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História ARTE OBSCURA - Kim Taehyung - Arte e Palavras


Escrita por: sombriafanfics

Notas do Autor


Boa leitura ♥
Música do capitulo: Hard For Me - Michele Morrone (piano)
Link nas notas finais

Capítulo 2 - Arte e Palavras


Fanfic / Fanfiction ARTE OBSCURA - Kim Taehyung - Arte e Palavras

Kim Taehyung

Se você nunca sentiu isso antes, é difícil entender, mesmo com uma explicação. É uma mistura de sensações intensas e diferentes; como algo que você nunca sentiu antes. Meus olhos analisaram cada parte do rosto dela com atenção. Fui cuidadoso ao me aproximar, não quis assustá-la. As palavras dela, por mais simples, me deixaram ainda mais instigado, determinado, curioso. Eu quero explorar sua mente. Quero descobrir o que ela pensa, mesmo que tenha acabado de conhecê-la. Ela tem algo nos olhos. Algo que difere de sua aparência perfeita. Algo misterioso. Um mistério que eu quero desvendar. Mas, preciso ser cauteloso se não quero assustá-la. Para minha sorte, felizmente, parece que ela não se assusta facilmente.

Estou fascinado e acho que ela consegue perceber.

– Eu preciso ir! – diz nervosa, mas eu seguro seu pulso por impulso. Instinto. Não quero que ela vá embora. Não antes de saber mais sobre ela.

– Desculpe. – peço quando ela olha para mim, confusa. – Mas sua primeira aula é aqui, não é? – pergunto com um sorriso discreto e ela assente depois de pensar por um segundo. – Então, por que está tentando fugir? – acabo sendo direto demais em minha pergunta, mas é tarde demais para voltar atrás.

– Eu não estou... – ela hesita e fita os meus olhos.

Estou prestes a dizer algo, quando alguém nos interrompe. Park Jihyo é a representante de turma e uma irritante. Ela é popular, como todos dizem, e não suporta quem não lhe dá atenção. Como eu.

– Olá! Você é a novata, não é? – ela pergunta à Renesmee, que assente. Eu reviro os olhos e ponho as mãos nos bolsos.  – Sou Park Jihyo, representante de turma. Eu vou te dizer tudo o que precisa saber sobre a escola, as regras e como tudo funciona por aqui. Então, vem sentar comigo! – ela diz e nem espera que Renesmee responda, apenas toma seu pulso e a leva até um dos bancos com a tela de pintura na frente, para que ela sente ao seu lado.

Jihyo me lança um olhar semicerrado por cima do ombro, então suspiro e me controlo para não revirar os olhos outra vez. Volto até a minha tela e continuo a pintar, tentando me concentrar para não pensar tanto na garota e parecer tão estranho. Ainda assim, não consigo evitar de espiá-la algumas vezes. Parece que ela trouxe algumas outras cores à minha mente, já que começo a misturar alguns tons e obter uma coisa mais misteriosa, como ela.

Conforme se aproxima do toque do sinal, as pessoas ocupam a sala. Jihyo continua falando sem parar para Renesmee, que apenas ouve sem dizer uma palavra. Eu suspiro todas as vezes que penso em ir lá e puxá-la para conversar comigo.

– Pintando antes do início da aula de novo? – me assusto quando sinto a mão de Jimin segurar meu ombro. – Você não tem jeito! – diz sorrindo.

– É a minha obsessão, o que posso fazer? – falo enquanto olho para Renesmee, inevitavelmente, já que ela está atrás da direção em que Jimin está; parado à minha frente.

Ele desvia o olhar de mim e vira o pescoço para seguir meu olhar, encontrando-a.

– Tem certeza que essa ainda é sua única obsessão? – sua pergunta me surpreende, então volto meu olhar para ele, meneando a cabeça em seguida.

– Como percebeu? Acabou de chegar. – pergunto incrédulo e ele sorri divertido.

– Eu te conheço bem! – diz e olha novamente para a garota. – Ela é bonita, aliás. Quem é?

– Aluna Nova. – respondo voltando meu olhar para a pintura. – Não sei muito sobre ela. Não me pergunte.

– Quer que eu descubra mais para você?

– Não! – minha resposta imediata o faz sorrir.

– Você a quer só para você? Melhores amigos dividem as coisas. – reclama fazendo biquinho.

– Posso dividir meu bolinho de arroz com você, mas ela não. – digo e ele suspira fingindo decepção.

– Apenas não se envolva. Sabe o que o Namjoon Hyung pensa sobre isso... – alerta, enquanto vira-se para frente ao ouvir o toque do sinal, indicando o início da aula.

