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História Artificial Love - Menta e Chocolate.


Escrita por: suhotus

Capítulo 16 - Menta e Chocolate.


Meu estômago embrulhava mais e mais a cada minuto, estar no subsolo era bem mais desconfortável agora, depois de presenciar a morte de alguém, mesmo que esse alguém fosse um Artificial Mate. Doía, era um ato horrível e podia ver as consequências daquilo no rosto dos outros presentes naquela sala.

Jongdae não tinha seu sorriso usual e nem falava alegremente como sempre, na verdade, não havia escutado sua voz naquele dia. Minseok sempre era quieto, mas agora parecia em um estado catatônico enquanto folheava uma agenda gigantesca. Até Yixing não falava nada desde que saímos de casa e se continuasse assim, acabaria enlouquecendo.

Eu me ocupava em organizar os horários para recolhimento dos protótipos em teste, começariam as análises em busca de alguma falha no sistema dos outros nove androids, incluindo Yixing, naquela semana e confesso que a cada data que digitava na tabela me sentia mais ansioso. Claro que coloquei Yixing em primeiro lugar na fila de testes, queria acabar com isso tudo logo e tê-lo seguro em meus braços, esperava que tudo estivesse bem com suas configurações.

Quase agradeci quando Yifan entrou na sala e me chamou para conversar a sós, me sentia um inútil por não conseguir mudar o clima pesado naquela sala, era difícil quando eu mesmo estava triste. Segui meu chefe até o elevador e tentei não me render novamente ao desconforto que sentia naquela caixa apertada enquanto subíamos até sua sala. Não sabia o que ele queria, nunca era bom, mas me sentia aliviado em pelo menos conversar com alguém.

Fui conduzido até um divã no canto da sala e o assisti sentando ao meu lado enquanto acendia um cigarro, não fazia ideia que Yifan fumava e decidi não questionar, não era da minha conta. Pela primeira vez o via tão cansado, parecia não ter dormido muito bem, apesar de todo o restante estar impecável como sempre.

“Difícil, não é? Odeio quando o Jongdae fica assim, ele é o que alegra isso tudo!” Não sabia como reagir a meu chefe desabafando, então apenas assenti. “Digo, eu sei que os androids são importantes para ele e que o protótipo 257 não merecia isso, mas...”

“257? Se refere a Lu Han?” Ele assentiu e suspirou, pude jurar ver um pequeno brilho em seus olhos. “Não pode fazer nada? Aquele funcionário o atacou! No mínimo deveria ser demitido!”

“Não tem provas disso, JunMyeon”.

“As provas estavam em Lu Han antes que ele fosse destruído!” Acabei gritando enquanto me levantava, a atitude pareceu assustar Yifan e até a mim mesmo. “Desculpe, é que... Aquilo foi horrível!”

“Eu sei que foi, eu sei. E sim, as provas estavam no andro... Lu Han. Escute, JunMyeon, não foi uma ordem minha destruí-lo, caso esteja pensando que eu seja um monstro! Posso não ter o mesmo apreço por eles que Jongdae tem, mas não sou nenhum insensível! As ordens vieram de cima e se não as cumpríssemos, estaríamos todos no olho da rua! Incluindo Jongdae. Ele pode ser importante pra eles, mas não é insubstituível uma vez que têm a tecnologia e conhecimentos para continuar a produzir! Sabe, qualquer um poderia ter destruído aquele garoto, mas pediram logo a ele para o fazer, adivinha o motivo?”

“Não faço ideia”. Joguei o corpo ao seu lado novamente, não tinha certeza se queria saber o motivo.

“É uma ameaça muito clara, pelo menos para mim. Bom, os nossos superiores estão achando que ele está de alguma forma envolvido com esse ataque. O motivo? Não faço ideia, mas conhecendo ele... Não duvido. Jongdae é bem inconsequente às vezes”. O assisti acendendo o segundo cigarro e o tragando fortemente antes de voltar a falar. Ordenaram que ele destruísse Lu Han como forma de punição, ameaça, chame como quiser. Sabiam que isso acabaria com ele e agradeço por não ter sido pior...”

