História As Crônicas da Legião - Pesadelo Mortífero - Plano de Fuga: Cuidado com as lâmpadas

Os rugidos atrás da dupla ficavam cada vez mais altos. Não podiam negar, B.L.U. era bom. Era um enorme problema. Um pé no saco. Alguma hora precisariam dar conta dele. Permanentemente.

Os dois atravessaram uma passagem, que imediatamente se fechou com uma porta automática. Segundos depois, uma criatura começou a bater na porta, tentando entrar a qualquer custo. João esperava que a porta fosse mais forte do que o alien. Senão…

Cata cutucou o namorado. Ela olhava fixamente para a sala à frente deles, com uma expressão séria e levemente preocupada. João se virou. Bem a tempo de encarar uma enorme sala, completamente iluminada por luzes brancas, que quase chegavam a cegar o garoto. Luzes brancas. Que saíam de lâmpadas.

-”Cuidado com as lâmpadas” - João repetiu as últimas palavras de Vírus - Será que ele se referia a isso?

Cata analisava o momento com cautela, atenção e uma pitada de desespero. Não sabia o que enfrentariam ali. Esperava que fosse algo razoavelmente fácil. Mas sabia que não seria. Afinal, para o tal Vírus precisar avisar a dupla, provavelmente seria algo do qual ele mesmo tinha algum medo, algum receio de enfrentar.

O casal avançava devagar e atentamente. O lugar estava silencioso, exceto por um ou dois barulhos que as lâmpadas faziam. Aparentavam estar quentes, pois o ar ao seu redor parecia oscilar. Elas emanavam uma luz forte e constante. Mas ambos sabiam que aquela luz era apenas um engana-trouxa. A aura daquele lugar era péssima. Palpável. Perceptivelmente amedrontadora e pavorosa.

Do outro lado da sala, um som alto de algo mecânico. Uma das lâmpadas ao final do corredor se quebra, num estrondo ensurdecedor e incômodo. João se assustou momentaneamente.

De repente, todas as lâmpadas se apagaram.

-Vírus, é você? - o garoto chutou, tentando parecer imponente.

-Não.

Ao fundo da sala, dois focos de luz roxos foram ligados. Eles faziam um barulho de eletricidade. A figura ao longe começou a girar os focos. Eles pareciam estar ligados por um bastão. A figura avançava. Até que, a partir da luz roxa do bastão, a dupla pode ver o rosto de Starbolt, furioso e pronto para fazer um massacre.

João e Cata tentaram recuar, mas não tinham para onde ir. O local estava selado, e era extremamente aberto. Quase como um campo de tiro. Um lugar perfeito para uma emboscada. Um massacre mesmo.

O ciborgue avançou no casal, girando seu bastão para lá e para cá. Ele avançou com um dos focos na cabeça de João, que se abaixou. Ele tentou avançar no joelho de Starbolt, mas foi chutado para longe antes que pudesse fazer algo. O pé do ciborgue era duro.

Cata pulou para o lado, buscando mais espaço para pensar em algo. O General avançou nela com sua mão enorme e pesada. A garota correu para longe, virando-se para encarar seu adversário logo em seguida. Ele passou uma rasteira nela, derrubando-a. Então, começou a bater as pontas do bastão no chão, bem aos lados de Cata, fazendo com que a garota não pudesse correr para os lados, apenas se arrastar para trás. Até o momento que ela ficou presa à parede. Starbolt levantou o bastão.

Na hora que ele iria eletrocutar Cata, João pulou no bastão e o segurou. Mas o ciborgue era muito mais forte do que ele. O garoto foi lançado para cima e arremessado na parede, logo acima da namorada. Surpreso, o General buscou aproveitar sua vantagem. Enquanto João deslizava pela parede em direção ao chão, ele chutou-o com força para cima, preparando-se para bater com o bastão no rosto dele, quando caísse.

Enquanto Starbolt preparava o movimento, Cata conseguiu levitar o bastão dele, para que parasse no ar. Dito e feito. O ciborgue fez o movimento, mas não atingiu João, pois sua arma havia ficado parada no ar, efeito do movimento de Cata. O General ficou alguns breves segundos sem entender, e a garota usou aquilo a seu favor.

