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História As Crônicas de Boruto Uzumaki - Temp. II:Tempo para Batalhas - CAP. 1 - BORUTO: Ainda não...


Escrita por: KaiUchiha e YakagoIziki

Notas do Autor


Enfim, chegou o dia de lançamento oficial da nova temporada de As Crônicas de Boruto Uzumaki. Alguns de vocês estavam esperando por isso, e agora, já tem.

Voltamos àquela época de postagens semanais. Espero que curtam muito essa temporada, ela promete e muito.

Semana que vem próxima parte.

Não se esqueçam de acompanhar também essa história aqui: https://spiritfanfics.com/historia/uma-historia-de-naruto-yakago-iziki-6869513

O crossover envolve ela.

Tô escrevendo uma outra fanfic, uma sobre um ninja bem interessante: https://spiritfanfics.com/historia/uma-historia-de-naruto-o-ultimo-uchiha-8357780

Essa história é continuação de:

https://spiritfanfics.com/historia/as-cronicas-de-boruto-uzumaki--temporada-ivento-ascendente-5088707

Capítulo 2 - CAP. 1 - BORUTO: Ainda não...


Fanfic / Fanfiction As Crônicas de Boruto Uzumaki - Temp. II:Tempo para Batalhas - CAP. 1 - BORUTO: Ainda não...

Faz um ano desde aquele dia em que as pessoas me menosprezaram, meu pai me olhando decepcionado pela minha fala, e o Tio Sasuke me defendendo. E ele não me deu mole no treinamento. Todos os dias pegava duro, sem descanso, fazendo eu me esforçar ao máximo. Eu passava pouco tempo em casa, mas era tempo suficiente pra saber que meu pai andava triste comigo, e que Himawari estava mandando ver em missões, coisa que eu deixei de lado na maioria do tempo, pra poder treinar.

Apesar disso tudo, meu aniversário de quinze anos foi bem comemorado. Fui com os amigos ao cinema, sem Sarada e Sukuinushi. Os dois estavam em um namoro sério, e sempre saiam em missões, junto com os companheiros de equipe dele. O foco da Sarada não era muito no treino, apesar de ela se esforçar bastante nos treinos.

Enfim, todos estavam muito presos suas próprias tarefas nesse tempo antes do Exame Chunin. Eu também era um deles, já que andava treinando feito um louco, e ia em algumas missões pra ver se o esforço tava valendo a pena. Afinal, Tio Sasuke não é o tipo de cara que perde tempo em algo inútil. Ele viu potencial em mim, e tá me forçando a liberar tudo isso, e com a ajuda dele, eu sinto que posso. Ele é simplesmente incrível!!! Agora eu entendo porque meu pai e Tia Sakura gostam tanto desse cara.

Mas no que se trata da Konohashin, as coisas só pioraram. Os ataques abrangem mais países e acontecem com mais frequência, aumentando a intensidade de cada ataque. Não culpando ele, mas piorou depois que meu pai fez aquele anúncio pra toda a Aliança Shinobi. Foi nesse ponto que tudo começou a desandar. É mais um motivo pra eu ficar mais forte: tenho que deixar todos os lugares seguros pra que Himawari faça suas missões com a maior segurança possível. E tem também o lado pessoal pra derrotar a Konohashin. Dois de seus integrantes estão com problemas comigo, então minha vila, minha família, e meus amigos estão em perigo. Não posso deixar que sofram por mim. Tô certo!!! Ahn? Nossa... Pareci meu pai agora...

De repente, levo um soco na cara que me deixa atordoado, e eu caio no chão, com as mãos no nariz.

- Porra!!! Doeu!!! – Gritei.

- Então, levanta e foca na batalha, garotinho sentimental. – A pessoa que me bateu parou minha frente, esperando eu levantar.

Passei as mãos com raiva pelo rosto, fazendo a dor passar e raiva assumir. Levantei e olhei pro rosto do meu mestre, inexpressivo.

- Vamos!!! – Ele me disse, sem demonstrar nem um pingo de compaixão pelo soco que ele me deu no seco. Isso só fez um estalo acontecer na minha cabeça, dizendo que eu deveria partir pra cima dele com tudo.

- Aaaaaahhh!!! - Pulei pra cima dele, com um soco bem em seu nariz, que por pouco não pegou.

- Ótimo. - Sasuke sacou sua katana, mas eu não fraquejei. Eu tinha que derrubar ele.