“O que poderia ser pior que isso?”

“Poderiam ter tirado Minseok dele. Ele ama aquele android, você já deve ter percebido isso... Eles não são lá dos mais discretos”. Sorri pela primeira vez no dia ao lembrar das carícias que os dois trocavam sem se importar com os olhares alheios. “Acredite, eles são cruéis o suficiente para isso”.

“Jongdae morreria se perdesse o Min...” Não queria nem imaginar o estado que o cientista ficaria caso perdesse aquele garoto, talvez ele fosse o único que entenderia realmente o medo que eu sentia.

“Provavelmente... Enfim. Isso me leva a outro assunto... Você e Yixing...?” Abaixei a cabeça, meu rosto deveria estar mais vermelho que um tomate. “Eu queria falar sobre isso com você, principalmente depois de tudo o que aconteceu ontem... Não sei, JunMyeon, só não quero que acabe se machucando quando tivermos que recolher Yixing”.

“Eu não posso ficar com ele?” Recebi uma negativa, Yifan parecia triste também e acariciou uma de minhas mãos brevemente. “Não vão fazer o mesmo que fizeram com Lu Han... Não é?”

“O sistema operacional de Lu Han foi completamente destruído... Em outras palavras, não poderá ser refeito, é como se ele tivesse morrido. Até poderíamos reconstruir o corpo fisicamente...” Meu olhar de interrogação o fez pausar por um tempo até entender e continuar. “O corpo foi incinerado... Enfim. Poderíamos reconstruí-lo fisicamente, mas nunca a sua personalidade. É impossível reconstruir sentimentos e memórias depois que são destruídos daquela forma. Yixing será desativado e armazenado, somente. Bom, pelo menos em um primeiro momento”.

“Mas... Se o sistema tivesse intacto e ele apenas fosse desativado? Seria possível transmitir as memórias de um corpo para outro?”

“Bom... Sim. Esse procedimento normalmente só é feito quando o corpo já está desgastado demai... Ou quando o proprietário deseja. Por quê?”

“Curiosidade”. Talvez pudesse ser uma solução para continuar com Yixing, mas nunca teria dinheiro para pagar por um Artificial Mate, então era apenas uma ilusão de minha parte. “Eu posso ir agora? Preciso voltar ao trabalho...”

“Tudo bem, é melhor não deixar Jongdae sozinho agora... Pegue no pé dele para se alimentar, sim? Quando está triste tem o hábito de não se alimentar direito, é um inferno!”

Assenti e desci com o elevador, dessa vez sozinho e me sentindo mais leve em ter desabafado com alguém, mesmo que tivesse mais escutado do que falado em si. E mesmo que não tivesse muita chance de sucesso, ainda tinha uma possibilidade de manter Yixing ao meu lado.

Encontrei apenas Jongdae em sua sala, ainda na mesma posição que estava quando saí e tive que chamar seu nome quatro vezes para que me respondesse.

“Onde o Yixing está?” Seus olhos inchados estavam fixos em algum ponto da sala, perdidos.

“Ele está ajudando Minseok a arrumar a sala onde analisaremos os protótipos...”

“Ah... Você... Quer conversar?” Me aproximei sem saber se permitia e sentei em uma cadeira ao seu lado, finalmente tinha sua atenção e dei um sorriso para incentiva-lo.

“Eu adoraria... Na verdade, eu preciso. Mas não agora, não hoje”. Suspirei e me restou apenas assentir. Apoiei uma mão em seu ombro e o massageei antes de levantar. “Por que não vai ver se os dois precisam de ajuda? Eu vou... Tentar melhorar um pouquinho”. Se esforçou para sorrir e retribuí o sorriso antes de sair da sala.

Foi um sacrifício achar os dois, nunca havia notado quantos corredores e salas tinham no subsolo, era quase uma mini cidade embaixo da terra. As salas destinadas a testes, laboratórios, construção e manutenção não tinham paredes de concreto e sim vidro. Achava aquilo assustador, qualquer um poderia ver o que se passava lá dentro, mas talvez fosse apenas questões de segurança. De qualquer forma, os vidros eram tão grossos quanto paredes normais e com certeza não quebrariam com facilidade.

