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História Re: As férias - Kopa III


Escrita por: SADAKO_V4C4LO

Notas do Autor


E olha quem voltou, sou eu, o Sadakinho <3
Kopa: Muito animado para o capítulo que fez, não acha?
Sadako: E o que eu fiz?
Kopa: Vamos ver e, inclusive, já estou com medo e não me matem por qualquer atrocidade que esse ser humano tenha me feito fazer ou passar.
Sadako: Calma, mor, tá "levinho"
Kiara: Fonte: confia.
Kion: Barraco, adoro!
Bunga: Adoramos!
Sadako: Vamos pro capítulo antes que isso vire guerra.
Kopa: Cambora, e boa leitura <3

(Atenção: Alerta de Gatilho)
Boa leitura <3

Capítulo 8 - Kopa III


Fanfic / Fanfiction Re: As férias - Kopa III

Enquanto Timão e Pumba aguardavam meu pai aparecer com os meninos, resolvi entrar e fazer alguma coisa para passar o tempo e tentar me desestressar um pouco. Aproveitei a porta dos fundos entreaberta e entrei, só que estranhei mamãe sozinha na sala, quando normalmente gostava de estar acompanhada por alguém e parecia distante ao ponto de não notar a minha presença ali.

Eu até teria dado meia volta e ido para outro lugar ao perceber que estava ocupada com algo, porém, não queria dar meia volta para conseguir ir pro quarto e achei que ela não se incomodaria ou percebesse que passei perto dela. Só que, quando fui me aproximando acabei me surpreendendo ao vê-la tricotando algo, era muito estranho para mim, pois ela odeia tricô e isso só acontece quando há algum motivo especial para ela. Resolvi arriscar:

— O que está fazendo, mamãe? — fingi inocência ao chamá-la e me surpreendi quando ela rapidamente escondeu o tricô, demonstrava estar assustada — Aconteceu algo que eu não estou sabendo?

Ahm... Há quanto tempo está aí? — seu olhar psicótico, o olhar mais amável dela, me admirava ainda em choque.

— Acabei de entrar, por quê? — questionei e ela parecia procurar se havia mais alguém comigo — Estou sozinho. Papai está lá na frente esperando o Kion e o Bunga chegar com o marceneiro.

— Pelo visto a Kiara atrasou eles para voltar. Sabe como ela é quando fica dois segundos sem internet. — nesse meio percebi que Kiara não estava e uma parte minha ficou chateada, mas a outra, aliviada — Aconteceu alguma coisa entre você e seu pai?

— O de sempre, conversas sem muito papo e tentativas falhas de tentar ter um diálogo simples. E sim, eu sei que eu devia dar uma chance para ele, mas não é tão fácil quanto parece. — respondi me sentando no sofá ao lado dela — Você realmente não vai falar por que estava tricotando?

— É só para passar o tempo, nada demais. — notei ela começar a arrumar as linhas e um começo de sapatinho amarelo cair no chão em meio ao caos dela tentando arrumar àquela zona — Droga!

— De quem é esse sapatinho? Alguma amiga sua está gravida, é? — brinquei sem nem medir o peso daquilo e logo me recompus das risadas — Perdão, mas é sério, tem alguém grávida na história? — enquanto ela arrumava as linhas, percebi que estava nervosa e sem jeito, parecia esconder algo — Tem alguma coisa que queira dizer e não sabe como, pisque duas vezes. — ela piscou! — O que é?

— Às vezes me arrependo por ter te motivado a cursar psicologia, você não desiste fácil e quanto a isso — ela ergueu o sapatinho e colocou na cestinha — Estava disposta a contar isso em um outro momento, um aonde não fosse no meio desse caos que seu pai já chamou de lar — aquela conversa não me está sendo muito leve, melhor me preparar, lá vem bomba — Estou grávida, Kopa.