- Cala a boca!!! - Corri pra mais um soco, dessa vez com um cruzado de direita direto no seu queixo. Mais uma vez, o golpe passou perto.

- Hm! - Com um movimento rápido, ele subiu a empunhadura da katana, tentando bater na minha cara, mas eu bloqueei com meu antebraço.

E já fechei meu punho de novo, mirando acertar a boca do estômago dele. Mas como um espadachim expert, Sasuke só virou a parte chata da lâmina da katana, se protegendo do golpe. Isso me fez ficar irado... Como um cara com um braço só pode fazer parecer que meus esforços não são nada? Com mais raiva, segurei a katana, e puxei na minha direção, abrindo caminho pra uma joelhada na barriga dele. Mas com outro movimento rápido, Sasuke mirou meu braço, prendendo ele embaixo do seu, e se defendendo do meu golpe com a katana, de novo.

Virei a cabeça pra olhar bem em seus olhos, e quase explodi de raiva, ao ver que ele não estava com Sharingan ativado pra fazer isso.

- É tudo que tem? Pensei que estávamos fazendo progresso... E olha que nem estou usando meu braço dominante, já que não o tenho mais. - Ele me olhou com desdém.

Antes que ele dissesse mais algum insulto, eu pulei girando com um chute na cara dele. Esse, ele levou com tudo, caindo ajoelhado, a uns dois metros de distância. Antes que levantasse, corri pra cima com uma joelhada na cara dele, que por acaso, também pegou. Sasuke caiu no chão, e eu montei em cima dele, e comecei a socar sua cara com os dois punhos, sem parar. Sangue jorrava no chão, e não era pouco. A cara dele já estava inchada, mas eu não parei. Ouvi alguma coisa saindo de sua boca, tentando me pedir pra parar, mas a raiva não deixou. Sua mão agarrou a katana, e tentou me golpear com ela, mas eu prendi sua mão no chão com o joelho, e peguei a katana de sua mão, com uma raiva indescritível. E no segundo seguinte, a katana estava fincada no peito dele, e eu perplexo pelo que fiz.

Me levantei, dando dois passos pra trás. Olhei minhas roupas, que estava cheias de sangue espirrado. Minhas mãos cobertas de sangue. Senti algo escorrendo pelo meu rosto, mas não era uma coisa só. Lágrimas desciam, juntamente com sangue espirrado no rosto. Meus joelhos fraquejaram, e eu caí de joelhos no chão.

Um formigamento percorria meu corpo. Parecia uma parte de mim querendo sair, não me aceitando mais. Fiquei girando as mãos, vendo o inchaço crescente. Depois de muito tempo assim, comecei a sentir as mãos latejando. Tomei coragem, e olhei pra frente finalmente. E não era mentira. Realmente havia um corpo estirado, sem vida, na minha frente, e fui eu que fiz isso. Eu matei Sasuke Uchiha.

Ao pensar tal coisa, um enjoo me acometeu, e eu comecei a me sentir fraco e meus sentidos começaram a bobear. Quando estava a ponto de desmaiar, uma voz me traz de volta.

- Boruto? Você tá bem?

Ainda com o olhar perdido, me virei na direção da voz.

- Ei... O que aconteceu? - Era Sarada, e ela se aproximava.

Agora, eu estava quase em estado de choque. Sentia meu lábio inferior tremer loucamente, assim como minhas mãos. E assim, comecei a chorar, mais do que em qualquer vez na minha vida. Ela parou à minha frente, eu instintivamente segurei uma mão dela, com duas minhas.

- Shhh... O que houve? - Havia muita preocupação na voz dela, que se abaixou e encostou minha cabeça em seu ombro, me abraçando com carinho. - Pode me dizer o que foi, eu tô aqui por você.

- Eu... Matei... - Balbuciei.

- Não entendi, fala direito. - Havia ternura na sua voz.

- Eu... Matei...

- Vamos lá, pode me dizer. - Suas mãos começaram a acariciar meus cabelos.

- Eu matei... Seu pai.

Naquele momento, senti que o mundo parou, enquanto ela ficava imóvel e dura, absorvendo a notícia. Momentos depois, ela virá a cabeça pra trás de mim, e me empurra, se levantando já com lágrimas nos olhos.

- POR QUÊ???? - Ela berrou, jogando os óculos no chão. - EU NÃO ESTAVA ME DANDO BEM COM ELE, MAS NUNCA IRIA QUERER ISSO PRA ELE!!!