Finalmente encontrei a sala e logo de cara notei a expressão emburrada de Yixing, não sabia o motivo, mas era engraçado vê-lo fazendo biquinho. Minseok ainda parecia triste, mas não como antes e estava terminando de ajeitar os aparelhos em uma maca de experimentos no centro da sala.

“Por que essa carinha?” Me aproximei e dei um beijinho leve no ombro de Yixing, que prontamente resmungou. “Que foi? Não vai dizer que está com ciuminho do Yifan?”

“E se eu estiver...?” Não consegui segurar a gargalhada e acabei assustando tanto ele quanto Minseok.

“D-Desculpe! Ah, Yixing! Você é a coisinha mais fofa do universo! Não precisa ter ciúmes!” Deixei um beijinho rápido em sua bochecha antes de me afastar e avaliar a sala. “Não precisam de ajuda em nada?”

“Nada, já acabamos aqui”. Minseok falou e saiu da sala, parecia apressado para voltar ao seu criador.

“Ele está preocupado com o Jongdae... Mas dá para entender, ele está um caos”. Assenti e me aproximei para envolvê-lo em meus braços. “Espero que todos fiquem bem logo... Myeon? Sobre o que Yifan queria conversar?”

“Sobre Lu... Disse que acha que estão ameaçando Jongdae com isso tudo, porque acham que ele tem algo a ver com o ataque...” Suspirei pesadamente e deixei que meu rosto se afundar em seu peito, seus dedos acariciavam meus cabelos delicadamente. “Yifan também está com medo disso tudo, nunca o vi assim”.

“Eles não vão fazer nada? Não vão investigar?” Neguei com a cabeça mesmo sem olha-lo. “Isso é tão ridículo...”

“Eu sei... Enfim, vamos? Temos que voltar ao trabalho e animar aqueles dois!”

Assentiu como uma criancinha faria e seguimos pelo corredor, quase virei na direção errada duas vezes, tendo que ser guiado pelo caminho certo por Yixing. Senti pena por interromper a cena que se passava na sala. Minseok estava sentado sobre as coxas de Jongdae e acariciava seu rosto delicadamente, podia ouvir sussurros carinhosos intercalados com beijos que faziam o cientista chorar e sorrir ao mesmo tempo.

“Desculpe interromper...” O android tentou levantar, mas Jongdae o abraçou pela cintura e o manteve sentado sobre si, esfregava o rosto na blusa do android para limpar as lágrimas. “Acabamos de organizar a sala, na verdade, os dois já tinham terminado”.

“Tudo bem, acho que por hoje é só... Vou inspecionar os setores sozinho com a ajuda de Minseok hoje, vocês estão dispensados”. Havia retomado um pouco a pose e seriedade que um cientista renomado deveria ter, mesmo que ele próprio passasse boa parte do tempo sendo bem excêntrico e bagunceiro. “JunMyeon, Yixing... Cheguem um pouco mais cedo amanhã, irei eu mesmo inspecionar Yixing, tudo bem? Assim acabará mais rápido e vocês poderão seguir com o período de teste”.

“Amanhã? Quanto tempo vai durar essa... Inspeção?” Senti a mão de Yixing apertando a minha tentando me acalmar, ele mesmo parecia bem tranquilo com tudo aquilo, confiava em Jongdae, afinal, ele o havia criado.

“Uma ou duas horas, depois ele poderá ir para casa e passar o resto do dia descansando”. Suspirei aliviado e me permiti abraçar Yixing sem me importar com os outros dois presentes, que também não pareceram ligar para aquele gesto e até sorriam. “Agora, vão, vão! Aproveitem o resto do dia juntos, sei lá, vão tomar um sorvete ou algo do tipo! Amanhã será cansativo para os dois”.

Não ousei desobedecer. Ainda tinha medo do procedimento que realizaria em Yixing no dia seguinte, mas como o mesmo parecia estar tranquilo com isso, tentei permanecer da mesma forma.

