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História As Crônicas de Calradia - Prólogo


Escrita por: levilmb

Capítulo 1 - Prólogo


Fanfic / Fanfiction As Crônicas de Calradia - Prólogo

                Há muito tempo, cinco deuses vieram ao mundo e cheios de poder, eles caíram sobre os mortais e procriaram uma linhagem de imortais que governaria o mundo para sempre. Assim surgiram os grandes reinos do mundo. Sahara, a deusa da terra deu a seu filho, Ayzar, o controle sobre o deserto de Sarranid. Savas, o deus do sangue e da vida, deu a seu filho, Janakir, o controle sobre as montanhas Khergit. Luna, a deusa do gelo, deu a seu filho, Burelek, o controle sobre as planícies Vaegir, onde o inverno nunca termina. Hryssur, deus das águas, dos raios e das tempestades, deu a seu filho, Hakrim, o controle sobre as ilhas Nordland, que posteriormente invadiu o lado norte do continente de Calradia e fez de lá sua nova morada. Feuer, deus do fogo, deu a seu filho, Esterich, o controle sobre as florestas de Swadia e as montanhas Rhodoks.

 

                Durante toda a eternidade, Calradia seria governada por semideuses, porém, o deus da morte, sentiu-se traído pelos seus cinco irmãos e decidiu dar um fim a isto. Ao vir a terra, 200 anos depois, Leiden teve um filho com uma mulher swadiana das montanhas e lançou uma maldição sobre o mundo, de que nenhum homem, imortal ou não, viveria mais que mil anos. Seu filho, Spektrum, foi instruído a liderar uma rebelião contra o Rei Esterich, para que dominasse sobre as montanhas Rhodoks. Skaberen, o pai de todos os deuses e criador do universo, deixou uma lei de que um deus só poderia visitar as terras uma única vez e por causa disto, Spektrum facilmente conseguiu os exércitos de Rei Esterich, tomando-lhe uma parte do reino. Ao ver que agora possuía uma parte sua em Calradia, Leiden foi embora da terra, para reunir-se com seus irmãos novamente. Uma guerra foi travada entre os deuses e durante 1015 anos terrestres ela afetou os céus.

 

                1237 anos após os deuses plantarem suas sementes sobre a terra, Skaberen acordou de seu sono profundo e viu tudo o que havia sido feito. Furioso com a atitude de seus filhos, Skaberen acabou com a guerra entre os deuses e caiu sobre a terra, tendo um filho com uma mulher nórdica da cidade de Odasan, cujo deus, Hryssur, estava neutro durante a guerra. Por nove meses, Skaberen vagou pelas terras nórdicas como um mortal, abençoando o útero daquela mulher, para que seu filho nascesse forte e saudável, até que ele nasceu causando a morte de sua mãe durante o parto. Peter tinha o rosto pálido como a neve, um cabelo ruivo claro e seus olhos eram negros como a sombra de seu pai.

 

– Você possui dentro de si o sangue de um deus. Um dia, meu filho, você será o governante de toda a Calradia. E todos os homens e mulheres desta terra, reverenciarão você como o único semideus presente – disse Skaberen, segurando seu filho.

 

                Skaberen foi até a casa de Sir Albert Heidmann, o barão de Odasan e provando-lhe ser um deus, ordenou-lhe que cuidasse de seu filho na terra, como se fosse seu. Albert Heidmann era casado com Lady Suzana e irmão de Lady Dria, esposa do Duque de Wercheg, Sir Irya. Skaberen sabia que nascendo em uma família nobre, ele teria muito mais chances de reinar, além disto, Albert Heidmann era ruivo e sua esposa tinha os olhos negros. Assim, ninguém levantaria suspeita.

 

– Dê-lhe o nome de Peter, para que todos saibam que ele é duro como uma rocha e poderoso como um rei – disse Skaberen, dissolvendo no ar e levando seu espírito de volta para a Terra da Luz.