- Sarada, por favor... Eu não fiz de propósito, não sei o que me deu... Eu... - Caído no chão, apoiado nos braços, eu tentava argumentar algo.

- COMO ASSIM NÃO SABE O QUE TE DEU??? O QUE FEZ VOCÊ FICAR COM ESSA RAIVA TODAAAA??? - Os punhos dela fecharam com força, enquanto ela estava aos prantos e berrando comigo. Dava pra ver o chakra saindo de suas mãos.

- Eu não fiz por mal...Por favor, me perdoa... Eu te amo... - As palavras pularam da minha boca.

- ISSO POR ACASO É AMOR? - Sarada bateu o pé com raiva no chão, em cima de seus óculos, fazendo-os se quebrarem em estilhaços. - SE É POR AMOR, ENTÃO EU DEVO MATAR SEU PAI TAMBÉM???

- Não... Eu nunca quis fazer isso... - Eu me ajoelhei, estendendo a mão pra ela.

- NÃO SE APROXIMA!!!

- Sarada... - Me levantei e comecei a andar em sua direção.

- PARAAAAAAAA!!! - Seu grito fez eco, saindo junto com um chakra tão vermelho que chegava a ser rosa. Os olhos dela estavam fechados com força, mas, de repente, lágrimas de sangue começaram a escorrer de ambos os olhos.

Quando ela os abre, muito chakra é liberado, e um esqueleto estranho e muito grande se forma em volta dela, no mesmo tom de vermelho que seu chakra. Seus olhos estavam com o terceiro dote do Sharingan, que começaram a girar, mudando. Era o que o Sasuke me explicou ser o Mangekyou Sharingan, e o dela tinha o formato de uma flor de quatro pétalas. Ela berrava, liberando mais poder, e eu sentia o ar ficando frio em volta. Eu quase entrei em pânico, pois nunca vi um pingo de frieza no chakra dela.

Tentei me aproximar ainda mais dela, e o esqueleto estendeu um braço na minha direção. Segurando meu braço com o polegar e o indicador, uma igualmente grande se materializa na outra mão do gigante. E sem mais delongas, desferiu um corte que arrancou metade do meu braço. Eu caí berrando de dor, e como primeiro instinto depois disso, minha outra mão sacou várias kunai e lançou na direção de Sarada. Todas ricochetearam nas costelas do esqueleto gigante e caíram. Sarada, então, andou até o corpo frio de seu pai, tirou a katana do peito dele, e começou a andar na minha direção. Eu não tinha mais forças, e ela me pegou pelo pescoço com as próprias mãos, me erguendo centímetros acima do chão. Ela ficou a katana no exato centro do meu coração, aproximou sua boca de meu ouvido e disse:

- Agora, morra através dessa lâmina maldita, ceifadora de almas. Adeus, Boruto Uzumaki. - E girou a katana.

Senti tudo obscurecer, olhando fixamente nos olhos de uma garota que era tão pura. Senti minhas força se esvaindo totalmente, pela última vez. Minhas pálpebras caíram, e eu finalmente, minha última força de foi.

No meu último segundo de vida, eu só pude pedir ao destino que fosse bondoso com Sarada, pois ela merecia. Uma menina de tão bom coração, que só almeja ser Hokage e ser feliz. Uma pessoa bem melhor que eu. Já acabei com parte da sua felicidade, não poderia desejar menos. E o Tio Sasuke, então... Nem posso dizer que queria ter ido em seu lugar porque já estou indo logo atrás. Ele pode ter feito qualquer coisa, mas não merecia uma morte brutal assim. Por fim, imaginei como Himawari iria ficar quando descobrisse... Coitadinha, ficaria desolada porque eu fui um babaca e causei minha própria morte.

Meu último segundo de vida foi o mais longo. Tão longo que achei ter algo de estranho. Levantei minha mão e cocei o olho. Epa... Mortos não se coçam!!! Me sentei rapidamente, abrindo os olhos. Acabei soltando um grito de susto com o que vi logo após: meu braço cortado estava lá. Olhei pras minhas roupas rasgadas, sujas, e pequenas (esqueci de comprar novas desde o ano passado). Não havia marca no peito, nem sangue havia. Mas ao olhar pra direita que levei um susto de verdade.

Uma fogueira com brasas quase apagadas ainda crepitava, com metade de um coelho em um galho. E sentado, numa boa, estava o Tio Sasuke me olhando, inexpressivo.