Minha face travou quando ela simplesmente me tirou um casaquinho de tricô da cesta e pela feição dela, minha reação não estava nada como talvez ela esperasse.

— Sim, eu sei que não era essa a notícia que esperava ouvir e se você já reagiu assim, temo como os seus irmãos e, principalmente, o seu pai, reagirão a essa gravidez. Estou com medo desse tal boato ser real e ele estiver mesmo tendo um caso com outra. Eu não o perdoaria nunca — vi que estava sensível e achei prudente me sentar ao lado dela e abraçá-la — Como posso fazer o meu casamento ser o mesmo de antes, hein?

Não respondi, também queria que minha relação com o meu pai fosse igual a de antes, mas nem tudo é como queremos. Quando me desaproximei dela, a vi guardar o casaquinho dentro da cesta, onde, ironicamente, havia um certo ursinho que lembro dela ter aprendido a fazer com minha vó. Também lembro de como isso era horroroso e assustador quando éramos crianças, hoje eu diria que está melhor e dignamente bonito.

— Andei praticando, se é esse o motivo da curiosidade. — ela acariciou meu braço — Promete não dizer para ninguém? Ao menos até eu achar o momento certo para contar a eles.

— Eu não vou contar, promessa de ursinho. — marquei um “x” com meus indicadores e levei-os a boca, era nossa maneira fofa de guardar segredo — Mas não acha que eles vão acabar percebendo, sabe que somos péssimos em não transparecer que tem algo errado, não é?

— Eu dou meu jeito e você o seu, afinal, somos a cara de um, focinho do outro. — ela bateu com indicador no meu nariz como brincadeira e eu bufei — Como sempre, reagindo feito o seu pai. Será que algum dia eu verei vocês dois como amigos de novo?

— Isso é o que eu não posso te garantir, nem tudo vai ser como a gente quer. Era o que você sempre dizia, lembra? — ela concordou, desanimada, mas concordou.

— Eu só queria que isso algum dia se resolvesse, só que do jeito teimoso em que você e o Simba vão, fica difícil defender essa hipótese de reconciliação entre vocês dois. — o semblante triste sempre mexia comigo, mas eu não tenho como mudar isso sozinho.

— Eu... — na mesma fração de segundos, Kiara entrou e simplesmente passou por nós como se nada houvesse acontecido e estranhei ela estar calma — Ela tá bem? — mamãe arqueou os ombros em resposta, parecia tão surpresa quanto eu.

— Kiara, querida, conseguiu satisfazer a falta da internet na cidade? — mamãe tentou puxar papo e ela veio se sentar ao lado dela, roubando um sorriso de mamãe pela reação inesperada — Pelo seu sorriso, posso acreditar que sim.

— É, acho que preciso passar um tempo sem internet mesmo. Quem precisa dessas porcarias de redes sociais, né? — falando desse jeito tão convencido, me assusta e muito.

— Você é mesmo minha irmãzinha? A que não fica um segundo sem o celular? — brinquei e ela me virou um olhar totalmente desdenhoso, bem a cara dela — A cada dia, essa cara vira mais sua carta de identidade, do que você mesma.

— Como psicólogo, você não deveria dizer essas bobagens. — defendeu-se mudando em direção para mamãe e parecendo notar a cesta de crochê — Uau, conseguiu concertar aquela aberração de ursinho para algo fofinho, que cute — pude perceber o pânico no rosto de mamãe e a pressa em que ela levantou e saiu com a cesta para o quarto, Kiara estranhou e logo depois, ignorou — Ela anda bastante evasiva, não acha?

— Ela deve ter os motivos dela, sabe como é, né? O lance do suspeito adultério, isso não está fazendo bem pra ela. — Kiara pôs o bichinho na mesinha de centro e se virou para mim — O que foi?