 

                Albert ficou muito confuso com todo o ocorrido, mas sabendo que sua mulher não podia engravidar, decidiu ter aquele filho como sendo dele e convenceu Lady Suzana disso, que juntos, forjaram um parto e anunciaram para toda a comunidade de Odasan que haviam tido um filho. Em 23 de Março de 1257, Lady Suzana foi assassinada, pelo líder de um pequeno exército de 20 corsários do mar que invadiram as terras de Odasan, enquanto Albert voltava de uma campanha com seu filho e os 50 homens de sua guarda. Ao ver o pequeno exército de corsários invadindo a aldeia, Albert avançou com seu exército de homens nórdicos e mataram todos os corsários, exceto o líder que estava em sua casa. Ao ver a porta aberta, Albert correu para dentro e, vendo sua mulher morta, enfureceu-se, avançando contra o corsário e segurando-lhe o pescoço apontou a espada no rosto do homem que havia matado sua esposa, enquanto ele apenas dava risadas. Neste momento, Peter entra no quarto.

 

– Mãe! – gritou Peter, correndo para os braços ensangüentados de sua mãe e abraçando-a, em prantos. – Mate-o, pai. O que está esperando?

 

– Faça o que o garoto diz milorde, hahahaha – dizia ele, com sarcasmo e risos. – Não sabe quem sou eu, não é mesmo?

 

– E por que eu deveria bandido imundo? – disse Albert, encostando a ponta da espada na parede e imprensando-a contra seu pescoço.

 

– Acha que pode me matar, milorde? – disse o bandido, mexendo o pescoço para que a espada de Albert o cortasse. Sangue azul começou a sair do bandido, que continuou – eu sou um imortal, milorde. Assim como você. Mas fui expulso de minha casa, em Nordland, e por isso vim aqui foder com a primeira mulher nobre que eu achasse. O que achou disso? Hahahahah!

 

– Bandido imundo! – disse Albert, jogando sua espada e batendo no bandido com sua luva. – Eu conheço um destino pior do que a morte. – disse, agarrando seu casaco e jogando-o pela janela de seu quarto. – Amarrem-no! E coloquem uma mordaça em sua boca. Não quero mais ouvir este verme falar. – Peter, fique aqui. Tenho que fazer uma visita à Sargoth. Providencie a cremação de sua mãe. Eu tratarei de vingá-la. Depois que a cremarmos, vá para Wercheg e me espere lá. Pegue isto – disse Albert, embainhando sua espada e retirando três bolsas. – Nessas bolsas tem um montante de 30 moedas de ouro e 200 moedas de prata. Guarde bem esse dinheiro, pois você pode precisar caso eu demore a voltar.

 

– Mas, pai. Não é justo! – disse Peter a Albert. – Quero vingar a morte dela também. Ela era minha mãe! Pelo menos, me diga como aquele bandido vai pagar por isto. Vai prendê-lo num calabouço até que ele escape?

 

– Não, Peter... – disse Albert, jogando a bolsa de dinheiro na cama e sentando ao lado de seu filho e olhando em seus olhos. – Somos nórdicos, lembra? Nós temos honra. Ele é imortal, como nós, filho. Infelizmente, sua querida mãe não era – disse Albert, pegando na mão de sua mulher morta. – Um dia isso ia acabar acontecendo. Eu só não esperava que fosse desse jeito.

 

– Mas então... Como se mata um imortal, pai? – perguntou, enxugando suas lágrimas.

 

– Não se mata... Ele morre de velhice ao completar 1000 anos na terra – disse o pai, apoiando seus cotovelos em suas pernas e cruzando suas mãos, enquanto olhava para o chão cheio de fúria. – Se eu cortar-lhe um membro, ele se regenera alguns dias depois. Se eu deixá-lo com fome, ele apenas hibernará até que sua morte chegue ou que alguém o alimente. Se eu tentar queimá-lo, o fogo não afetará seu corpo. Há somente uma coisa que nós podemos fazer, mas só posso executar sob autorização do Rei Ragnar. Vá para Wercheg, meu filho, e me espere lá. Na volta, se tudo ocorrer bem, você aprenderá como se mata um imortal.