- Até que enfim... Fracote. - Boa. Eu já acordo sendo zoado.

- O que houve? Eu não morri? Eu não tinha... Erh... Matado vo-você? - Ficar calmo tava impossível.

- Não. Na hora em que olhou nos meus olhos, por causa da raiva, não percebeu que no instante em que me olhou, você caiu em um genjutsu que eu inventei. - Ele acena pra que eu me sente perto da fogueira.

- Genjutsu? - Perguntei, enquanto me movia mais pra perto.

- Ele foi feito pra interrogatórios. Lê e mexe com as emoções das pessoas, me dando toda a informação que preciso ao criar uma situação que põe põe a pessoa em questão a prova. - Sasuke pegou o coelho, arrancou uma pata, e me entregou pra comer.

- Uhm... O que você viu? - Peguei a pata, olhando timidamente pro lado.

- Tudo. O suficiente pra saber sua fraqueza. Você pensa que é não ser forte o suficiente, mas sua real fraqueza são suas emoções. Especialmente seu sentimento reprimido pela Sarada. - Dei um pulo no mesmo lugar, me recompondo logo, pra tentar disfarçar, mas acho que foi tarde demais. - E tem mais. Sua raiva. Ela não é fraqueza pra você, é força. Mas sem controle, pode te por em situações ruins, e por em xeque suas emoções, assim como aconteceu, ou até mesmo por seus aliados em perigo. Na pior das hipóteses, acontece tudo.

- É... Foi mal por isso. - Eu comia a pata de coelho, olhando pras brasas, totalmente envergonhado. - Na próxima vez, prometo estar focado.

- A sua próxima vez vai demorar. - Tio Sasuke se levanta, pondo sua capa preta.

- Mas hein? - Fiquei de pé, sem entender.

- Vamos suspender o treino por um tempo. - Ele se virou pra ir embora.

- Por quê? - Eu corri pra acompanhar.

- Não estou aqui só pra te treinar, estou pra te ajudar a passar por problemas, como seu pai me pediu. E por isso, você vem comigo agora. Vamos começar a resolver essas coisas.

Ele agarrou meu braço, e veio me puxando, pra evitar que eu reclamasse dizendo que não iria. Bom, as coisas não podem ficar piores. E essa, foi uma daquela vezes em que essa frase realmente foi verdade. As coisas começam a andar bem a partir daí. Por quanto tempo, eu não sei, mas só vão melhorar. É melhor contar, o entendimento é melhor.

Assim que eu e o Tio Sasuke pisamos dentro da vila, ele me arrastou pras fontes termais, sem mesmo perguntar se eu gostava. No vestiário, depois de sair do trocador enrolado em sua tolha, ele se vira pra mim, com seu braço faltando, o que era bem estranho de ver.

- Vamos lá. Eu sei que isso vai te fazer bem. - E se dirigiu às fontes. - Não demore.

Depois de alguns segundos parado, olhando pros armários, me movi, levando uma toalha pro trocador. Não tive pressa pra me despir. Guardei minhas roupas em um armário ao do Uchiha, e saí pras fontes.

Haviam vários caras espalhados por uma espécie de banheira gigante com água quente, todos em suas conversas. Alguns, estavam apenas sozinhos, pensando consigo mesmos. Eu me dirigi a um desses, que era o Sasuke. Ele estava apoiado na borda, despreocupado, com seu braço inteiro apoiado na borda. Virou seu olhar pra mim assim que parei do seu lado, ainda fora.

- Vamos, entre. A água não vai até você.

- Vem sim. Quer ver? - Com um sorriso, fiz os selos de mão de um jutsu básico de água.

- Ei!! Aqui não é lugar pra isso. Quer ser expulso antes mesmo de aproveitar um minuto sequer? - Aquele pingo de inquietude veio junto na fala dele. Normal...

- Calma... Foi só brincadeira. - Falei um pouco inquieto também, já que não gosto muito desse jeito dele com todos.

Joguei minha toalha no chão, entrando rapidamente na água. E ela era bem relaxante, só de entrar. Dei uma certa distância de mais ou menos um metro do Tio Sasuke, e pus a toalha na borda, pra apoiar a cabeça.

- Nossa... Que coisa boa!!! Por que eu não vim aqui antes??? - Eu disse quase derretendo, de tão bom que era.

- Eu sabia que iria gostar. - Como sempre, Uchiha com tom de convencido.

- Como?

