História As Aventuras de Bad Wolf - A Fugitiva

  A enfermeira saiu do quarto. Trancou a porta e foi direto para a recepção. Pediu para ligar para meus parentes. Dentro do quarto, eu sair da cama e tentei andar o mais rápido possível, mas falhei miseravelmente. Sabia que não poderia, os músculos das minhas pernas estavam rígidos por conta de ter ficado muito tempo deitada.

 Tinha que sair daquele lugar. Não podia mais ficar perto do Doctor. Sorte minha que naquela noite não havia muita gente no hospital, porém a porta estava trancada. Tive que sair pela janela. Seria um desafio e tanto, escalar apenas usando os braços. Ainda bem que só precisava entrar em outro andar o qual a porta não estivesse trancada.

 Arrastei-me até a janela. Sustentei-me segurando no aquecedor que estava perto da janela. Fiquei de pé apoiando meu corpo na parede e abri a janela. Estava correndo um vento gélido. Com a ajuda da janela, me puxei até conseguir ficar sentado nela. Coloquei as pernas para fora usando minhas mãos. Agora eu estava fora do quarto. Decidi que iria para o andar de baixo que seria bem mais fácil.

 Devagar. Fui me segurando até chegar à janela do andar de baixo. Abrir ela. Havia uma pessoa deitada. Parecia esta em coma. Entrei no quarto. Percebo que estava começando a sentir minha perna de novo. Tentei ficar em pé o máximo possível. Abrir a porta e procurei um local que não era permitida a entrada de visitante, para que pudesse ficar um pouco lá até voltar a andar normalmente.

Depois de algumas horas. Estava andando normalmente. Com certeza o Doctor estava tentando me encontrar. Desculpe-me, mas eu tenho que ir. Não posso mais ficar com você. Você criou um laço comigo enquanto eu estava dormindo. Eu tinha que voltar para o local que o Doctor ficava. Meus pertences devem ter ficado com ele. Catei alguma roupa no local onde eu estava e sai pela saída de emergência, afinal era mesmo uma emergência.

Chegando lá. Não havia ninguém. Eu estava certa, todos estão me procurando agora. Olhei para a TARDIS e chequei se a porta estava aberta. E eu não sei como que ela estava aberta. O Doctor sempre a tranca quando sai dela ou então estaria alguém lá dentro.

Entrei e me certifiquei que só havia eu naquele local. Sai da TARDIS e vasculhei em busca das minhas coisas. Depois de procurar no escritório, fui novamente até a TARDIS. Fiquei parada olhando para o centro de controle. Encostei minha mão nela. Eu sentia ela viva.

- Você sabe o que fazer. Eu prometo que te devolvo para seu dono. Isto é só uma questão de tempo é você pode me dar isso – disse em voz alta para que a TARDIS escutasse.

Imediatamente a TARDIS fechou a porta e decolou. Para a onde? Eu não sabia, mas ela me daria tempo e depois voltaria para o seu dono. Comecei a procurar novamente começando pelo quarto onde estava na última vez. Lá, encontrei minhas roupas dobradas em cima da cama junto com o chapéu que ele me deu.

Fui ao banheiro ao lado do quarto, o mesmo banheiro em que lavei o meu rosto. Depois que me vesti, lavei o meu rosto como na última vez. Volto para o centro de controle enquanto verifico meus bolsos. Eu encontro um bilhete e nele estava escrito “Obrigado!”. Eu sabia o que significava. Ele apenas agradeceu por ter entrado na vida dele. Esta fazendo que minha partida seja difícil, por não mais andar ao seu lado.

Passo pelo centro de controle e vou até uma mesa. Em cima da mesa estavam algumas ferramentas. Encontro meu baralho. Estava estragado. Peguei o case do baralho e coloco o baralho devota na mesa. Só faltava uma coisa e a mais importante. Meu relógio de viagem do tempo. Sem ele não podia ir para lugar algum. Meu pai tinha me dado e era a única coisa que me restou dele.

Sentei-me na cadeira e fique vagando o meu olhar por toda a TARDIS. O que faria agora? Esperaria ele chegar e olharia para ele e pediria o relógio? Não poderia escapar sem dar um último adeus. Um último sorriso. Um último beijo. Levantei da cadeira e andei até saída. Parei em frente à porta. A TARDIS parou. Fiquei encarando a porta mais um pouco. Ouvia vozes do lado de fora. Abri a porta com as duas mãos de forma delicada.

Todos pararam e olharam para mim. O Doctor se sentou e colocou as mãos em seu rosto. Bill e Nardole nos deixaram a sós. Dou passos curtos e desajeitados em direção a ele. Sento-me à mesa, em seu lado.

- Você sabe o que eu estou procurando e você sabe que eu vou embora – disse encarando o chão.

- Então sabe de algo que vai acontecer comigo em poucos dias. E não vai poder interferir, porque vai envolver você também.

- Você acha que é fácil vim aqui, pegar minhas coisas e ir embora? No caminho até aqui pensei milhões de vezes, mas não se preocupe. Vou continuar de olho em você.

- Eu também vou – disse o Doctor dando um leve sorriso – então, não vai ser um adeus?

- Claro que não. Vamos esbarra outras vezes. Eu só vou me afastar por enquanto – disse dando um sorriso no final.

- Mas por que disso? Por que vai se afastar?

- Não posso explicar ao certo – levanto da mesa – e melhor eu ir.

 O Doctor coloca a mão em seu bolso e tira de lá o meu relógio.

- Vai precisar disso – disse ele – além do mais nem é meu, é do seu pai. Ele ficou com defeito quando caiu no lago. Eu ajustei de novo para você.

Eu pego.

- Obrigada – eu agradeço.

Vou andando em direção à porta.

 - Não esta se esquecendo de nada? – disse ele antes de eu chegar até a porta.

Parei. Olhei para o chão. Levantei a cabeça. Dei meia volta. Voltei até ele.

 - O que eu esqueci? – disse enquanto ia para trás dele, ainda sentado na cadeira.

- De se despedir de mim. De dizer que não vai mais se machucar.

Dei um abraço nele e falei em seu ouvido.

- Não posso prometer nada, mas eu vou fazer o possível para não me machucar.

Dei um beijo em sua bochecha.

- Te vejo depois.

Devagar. Fui deixando de abraça-lo. Agora minhas mãos só estão pousadas em seus ombros. Tirei minhas mãos. Agora só estou olhando para ele, sentado naquela cadeira. Devagar. Fui me afastando dele. Ele segurou a minha mão. Eu soltei devagar. Olhei para ele uma última vez. Dei meia volta e sai.