 

– Certo pai. Vou para Wercheg e providenciarei para que a cremação de minha mãe esteja pronta até o senhor voltar – disse Peter, pegando a bolsa de dinheiro.

 

– No dia 30 deste mês, esteja me esperando na taverna de Wercheg. Até lá, a cremação de sua mãe já deve ter sido providenciada e eu já terei voltado de minha audiência com o rei – disse Albert, levantando da cama e se retirando do lugar.

 

                Peter foi até a janela, para ver seu pai partir da aldeia. Seus homens estavam batendo no bandido imortal, ao sair de sua casa, Albert deu mais um soco no bandido e ordenou que seus homens o amarrassem e carregassem como um prisioneiro. A viagem de Albert até Sargoth foi tranqüila, sem interrupções, durando três dias.

 

– Seja bem vindo, Sir Albert – disse um dos guardas da casa real.

 

– O Rei está em casa, soldado? – perguntou Albert.

 

– Sim, milorde – disse o guarda. – Este homem é seu prisioneiro, milorde? – falou, olhando para o bandido. – posso ordenar que o carcereiro o leve para uma cela. O senhor sabe que é proibida a entrada de bandidos na casa real.

 

– Não, soldado. Este homem deverá entrar comigo para uma audiência com o rei – disse Albert. – Permita nossa entrada, este não é um simples bandido.

 

– Como desejar, milorde, mas isto será de sua responsabilidade – disse o guarda. - Suas armas, por favor.

 

                Albert entrega seu escudo, sua espada e seu capacete a um dos guardas. O bandido era escoltado por guerreiros nórdicos, que também entregaram suas armas para os guardas. Assim, os quatro entraram na casa real, acompanhados do guarda que falava com Albert.

 

– Eu o saúdo, vossa majestade – disse Albert, batendo seu punho direito fechado em seu peito esquerdo e inclinando sua cabeça para baixo. – vim aqui para tratar de um assunto delicado.

 

– Seja bem vindo à minha casa, Sir Albert. Já faz algum tempo que não lhe vejo. O que o traz de tão longe e com um prisioneiro entrando em minha casa? – disse Ragnar, sentado em seu trono. – Você conhece as tradições muito bem. É proibida a entrada de bandidos na casa real. O que lhe veio à cabeça para manchar minha casa trazendo-o aqui?

 

– Perdão, majestade – disse Albert. – Mas este homem não é um bandido qualquer. Ele é um imortal, senhor.

 

– Um imortal? Está me dizendo que um bandido possui linhagem real, Sir Albert Heidmann? – disse o Rei, levantando-se. – Guarda, corte o rosto deste homem. Vamos ver se isto é verdade.

 

– Sim, majestade – diz o guarda, curvando-se.

 

                Desembainhando sua espada, o guarda a encosta no rosto do bandido, que olha fixamente para ele. O guarda rasga-lhe uma parte do rosto, do qual começa a sair sangue azul.

 

– Mas como isso é possível, Albert? – disse o Rei, espantado.

 

– Ele é de Nordland, meu senhor. Eu o encontrei em meu quarto, ao lado de minha falecida mulher, que estava sangrando por várias partes do corpo – disse Albert, erguendo sua cabeça. – Rei Ragnar, soberano das terras nórdicas do noroeste de Calradia – continuou, ajoelhando-se. – Eu o imploro por minha vingança. Nós, da casa Heidmann, somos conhecidos por navegar como nenhum outro lorde de Calradia. Peço-lhe autorização para enterrar este homem para sempre no mar do norte.

 

– Levante-se Sir Albert e vocês, levem este homem lá para fora. Conversarei em particular com seu comandante – disse o Rei, aproximando-se de Albert. – Sinto pela morte de sua esposa. Você tem minha permissão para navegar pelo mar do norte e enterrar este homem. E não apenas isto. Eu estou cansado de tantos corsários vindo para Calradia daquelas terras a quem meu pai há muito tempo abandonou. Já está na hora de reinar por lá também, não é mesmo? – disse Ragnar, tocando seu ombro. – Você irá para Nordland, com a missão de dominar aquelas terras novamente. Se conseguir para mim esta conquista, eu lhe darei metade das terras que lá forem encontradas. A propósito... Já está em posse de um navio?

