História As desvantagens de conhecer Kim Taehyung - Querido diário; Cartas pra você. (Capitulo Final)

12/12/2018.

A cada dia eu me surpreendo mais com a doçura que Irene esbanjava, completamente espontânea e nada supérflua. 

Os dias que passávamos, fosse a procura de vestidos de noivas que não a deixasse gorda - não que fosse, mas alucinava achando que sim - e que de preferência fosse em tons rosados, ou fosse num finalzinho de tarde tomando um delicioso chá enquanto conversávamos com Seokjin, eram de longe os que eu mais apreciava. Sua companhia era daquelas que te tiram do chão e te deixa mais leve. E eu não poderia estar mais feliz.

Daqui a alguns dias seria a cerimônia de Taehyung. Jeongguk e ele corriam afoitos por tudo quanto era canto para procurar um terno que ficasse perfeito, mas eram tão atrapalhados que no fim quem ficava com a tarefa de ajudá-lo era eu. Jeon é um péssimo padrinho. 

Aliás, o coelhinho havia me pedido em noivado no dia do chá de panelas de Irene, e sinceramente, estava tão encontada com a idéia de casamentos que não pensei duas vezes em aceitar seu pedido. Ficamos tão felizes que fizemos amor até que o sol nascesse. 

19/12/2018

 O Kim comprou a casa ao lado da qual seria nossa e agora, seríamos vizinhos. 

Só imaginava a bagunça que séria quando eles resolvessem que filhos seriam uma boa ideia e se Jungkook também quisesse alguns. A casa viraria uma completa bagunça!

Todas as noites saímos para passear com as mãos entrelaçadas enquanto tomávamos sorvete de melão, lembra disso? Passar momentos à sós com você senhor Taehyung, me mostrava o quão importante você sempre continuaria sendo pra mim. E quando estávamos cansados de caminhar, nos despedimos com um abraço e um beijinho na ponta do nariz. Isso me deixava mais leve e com os batimentos regulados, quase lentos. 

Para Taehyung:

Que você possa ler daqui a alguns anos. 

05/07/2028

E em uma manhã ensolarada de Primavera, você se casou. Entramos juntos na igreja, foi lindo. Principalmente a hora em que te deixei no altar e nos abraçamos suspirando aqueles sonoros "eu amo você". 

Não houve lágrimas, estava tão contente em ver seu sorriso estampado que mal me contive em sorrir a mesma altura. Você fica lindo quando sorri, sabia? Acho que poderia sentir uma galáxia explodindo dentro de mim só de presenciar sua alegria. É ele que me faz e sempre fez ter esperança em tudo. Esperança de que ficaríamos juntos para até depois do fim, como você havia me prometido.

Irene estava tão bonita naquele vestido, que por pouco não o pedi emprestado para casar com Jeongguk. Você escolheu bem sua nova garotinha, e eu não poderia estar mais orgulhosa. Irene e eu viramos tão amigas que às vezes parecíamos duas crianças se divertindo, bobas.

As rosas brancas pintavam o espaçoso jardim que abrigava apenas amigos para a celebração. Jimin, Namjoon, Yoongi, Hoseok, Jin... Todas as pessoas que mais amávamos estavam lá presenciando seu momento de alegria. Até nossos pais adotivos, já que não mais nutríamos aquele rancor por eles.

Você definitivamente estava lindo naquele terno, meu anjo. E eu jamais te vira tão radiante. 

A festa foi divertida, se lembra? Cheia de jogos e brincadeiras travessas. Até a piñata que era para as crianças você fez questão de destruir, seu desastrado.

Tivemos que segurar sua barra pra que não enchesse mais a cara do que deveria. E aqueles mariscos estavam tão gostosos, pena que no quinto eu tive que vomitar e você foi comigo para segurar meu cabelo.

Como nos velhos tempos. 

Era adorável a cena em que você e Jungkook se ajoelhavam perguntando se eu estava bem e se minha barriga estava doendo muito. 

Jeongguk ficou tão desesperado que tentou rasgar meu vestido e quase brigamos. Você apenas ria como um idiota. Acho que já estava alegrinho demais pelas bebidas, suas bochechas não paravam de corar.

Irene disse que crianças não morriam por culpa de um simples vestido, então os papais poderiam ficar tranquilos. 

