheá-lo.

Eu: A rte - substantivo|['aht∫i]: A qualidade, produção, expressão ou domínio, de acordo com princípios da estética, do que é bonito, atraente ou de importância mais do que ordinária.

Jungkook: Gostei.

Eu: Eu acho que você é arte.

Ele não respondeu. Fiz o dever de casa fingindo que entendia alguma coisa de cálculo e conferi o celular. Falei com minha mãe. Depois de desligar, conferi o celular. Jantei uma comida congelada péssima e conferi o celular. Fiquei sentado na varanda rindo das comédias em preto e branco e conferi o celular

Conferi uma última vez antes de desligar a luz e me deitar.

Deitado no escuro, escutei o celular apitar e vi a luz azul iluminar meu quarto.

Jungkook: Boa noite, Yoongi.

Sorri na escuridão.

Boa noite, Arte.



Notas Finais


Continua.....


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