 

❆ ❆ ❆

 

Renesmee

Minha conversa com Kim Taehyung foi interrompida por Park Jihyo, a garota que diz ser representante de classe. Não duvido. Ela é esnobe e irritante. Fala demais, principalmente dos alunos. Ela deixa isso bem claro quando nos sentamos.

– O que Kim Taehyung estava falando com você? – pergunta indiscretamente.

– Ele só perguntou o meu nome. – respondi simples, para não dar a ela nenhum material de fofoca, embora saiba que ela comentará sobre isso com suas amigas.

– Não se meta com ele. – diz contrariada – Ele não é para você. – e me olha de cima para baixo de forma esnobe.

Não respondo, então ela apenas volta a agir como antes. É incrível como ela retornou ao falatório de antes como se nada tivesse acontecido. Ela parecia tensa e curiosa quando perguntou sobre ele, mas agora ela já está a falar sobre as coisas da escola e sobre as pessoas como se esse momento tenso não tivesse acabado de acontecer. Às vezes acho que todos possuem problemas de dupla personalidade, só que alguns mais graves que outros. Alguns mais perceptíveis que outros.

Enquanto ela fala, tento não olhar para ele, mas é como se o meu olhar fosse atraído por conta própria. Inclino minha cabeça um pouco, para espiá-lo por cima do ombro e o pego olhando para mim. Seu olhar é ainda mais intenso agora. De repente, sinto a necessidade de esconder-me dele, porque parece que só em olhar para mim ele consegue saber demais. Sou transparente para ele? Isso não é bom.

Desperto da confusão de pensamentos em minha mente quando o sinal toca. Já há vários alunos na sala. Jihyo já está falando com outras garotas que chegaram. Ela olha de relance para mim, fazendo as outras também olharem. Me sinto como um bicho exposto em um zoológico. De repente, parece que todos estão olhando para mim. Eu entendo. Estou um pouco acostumada com isso, já que não sou coreana, mas moro na coreia há 5 anos. O olhar de todos é inevitável, então já estou acostumada. Ainda assim, o olhar deles difere muito do dele. Estou acostumada com olhares de estranheza, mas de fascinação, não. O jeito que ele olha para mim é diferente. Ao mesmo tempo que penso conseguir decifrar só olhando em seus olhos, não consigo saber o que ele está pensando.

Não sou boa em ler emoções e pessoas.

 

 

A aula de pintura é simples; uma professora atenciosa e educada entra na sala e se apresenta para nós. Ela poupa os alunos novos do constrangimento de ir até a frente de todos e se apresentar, mas olha para cada um de nós com cuidado para analisar-nos.

De forma simples, ela pede para pintarmos de forma livre o que nos vier à mente. Fico um pouco confusa. Tento pensar em algo que não seja autentico, porque tudo o que admiro parece assustar os outros, mas não consigo imaginar nada que pessoas normais pintariam. Tudo o que vejo em minha mente é um branco.

– Dificuldades? – ouço a voz da professora ao meu lado.

– Um pouco. – respondo e ela sorri de forma suave.

– Apenas feche os olhos, imagine as cores dentro de você, e comece a pintar o que sente. – ela diz de forma tão simples que parece fácil.

– Ok. Obrigada! – agradeço e forço um sorriso para ser agradável.

Depois que ela se afasta um pouco, fecho os olhos e faço o que ela diz. Imagino as cores dentro de mim. “Sou uma voz que você não consegue calar.”, ouço a voz que tanto me atormenta quando sente minha instabilidade. “Você não pode se livrar de mim. Eu sou você e eu controlo o que você diz e o que você faz.”, abro meus olhos rapidamente e olho para minha mão direita, que segura o pincel e treme. Olho ao redor para conferir que ninguém está prestando atenção em mim e, felizmente, confirmo que todos estão entretidos em sua pintura. Um suspiro silencioso escapa dos meus lábios e eu seguro minha mão direita com a esquerda, tentando controlar o tremor. Inspiro fundo e começo a pintar.

– Talvez isso agrade você. – murmuro para mim mesma.

Minha parte sombria é difícil de controlar. Ela gosta do poder. Gosta de sentir que me controla. Gosta de se sentir no controle. Gosta de dominar o meu corpo e mente e brincar com tudo e todos. Eu tive diversos problemas com isso por onde passei. Minha parte sombria sempre controlou a minha vida. Mas, desta vez não. Desta vez eu preciso manter o controle para conseguir ficar aqui, na Seoul Art College. Esse é o desejo do meu pai. Eu preciso dar algum orgulho a ele.