 

– Serei sempre grato ao senhor, majestade – disse Albert, mexendo sua cabeça em sinal de aprovação. – O navio que este homem possuía é bom, se aguentou uma viagem até aqui, estou certo que aguentará até lá, meu senhor. 20 dos meus homens estão o guardando neste momento. Além disto, meu cunhado Sir Irya também possui um navio. Acredito que, com algumas moedas de ouro, eu o convencerei a vendê-lo para mim.

 

– Não, Albert, ele não o venderá – disse o Rei, virando-se e dirigindo-se até seu trono. – Eu o darei 120 homens de minha frota pessoal, incluindo 10 huskarls – disse o Rei, enquanto escrevia uma carta. – Quanto à Sir Irya, leve esta carta para ele. Aqui diz que ele deve ceder 30 homens de seu exército e seu navio para que você cumpra esta missão – terminou, entregando a carta para o ministro selá-la.

 

– Como eu disse majestade, serei sempre grato ao senhor por isto – disse Albert, reverenciando-o novamente com a batida no peito. – No entanto... Eu gostaria de saber. Como ficará meu filho? Peter completará 19 anos no final deste mês, mas não sei se ele está pronto para viver sem a proteção de seus pais, meu senhor. E creio que ele não esteja pronto para uma viagem tão longa quanto esta... Ele nunca entrou em um navio na vida, majestade.

 

– Ele não precisará mais da proteção dos pais, Albert – disse o Rei. – Idade é apenas um número e, além disso, alguém precisará cuidar do que é seu enquanto você está ausente. Nomeio-o Sir e ordene que venha até mim com um pequeno exército. Eu o farei meu vassalo assim que ele chegar aqui. Sebastian, entregue a carta selada para Sir Albert. Boa sorte, Albert. Tenha cuidado com o mar.

 

– Sim, majestade – disse o ministro.

 

– Obrigado, meu senhor – disse Albert, pegando a carta e a guardando. – Eu tomarei.

 

– Sven – disse o rei dirigindo-se ao líder de seus huskarls. – Acompanhe Sir Albert até a parte externa do castelo e certifique-se de que 120 homens de meu exército o seguirão.

 

                Albert bate novamente em seu peito, reverenciando o rei e, virando-se para a porta, dirige-se até seus homens. Do lado de fora, Albert aguarda os 120 homens do rei e assim que chegam, segue viagem, sendo escoltado pelos 10 huskarls que o rei enviara. Três dias depois, Albert chega à grande cidade de Wercheg, aproximadamente ao meio dia e dirige-se até a taberna, onde seu filho está lhe esperando.

 

– Olá, meu filho – disse Albert, sentando-se ao seu lado, na taberna. – trago algumas notícias para você. A cremação de sua mãe já está pronta?

 

– Sim, meu pai – disse Peter. – Sir Irya preparou tudo para mim. É bom ver que o senhor voltou. Mas que notícias são essas?

 

– Você fará 19 anos amanhã, meu filho – falou Albert. – Após a cremação, falarei com Sir Irya para preparar uma cerimônia. Você se tornará Sir.

 

– Sir? – disse Peter, espantado. – Mas amanhã eu estarei fazendo 19 anos, não 21...

 

– E como diria o Rei Ragnar, idade é apenas um número, meu filho – disse Albert, sorrindo. –Rei Ragnar ordenou que eu fizesse uma viagem, meu filho. Eu e outros 200 homens nórdicos partiremos para Nordland. O Rei Ragnar concorda que os corsários do mar estão se tornando uma ameaça cada vez maior e preciso descobrir se há outros imortais por lá. Aquelas ilhas voltarão a ser uma parte de nosso reino, meu filho. Enquanto eu estiver fora, você ficará em meu lugar.