Cata deslizou levemente por baixo das enormes pernas do adversário, levantando-se logo atrás dele. Ela jogou João para longe da parede, criando um enorme campo telecinético para empurrar e prender Starbolt contra a parede de pedra. Ele foi lançado de cara nas pedras, preso por uma fina camada quase invisível de energia telecinética. Um pouco surpreso, ele tentou virar as mãos, mas não conseguiu. Cata era forte.

Por alguns momentos, ele parecia preso e derrotado. João se levantou e correu para o lado da namorada. Apenas para ver do que o General era capaz.

O ciborgue então começou a tremer, vibrar seu corpo. Duas garras metálicas saíram de cada um de seus braços, uma de cada superfície. As garras atravessaram o campo telecinético de Cata, enfraquecendo-o. Ele girou suas mãos metálicas e atacou o campo por fora. Uma. Duas vezes. A garota parecia lutar para manter-se concentrada e manter o campo inteiro. Mas não conseguiu. Starbolt se livrou do campo e pegou seu bastão do chão. As pedras abaixo dos focos elétricos do bastão estavam queimadas e fumegavam. Ele caminhou na direção do casal. Parecia furioso.

O General girou o bastão e atacou, de baixo para cima, entre seus dois adversários, para separá-los. E funcionou. João e Cata pularam para lados opostos. O ciborgue atirou seu bastão na direção onde o garoto havia pulado, e atingiu em cheio seu peito com um dos focos elétricos. João gritou de dor. O barulho que se ouviu foi o mesmo de quando um pombo bate num fio elétrico carregado e vira frango assado. João caiu no chão. Starbolt então avançou com tudo em cima de Cata. Ele a atacava com suas garras. A garota só podia se desviar. Ele acertou um ataque, rasgando a carne da barriga dela. Cata gritou em dor e desespero, ajoelhando-se, fraca e cansada. O General a segurou pelo pescoço e a levantou.

-Você - sua voz automatizada dizia - é fraca.

Starbolt lançou a garota na direção da parede. Ele ouviu alguns barulhos na direção de João. O garoto tentava se levantar. O ciborgue rumou na direção dele e pegou seu bastão do chão. Ele viu que a barriga de João, onde acertara o bastão, já havia sido curada. O garoto tentou avançar nele, disparando um soco desleixado e impensado. Starbolt pegou o braço do garoto e o segurou com uma mão, enquanto, com a outra, batia um dos focos do bastão no ombro do adversário. Rendido e agoniado, João nada pode fazer enquanto o ciborgue batia em seu braço, quebrando-o. Ele gritou de dor, novamente.

Cata já havia se levantado, e tentava correr na direção do General. Mas sua corrida era lenta e descuidada. O ciborgue girou seu bastão, batendo-o no chão, logo à frente de onde a garota iria pisar. No momento seguinte, o pé de Cata foi eletrocutado e adormecido, fazendo com que ela não pudesse move-lo momentaneamente. Ela caiu no chão, de cara com os pés do adversário.

Quase que desesperado com a facilidade daquilo tudo, Starbolt se negou a continuar batendo sem dó nos dois. Suas ordens eram de não matar nenhum deles. Mas ele estava entediado. Não recebera a tal batalha que lhe fora prometida. Em protesto, iria escolher um dos dois para matar. Ele pegou Cata pelos cabelos e a levantou para o alto. Ele bateu com a parte de metal do bastão no pescoço dela, e, logo em seguida, eletrocutou ela na barriga. Cata, agonizando de dor, já quase desacordada, ainda gemia ao ser atacada. Ela olhava de modo perdido para o General.

-O que está olhando, minha cara? - ele debochou, de modo frio e maldoso. Mas não esperava pela resposta que iria receber.

-Olhando meu lindo namorado fuder com a sua vida.

Atrás de Starbolt, João estava de pé. Com todas as forças que lhe restavam, ele arrancou uma parte das pedras do teto da caverna. Ele identificava os minerais que as formavam. E controlava aqueles minerais muito bem. O ciborgue olhou para cima. João correu, pegou a mão de Cata e empurrou o General para trás, sumindo no ar logo em seguida. Bem a tempo para escapar da avalanche de pedras que caiu sobre a cabeça de Starbolt.