- Acho que pelo tempo que eu te conheço, já deu pra perceber que você prefere vários prazeres pequenos da vida, do que um só grande. Você é mais espontâneo e natural. Fácil de notar pra alguém tão pragmático, como eu. - Tio Sasuke disse isso, com a cabeça virada pra cima, de olhos fechados.

- Se é um momento pra relaxar, pode falar menos como se fosse um dicionário ambulante? - Fechei os olhos, com um sorriso bobo, curtindo a água quente.

- Desculpa. - E ele fez o mesmo que eu com a toalha.

Depois disso, ambos ficamos calados, aproveitando o momento. Cada vez mais pensamentos bons e esperançosos me invadiam. Isso me fez pensar que esse lugar tem o mesmo significado pra ele, por isso que me trouxe aqui. Mas esse Uchiha em especial, é muito misterioso, então resolvi perguntar por ainda ter dúvida se realmente era isso.

- Boa escolha de lugar pra se acalmar. Tem algum significado pra você, vindo aqui? - Falei bem calmo, já estava quase dormindo nos devaneios.

- Sim. Aqui, eu venho como um modo de me dar esperanças sobre as coisas, e como um modo de lavar qualquer pensamento ruim que eu possa ter. De certo modo, esse lugar me lembra uma mistura de seu pai e da Sakura. A Equipe Sete. - A resposta teve sua parte inesperada, o que me fez olhar devagar pra ele. - Cada parte do que eu disse, me lembra de um dos dois, mas o lugar junto faz eu lembrar de quando eu era feliz ao lado deles, na mesma faixa etária que você. Além de me ajudar a esquecer tudo de ruim que fiz, tudo por raiva e ódio.

Ele deu uma pausa, e eu fiquei bem pensativo com o que ele disse. Me ocorreu então, que ele realmente se importa comigo, que ele realmente vai fazer de tudo pra me proteger. Até que ele continuou.

- Por esse motivo, não vou permitir que você tenha raiva. Nem que eu tenha que te transformar em uma cópia do seu pai, eu não vou te deixar cair nessa escuridão, nesse abismo sem volta. As coisas que você pode fazer nesse caminho são malignas, tristes demais pra quem se importa com você. - Mais uma pausa, na qual as palavras dele reverberavam em minha cabeça. - Mesmo que eu falhe nessa promessa, vou garantir que você tenha alguém para te tirar do fundo do poço, caso chegue lá. Sinto que, a partir de agora, é meu dever te guiar bem. Você e Sarada... Sinto algo bem especial sobre vocês... Quando eu souber, tudo pode se esclarecer.

Sasuke se interrompeu após isso, o que me deixou intrigado.

- O que foi? Você parou do nada. - Me sentei ereto, com a curiosidade.

- Não é nada, só pensamentos de um cara estilhaçado.

- Ok, né. - Voltei ao relaxamento de antes.

Mas de algo eu tive certeza naquele momento, algo que uma vez me veio a mente, mas eu ignorei: há uma ligação maior do que eu imagino com as pessoas ao meu redor. E isso me veio a mente de novo pelo fato de esse cara, que não tem que fazer nada por mim, estar sendo tão legal comigo. Vai ver tem algum dedo de algo maior que nós nisso... Não, isso seria ridículo. O Sábio dos Seis Caminhos e sua família já não existem mais, assim como seu monstro de estimação. Fico grato por não ter dito isso ao Sasuke e ter ganhado um grande fora dele agora.

Assim que esses pensamentos foram embora, adormeci. Tudo fico preto, e eu ouvia vozes ao longe, mas não conseguia distinguir de quem era, nem o que diziam. Logo após, uma imagem me aparece: Sarada caído no chão, falando meu nome, com uma voz fraca. Parecia que ela pedia ajuda, mas parecia estar mais velha do que está agora. Uma outra voz, bem mais grave que a dela, começa a me chamar, e a imagem se dilui, dando espaço às fontes termais à minha frente.

- Boruto. Vamos. Temos um dia cheio hoje. - Tio Sasuke me chamava, terminando de enrolar suas toalha em volta da cintura, usando uma mão só, habilidosamente.

- Ok. - Falei e me levantei, de modo preguiçoso.

Assim que saímos de lá, como já estava quase na hora do pôr-do-sol e já tínhamos comido algo, Tio Sasuke foi andando comigo pra parte mais movimentada da vila, não sei porque. Desviávamos das pessoas, atravessando multidões. No exato centro da vila, chamado de Konoha Center Square, telões enchiam as vistas pra todos os lados. Um deles me chamou a atenção, e nele estava escrito: EXAME CHUNNIN HISTÓRICO - EM 32 DIAS.