“Você quer sorvete? Não fará mal tomar um de vez em quando, certo?” Ele assentiu e apontou o sabor que queria. Menta com pedacinhos de chocolate, nunca tinha provado, então pedi um também. “O que mais você quer fazer hoje?”

“Quero ver os patinhos de novo”. Assenti e depois de pegar os sorvetes fomos até o pequeno lago sentando no mesmo lugar da outra vez, só que agora Yixing me aninhava entre suas pernas. Tomávamos o sorvete em silêncio enquanto os filhotinhos de pato faziam barulho na água, aquele local emanava uma paz que nunca conseguiria entender, ou talvez fosse apenas a presença de Xing.

“Você está com medo?” Sussurrei antes de levar uma colher do sorvete até a boca, sentia sua respiração quente contra minha nuca e isso causava arrepios.

“Não, e você?” Ele já tinha terminado o sorvete e agora se ocupava em acariciar as laterais do meu corpo com os dedos.

“Um pouco... Eu tenho medo que te tirem de mim... Não sei se sente o mesmo”. Também terminei meu sorvete e encolhi o corpo contra o seu, não conseguia encarar seu rosto, tinha medo do que ele poderia falar em seguida.

“Eu também sinto medo de perder você, Myeon, mas isso não vai acontecer. Jongdae só vai ver se está tudo bem comigo”. Sua mãos tomaram uma das minhas e começou a brincar com meus dedos, mesmo sendo um toque simples, era muito acolhedor. “E você vai estar comigo o tempo todo”.

“Eu sei, mas ainda assim tenho medo de te perder”. Levei sua mão ate meus lábios e a enchi de beijos. Seus olhos estavam fixos em meu rosto, mas o olhar não me incomodava, seu sorriso tirava qualquer sanidade restante em meu corpo e tive que colar nossos lábios mesmo que brevemente. “Obrigado por estar aqui”.

“Shh. Está tudo bem, ok?” Ficamos alguns minutos apenas abraçados, já começava a escurecer e esfriar, mas não queria sair de seu abraço. As primeiras estrelas surgiram no céu. “Myeon? Posso fazer mais uma coisa hoje?”

“O que você quiser”.

Seus dedos deslizaram lentamente por minha bochecha até se firmarem em meus cabelos, me puxou para seu colo com a outra mão e juntou nossos lábios novamente em um beijo tranquilo. Sua língua quente roçou por meus lábios e os acariciou antes de adentrar minha boca e se juntar à minha com carinho, trazia o gosto doce e refrescante de menta com chocolate do sorvete e suas mãos acariciavam minha cintura e mantinham nossos corpos em uma proximidade boa e confortável.

Quando nos separamos, continuei em seu colo. Seus lábios inchados e avermelhados por conta do beijo apenas me davam vontade de voltar a beija-lo e nunca mais parar. Com as mãos em seu peito podia sentir seus batimentos cardíacos, já havia desistido de entender como todos aqueles detalhes que pareciam tão reais eram possíveis.

“Myeon...?” Balancei a cabeça tentando afastar aqueles pensamentos bobos e lhe dar completa atenção, demorou um pouco para que voltasse a falar e quando o fez, meu coração acelerou como nunca. “Eu amo você”.

Sabia como responder, mas parecia ter desaprendido a como mover os lábios. O amava mais do que qualquer um que já havia amado antes e sabia disso há tempos, mas nunca esperei que a declaração fosse vir dele primeiro.

“Eu também amo você”. Sussurrei contra seus lábios e os beijei mais uma vez, um beijo bem mais longo que o anterior. “Amo muito”.

Não me respondeu com palavras, apenas com um sorrisinho tímido que fazia sua covinha ficar aparente na bochecha. Mordisquei o local delicadamente e decidimos que era hora de voltar para casa e aproveitar as horas que tínhamos abraçados na cama, antes de seja lá o que Jongdae faria com ele no dia seguinte.


Notas Finais


Soltei a coisinha mais fofa do universo e saí correndo. Eu amo o Yifan demais, eu amo o Jongdae demais, vou acabar morrendo com esses dois. Bff goals total.

Hunhan hino do site: http://socialspir.it/9197151


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