Aliás, quando descobrimos que havia dois pequenos bebê sendo gerados em meu ventre, fizemos tanta bagunça que nem se comparava à um vestido bobo de madrinha. Foi tanto alvoroço em um só dia e tudo graças a um pequeno pedaço de plástico com um sinal: positivo.

Você desmaiou naquele dia e eu mesmo não querendo, dei muita risada.

É claro que seria apenas um segredo de nós quatro, porque infelizmente, as pessoas com todo seu preconceito, jamais poderia sequer imaginar que esses bebês eram fruto de nosso amor. O mais puro que já existiu.

Um pedacinho de você crescia insistente em mim e a cada chute eu tinha certeza que nossos bebês iam ser tão arteiros quanto você. Fiquei tão feliz quando disse que voltaria mais cedo de sua lua de mel para assistir o ultrassom. 

Eram gêmeas no fim das contas. 

Você ficou me enchendo o saco pra que se chamassem Taemi e Jennie, e como eu sou tão babona assim por você, eu aceitei. Queria que tivesse as iniciais dos maiores amores da minha vida. 

Semana após semana você estava do meu lado segurando minha mão. Em cada resmungo de fome, você tentava ao máximo saciar meus desejos de grávida. Me perdoe se eu te irritei muito, mas a culpa é toda sua de me entregar logo duas bombas pra gerar.

Me perdoem filhas, a mamãe só estava um pouquinho irritada com o papai de vocês. 

A sua presença as deixava inquietas. Sempre que ouviam você gargalhar, elas chutavam com força. E quando seus dedos acariciavam meu ventre enquanto cantava, vez ou outra, as mãozinhas delas o tocavam. E eu nunca poderia agradecer de ter me dado uma família como essa. 

É claro que Jungkook também não ficava atrás, era um papai tão babão quanto você e sempre insistia em dizer que assim que as meninas desmamassem não me deixaria em paz pra me dar mais duas, ou dois. 

Vocês dois queriam me ver uma baleia. 

E no sétimo mês de gestação, soubemos que mais Kim's nasceriam. Irene ficou tão radiante e nós duas choramos feito crianças. Seria divertido ver a casa cheia de garotas correndo pra lá e pra cá. Seu sorriso clareou o mundo de saber que mais uma vez, seria papai. 

Quantas crianças não? 

No nono mês, numa madrugada de chuva, decidimos fazer uma noite do pijama. Nós quatro e os meninos. E foi diversão na certa. Claro que ainda tinha as brigas entre Hoseok e Jimin pra decidir quem escolheria o filme e, no final, assistimos The Conjuring, porque Jung Hoseok sabia muito bem como agir feito criança birrenta. E tudo estava perfeito, até a bolsa estourar e todos saírem correndo desesperados para o hospital.

Meu coração quase parou. Eu nunca senti tanta dor na minha vida. 

Você insistiu para que Jungkook fosse comigo na sala de parto, mas ele sabia que isso era um momento só meu e seu. Eram nossas meninas que nasceriam, nossos frutos de um amor impossível e que no fim, se tornou mais que possível. Você segurou minha mão com força e sem que ninguém visso, selou nossos lábios e disse que me amaria para todo o sempre. E ali mais que nunca, eu soube que sua promessa manteria independente de qual situação nos metessemos, porque não importava o passado, não importava o tanto de sofrimento, só importava nós dois ali, com nossas meninas.

E elas nasceram. Taemi tinha seu sorriso e Jennie sua pintinha embaixo do narizinho. Elas sorriram e com certeza souberam que os pais delas estavam ali e as amariam com toda as forças. 

É claro que quando as pessoas as viram, foi difícil de não perceber a semelhança que tinham com você, mas não foi ao todo um problema, aliás, todos sabiam o que já tínhamos passado e decidiram não dizer nada a respeito.

E mesmo que eu quisesse muito que herdassem o seu nome, fiquei feliz por levarem um nome tão lindo quanto. Jeon. Que também logo seria o meu. 

Três meses depois, foi a minha vez de casar. E sem querer me gabar, meu vestido estava mais lindo que o casamento em si.

Perdoe-me querido, é brincadeira. Lógico que Jungkook era o rei daquele lugar. 