— Você acha mesmo que isso é real? Não vou passar pano para o papai se isso for, mas, sei lá, eu não consigo imaginar isso. Ele preza tanto pelo certo e, do nada, ele acabar se envolvendo numa história como essa é tão... difícil. — seu corpo demonstrava muito nervosismo e acariciar seus braços entregava mais — Como você reage a isso tudo?

— Eu não sei, estou numa balança e nem consigo deduzir nada. Só espero que ele consiga provar ser mentira e acabe com essa dor de cabeça, acho que ela vai precisar dele... — tentei mudar o sentido daquilo antes que eu entregasse a verdade, pois, por mais lezada que Kiara seja, não era fácil de enganá-la — Ela se sente sozinha, vai precisar de um porto seguro, não acha?

— Achar, eu acho, mas, sei lá. É que é tanta coisa acontecendo e se até a gente vir para essa... coisa, que ele chama de casa, não for só um meio de fugir desses boatos e isso tenha a ver com o desligamento da internet.

— Pode ser isso também, só que acho melhor não pensarmos que seja essa a verdade. Não sou tão próximo dele, mas uma parte minha confia na sua inocência. Talvez só precisemos de tempo para entender tudo isso.

— É difícil, porém, é a nossa única solução por enquanto. Se pra gente já está nesse caos todo, imagina para o papai, ele deve estar atordoado com tudo isso. E olha que não sou muito fã de proteger homens em casos como esses, só que, eu não esperava que o meu pai, o único homem que eu tenho total confiança, estivesse envolvido em algo tão complicado assim — seu olhar distante para o ursinho a fazia lembrar de algo, ao menos seu rosto parecia demonstrar isso.

— Eu entendo. Noto o quanto ele parece de todo jeito tentar contornar essa situação, tenta fingir que nada disso que envolve o nome dele esteja acontecendo e é tão surpreendente nem ele mesmo admitir o quão caótico isso estar. — aquele ursinho parecia um ótimo ouvinte, não paramos de olhá-lo e era estranho — Às vezes eu me pergunto se ele sente saudades de mim...

— Se ele sente? Acho que você é cego demais para não enxergar o quanto ele tenta se aproximar de você, mas como tem o gênio teimoso como o dele, fica difícil te defender, não acha, Kopa? — senti aquilo mais como um soco no estômago do que como uma resposta áspera dela — Sabe, eu não sei como você consegue ter toda essa cisma com o papai sendo que ele já fez bastante coisa por você.

— Está me chamando de ingrato? — me exaltei, não devia, mas não deu para segurar — Isso não se trata dos mimos que ele me deu, mas sim da ausência dele, como mais velho eu sofri mais que vocês dois, pois, diferente de vocês, eu sou o perfeitinho nessa merda! — respirei fundo e voltei para o urso de crochê — Sou o que todos sempre esperam o melhor e isso me deixa tão mal se falhasse por um minuto sequer.

— Eu não imaginava que você também sofria essa pressão, para mim você sempre via tudo como um desafio tão bobo. — estranhei a voz dela falhar, a olhei e ela observava seus polegares brincarem sem expressão — Sempre quis ser confiante como você, mas nem tudo é fácil como você vê.

— Todos temos fraquezas, Kiara, isso não podemos mudar...

— Eu sei, só que...

Achei estranho sua face está tensa, sei bem como ela funciona pelo modo como reage e sabia que ela enfrentava algo que não queria contar a ninguém.

— Tem algo que você queira contar e que esteja te incomodando? — era mais forte que eu, pude notar o constrangimento nela e tentei desconversar para evitar o que quer que fosse sem ela está preparada — Er... Como foi o passeio em busca do marceneiro?

— Eu me assusto muito com essa sua facilidade de mudar de assunto como se fosse a coisa mais normal do mundo — ela riu em defensiva, porém, pareceu relaxar — Foi legal, os meninos ficaram pálidos quando viram que eu dirigiria e você nem sabe da maior, o marceneiro é amigo do papai, e parece que ele gostou do filho dele — o revirar de olhos era seu charme, estava tentando fingir que não se importava.