 

– Mas meu pai... – disse Peter, entristecido. – Eu não me considero pronto para ser um lorde. O senhor me ensinou tudo o que eu precisava aprender sobre armas, me ensinou como cavalgar e até como persuadir os homens a me seguir, mas não sei se estou pronto para sair de casa.

 

– E eu também não estava quando meu pai me nomeou Sir – disse Albert. – Amanhã, eu vingarei a morte de sua mãe e navegarei pelo mar do norte para pilhar e conquistar. E você, meu jovem Peter, vai passar pelas aldeias que encontrar no caminho até Sargoth e recrutar o máximo de homens que conseguir. É uma viagem de três dias. E ao terceiro dia, você verá o Rei Ragnar pela primeira vez.

 

– Sim, meu pai – disse Peter. – Como eu disse não me considero pronto para ser seu sucessor no comando de Odasan, no entanto, se o senhor pretende me dar esta honra, eu farei todo o possível para não decepcioná-lo.

 

– Lembre-se, meu filho – disse Albert, levantando-se da cadeira em que estava. – Quando vir o rei, você já será um lorde do reino dos Nords. Qualquer um que lhe vir deverá lhe chamar de Sir Peter. Lordes não se ajoelham perante o rei a menos que queiram pedir-lhe alguma coisa. Neste caso, deverá lhe cumprimentar batendo no peito direito e curvando-se para frente – continuou Albert, mostrando-lhe como fazer. – O mesmo gesto deve ser feito aos demais nobres, mas sem se curvar. Isso demonstrará suas intenções de amizade para com eles.

 

– Entendi pai... – disse Peter, levantando-se também. – Há essa hora a cremação já deve estar pronta. Devemos ir...

 

– Certamente, meu filho... – disse Albert, saindo com seu filho em direção a sala de cremações de Wercheg. – Venha... A propósito, quer saber como daremos um jeito naquele bandido infeliz?

 

– Sim, eu gostaria. Como se faz para matar um imortal? – perguntou Peter, enquanto caminhava a seu lado.

 

– Como eu disse anteriormente, não se mata um imortal – falou Albert. – No entanto, existe uma prisão da qual ele nunca mais poderá sair e para ele, será uma agonia eterna. Nós o colocaremos dentro de uma jaula. E amarraremos seus membros nela, para que ele não possa se locomover ou tentar sair. Depois, é só jogar a jaula no mar e esperar que seu período de mil anos nesta terra acabe.

 

– Nossa... – disse Peter, espantado. – Isto certamente é pior do que a morte. Não consigo sequer pensar na agonia que deve ser para alguém passar por isto. Certamente, nossa vingança estará feita quando o senhor fizer isto.

 

– Vingança? – perguntou Albert a seu filho. – Isto nada tem haver com vingança. Ele cometeu um crime e agora será punido com o sofrimento eterno. Isto não é vingança, meu filho, é justiça. Aprenda isto.

 

– Perdão, pai – disse Peter, baixando a cabeça. – Prometo nunca mais usar esta palavra.

 

– Ótimo – disse seu pai. – Bom... Como você nunca participou de uma cremação, devo dizer-lhe como se comportar. Você deverá entrar lá e ficar calado. É de tradição de nós, nórdicos, que apenas um homem seja escolhido para falar e este mesmo homem deve pôr fogo à pessoa. Quando todo seu corpo estiver queimando, eu direi as palavras: “Nós a honramos e Hryssur a honrará”. Você deverá repeti-las.

 

– Nós a honramos e Hryssur a honrará. – disse Peter, abrindo a porta do crematório.

 

                Peter e Albert entraram no crematório, onde o corpo de Lady Suzana estava deitado sobre uma mesa de ferro, com bordas que a fechavam para que as cinzas não escapassem e uma única abertura na parte onde ficavam os pés, que ligava a mesa a um vaso de prata. No local estavam Sir Irya, ao lado de sua esposa Lady Dria e seus filhos, Sir Bulba e Lady Glunde. Albert olhou para Sir Irya, cumprimentando com uma batida no peito esquerdo.