Sim, dupla personalidade é algo raro. Poucas pessoas possuem. Mas ainda assim existe. É real. E afeta muito a minha vida. É causado por um trauma, que minha psicóloga e eu ainda estamos tentando descobrir qual é, porque de alguma forma eu não consigo me lembrar. É como se a minha mente tivesse sido bloqueada ou apagada. Não faz sentido, mas estou acostumada com isso. Quase nada na minha vida faz.

Continuo pintando enquanto estou envolvida em meus pensamentos, assim o tempo passa rápido e eu acabo, por sua vez o sinal toca e a aula também acaba. A professora nos agradece pelo esforço e quando estou prestes a sair, ela chama o meu nome.

– Renesmee! – olho para ela, arregalando levemente os olhos, surpresa por ela saber meu nome. – Pode vir aqui um minuto? – caminho até ela, que está perto do quadro que pintei, observando-o. – Isso ficou ótimo, mas confesso que me surpreendeu. – ela coloca o polegar e o indicador no queixo, enquanto seus braços estão cruzados, analisando a pintura com os olhos. – O que significa?

– Não tem um significado específico. – digo dando de ombros, mas ela não parece acreditar em mim.

– Aposto que tem. – sorri. – Qual é?

– A garota tentou correr, tentou fugir das sombras que a perseguiam, mas ela não conseguiu. As sombras a alcançaram. As mãos em seu corpo são das sombras. – explico e ela olha para mim, surpresa.

– O que mais? – pergunta curiosa.

– As sombras controlam o que ela diz e faz. – fito os olhos dela. – Ela não pode fugir. Está presa na própria escuridão. – estou prestes a sair, quando ouço sua voz novamente.

– Isso não parece ter nada a ver com você. – ela diz sorrindo. – Achei que pintaria algo como um sol e um campo florido, mas você realmente me surpreendeu. – seu comentário me faz desviar o olhar para fugir do dela. – Sabia que o que você pinta pode dizer mais sobre você do que suas palavras?

– Qualquer arte pode falar mais do que palavras. – digo e ela arregala os olhos, ainda mais surpresa.

– Eu concordo! – a voz familiar na porta chama a nossa atenção. Kim Taehyung está parado, olhando para nós, encostado na abertura da porta com as mãos nos bolsos. Lindo.

– Kim Taehyung, é feio ouvir a conversa dos outros! – a professora reclama, mas logo sorri.

– Desculpe, não consegui evitar. – olho para ele, que encara meus olhos. – Vamos, Renesmee? Não vai querer se atrasar para a sua próxima aula. – concordo e caminho até ele.

– Obrigada, Renesmee! – a professora diz e eu aceno com a cabeça para ela, antes de sair da sala com ele ao meu lado.

Ele caminha ao meu lado, tranquilamente, com as mãos nos bolsos e a postura impecável. Ele transpira elegância, parece um ator ou alguém muito famoso. Ele olha para mim, e sorri quando flagro seu ato.

– Qual a sua próxima aula? Piano, eu imagino.

– Sim, piano. – digo olhando para ele, surpresa, após conferir meu horário.

– Estou louco para ver suas habilidades. – diz e eu engulo em seco, sentindo minhas bochechas corarem. É difícil até de respirar perto dele. – Estou te incomodando? – pergunta preocupado, sua expressão mudou e seu sorriso sumiu. Ele realmente acha que está me incomodando?

– Não! – digo rapidamente. – É que... eu já disse... não sou boa com pessoas.

Ele sorri.

– Gosto disso em você.

– Por quê? – pergunto curiosa.

– Porque é interessante. – responde simples, mas fico insatisfeita, porque isso não explica nada. – Todas as pessoas que vejo e converso são previsíveis, menos você. Até agora, você só me deu respostas que eu não esperava e até conseguiu me deixar desconcertado. – ele fala em tom sincero. – Não consigo saber o que está pensando agora e isso me incomoda.

– Você consegue ler facilmente as pessoas, não é? – pergunto curiosa.

– Sim, mas você não é uma pessoa comum, é? – ele sorri, como se tivesse acertado na mosca.

– Não. Não sou. – suspiro – Quando penso que estou perto de ser normal, percebo que estou muito longe. Longe demais. – ele para e me olha com o mesmo olhar de antes.

– Estou fascinado. – diz soltando um riso nasalado. – É aqui! – olha para a porta que parou em frente.