— Interessada no filho do marceneiro, irmãzinha — conseguia notar o desgosto na face dela e ri convencido — Agora me deu curiosidade para conhecer o pobre coitado, vai que ele é bonitinho para essa loira oxigenada.

— Loira oxigenada é o seu...

Com o movimento inesperado da porta dos fundos abrindo, Kiara parou de falar e observou junto a mim quem era que entrava e assim que percebermos ser papai com os demais, mais a visita, fiquei esperando-o nos apresentar para que poupássemos tempo e fossemos logo para o que importava: julgar o filho do marceneiro se é, ou não, digno para a minha irmãzinha.

— Bom, Chumvi, aqui estamos no interior da casa e como percebe, só não estar pior porque demos uma geral ontem para não ter tanta coisa para arrumar e aqui está ele. Kopa, poderia se levantar, por favor? — obedeci e ergui a mão para que o tal Chumvi apertasse, porém, fiquei um pouco confuso com a reação boquiaberto dele — Te disse que era alto.

— Prazer, senhor Chumvi, espero que consiga nos ajudar em relação a essa... humilde moradia? — Humilde ainda seria elogio perto dessa barbaridade.

— O rapaz é educado, com certeza puxou a mãe, você é uma mula cheia de força na língua — Chumvi rebateu contra meu pai e fiquei um tanto sem reação, Kiara e Kion pareciam chocados junto aos demais — Garoto, espero que não tenha herdado o temperamento dele, senão, você vai dessa pra melhor, ou seria pior? — riu batendo no meu ombro na brincadeira, que foi bem forte parando para analisar.

— Bom, falta Nala, onde está a mãe de vocês? — Kiara apontou lá para cima e ele concordou — Volto já, ela deve estar ocupada com algo, vou ver se ela poderia descer um segundo. — e subiu correndo, parecendo um adolescente.

— Ele só tem cara de mau, não é, meninos? — Kiara revirou os olhos e ele pareceu perceber — E menina. — ela sorriu convencida.

— Acho que ele só cresceu em tamanho mesmo, lembro da peste que era esse moleque quando menino e você, Chumvi, era pior ainda — Timão deu seu sermão e Chumvi riu alto afagando a mão no ombro do baixinho — Garoto, você não tem medo do perigo, não?

— De você? Não mesmo, ruivo azedo. — o homem de idade aparentemente próxima a do meu pai, rebateu ao ruivo azedo, adorei o apelido, não me julguem.

— Vou aderir com o Kion. — Kiara comentou e rimos, menos ele que se sentiu mais do que indignado.

— Eu sou algum tipo de piada para vocês? — Kion indagou e rimos mais — Odeio vocês, na moral.

— Acalma-se, garoto, seu pai também está no time dos ruivos azedos. — Chumvi tentou confortar meu irmãozinho, porém, pela expressão fácil dele, não gostou nada — Realmente, você tem o mesmo olhar de desprezo da Nala. Pensei que Simba estivesse brincando quanto a isso. — riu batendo no ombro dele e pude ver pela cara dele de que o tapa foi forte.

Enquanto esperávamos os dois descerem, me toquei que havia o garoto, o tal filho do marceneiro, que Kiara havia citado minutos antes deles entrarem e analisei bem o rapaz, e devo admitir, ele não era lá aquela belezura de bonito, no entanto, não é de se jogar fora e observando melhor, parece ser bem o tipo dela. Ela vai me matar de qualquer jeito, ao menos vou me entreter com algo em meio a essas férias nesse fim de mundo.

— Papai não já devia ter descido? — Kion questionou se aproximando de mim e Kiara o olhou com certo receio, ele parece ter entendido — Espero que esteja tudo bem, lá em cima.