 

– Seja bem vindo a Wercheg, Sir Albert  – disse Sir Irya, devolvendo o cumprimento de Albert. – Venha jovem Peter, junte-se a nós. Já está na hora de começar a cerimônia – continuou, dirigindo-se a Peter e balançando sua cabeça em sinal de confirmação para dois huskarls de sua guarda que também estavam presentes.

 

Peter foi até sua tia, Lady Dria, posicionando-se ao seu lado. Os dois huskarls, de imediato, pegaram um balde cada, com líquido inflamável e começaram a lentamente derramar sobre Lady Suzana.

 

– Estou eu, Sir Albert Heidmann, diante do corpo de Lady Suzana, minha esposa – disse Albert, pegando uma tocha em chamas que estava posicionada em frente ao corpo de Lady Suzana. – Uma mulher que dedicou sua vida a seu marido e a seu filho Peter. Uma mulher que não possuía o sangue dos deuses, mas que se tornou nobre por merecimento de seu pai, Sir Ralf. Nós a honramos e Hryssur a honrará.

 

– Nós a honramos e Hryssur a honrará – disseram todos que estavam na sala.

 

                Os huskarls ajoelharam-se diante do corpo de Lady Suzana, virando-se para ela, cada um de um dos lados da mesa. Albert então colocou a ponta da tocha próxima a seus pés, incendiando seu corpo, colocando sua mão direito em seu peito esquerdo. Todos fizeram o mesmo e a fumaça podia ser vista subindo por uma chaminé de ferro que ficava suspensa acima da mesa. Todos ficaram em silêncio até que o fogo consumisse todo o corpo de Lady Suzana. Logo, as cinzas espalharam-se pela mesa. Os dois huskarls levantaram-se e pegaram espanadores que estavam em cima da mesa. Seu cabo era de prata e seus fios eram brancos. Cuidadosamente, foram varrendo as cinzas de Suzana até o orifício da mesa, ao qual ficava acoplado o vaso de prata.

 

                Depois que as cinzas foram guardadas, um dos huskarls desacoplou o vaso e o entregou para Albert, baixando a cabeça. Albert pegou o frasco e o huskarl voltou à sua posição inicial.

 

– Tome filho, segure as cinzas de sua mãe. Preciso tratar de alguns assuntos com Sir Irya – disse Albert, indo até seu filho.

 

– Sim, pai – disse Peter, com algumas lágrimas no rosto, enquanto pegava as cinzas de sua mãe.

 

– Vão para a mesa de jantar. E diga para servirem o almoço. Logo estaremos lá – disse Sir Irya a sua esposa. – Sinto pela sua esposa, Albert. Vamos até o salão de minha casa. Conversaremos lá – falou, apertando o antebraço de Albert, como era de costume entre lordes.

 

                Assim, cada um foi para o local designado por Sir Irya. Ao chegar ao salão de Wercheg, Sir Irya sentou-se em sua cadeira, apontando sua mão para a cadeira que ficava logo à frente, onde Albert se sentou.

 

– Agradeço a cordialidade, Irya. Acabo de chegar da capital... Trago uma carta de Rei Ragnar para você. – disse Albert, retirando a carta selada de um de seus bolsos e entregando para Sir Irya.

 

– Espero que sejam boas notícias, Albert – disse Irya, abrindo o envelope e retirando a carta.

 

– Veja você mesmo – disse Albert.

 

– Solicito a você, Sir Irya, duque do Reino dos Nords e protetor de Wercheg; trinta homens de sua guarda para seguir em uma missão de exploração e conquista das ilhas de Nordland. Além disto, você deve ceder seu navio para que seja possível a travessia. Como recompensa, terá direito à quarta parte de todos os feudos que forem conquistados pelo exército nórdico comandado por Sir Albert. Cordialmente, Rei Ragnar, suserano das terras nórdicas, protetor de Sargoth, filho do semideus Hakrim e herdeiro de Hryssur, deus do mar, dos raios e das tempestades – disse Irya, enquanto lia. – Existem 88 homens em minha guarda pessoal no momento. Ceder 30 homens vai enfraquecer um pouco o exército, mas posso recuperar este número ao visitar algumas vilas da redondeza.