Jeon Jeongguk era o homem que tornaria meus dias mais felizes e que me faria ter uma família plena. E eu estava feliz de tê-lo escolhido para ser meu marido. Porque acima de tudo, ainda éramos melhores amigos e sempre seríamos. Porque era ele que sabia minha história, que nunca atirou uma pedra em mim e me apoiou nos momentos em que mais precisava. Porque foi ele que tomou nossas filhas nos braços e disse que também eram as filhas dele. Porque ele me amou tanto quanto você e eu, o amei na mesma intensidade e jamais deixaria de amá-lo.

E de novo, subimos juntos ao altar e novamente relembramos nossos votos daquela noite:

Até depois do fim.

Minha lua de mel com Jeon Jeongguk foi o verdadeiro paraíso na Terra. Claro que tivemos que contratar uma babá para cuidar de nossas meninas enquanto passamos uma linda semana no Havaí. E jamais me esqueceria da maneira louca que nos amamos naquela praia. 

Me desculpe estar te contando isso.

Esperei muito que não nascesse mais nenhum bebê naquela semana. Não dava conta nem de duas, imagine de três. 

Agora Tae, obrigado por estar lá nos primeiros passos de Jennie. Obrigado por ter cuidado de Taemi em seu primeiro dentinho, quando teve febre e estava com dor. Obrigado pelos passeios nos fins de semanas e pelos sorvetes que elas adoravam comer. Obrigado por estar comigo no primeiro dia de escolinha delas, quando estavam com tanto medo que não queriam nos soltar. Obrigado por tê-las feito parar de chorar quando Sushi morreu atropelado, foram dias horríveis. Obrigado por ter comprado dois coelhinhos para vê-las sorrirem de novo. Obrigado por ser esse pai maravilhoso que sempre foi e ainda é. 

Já citei tantos obrigados que a palavra perdeu o sentido.

Seis anos mais tarde, nossas casas estavam cheias de garotas e garotos correndo feitos loucos para todos os lados. 

É claro que eu e Jungkook tivemos mais um filho: Taeyong. E todos adoravam quando ele fazia gracinhas. Tão parecido com Jungkook, sua cópia perfeita.

E depois, suas duas filhas com Irene: Dahyun e Minhee. 

Parece que nosso DNA só tem espaço para garotas, não é mesmo? 

Não posso me esquecer do dia em que soubemos quem eram nossos biólogicos, eram pessoas incríveis que nos amaram muito. Infelizmente, mamãe faleceu pouco tempo depois em que nos deixaram com os Kim e papai faleceu de tristeza. Suas fotos estavam guardadas em nosso antigo lar e ver seu rosto vermelho, marcado pelas grossas lágrimas ao notar o quanto mamãe era parecida conosco e papai, uma cópia exata sua, não tinha preço. E mais uma vez eu me via sendo grata por estar interligada à você.

Foram anos de ouro meu anjo e nosso amor apenas cresceu e se multiplicou. 

Não é Tae?

E como um dia eu te disse, não vou cansar de repetir que esse amor, o nosso, é forte e inquebrantável, inconsequente e extremamente delicado, raro de se ver. 

Amor esse que pode ser encontrado nas esquinas de Paris num outono confortável, numa xícara de café ou no gargalhar de Taemi quando faz palhaçadas.

 Amor como o nosso é tão incerto quanto o tempo que passa rápido e que mal percebemos, é incerto quanto a certeza que acordaremos vivos amanhã, é apenas... incerto. 

E nossa ousadia em arriscar nos tornou aventureiros, não é? E de tantas coisas já me arrependi, mas Kim Taehyung não é uma delas. 

Então como eu disse, no começo dessa história, ela não terminou com o final que esperavam, o final feliz em que o amor triunfa e os dois vivem felizes para sempre. Foi o final real, com amores reais, amizades reais, desventuras reais e o nosso amor, mais real que tudo que possa existir, e isso não o torna inferior. 

Acho que posso retirar o que disse, com certeza, não foi uma desvantagem te ter ao meu lado, e sim, um privilégio. Então voltando a lembrar, me perdoe se eu te fiz chorar ou te iludi, acho que nesse momento você deve estar com aquela caixinha de lenços que eu disse no primeiro capítulo, quando iniciei esse diário. 

Taehyung, você está chorando não está? Me desculpe, mas eu avisei. 

Antes que eu finalize, gostaria de te lembrar o quanto eu amo você, o quanto eu amo nossas filhas e o quanto eu sou feliz de ter você ao meu lado. Mas acho que você já sabia disso, sempre fiz questão de deixar claro.

Até depois do fim, certo?

Com amor, sua garotinha.