Essa notícia veio como um baque, nem ruim, nem bom. Simplesmente percebi que eu já tinha completado 15 anos, e estava a meio ano dos 16. Himawari, então, vai fazer 11 antes do Exame. Ótimo! Vamos ter celebração antes e depois. Só espero ficar de bem com meu pai antes da primeira celebração. Passei muito tempo focado só no treino, tanto que nem percebi a passagem de tempo, até hoje. Eu com 15 anos e 6 meses, minhas roupas ficando pequenas e apertadas, o cabelo mal arrumado e sem corte... O tempo montava nas minhas costas sem dó.

Acordei de mais pensamentos com um puxão no meu braço, pra dentro de algum comércio.

- Que isso??? - Já comecei a protestar, antes de olhar quem me puxou pra onde.

Quando dei por mim, meu mestre havia me arrastado pra dentro de uma barbearia.

- Pra que isso? - Cruzei os braços, olhando pra ele.

- Você é o filho do Hokage, e espera ficar andando por aí com uma aparência tão deprimente, como se agora morasse na rua? - A resposta veio em tom impaciente. - Vamos, senta logo nessa cadeira.

Um pouco emburrado, sentei.

- Como vai ser o corte, Senhor Uzumaki? - Um senhor calvo de, mais ou menos, uns cinquenta anos me pergunta.

Eu o olho pelo espelho pra responder:

- Só mantém direitinho, velhote. Não quero mudar meu corte.

- Ok. - E com um sorriso, começou a selecionar suas ferramentas pro trabalho.

Enquanto isso, Tio Sasuke senta em uma cadeira na fila de espera, e começa a folhear uma revista sem muito entusiasmo. Eu o observava, enquanto o moço fazia seu trabalho nos meus cabelos. O Uchiha olhava pra janela toda hora, cauteloso. O mesmo com o interior do estabelecimento, e com o senhor que fazia o serviço pra mim. Eram olhadas rápidas, porém diziam que ele estava mais alerta que o normal.

Em certo momento, o senhor errou a tesoura por um movimento meu, e me espetou, sem perfurar nem cortar. Sasuke chegou pra frente no banco, com a mão na empunhadura da katana. Ao ver que não era nada, retornou ao seu estado normal.

- Me desculpe, sim? - O senhor me olhou pelo espelho.

- Tudo bem. - Respondi.

Quinze minutos depois, saímos de lá após termos pago o corte. Meu cabelo estava com o mesmo corte de sempre, novamente. Mas ao sentir uma coceira na nuca por causa dos cabelos, levantei o braço bruscamente pra fazer passar. Meu casaco se rasgou na parte da axila, abrindo um grande buraco e não me deixando coçar.

- É parece que as roupas não cabem mais... - Tio Sasuke me olhou, observando com uma sobrancelha levantada. - Você precisa de novas.

- Ei, como assim? - Tive que me apressar pra acompanhar seu passo ligeiro depois dessa fala.

- Como eu disse antes, você é filho do Hokage, e não deve ficar andando por aí todo mal-cuidado, e muito menos ingressar no Exame Chunnin assim. - Ao dizer isso, ele puxou uma autorização pro Exame, e me entregou.

- Não entendi... O que tem de errado com as minhas roupas? - Eu as puxei, olhando pra elas e me calando logo após. Ele tinha toda a razão.

- Suas roupas estão pequenas, sujas e rasgadas. Parece mais um filho de morador de rua que o filho do Hokage, do homem que resolveu os problemas do mundo. Vamos. Compraremos novas pra você, que possam servir em uma batalha também.

Mais uma vez, atravessando a multidão da Konoha Center Square, e eu não sabia pra onde ele estava indo. Tio Sasuke abria espaço, mas eu tinha que correr pra manter o passo. Ele parou em frente à uma loja pouco chamativa, perto de algumas fechadas.

- É aqui? - Perguntei sem muita convicção sobre o lugar, pela sua aparência.

- Sim. Algum problema? - Uma sobrancelha dele estava levantada ao me olhar.

- Não. - Falei rápido, um pouco assustado. - Vamos entrar então.

O interior da loja não era grande coisa também. Havia apenas uma mulher, mais nova que o Sasuke, no balcão, e três araras de roupa de cada lado. Atrás do balcão, havia uma salinha, e ao lado da salinha, uma escada subindo.