— Chegamos! Chegamos! Não precisam se preocupar com a nossa demora mais. Nala estava arrumando algumas coisas e isso atrasou um pouco. Querida, esse é o Chumvi, aquele velho descarado que eu tenho como amigo, lembra? — mamãe estava com uma face tão descontente que eu não conseguia pensar em palavra menos mortal de proferir a reação dela.

— Sim, lembro bem desse tarado. — aquilo congelou até a espinha do Bunga, que literalmente soltou um lascou-se pela expressão — Que bom revê-lo, querido, espero que a casa não esteja tão arrumada para a reforma que virá. — ela riu e a gente não sabia mais o que estava rolando.

— É um prazer me reencontrar com essa moça tão bonita depois de anos. A última vez que te vi, era solteira e, de repente, estava comprometida com o Lingston. Que homem de sorte ele. — não sei meus irmãos, mas eu não gostei muito dessa conversa, não.

— Sim, que homem de sorte eu sou. Agora para de babar a minha esposa e vai olhar para a sua, seu idiota! — zero ciúmes, se é que não está na cara — Inclusive, como está Kula? Ela não devia estar com vocês?

— Sim, ela estaria se um câncer não houvesse a vencido. Ainda estamos nos adaptando à realidade e está sendo muito difícil aceitar que ela se foi. — meus pais ficaram em choque com a notícia e mamãe se segurou no papai, acho que ela conhecia essa tal Kula — Sei que vocês duas eram bem amigas, mas é a vida, a gente nasce, faz o que devemos e depois morremos, é o ciclo da vida.

— Sinto muito, cara. Ao menos, agora, ela está em um lugar melhor e sem dor. Faz muito tempo que ela faleceu, desculpa a pergunta? — papai perguntou receoso, sei bem que ele odeia tocar em assuntos como esse, só que ele é curioso.

— Há uma semana e meia, como disse, mas, não é isso o que importa agora, vamos aproveitar que ainda não anoiteceu completamente e já vamos ir ajeitando as coisas que pudermos para facilitar o processo. — Chumvi seguiu para fora da casa e seu filho o acompanhou.

— Vamos, garotos. Kiara, fique com sua mãe e me chame caso ela sinta qualquer coisa, está bem? — concordamos e caminhamos cada um para seu caminho.

No meio do trajeto, olhei para trás e vi mamãe me alertando pelo olhar para que tomássemos cuidado e fiquei com receio daquilo. Só espero que ela não passe mal nesse período.

.-*.-*.-*

Depois que Chumvi e o filho Kovu foram embora, entramos para dentro e, enquanto um tomava banho para se livrar da poeira e do suor de hoje, os demais esperavam se distraindo com algo, Kion e eu fomos para a cozinha, Bunga e Pumba ficaram na sala, papai estava ainda lá fora e Timão foi o primeiro a ir tomar uma ducha — depois de ter faltado matar a nossa paciência pela birra — deixamos que ele fosse e poupássemos mais de nosso precioso tempo.

Fiquei batucando os dedos na mesa enquanto assistia o nada naquela mesa, Kion preparava alguma coisa para comer e isso era praticamente normal entre nós dois. Quando ele se sentou ao meu lado, pareceu demorar um tempo para levar o lanche até a boca e quando o fez, papai entrou na cozinha, Kion, não esperando o susto, quase se engasgou e eu rir da cara dele.

— Idiota, isso não tem graça. — Kion resmungou enquanto papai batia nas costas dele — Obrigado, pai.

— Cuidado para não se engasgar de novo, filho, e não ria do seu irmão, Kopa. — concordei e voltei para a mesa entediado, papai não pareceu satisfeito com a resposta — Teria como você olhar para mim ao menos? — ele tentou e o olhei com certo tédio, já Kion parecia receoso com o caos e se levantou.

— Eu vou ir pro quarto, fiquem à vontade para conversar à sós. — saiu com seu prato e o acompanhei até notá-lo me encarar com certa esperança e sumiu.