 

– Agradeço pelas tropas, Irya. A amizade entre nossas famílias tem sido bastante fortalecedora nos últimos 200 anos – disse Albert. – Mas há mais uma coisa que eu gostaria de lhe pedir.

 

– Se estiver ao meu alcance... – falou Irya.

 

– Com a minha ausência, será necessário que alguém cuide de Odasan para mim. O Rei Ragnar sugeriu que eu nomeasse Peter a lorde, no dia de seu aniversário de 19 anos, mesmo que ele ainda não possua a idade necessária para tal nomeação – prosseguiu Albert. – Você poderia organizar-lhe uma pequena cerimônia aqui neste salão?

 

– Acredito que não haveria problema nenhum, Albert – disse Irya. – Se o rei aprovou esta nomeação e sendo ele sobrinho de minha esposa, não vejo problema algum em organizar um pequeno banquete. Mas agora estou com fome. Vamos até a mesa de jantar, se nós demorarmos mais, a comida certamente se esfriará.

 

                Enquanto Albert e Irya almoçavam com suas famílias, na grande cidade de Sargoth, um mensageiro vaegir chegava até Sargoth com uma carta. Após entregar a um dos guardas do castelo, o mensageiro seguiu viagem para Reyvadin. O guarda esperou até que se passasse a hora do almoço, para entrar e entregar a carta a Sebastian, ministro do rei, que a recebeu.

 

– Pode ir, soldado – disse Sebastian.

 

– Leia Sebastian – disse o Rei, enquanto o guarda saía.

 

– Uma vez que o deus Hryssur desceu a terra para controlar as ilhas de Nordland, acredito que sua estadia em Calradia não seja merecida. Sendo assim, em nome da gloriosa Luna, deusa do gelo e mãe de Burelek, fundador do Reino Vaegir, eu o mantenho informado sobre minha intenção de controlar e ocupar o território pertencente ao Reino dos Nords, para que nossa deusa reine por todo o norte de Calradia. Caso você desejar pôr um fim à guerra, deverá reunir-se com seus lordes e navegar até Nordland, deixando suas cidades, castelos e aldeias para trás. Garanto-lhe que seu povo será bem tratado, desde que aceitem nossa deusa Luna, que cobrirá todo o norte de gelo.  Se desejar permanecer aqui, abra mão de sua coroa e jure fidelidade a mim ou morra tentando nos derrubar – disse Sebastian, lendo a carta. – Sem mais, Rei Yaroglek, suserano das planícies Vaegir, protetor de Reyvadin, filho do semideus Burelek e herdeiro de Luna, deusa do gelo.

 

– Mas o que significa isto?! – exclamou o Rei. – Yaroglek perdeu o juízo de vez? Ordene a um dos meus huskarls que vá até a torre das fogueiras. Ele deve pôr fogo nas quatro fogueiras da muralha. Envie também um mensageiro para cada cidade e castelo do reino. Se for guerra que Yaroglek quer, é guerra que ele terá. Vá!

 

– Sim, majestade! – disse Sebastian, levantando-se de sua cadeira e indo em direção à casa dos Huskarls.

 

                Em poucos minutos, as quatro fogueiras de Sargoth estavam acesas e toda vila ou castelo que avistava as chamas ao longe, ascendia as suas também, até que todo o reino pudesse saber que havia uma guerra sendo declarada.


Notas Finais


Visite o blog oficial da fanfic, lá você poderá receber os episódios antecipadamente (postagens programadas), além de ter acesso a muito mais informação escondida por trás da fanfic.

Acesse: http://crcalradia.blogspot.com.br/


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