- Hayda... - Tio Sasuke disse como se cumprimentasse.

- Ah!, oi, Sasuke! - A mulher ruiva respondeu. Ela tinha uma cicatriz do lado do rosto, que ia da testa ao queixo. Seus cabelos eram perfeitamente lisos, caindo nos ombros, além de ter uma franja. Seus olhos eram negros bem profundos, mas a expressão de seu rosto era viva, alegre. Ela usava avental com o nome da loja. - O que o traz aqui, depois desse tempo todo?

- Boruto precisa de roupas novas. Preciso de uma ajuda sua. - O Uchiha ficou um pouco incomodado com ao falar com ela, desviando o olhar e mexendo nos cabelos.

- Ah, claro vamos lá. - Ela sai, apressada, de trás do balcão. - Como vai ser?

Ela me olhava com um meio sorriso, e eu decidia como seria. Optei por algo bem simples.

- Eu quero só uma camisa de manga longa preta, e uma calça preta, com uma listra vermelha de cada lado.

- Certo, já entendi tudo.

Antes que ela se virasse completamente pra seguir caminho, Sasuke segurou o braço dela, impedindo que ela fosse. Quando a moça se virou pra saber o que era, ele se aproximou do ouvido dela, falando algo. De início, ela ficou toda corada, mas voltou ao normal logo depois. Por fim, balançou a cabeça positivamente, e ele a deixou ir. Ela subiu na escada que levava ao nível superior.

Aquilo me intrigou. Por que ele falaria assim com aquela mulher? Será que tem algo de errado? Será que o pai da Sarada é um safado garanhão no fim da história? Mentalmente, dei um tapa na minha cara, e voltei ao mundo. Esperamos ali pelo que pareceram trinta minutos, e eis que surge novamente a mulher, com roupas nos braços.

- Aqui está. - Disse ela, depois de por em uma sacola. - Precisando de algum ajuste, pode passar por aqui de segunda a sexta, das nove da manhã às sete da noite.

Peguei a sacola devolvendo o sorriso que ela me dava.

- Boruto, espera lá fora, por favor. Só um momento... - Tio Sasuke me olhou, pedindo.

- Ok.

Saí da loja, e me encostei ao lado da porta, esperando. Eu apenas fiquei observando o movimento das pessoas, com minha sacola com roupas novas em mãos. Depois do que pareceram cinco minutos, ele aparece, saindo com uma cara de angustiado da loja.

- O qu... - Antes que eu terminasse, fui cortado.

- Vamos pra sua casa, hora de você tomar um banho. Temos um jantar pra ir. - Sasuke tentou virar o rosto antes que eu olhasse, mas eu consegui ver sua expressão. Ele parecia estar tentando conter algo, com a testa franzida, assim como os lábios. Mas o que entregou tal pensamento que eu tive foi o fato de ele estar de olhos fechados. Mas então, me ocorre o pensamento: jantar? Por quê? Com quem? Aonde?

- Ei, pera... Jantar? - Mais uma vez, corri pra acompanhar seu passo apressado.

- É. Vai saber quando chegarmos lá. Por enquanto, só vamos. - Seu tom foi finalizador de assunto.

Seguimos o resto do caminho calados, até que chegamos na minha casa, que parecia vazia, com suas luzes apagadas.

- Entre, tome um banho, e vista suas novas roupas. Já volto. - E sumiu, com seu teletransporte.

Me virei, pegando as chaves de casa, bem chateado com o momento.

- Claro, tudo bem. Eu espero sentado, e quando voltar, abano o rabinho. - Abri a porta e entrei resmungando.

Fui direto ao banho, pois se tem uma coisa que aprendi ao treinar com o Sasuke é que, se não obedecer o que ele diz, as consequências são pesadas.

Já em meu quarto, após aquele banho relaxante, pus minha cueca e fui desempacotar as roupas novas. Mas uma coisa prendeu minha atenção no espelho. Meu corpo tinha pequenas cicatrizes quase sumindo, mas não foi isso que chamou a atenção. A mudança gritante foi o quanto meu corpo cresceu nesse tempo, e não é no sentido de altura. A idade e o treinamento fizeram meu corpo cresceu em músculos, se tornando bem mais forte que a um ano atrás. Não pude me conter ao observar meu corpo, depois que vi a mudança. Pra mim, era algo realmente incrível. Um braço volumoso, mas nem tanto e ainda todo definido, um abdômen também definido... Foi algo incrível de se ver.