Ao estarmos sozinhos no cômodo, senti o ar falhar por estar sozinho com ele e, ironicamente, papai também aparentava estar nervoso com o que poderia ser discutido aqui, tanto que resolveu quebrar o clima pigarreando:

— Por que você sempre quer me evitar, filho? — seu olhar demonstrava, ou tentava, manter calma, mas eu sabia o quanto ele não era bom em expressar seriedade em questões de família, ele era péssimo para dar bronca quando éramos crianças — Você quer me dizer o que...

— Eu não quero falar sobre isso — tentei não parecer frio, só que a face dele não estava tão confortável e sua respiração tensa muito menos — o que você quer saber, hein?

— O que te afasta tanto de mim? Por que sempre que chego você é o primeiro a sair e me trata como se fosse um completo estranho? — seu tom parecia curioso, não conseguia definir se era angústia ou tristeza.

— Eu não tenho nada contra você, pai, mas... — sua face não parecia ter se agradado com o prolongamento do mas e achei melhor ser direto ao ponto — Eu só não consigo me sentir bem perto de você, me sinto um peso inútil nas suas costas — olhei para ele com cansaço, seu olhar parecia frio e me dava medo, mas não demonstraria.

— O que te faria pensar que está sendo um peso para mim, Kopa? — senti receio daquela frase, não me imaginei enfrentando isso tão cedo — Quem te fez acreditar nessa bobagem?

— Você mesmo me fez acreditar nisso, pai. Eu tentei me convencer de que isso era besteira da minha cabeça, mas com o tempo e com a sua distância, acabei tendo certeza de que não era paranoia. — minha voz tentava não sair falha, só que parecia não convencer muito — E, também, depois desses boatos que dizem sobre o... — inesperadamente ele bateu na mesa com força, faltando me fazer saltar da cadeira.

— Até você está acreditando nesses boatos que esse povo sem um pingo do que fazer ficam espalhando e me maldizendo por aí? — pude sentir sua raiva queimar o ambiente e notá-lo com aquele olhar decepcionado me deixava mal — Escutem aqui, posso não ser um bom exemplo de pai e muito menos de marido, mas eu nunca trairia sua mãe com quem quer que fosse, não posso fazer vocês acreditarem em mim sem provas, e acredite, eu também as exigiriam se estivesse no lugar da sua mãe, mas eu não sei o que fazer... — escondeu seu rosto entre as mãos e parecia respirar fundo, tentando se acalmar.

O ambiente tornou-se assustadoramente tenso, não conseguia me sentir em paz continuando ali, parado e sozinho com ele, não queria me sentir mais pressionado com mais aquilo, no entanto, papai parecia disposto a tentar acertar aquilo o quanto antes.

— Você sabe que sou seu amigo, não sabe? — estranhamente aquilo me fez revirar o estômago de tanta raiva, não consegui entender o que havia de tão forte naquela frase, mas foi mais forte que eu — Kopa, está tudo bem?

— Está sim, só preciso de um pouco de ar. — estava saindo do cômodo quando ele segurou meu pulso — O que está fazendo?

— Quero conversar com o meu filho, o qual estar fugindo de mim neste exato momento, com medo de seja lá o que. Eu não sou um estranho, Kopa. — seu olhar tentava demonstrar ternura, porém, o medo e a pressão que aquilo me causava, não estava boa.

— Eu não quero conversar com você, entendeu? Eu não quero! — foi o máximo que consegui dizer, não estava no meu controle total e precisava sair o quanto antes — Me solta, por favor.

— Filho... — o atropelei na fala, olhando-o tão friamente que pude notá-lo tremer.

— Se realmente é meu amigo, pai, me deixa ficar um pouco sozinho e respeite o meu espaço, pois, se não percebeu, não sou mais aquele menino que tinha medo do escuro. — não conseguia controlar o tom áspero que dizia aquilo, nem mesmo a face pasma dele me causava pena, só queria sair dali o quanto antes — Posso ir?