Antes mesmo que eu possa me preparar, ele abre a porta e entra. É um auditório enorme, com um piano no palco. Todos que estão sentados olham para nós, inclusive o professor. Taehyung se aproxima do meu ouvido para sussurrar.

Estou ansioso para descobrir o que sua arte pode dizer sobre você. – ele sussurra e sorri.

Cuidado, eu posso te enganar. – sussurro em resposta.

Você quer jogar comigo, Renesmee? – sorri satisfeito. – Estou ansioso por isso.

Ele começa a andar em direção à dois garotos, que estão sentados mais acima dos outros. Eu procuro um canto mais isolado e vazio para sentar, mas me atrapalho ao receber os olhares de novo. São intensos demais e parecem perfurar a minha pele. Todos parecem querer me devorar viva, mas por quê? Por que eu estava com ele?

Começo a andar para um canto isolado que encontrei, mas antes que eu possa chegar até lá, ouço a voz do professor.

– Ei! Você! – paro imediatamente e me viro para fitá-lo, um pouco nervosa. – Qual é o seu nome?

– Renesmee. – respondo e encaro seus olhos semicerrados.

– Ok, Renesmee. Sou Jackson Wang, seu professor! Venha aqui! – ordena e eu começo a andar em direção ao palco, onde ele está. – Sente-se e toque algo para mim! – seu olhar é firme, assim como seu tom de voz. Ele parece irritado, mas eu não entendo. O que fiz de errado?

 

❁❁❁

 

❆  Kim Taehyung

– Ela de novo? Eu não te disse para não se envolver demais? – Jimin pergunta, assim que sento ao seu lado.

– Sim, você disse.

– Aish! – reclama.

– Quem é a garota? – Suga pergunta, analisando com seus olhos observadores a menina delicada que procura um local para sentar.

– É aluna nova. – Jimin responde. – Taehyung a conheceu em nossa primeira aula.

– Por que o interesse repentino? – Suga pergunta, curioso.

– Você não entenderia.

– Sabe que ela vai ficar marcada, não é? – perguntou Jimin, suspirando. – Olha o jeito que o Jackson está olhando para ela. Agora que ele a viu com você, não vai deixá-la em paz.

Semicerro os olhos e cerro os punhos, irritado, quando Jackson chama Renesmee até o palco e a pede para tocar tão repentinamente para ele. Jimin tem razão. Eu deveria ter sido mais cuidadoso, mas me deixei levar pela curiosidade de conhecê-la.

Renesmee parece acuada, nervosa e tensa com os olhares que está recebendo de todos. Eu arqueio a sobrancelha intrigado, com o pensamento de ir lá e interromper o showzinho de Jackson para ajudá-la, mas antes que eu possa agir, ouço sua voz em tom firme.

– Como quiser. – seu tom mudou e de alguma forma, seu olhar também. Ela se dirige ao piano com delicadeza e olha para mim com um pequeno sorriso ladino antes de tocar. Devolvo o gesto, me perguntado se ela tocará o que realmente sente ou tocará algo que possa me confundir.

Sem esperar, ela começa a tocar. A primeiras notas soam profundas e ecoam pelo local, criando uma atmosfera intensa e misteriosa, mas depois a música torna-se algo delicado e doce. Todos observam-na. Meus olhos não conseguem desgrudar de sua imagem tocando ao piano. Eu realmente queria poder manter essa imagem em minha mente por mais tempo do que o necessário.

Observo o movimento delicado de seus dedos e de suas mãos. Sua postura é perfeita e ela não erra uma nota da música Hard For Me – Michele Morrone. Sinto que posso me envolver com a melodia e ficar imerso na mistura de sensações que ela me causa.

Quando a música acaba, o silêncio parece reinar. Ela ainda está de olhos fechados, como se estivesse imersa na própria sensação que quis transmitir.

O primeiro a aplaudir é o Suga. Todos viram-se imediatamente para fitá-lo e aplaudem junto com ele. Sorrio para ela, que abre os olhos e encara todos. Ela não sabe, mas eu sei o que um aplauso do Suga significa. Ele realmente gostou da música que ela tocou. Gostou do jeito que ela tocou. Gostou de tudo. Se não tivesse gostado, ele não aplaudiria de jeito nenhum. Então, isso é realmente incrível para os outros alunos. Ele geralmente nunca aplaude, porque todos são amadores demais para ele, mas tê-la aplaudido intrigou a todos.

O melhor disso tudo foi a cara do Jackson Wang. Sorri ladino para ele e olhei para Jimin que sorriu para mim.

– Ela é incrível! – disse surpreso.

– Eu sei.

CONTINUA...


Notas Finais




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