Em um momento de total admiração, eu comecei a flexionar os braços pra ver melhor, totalmente envolvido pela mudança. Por fim, olhei pra roupa, pegando a calça. Era exatamente como eu pedi, imitando meu modelo anterior, com uma alteração e de um tamanho que se encaixa em mim agora.

Ao olhar a calça em minhas pernas pelo espelho, enxerguei a mudança na hora. Ela chegava à altura do meu tornozelo, enquanto minha outra já estava apertada e na altura do joelho. Me virei pra pegar a camisa, e vi algo diferente. Não era a camisa que eu pedi. Era um casaco todo laranja no torso, com meia manga branca, e capuz preto. Estranhei um pouco, mas pus uma camisa preta por baixo e provei o casaco. Era feito sob medida pra mim.

Uma ideia me veio à cabeça, então. Foi isso que o Sasuke falou com a mulher da loja. Me contentei com isso, guardando a duvida pra depois, mas antes queria saísse do meu quarto, vejo luvas iguais as que Sarada usa na sacola das roupas. Eram daquelas que vinha até o braço, deixando os dedos descobertos. Vesti elas também, e flexionei mais o braço pra ver se me incomodavam, mas estavam perfeitas.

- Gostou? - Uma voz me fez pular de susto no mesmo lugar, ficando em posição de batalha pra porta aberta, de onde veio a voz. Era o Sasuke.

- Ah... Não aparece assim... Tá aí a quanto tempo? - Perguntei, voltando ao normal.

- Desde que você estava flexionando os braços como um idiota, se admirando no espelho. Confesso que me segurei pra não enfiar sua cabeça no espelho pela idiotice. - Ele deu um sorriso sarcástico.

- Bom, gostei sim. Mas por quê laranja? - Me sentei na cama, provando as novas sandálias de tamanho maior.

- Uma mudança sempre é benvinda. - Sasuke se apoiou na parede, esperando eu terminar.

- Falta muita coisa. Eu não terminei de mudar, ainda não... - Falei olhando pra parede, meio pensativo.

- Então, vamos a mais um passo dessa mudança. - Ele acenou pra mim, com um meio sorriso, que parecia ser bem sincero.

- Ok. - Me levantei, pronto pra ir onde quer que fosse.

Saindo de lá de casa, fomos direto pra uma restaurante. Uma steakhouse nova na parte rica da vila. Na recepção, uma mulher toda bem vestida e linda nos recebe.

- Boa noite, senhores. Tem reserva? - Ela foi cordial, com um sorriso educado.

- Sim, nosso pessoal já chegou. Eu sou Sasuke Uchiha, e fiz a reserva de duas mesas com Naruto Uzumaki. - Tio Sasuke se pronunciou.

A mulher quase engasgou ao saber quem ele era.

- Por aqui, Senhor Uchiha.

A moça bonita foi nos levando à uma parte reservada do restaurante, onde as pessoas sentavam em bancos acolchoados. E lá estava minha família inteira sentada em um desses bancos em formato de "U", ao lado de Tia Sakura, com um bebê no colo, e Sarada. Conversando com Himawari, vi Ameru e achei bem estranho, mas legal ao mesmo tempo. Enfim, nos aproximamos.

- Olha só quem chegou, e ainda repaginado! - Meu pai exclamou, com felicidade, o que me deixou muito aliviado.

- Bom, foi uma mudança merecida, né? Haha. Treinei muito, mas ainda falta. - Respondi, bem descontraído.

- É. E olha esse braços, filho... Tá forte, hein!!! Olha!!! - Meu pai apertou meu braço, cutucando pra que Ameru e Sarada olhassem.

Eu constrangido, olhei pras duas sem meu pai ver, pedindo pra que ignorassem através do olhar. Ele me soltou, e me preparei pra sentar ao seu lado.

- Bom ver que está bem, Boruto. - Eu segurava as bordas da mesa na hora em que uma voz diferente, de alguém que eu não havia notado, falou. Olhei pra onde pessoa, ao lado se Sarada.

Minhas mãos apertaram as bordas da mesa, fazendo explodir vários pedaços de madeira sobre todos na mesa, ao ver aquele rosto novamente, com aquele sorriso esperançoso falso. Olhei pras minhas mãos e vi sangue escorrendo. Dei um porrada na mesa, criando mais um buraco e fui direto pro banheiro, saindo de perto de Sukuinushi.



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