— Não até você ser sincero comigo. Por que não quer ficar aqui comigo? Sejamos adultos agora, Kopa, e me diga, o que tanto te incomoda a minha presença? — odiava a teimosia dele e depois compreendia o tanto que me comparavam com ele. — Estou esperando, Kopa, pois temos todo o tempo do mundo para falarmos sobre isso.

— Você quer mesmo ouvir? Está disposto a me ouvir agora, pai? — sua expressão séria dizia o quanto estava tolerando o meu sarcasmo e concordou, parecia pronto para o que quer que fosse — Você adora ser teimoso, não é? Acho cómico o quanto dos três, eu fui o único que pegou essa sua qualidade, né? Mas se é a verdade que quer, vou dizer.

— Estou tentando ser paciente com você, Kopa. Sempre foi o filho mais comportado, mais responsável e carinhoso, por que está agindo como se eu fosse um inimigo? — realmente me surpreendo o quanto ainda consigo me decepcionar mais.

— Porque você preferiu me trocar pelo trabalho e se já não bastasse ter que dividir espaço com o seu maldito trabalho, os meus irmãos roubavam toda a sua atenção para eles. Eu não os julgo, eles eram um terror quando pequenos e precisavam de tutela vinte e quatro horas, mas, esquecer que eu também queria o meu pai? Você não é muito cínico em vir me cobrar atenção de filho, quando era eu que cobrava a sua e não era atendido. — sentia um peso escorrer de dentro do meu peito, dizer aquilo era algo muito libertador, mas ao mesmo tempo era horrível — Eu adoraria ter tido o meu pai comigo nos melhores e piores momentos, mas, nem tudo a gente pode ter sempre, não é?

— Kopa, eu... — ergui meu palmo para poupá-lo de continuar com aquilo, era demais para uma só noite.

— Eu não quero ouvir o seu perdão, pai. Ao menos, não agora. Quero que reflita um pouco sozinho antes de tentar me pedir perdão de forma sincera e eu tentarei te dar uma segunda chance, porque, embora toda essa distância que exista agora entre nós dois, ainda vou manter o respeito que tenho pelo senhor. Só peço que não exija mais do que estou disposto a dar. — seu olhar estava distante com minha fala, ele queria dizer algo, mas algo o impedia e não queria deixar aquela situação ainda pior, respirei fundo e abri a porta dos fundos — Eu não vou demorar, não preciso que me esperem.

— Kopa... — sua voz pareceu um sussurro e não virei para trás, não estava no momento — Me desculpe.

Foi o que ouvi antes de fechar a porta e começar a andar para onde quer que fosse, minha cabeça precisava espairecer e acalmar aquela zona em que eu havia me metido como um idiota. Às vezes eu entendo do porquê sempre me comparam com ele, pois, sempre no final eu acabo reagindo feito ele: como um imbecil no momento errado.

Por que eu sou tão igual ao meu pai!?


Notas Finais


Kopa: Sem condição, isso aqui virou uma depressão que só.
Kiara: Você é uma depressão que só, eu hein!
Kion: Vocês cansam a minha beleza, pois é cada uma, viu.
Kopa/Kiara: Calado, ruivo azedo!
Kion: Odeio vocês dois, na moral!
Sadako: Bom..., embora possa ter passado alguns errinhos (talvez errões, pois não corrigi esse cap <3), espero que tenham gostado do capítulo de hoje e que nao tenha dado nenhum gatilho em vocês (sou pobre pra pagar terapia em grupo <3) e deixem aí nos comentários o que acharam do cap de hoje <3
Kopa/Kiara/Kion: *brigando*
Simba: Silêncio os três, tenho que finalizar esse trém aqui *pigarreando* Bom, até o próximo capítulo de As férias, pessoal, e não matem meus filhos ou a mim, amo vocês <3
Nala: Você ama quem?
Simba: *desligando a câmera*

Até mês que vêm <3


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